quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Os partidos políticos brasileiros entram na batalha pela audiência Programa policialesco, humor e selfies: a nova propaganda partidária quer a sua atenção Na TV, PT promete expulsar corruptos condenados e ouve panelaço

Apresentador simula programa policial na propaganda do PP. / PARTIDO PROGRESSISTA
O apresentador manda "parar o mundo" e anuncia, na TV, um refrigerador frostfree de 460 litros por "apenas 990 reais". Enquanto o vendedor tenta emplacar a oferta, a câmera foca um casal sentado no sofá, que celebra a possibilidade de comprar a geladeira, mas se questiona: onde ela está sendo vendida? "Em Miami", responde o apresentador, porque, segundo ele, no Brasil a promoção seria outra: "compre dois e leve um", já que, por conta dos elevados impostos, esse mesmo produto custaria 2.290 reais por aqui. Na sequência do comercial, surge a presidenta nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Cristiane Brasil. Ao perceber, enfim, que estava assistindo a uma propaganda político-partidária, você busca o controle remoto para mudar de canal, mas já é tarde: o partido conseguiu lhe passar a mensagem que queria.
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A propaganda do PTB é apenas um entre os vários exemplos de como os partidos políticos brasileiros têm batalhado pela atenção do eleitor numa época de disputa acirrada pela audiência. Enquanto os produtores de conteúdo brasileiros tentam enfrentar a concorrência de seriados e reality shows estrangeiros na TV a cabo e na internet, os marqueteiros se viram para convencer o telespectador a permanecer em frente à tela durante os 5 ou 10 minutos (a depender do tamanho da bancada no Congresso Nacional) que têm assegurados por lei a cada semestre.
Longe da clássica monotonia do político que faz promessas em frente a um fundo branco e muito próximas das megaproduções que marqueteiros como João Santana - que produziu as campanhas vitoriosas do PT - estabeleceram como parâmetro, essas legendas têm recheado seus programas com referências ao mundo virtual e convites para os jovens se engajarem em suas fileiras. O Partido Democrático Trabalhista, por exemplo, exibe a hashtag #PDT ao longo de todo o programa, em meio a chamadas para suas redes sociais e seu site. No programa, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, o líder do partido no Senado, Acir Gurcacz, e o líder na Câmara, André Figueiredo, aparecem com laptops e tablets nas mãos — Figueiredo simula, inclusive, deslizar com o dedo, em seu tablet, o símbolo do partido para fora da tela da TV. O programa termina com imagens de Leonel Brizola, entre outras figuras históricas do partido, expostas como se estivessem reproduzidas no Youtube.

