segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Família do menino Aylan pagou R$ 17 mil para viajar em um bote inflável Contrabandista tinha prometido levar a família para a Grécia em um barco motorizado. As ondas de mais de três metros viraram o bote superlotado


Família pagou 
R$ 17 mil para viajar em bote (AP/DHA)

Uma imagem se tornou símbolo da tragédia dos migrantes. Numa praia da Turquia, um menino sírio foi encontrado afogado, e junto com a família ele tentava só chegar à Europa.
O Fantástico foi até o lugar dessa cena para contar a história por trás da imagem mais marcante dessa crise.
A Grécia estava logo ali. Era o meio do caminho entre o inferno da Síria e o sonho de viver no Canadá. A viagem seria curta, pouco mais de cinco quilômetros de travessia de Bodrum até a ilha de Kos.
Mas ventava demais. O mar estava bravo. E as ondas de mais de três metros viraram o bote superlotado. Como contaria no dia seguinte, o pai, Abdullah, conseguiu segurar os dois filhos se apoiando no barco virado, lutando contra as ondas. Mas não por muito tempo.
Depois de muita luta, Aylan, o irmão Ghalib e a mãe acabaram sendo vencidos por esse mar. O corpo do menino foi parar no ponto da praia onde foi fotografado. A imagem correu e comoveu o mundo.
Aylan, ainda com a roupinha da viagem, estava morto nos braços de um guarda turco. E a foto, tirada às 6h de quarta-feira (2), se multiplicou pelas mãos de artistas do mundo inteiro, que homenageavam o menino de dois anos ao mesmo tempo em que falavam de um problema que finalmente recebia a atenção merecida.
Se a aventura desse certo, a família Kurdi se juntaria aos outros milhares de refugiados que chegam à União Europeia procurando o apoio de leis relativamente favoráveis a eles.
O pai tinha dinheiro e queria pegar um avião para o Canadá. Enquanto ele não começasse o trabalhando como cabeleireiro, morariam todos no porão da casa de uma tia de Aylan.
Em Vancouver, Tima Kurdi, a tia, contou que o Canadá rejeitou o pedido de refúgio para um outro irmão dela. Mas que, assim mesmo, pretendia fazer em breve o mesmo pedido para a família de Aylan. Neste sábado (5), participou de um memorial em homenagem à cunhada e aos sobrinhos.
O sonho era complicadíssimo, mas foi interrompido antes da hora, entre outros motivos, pela desonestidade do contrabandista que cobrou o equivalente a R$ 17 mil, prometeu levar a família em um barco motorizado, e na última hora apareceu só com um bote inflável. Que por falta de dinheiro ou alternativa é o que milhares de refugiados continuam usando.
O vídeo mostra um dos caminhos mais usados pelos refugiados pra atravessar para a ilha de Kos, na Grécia, que fica na frente. Em uma embalagem encontrada no chão, dá para ver a bomba, como foi usada para a família que naufragou. E dá pra ver também muitas embalagens ed água pelo caminho. Sinal de que é recente a passagem das pessoas por lá.
Chama muito a atenção ver pelo chão boias de criança, usada em piscina. Muito frágil, que obviamente não vai aguentar uma onda que às vezes chega a cinco metros de altura, como inclusive acontecia no dia em que o Aylan, a mãe e o irmão dele morreram.
Na sexta-feira (4), os três foram enterrados como mártires na cidade síria onde moravam, Kobane. A cidade é o retrato da guerra na Síria. No começo do ano, milícias locais expulsaram de lá os terroristas do Estado Islâmico. Mas eles voltaram.
E quem sobreviveu, vive com medo. Entre casas destruídas, e ruas vazias. Sem imaginar como construir um futuro num lugar como esse.
Foi com medo do Estado Islâmico, das bombas e dos tiroteios que a família de Aylan resolveu ir embora. Sem imaginar que voltaria tão cedo. E, muito menos, desse jeito.