Em busca de jovens

A internet e a busca por filiados jovens também é a aposta do pequeno Partido Republicado Progressista (PRP), que tem apenas três deputados federais e apoiou a candidatura de Marina Silva à presidência no ano passado. "Queríamos ter feito o programa todo no estilo selfie, mas os nossos deputados entenderam que o programa acabaria parecendo amadorístico", diz Lelé Arantes, secretário-geral da executiva nacional do PRP. Na propaganda, em meio aos vídeos feitos por seus eleitores, o partido exibe na tela, durante as dramatizações de jovens interessados em participar do debate político, as mensagens de texto trocadas entre os atores — um artifício narrativo utilizado em seriados norte-americanos comoHouse of Cards.
Na batalha por atenção, vale até deixar os políticos de fora da propaganda, como fez o Partido Social Democrata (PSD). Os melhores quadros da legenda criada por Gilberto Kassab, como os governadores do Amazonas, Omar Aziz, e de Santa Catarina, Raimundo Colombo, têm seus feitos apenas mencionados por um dos três apresentadores, enquanto a propaganda exibe imagens dos políticos atuando. Afinal, nem toda legenda tem um patrimônio midiático como o deputado federal Tiririca, que encerra o programa do Partido Republicano (PR) batendo uma colher de pau em um penico para defender a liberdade de manifestação e dizer que atualmente tudo é possível, "até palhaço falar sério” (a hashtag aqui é #vemdarua).
E que tal propor medidas para combater a violência ao longo de um programa policial? O Partido Progressista (PP) ainda estava no foco da Operação Lava Jato quando sua propaganda foi ao ar, em maio. Em meio ao pedido de investigação de boa parte de sua bancada no Congresso Nacional, o partido optou por debater temas ligados a drogas com a mediação de um apresentador no melhor estilo "põe na tela", celebrizado por Marcelo Rezende e José Luiz Datena — ironicamente, meses depois Datena se apresentaria como aspirante à prefeitura de São Paulo pelo partido. “Recebemos o desafio com os temas do partido, que estava em um furacão, numa confusão. Eles queriam falar de maioridade penal, drogas, violência. Se fosse de outra forma, as pessoas não iam assistir”, conta Juratan Jesuíno, produtor do programa do PP, que foi realizado pela S/A Propaganda.
Em meio a tantas tentativas diferentes de chamar atenção, a pergunta que se impõe é: está dando certo? Quando questionados, representantes dos partidos garantem que a aceitação das propagandas é muito boa, mas dizem que é difícil medir a efetividade, mesmo pelo fluxo de filiações. Os programas também não dão qualquer sinal de ter influenciado na audiência e a quantidade de visualizações no Youtube só parece significativa nos partidos protagonistas, como o PT, com quase 300.000 views no último programa, e o PSDB, com mais de 100.000. A medida que realmente conta, contudo, só será aferida em 2016 e em 2018, quando o país realizar suas próximas eleições municipais e majoritárias, respectivamente.

MP investiga destino de recursos de multas de trânsito em São Paulo Promotor vai questionar prefeito e secretário municipal de Transportes. SPTV mostrou falta de transparência sobre dinheiro aplicado das multas.

 Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu inquérito nesta quarta-feira (9) para investigar o destino das multas de trânsito aplicadas na cidade de São Paulo e quanto a Prefeitura arrecadou. A investigação começou a pedido do Promotor Marcelo Milani, da Promotoria de Patrimônio Público, segundo o SPTV.
O promotor irá solicitar explicações do prefeito Fernando Haddad e do Secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto. No dia 1º de setembro, o SPTV denunciou a falta de informações sobre como é gasto o dinheiro proveniente dessas autuações, após pedido de detalhamento feito à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Em nota, a Prefeitura informou que ainda não foi notificada e que "prestará todas informações que forem solicitadas".
Do total arrecadado das multas, 5% são destinados ao Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset). O restante é aplicado em melhorias no trânsito, fiscalização e programas de educação de trânsito, de acordo com determinação da Lei nº 14.488/05, que criou o Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT).
A CET aplicou 6.098.229 multas no primeiro semestre deste ano aos motoristas infratores na cidade de São Paulo. Isso representa um aumento de 22% em relação ao primeiro semestre de 2014.
Segundo levantamento realizado pela produção do Bom Dia São Paulo, a Prefeitura teria arrecadado cerca de R$ 7,5 milhões apenas com as multas aplicadas com este radar, considerando que os motoristas foram penalizados com uma infração leve no valor de R$ 53,20. A velocidade máxima no local é de 60 km/h, e os radares flagram excesso de velocidade, rodízio e zona máxima de restrição a caminhões e fretados.O radar que mais aplicou multas neste período está localizado na Avenida dos Bandeirantes com a Washington Luís, na altura do viaduto João Julião da Costa Aguiar, no sentido Imigrantes, na Zona Sul de São Paulo.
O segundo radar que mais multou na capital paulista nos primeiros 6 meses do ano está na Marginal Pinheiros, na altura da ponte Cidade Universitária, no sentido Castello Branco, na Zona Oeste de São Paulo. Foram mais de 60 mil motoristas flagrados, e as multas somam R$ 3 milhões.
Veja reportagem do SPTV do dia 1º de setembro sobre as multas em São Paulo:
5%
Um levantamento da Secretaria Municipal de Transportes mostra que, em 2014, menos de 5% dos motoristas cometeram a metade das infrações. O carro campeão de infração da capital paulista acumula 1.528 multas.
Os dados mostram que os donos de 71% da frota – a cidade tinha menos de 8 milhões veículos no ano passado - não receberam nenhuma multa em 2014. Segundo a Prefeitura, apenas 4,9% dos veículos foram responsáveis por 51% das infrações. E 24% dos veículos licenciados na capital receberam 49% das multas no ano passado.
Neste ano, a concentração de infrações de trânsito deve se manter. Os números mostram que, até este mês de agosto, apenas 19% dos veículos foram multados. Ou seja, 81% dos motoristas não cometeram nenhuma infração.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

PIB da zona do euro é revisado para cima com crescimento maior na Itália Segundo a Eurostat, alta foi de 0,4% frente ao trimestre anterior. PIB italiano foi revisado de 0,2% para 0,3%; o grego, de 0,8% para 0,9%.

A economia da zona do euro cresceu mais que o estimado inicialmente, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8), principalmente devido ao crescimento mais rápido na Itália e na Grécia.
Segundo a agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países que compartilham o euro cresceu 0,4% no período de abril a junho frente aos três meses anteriores. A primeira estimativa, divulgada no mês passado, apontava para uma alta de 0,3%.
PIB EUROPEU
Por países, frente ao trimestre anterior, em %
0,40,510,20,40,70,9100,70,30,51,20,70,51,10,10,10,90,40,10,70,80,210,7BélgicaBulgáriaRep. TchecaDinamarcaAlemanhaEstôniaGréciaEspanhaFrançaCroáciaItáliaChipreLetôniaLituâniaHungriaMaltaHolandaÁustriaPolôniaPortugalRomêniaEslovêniaEslováquiaFinlândiaSuéciaReino Unido00,511,5
Fonte: Eurosta
Considerando todos os 28 países que fazem parte da União Europeia, o crescimento também foi de 0,4% frente aos três meses anteriores. Na comparação com o mesmo trimestre de 2014, o crescimento do PIB da zona do euro ficou em 1,5% e o da União Europeia, em 1,8%.
Países
O PIB da Itália foi revisado de um crescimento de 0,2% para uma alta de 0,3%. Na Grécia, a taxa estimada de 0,8% no segundo trimestre foi revista para 0,9%.
Do primeiro para o segundo trimestre, a economia cresceu em todos os países membros da União Europeia – exceto a Françaque ficou estagnada. A maior expansão foi registrada na Letônia, de 1,2%, seguida porMalta (1,1%, República TchecaEspanha eSuécia (todos com 1%), Grécia e Polônia(ambos com 0,9%), Eslováquia (0,8%),EstôniaCroáciaLituâniaEslovênia e Reino Unido (todos com 0,7%).
Já as menores taxas de expansão foram registradas na HolandaÁustria e Romênia, que cresceram 0,1%. A Alemanha, maior economia do bloco, teve expansão de 0,4%.

Lula e Evo Morales, na Argentina para apoiar candidato de Cristina Kirchner Candidato não sobe nas pesquisas desde as primárias, e quer ampliar perfil internacional Kirchner vê conspiração contra a esquerda latino-americana