Mãe Merkel belo exemplo de humanidade! France Presse 07/09/2015 08h08 - Atualizado em 07/09/2015 08h27 Merkel diz que chegada de refugiados mudará a Alemanha País também anunciou que vai liberar € 6 bilhões para receber refugiados. Em apenas um final de semana, chegaram 20.000 refugiados da Síria.

Chanceler Angela Merkel fala em coletiva de imprensa sobre refugiados em Berlim (Foto: AFP)Chanceler Angela Merkel fala em coletiva de imprensa sobre refugiados em Berlim (Foto: AFP)



"O fluxo em massa de imigrantes na Alemanha mudará o país, afirmou nesta segunda-feira (7) a chanceler Angela Merkel, que prometeu trabalhar para que estas modificações sejam "positivas".
O que vivemos agora é algo que seguirá nos ocupando pelos próximos anos, nos mudará, e queremos que a mudança seja positiva e pensamos que podemos conseguir isto", declarou à imprensa.
Alemanha também anunciou nesta segunda-feira que vai liberar seis bilhões de euros adicionais para receber demandantes de asilo e refugiados em 2016.
O Estado federal aumentará o orçamento para as pessoas que solicitam asilo em três bilhões de euros (US$ 3,34 bilhões) e disponibilizará outros três bilhões para os Estados regionais e os municípios, responsáveis pelos alojamentos dos refugiados.
A distribuição detalhada do valor será definida em 24 de setembro, durante uma reunião de representantes do Estado federal e dos Estados regionais.
Emocionante e impactante
Merkel mencionou um fim de semana "emocionante e impactante", durante o qual chegaram a Alemanha quase 20.000 refugiados procedentes em sua maioria da Síria.
A chanceler comemorou o fato da Alemanha "ter se transformado em um país que as pessoas associam à esperança. É algo muito valioso se observarmos nossa história".
Ao mesmo tempo, Merkel fez um apelo por um "esforço da União Europeia".
"Alemanha, Áustria e Suécia não podem ser os únicos países que recebem refugiados", afirmou o vice-chanceler e ministro da Economia, o social-democrata Sigmar Gabriel, na mesma entrevista coletiva.
Merkel completou: "Não é possível dizer 'não tenho nada a ver com isto'. Mas acredito que a dinâmica do que acontece não ficará sem efeito".
A Alemanha recebe um número gigantesco de imigrantes em busca de uma vida melhor. O país prevê a entrada de 800.000 solicitantes de asilo este ano, contra 200.000 em 2014.
Nesta segunda-feira, um incêndio em um centro de refugiados em Bade-Wurtemberg, região sudoeste do país, deixou cinco feridos.