Scioli jogando futebol num subúrbio de Buenos Aires. / AP
A reta final da campanha eleitoral argentina, que deveria ser fácil para Daniel Scioli, o candidato com maior intenção de voto para a eleição de 25 de outubro, transformou-se num caminho cheio de obstáculos. Desde as primárias de 9 de agosto, em que ganhou tranquilamente com 38,4%, ele tem tido muitos problemas, sobretudo com as inundações na província de Buenos Aires – ocorridas quando ele estava em viagem de descanso à Itália. Scioli quer reforçar seu perfil de presidenciável e homem de Estado. Para ajudá-lo, chegam esta semana a Buenos Aires duas figuras muito respeitadas na Argentina: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  e o boliviano Evo Morales. Ambos têm uma relação pessoal com o candidato argentino e o apoiarão. Para quem ainda tem dúvida, o ex-presidente brasileiro deixou claro ontem numa entrevista ao jornalPágina 12: “Torço para que Scioli ganhe as eleições.”
Assim como Morales, Lula também vai se encontrar com Cristina Fernández de Kirchner, e o objetivo das duas visitas em plena campanha eleitoral parece muito claro: reforçar as intenções de voto de Scioli. O governador de Buenos Aires não é um homem de esquerda. De fato, pertence à ala mais direitista do peronismo e entrou à política graças a Carlos Menem. Mas é o escolhido por esse partido que domina a política argentina para suceder Cristina, e automaticamente se transforma em referência de outros Governos de esquerda latino-americanos aliados dos Kirchner.Lula, que mantém uma enorme popularidade na Argentina apesar dos escândalos que o cercam em seu país, estará com Scioli em vários atos na quarta e na quinta, sendo que um deles é especialmente simbólico: a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA, um pequeno hospital) em José C. Paz, na província de Buenos Aires, reivindicada por Scioli como um projeto essencial de sua gestão. No dia seguinte, Scioli acompanha Lula em visita à Universidade de La Matanza, onde o brasileiro receberá um título de doutor honoris causa.
Scioli vive uma encruzilhada. Precisa dos votos do kirchnerismo, que não para de dar sinais de que deseja controlar os seus passos na Casa Rosada de qualquer jeito. O Governo lhe impôs como vice Carlos Zaninni, o homem mais fiel dos Kirchner há 30 anos, e aprovou uma lei no Congresso para que ninguém do futuro Governo possa vender as ações de uma empresa pública ou nacionalizada se não tiver dois terços dos votos dos parlamentares. Mas Scioli precisa ampliar seu espaço para ganhar.
Na Argentina começa a se instalar a ideia, refletida por algumas pesquisas, de que se Scioli não conseguir ganhar no primeiro turno – precisa de 45% dos votos ou superar por mais de 10 pontos o segundo colocado, que seria Mauricio Macri –, sua derrota no segundo turno é quase certa porque toda a oposição se uniria.
Nesse contexto de grande inquietude, os estrategistas da campanha de Scioli tentam oferecer uma imagem do governador como homem de Estado com perfil próprio e que inspira confiança. Por isso é importante o apoio de Lula e Evo Morales, que o visitará na quinta em Buenos Aires. Ambos vão estar juntos na entrega do título de doutor honoris causa ao boliviano na Universidade Quilmes.
Semana passada, Scioli já tentou reforçar esse perfil internacional com uma reunião com todos os embaixadores dos países da União Europeia na Argentina. Ali, a portas fechadas, Scioli foi ambíguo segundo vários deles, mas lhes transmitiu a ideia de que sua política exterior será diferente da dos últimos anos de Cristina, que nem sequer compareceu à última cúpula UE-Mercosul em Bruxelas. De forma privada, Scioli lança mensagens sinalizando uma política mais aberta para os investimentos internacionais, embora nunca com compromissos que poderiam fazê-lo enfrentar o kirchnerismo.

Fitch diz que baixa performance do Brasil está se tornando estrutural

Diretora sênior de ratings soberanos da Fitch, Shelly Shetty, durante entrevista à Reuters em Nova York.   24/05/2015   REUTERS/Brendan McDermid
LONDRES (Reuters) - A agência de classificação de crédito Fitch
afirmou nesta terça-feira que os ratings soberanos de México e Brasil vão divergir ainda mais e que focará na dinâmica da dívida e no crescimento quando avaliar o Brasil.
A Fitch classifica o Brasil com rating BBB, tendo alterado sua perspectiva para negativa em abril, enquanto o México é classificado como BBB+.
"A baixa performance do Brasil está se tornando estrutural", disse a diretora sênior de ratings soberanos da Fitch, Shelly Shetty, durante conferência em Londres.
"O foco de nossa atenção será sobre a dinâmica de crescimento e dívida... não há limiar mágico que estejamos olhando", disse ela, acrescentando que o Brasil era um país altamente endividado mesmo quando recebeu o grau de investimento.
Ela apontou como positivo o fato de a parcela da dívida em moeda estrangeira ser de menos de 10 por cento do total.
Na semana passada, após o governo enviar ao Congresso a proposta orçamentária para o ano que vem com déficit, a diretora disse que as mudanças feitas pelo governo no cenário fiscal colocam a tendência para a obtenção de superávits primários "muito abaixo" do cenário base usado pela agência em sua última revisão do rating do Brasil.
(Reportagem de Karin Strohecker)