domingo, 6 de setembro de 2015

Ex-fazendeiro: me tornar vegano mudou meu mundo 06 de setembro de 2015 às 6:40

Por Chris Mills (Tradução: Vanessa Perez – da Redação)
chris-mills
Foto: Divulgação
Eu nasci e fui criado em Prince Edward County, que é uma ilha no lado norte do lago Ontario ao Sul de Belleville, em Ontario, no Canadá.
Esta era, naquela época, uma grande comunidade de fazendeiros com grandes famílias. Minha mãe era uma em dez filhos e meu pai em dezesseis, então se você não fosse do ramo da agricultura ou trabalhasse em alguma fazenda, você provavelmente trabalharia em uma loja local. Caso contrário, você atravessaria a ponte para trabalhar na cidade. Agricultura era a Indústria aqui. Eu passei a maior parte da minha vida lá e saí somente após a separação da minha primeira esposa quando eu tinha trinta anos. Eu passei por volta de vinte anos na indústria da agricultura (especialmente laticínios), Eu cresci e fui criado nisto. Eu também cresci como um ávido caçador.
Em 2005, eu conheci uma linda mulher que era vegetariana. Nós tivemos uma linda menina (chamada Willow) e nos casamos em 2008. Minha mulher nunca me forçou a nada, apenas me dava dicas frequentes sobre saúde e como os animais eram tratados. Eu fiz o que a maioria fazia e dava desculpas sobre a agricultura e porque fazíamos isso e também porque precisávamos caçar e comer carne, mas um dia tudo isso mudou.
A alguns anos atrás eu ví uma imagem no Facebook de porcos sendo transportados de Toronto e pessoas (ativistas) dando água para eles através das grades do trailer no local da troca de gado em Toronto. Esta foi a imagem que deu início a tudo para mim.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Eu sou um trabalhador de construção e normalmente trabalho na rodovia 401 (a maior rodovia em Ontario). No mesmo dia que esta foto foi tirada; houve um grande acidente em frente ao nosso local de trabalho. Estava -34ºc e o trânsito estava parado à nossa frente. Eu estava dirigindo uma máquina neste dia, tinha o aquecimento e ainda estava agasalhado. O trânsito parou completamente.
Olhei ao meu lado na rodovia e havia um trator reboque transportando porcos para Quebec. Esse foi o dia em que eu fiz a conexão. Olhei para os olhos destes pobres animais e eu sabia que eles estavam sendo enviados para a morte. Agora estava -36ºc e eles estavam congelando! Sua pele estava vermelha e você podia ver gelo no rosto deles. Meu coração afundou. Eu me senti tão mal por eles e eu disse a mim mesmo que era isso! Eu nunca mais vou causar dano a outra criatura novamente! Eu nunca olhei para trás.
Eu nunca havia imaginado se seria difícil desistir de toda carne e queijos. Eu amo cozinhar e tento inspirar e mostrar para as pessoas que a comida vegana é deliciosa e bonita. Minha esposa, minha filha e eu somos veganos pela vida! Nós também temos três cachorros e, sim, eles têm uma dieta baseada em vegetais.
Você realmente não sabe o que a vida tem guardada para você, você pode rezar e desejar tudo o que quiser, mas, uma coisa pequena tão simples como olhar nos olhos de um animal no momento certo em sua vida, pode mudar seu mundo para sempre!