TEM QUE PINTAR JÁ QUE ELE SE FAZ DE IGNORANTE COM RELAÇÃO A RESPEITO A TODA FORMA DE VIDA. “Olhe no fundo dos olhos de um animal e tente se convencer de que não temos o direito de inferiorizar, maltratar ou decidir sobre a vida de outro ser. Somos zeladores da natureza... não carrascos.”

Foto: APImage copyrightAP
Image captionWalter Palmer disse que desconhecia a importância do leão Cecil
O dentista americano que causou comoção em todo o mundo após matar o leão símbolo do Zimbábue quebrou o silêncio e afirmou que não fez nada errado.
Em sua primeira entrevista desde o episódio, Walter Palmer disse que desconhecia a importância do animal e acrescentou que pretende voltar ao trabalho ainda nesta semana. Ele havia deixado de atender em seu consultório, que tem sido alvo constante de protestos desde o mês de julho.
Palmer afirmou também que houve "problemas de segurança" com sua família.
O governo do Zimbábue disse querer extraditar o dentista e processá-lo pela morte do leão Cecil.
Falando publicamente pela primeira vez desde o incidente, ele afirmou à agência de notícias Associated Press e ao jornal americano Minneapolis Star Tribune que agiu legalmente, mas afirmou que se soubesse a importância do animal, não o teria matado.
"Se eu soubesse que o leão tinha um nome e que era importante para o país ou para algum estudo obviamente não o teria abatido", afirmou Palmer. "Ninguém em nosso grupo sabia o nome do leão, nem antes nem depois (de matá-lo)."
O dentista admitiu que feriu o leão com uma flecha, mas negou tê-lo perseguido por 40 horas até matá-lo. Ele também desmentiu informações divulgadas pelo governo do Zimbábue de que teria abatido o animal com uma arma de fogo.
Palmer, de 55 anos, teria pago US$ 50 mil (R$ 190 mil) para caçar o leão na maior reserva do país africano.

Ameaças à família

O dentista disse ter sido forçado a parar de trabalhar após manifestações do lado de fora de sua clínica. Ele disse que espera voltar à ativa porque "minha equipe e meus pacientes me apoiam e me querem de volta".
No entanto, Palmer negou que tenha se escondido por questões de segurança.
"Eu estava afastado dos holofotes. Isso não significa que estava me escondendo. Estava com minha família e amigos."
O americano revelou, por outro lado, que sua mulher e sua filha sofreram ameaças por causa do episódio.
"Elas foram ameaçadas nas redes sociais. Não entendo esse nível de humanidade que faz com que venham atrás de pessoas que não tem nada a ver com o assunto".
Palmer, que já esteve no Zimbábue por quatro vezes, não descartou voltar ao país. "Não sei sobre o futuro", disse.
"O Zimbábue é um país maravilhoso para caçar e eu sempre segui as leis."

Reinauguração de obra de Portinari na ONU ganha 'carga simbólica' com crise de refugiados Rafael Barifouse Da BBC Brasil em São Paulo

(Portinari)
Image captionPainéis do pintor brasileiro voltam a ser exibidos nesta terça-feira na sede da organização, em Nova York, após cinco anos
Quando o mural Guerra e Paz foi inaugurado na sede da ONU, em Nova York, em 6 de setembro de 1956, seu autor, Candido Portinari (1903-1962), estava ausente, pois seu visto havia sido negado pelos Estados Unidos por suas ligações com o Partido Comunista.
Mas agora, quase 60 anos depois, o painel, formado por duas gigantes pinturas a óleo sobre madeira, será reinaugurada no hall da Assembleia Geral da organização com a presença de seu filho, João Cândido.
"Em palestras, quando me perguntam se o quadro continua atual, mostro fotos do 11 de setembro, da guerra no Iraque e de outros conflitos atuais. Agora, tenho que incluir a foto no menino sírio morto em uma praia turca", diz João Cândido à BBC Brasil.
Ele ressalta que o painel sobre a guerra feito por seu pai não traz imagens de armas, tanques ou soldados, porque Portinari preferiu se concentrar no sofrimento do povo em meio ao conflito, o mesmo sofrimento que João Cândido vê nas imagens recentes que correram o mundo de refugiados em busca de abrigo na Europa.
"Vou discursar na ONU sobre a urgência de construirmos uma nova humanidade. Quero que esta oportunidade de falar no palco mais nobre do mundo sirva para conclamar e conscientizar, porque é a nossa própria sobrevivência que está em jogo."

'Vibração cromática'

Guerra e Paz voltará a ser exibido na ONU após cinco anos. Neste período, o mural foi exposto no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Belo Horizonte e em Paris.
No Rio, os dois painéis de 140 metros quadrados e 1 tonelada cada um ainda passaram, durante quatro meses, por sua primeira restauração, que recuperou sua "vibração cromática", segundo João Cândido.
O projeto teve um custo de R$ 30 milhões e veio à tona em 2007, quando o filho do pintor soube que a ONU passaria por uma reforma, quando as obras de arte abrigadas em sua sede teriam de ser retiradas.
"Foi um milagre que permitiu realizar um sonho acalentado há muitos anos: que o público pudesse ver esta obra do meu pai. Ela fica em um local de segurança máxima onde é muito difícil ter acesso. Isso sempre me incomodou", diz João Cândido.
Esta meta foi atingida com louvor. Guerra e Paz foi visto por 360 mil pessoas nas cidades pelas quais passou.
João Cândido diz que um dos momentos que mais o emocionou neste tour ocorreu em Paris, na França. Ele estava no museu Grand Palais, onde a obra era exibida, quando foi abordado por uma senhora.
"Ela falou 'Olha, vou te dizer uma coisa', e falou com tanta veemência que achei que fosse me censurar, mas emendou: 'Tenho 72 anos, há 52 visito museus e exposições e nunca fiquei tão tocada quanto agora'", relembra ele.
"Senti muito orgulho de ser brasileiro. É muito bom poder mostrar esta obra e receber de volta esta emoção de pessoas de outras nações. Isso nos engrandece e nos dá força para seguir em frente."

Percalços

Desde dezembro, os murais estão de volta à ONU, mas cobertos e à espera da cerimônia de reinauguração, que teve sua data adiada duas vezes pela dificuldade em conseguir recursos de patrocinadores.
"Foi penoso. Fiquei na sala de espera de muita gente importante, mas tanto o governo federal quanto a iniciativa privada estavam tomados pela agenda da crise", diz o filho do pintor.
Os percalços não impediram, no entanto, a confirmação do evento para o dia 8 deste mês, quando Guerra e Paz será descortinado mais uma vez, às vésperas da abertura da 70ª Assembleia Geral do ONU, marcada para o dia 15.
As dificuldades obrigaram que a cerimônia sofresse "algumas adequações", segundo sua curadora, a diretora de teatro Bia Lessa, e deixasse de lado um pouco do espetáculo para se concentrar na mensagem que deseja passar.
"Assim como no quadro de Portinari, não vamos falar de uma violência de bombas e espingardas, mas do sofrimento trazido pela violência do cotidiano por meio de poemas de autores de diversas partes do mundo, por exemplo", explica Lessa.
"Poder falar sobre guerra e paz neste momento é muito interessante. A reinauguração do quadro agora tem uma carga simbólica muito grande."
Com isso, estará finalmente concluído um projeto que levou oito anos desde sua idealização. Mas os planos do filho de Portinari não terminam por aí. Ele gostaria que Guerra e Paz fosse aberto à visitação.
"Ao menos uma vez por semana, em um horário limitado. A ONU tem estrutura de vigilância para lidar com isso. Se houver vontade política…", diz João Cândido.
"A missão brasileira está ajudando a viabilizar. Não posso prometer, mas estamos trabalhando muito para isso."