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Política Distrital recebeu denúncia sobre uma ‘demissão’ da gerente da unidade, a enfermeira, Enfermeira Célia Regina da Costa Silva, promovida pela presidente do Sindicato dos Servidores em Estabelecimentos em Saúde do DF (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues (25/Ago), no Centro de Saúde Nº 01 do Gama. A ação da dirigente sindical, registrada em vídeo, além de ser publicado no site da entidade, circula por grupos do aplicativo Whatsapp. Mas chama a atenção a reação de entidades ligadas à Saúde do DF contrários a ação da dirigente sindical.
A ‘demissão’ ocorreu durante um café da manhã, no que Marli Rodrigues chamou de assembleia. A sindicalista reuniu um grupo de servidores do CS1, supostamente, descontentes com a gestão de Célia Regina, além de membros da comunidade local, num ato de desagravo a gestora. No trecho disponível no vídeo publicado pelo Sindicato no website, a presidente da entidade menciona:
Ainda segundo Marli Rodrigues: “Não acabou, não acabou, o processo democrático ele tem que ser concluído, porque ele não é interrompido simplesmente porque uma pessoa levanta e diz que acabou e pediu exoneração. Aqui você tem que aprender uma lição. Aqueles que concordam com a saída da enfermeira Célia imediatamente do Centro de Saúde manifestem levantando os dois braços. Aqueles que são contrários à saída dela manifestem com os dois braços. Abstenção. Em nome da democracia, você está demitida.”, bateu o martelo.
Democracia?
Imediatamente após o julgamento Marli Rodrigues encerrou o discurso: “E hoje nós tivemos aqui um exemplo da força da democracia. Chama todo mundo. Democracia essa que consolidou-se nesse país. Quando as pessoas vão pra rua marchar, quando as pessoas concordam ou discordam. É o exercício pleno da democracia. E quando se discute se encontra uma solução. Eu quero aqui hoje que todo mundo dê as mãos e diga viva. Porque hoje nós ganhamos uma vitória, hoje nós vencemos a truculência, hoje nós vencemos a senzala branca, hoje nós vencemos o que tem de mais absurdo que é a falta de respeito. Por isso eu vou dizer, viva a democracia.”, comemorou Marli Rodrigues.
Arbitrariedade
Política Distrital questionou a Secretaria de Estado de Saúde sobre o episódio acontecido no CS1 do Gama. Por meio de nota a Assessoria de Comunicação (ASCOM) da SES-DF esclareceu:
“A Secretaria de Saúde repudia a atitude de desrespeito à servidora no pleno exercício de sua função e informa que não apoia qualquer ato de intimidação ou desrespeito aos profissionais da pasta.”, afirmou ou observar que somente o superior imediato pode exonerar servidor, e foi além: “A Secretaria de Saúde, por fim, informa que abriu sindicância para apurar os fatos.”.
Sindicato dos Enfermeiros
Por meio de uma nota de apoio a enfermeira Célia Regina, o Sindicato dos Enfermeiros do DF (SEDF) manifestou indignação em relação a forma como a reunião foi conduzida no CS 1 do Gama (31/Ago).
“Fala-se tanto em democracia, em diálogo, mas onde estão esses méritos? Vemos nessa situação um contraditório uso do empoderamento, que acontece quando as atitudes são arbitrárias, pessoais e intransigentes. Não se faz justiça com as próprias mãos, muito menos em nossa carreira. Os instrumentos legais estão à nossa disposição para que os utilizemos a favor da mesma democracia por vezes esquecida e em defesa de quem precisa e merece essa defesa. Não importa onde está o certo e o errado. O que importa é que julgue quem tem competência para julgar e que, a partir daí, consigamos instalar a verdadeira gestão e vivenciar a original democracia.”.
Coren-DF
O Conselho Regional de Enfermagem do DF (Coren-DF) também publicou “Nota de Esclarecimento sobre suposto caso de perseguição no Gama (1/Set)”, em que esclareceu que a Entidade não foi provocada ‘oficialmente’, embora tenham recebido questionamentos por meio do Whatsapp, encaminhados por profissionais de enfermagem.
Em trecho da nota o presidente do Coren-DF, Gilney Guerra de Medeirosinforma: “O Coren-DF não julga questões de ordem trabalhista nem administrativa, mas não poderia ficar inerte diante da ridicularizarão de uma profissional regularmente inscrita. Quem parte para situações de enfrentamento físico ou verbal e/ou expõe terceiros de forma constrangedora e sem consentimento assume responsabilidade direta por seus atos.”, afirmou ao sugerir que se utilize: “meios legítimos e apropriados para se denunciar, solicitar apuração de fatos e resolver situações.”.
Trauma
Política Distrital tentou contato com a enfermeira que preferiu não se manifestar. Mas o Blog conversou com uma médica, próxima a Célia Regina, que não quer ser identificada. De acordo com a profissional, a enfermeira está em quadro de depressão e se submeteu a tratamento psicológico em  decorrência da exposição ‘democrática’ da presidente do SindSaúde-DF.
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"Rollemberg é filmado durante reunião com PMs e confirma Organizações Sociais na Saúde do DF"

INDÍGENAS NO BRASIL » “Foi uma guerra, um massacre” Indígenas guarani-kaiowá ocuparam 5 fazendas em disputa no Mato Grosso do Sul e entraram em confronto com fazendeiros; um índio foi morto por um tiro

Indígena na sede da fazenda Primavera, ocupada. / DAVID MAJELLA
Às margens da rodovia que corta o município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul, cinco homens do Exército, armados, olhavam atentamente o interior dos veículos que passavam na última sexta-feira. Camionetes da Força Nacional e carros das Forças Armadas circulavam pela estrada e um helicóptero militar rondava no céu. O cenário, que parecia o prenúncio de uma guerra, dava pistas da gravidade a que chegou o conflito por terras no Estado. Seis dias antes, Semião Fernandes Vilhalva, um guarani-kaiowá de 24 anos, foi assassinado em plena luz do dia em uma fazenda. Levou um tiro na cabeça, ao procurar o filho de cinco anos na beira de um riacho.
Carregado morro acima já sem vida pelos próprios indígenas, o rapaz se tornava a mais nova vítima de uma longa disputa por terras que opõe índios e fazendeiros. No mesmo dia, dezenas de outros indígenas, incluindo mulheres e crianças, ficaram feridos a pauladas ou por tiros de bala de borracha, que deixaram marcas pelo corpo, vistas pela reportagem. No centro da cidade chegaram boatos de que, como vingança, eles incendiariam diversas casas. A pacata Antônio João, de 8.612 habitantes, entrou em pânico.
Os índios reivindicam desde o final dos anos 1990 a ocupação da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, de 9.317 hectares (o equivalente a nove mil campos de futebol), hoje dividida por cinco fazendas de criação de gado, três delas dos filhos de Pio Silva. Silva, segundo os guarani-kaiowá, os expulsou da área na década de 1950 ao lado de outros quatro homens, depois de comprarem os lotes do próprio Governo do Mato Grosso do Sul. Seus herdeiros dizem que só havia uma família de índios na área.
No último dia 22, um sábado antes do da morte de Vilhalva, os guarani-kaiowá deram início ao maior processo de ocupação de todos esses anos. Primeiro entraram na fazenda Primavera, uma das cinco que reivindicam. Em seguida, ocuparam as outras quatro áreas.Segundo os indígenas, com a chegada dos novos donos, muitos índios passaram a trabalhar para os fazendeiros e receberam uma área perto das fazendas, chamada de Vila Campestre. No final da década de 90, com o espaço já pequeno para as famílias em crescimento, decidiram retomar o terreno das fazendas para fazer uma nova aldeia, e entraram em confronto com os fazendeiros. Desde então, ao menos três índios já morreram, entre eles Durvalino Rocha, cunhado de Vilhalva, em 2005. A história que se repete em ao menos outras 80 áreas do Mato Grosso do Sul, um Estado com forte vocação agrícola e que é palco dos piores conflitos do tipo no Brasil. A espera de uma resolução para o conflito, muitos grupos improvisam aldeias na beira de estradas. Sem atendimento médico, 2.112 índios morreram nos últimos 13 anos por causas evitáveis no Estado, conforme mostrou levantamento do EL PAÍS sobre a saúde indígena.
No sábado seguinte, dia 29, cerca de sessenta camionetes deixaram a sede do sindicato rural de Antônio João. Seguiam os passos de Roseli Ruiz, presidente da associação e mulher dos filho mais velho de Pio Silva, herdeiro da fazenda Barra, uma das últimas ocupadas pelos índios. O grupo contava ainda com Dácio Queiroz, também filho de Pio, dono de outra fazenda invadida, a Fronteira, e com políticos, como o deputado federal pelo DEM Luiz Henrique Mandetta, um dos integrantes da comissão que discute a PEC 215, uma proposta de emenda à Constituição que quer mudar a forma como a demarcação de terras indígenas é feita no país.
O séquito de camionetes percorreu por cerca de 10 minutos a rodovia, entrou pela estrada de terra e parou em meio a freadas bruscas, que levantaram poeira, perto da casa principal da fazenda Barra. Foram recebidos por homens, mulheres, adolescentes e crianças aos gritos, com paus e arco e flecha nas mãos. Os índios relatam que, depois de alguma discussão, os homens dispararam tiros para o alto e armas com balas de borracha em direção a eles –o que os fazendeiros negam. Em meio a uma intensa correria, motos de indígenas acabaram incendiadas, outra delas foi furada por tiros. Um índio foi cercado e atacado com um pedaço de pau que abriu sua testa. O confronto se estendeu para a fazenda Fronteira, logo ao lado. Crianças se perderam. Entre elas, o filho de Vilhalva. Não demorou muito e o rapaz apareceu morto. A Força Nacional, uma espécie de tropa de elite do Governo federal formada por policiais militares de vários estados, demorou uma hora para chegar, afirmam os índios.
"O que aconteceu foi um massacre, uma verdadeira guerra", diz uma liderança que não quis se identificar por medo de vingança. "Estava com meu neto de um ano no colo. Ele foi atingido por balas de borracha e chegou a desmaiar", conta Leni, outra das indígenas do movimento. Fazendeiros afirmam que foram atingidos por pauladas e que há marcas de bala em seus veículos.
O processo de demarcação da terra já foi autorizado pelo Governo federal, mas acabou barrado no Supremo Tribunal Federal em 2005. Desde então, o ministro Gilmar Mendes, relator do processo que afirma que o tema é "muito complexo", ainda avalia se a área deverá ir para os índios ou para os fazendeiros. “Nós esperamos pacientemente por dez anos a Justiça resolver a questão. Mas decidimos agir para não esperar a vida toda”, diz Kuña Poty, de 47 anos, que agora vive na sede da Primavera. Roseli e Dácio conseguiram recuperar suas casas após a confusão e suas famílias voltaram para as fazendas, onde foram alocados homens do Exército e da Força Nacional. Os índios continuam no restante da área.

Negociação

Após a morte de Vilhalva e toda a atenção que a questão ganhou na imprensa, deputados tentaram acelerar a aprovação da PEC 215 no Congresso. A proposta, que já ganhou um relatório final da comissão que a analisa e deve ser encaminhada para a votação ainda neste ano, dará à Câmara o poder de aprovar as demarcações de terra -uma prerrogativa hoje do Executivo-  e permitirá a indenização de terras demarcadas. Em uma Casa lotada de parlamentares ruralistas, isso deverá dificultar que os índios consigam qualquer nova área que reivindicam.
O Governo, por sua vez, decidiu tentar negociar. Na semana passada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esteve na capital do Estado, onde se reuniu com fazendeiros e com indígenas. Em meio a uma discussão tensa, que teve até bate-boca com uma produtora rural, Cardozo propôs que os índios selecionem cinco áreas em litígio para a demarcação urgente e prevê como solução a indenização aos fazendeiros. Um problema, visto que pela legislação o Governo pode apenas pagar pelas benfeitorias feitas na terra e não pelo terreno, que já seriam dos índios e, portanto, da própria União. Os fazendeiros não aceitam receber menos, já que pagaram pelas terras de boa-fé.
A proposta de Cardozo é vista com ceticismo por ambas as partes. Há dois anos, após a morte em 2013 de um índio terena no município de Sidrolândia, também no Mato Grosso do Sul, uma mesa de negociação foi formada pelo ministério, com a mesma proposta. Depois de inúmeras negociações, não se chegou ao acordo esperado. “São mentiras, mentiras e mentiras. O Governo está sem credibilidade. A verdade é que, se eles quisessem resolver a questão já teriam resolvido”, reclama Roseli. Seu cunhado não quis falar com a reportagem.
Enquanto o impasse não é resolvido, os índios garantem que não sairão das áreas ocupadas. Nos próximos dias, pretendem começar a montar barracas e, num futuro próximo, criar uma roça em meio a área desmatada para o pasto do gado. O clima de guerra promete continuar.

Dono de cão que faz 'vigília' recebe visita em porta de hospital em Itatiba Paciente foi liberado pelos médicos e ganhou carinho de bicho de estimação. Cachorro aguarda alta do vendedor, que sofreu infarto, desde domingo (30).

 O vendedor Olívio Yamamoto, que está internado desde domingo (30) na UTI de um hospital de Itatiba (SP), após sofrer um infarto, afirma teve a vida salva pelo seu cachorro. Desde que ele foi hospitalizado o animal está na porta do hospital, à espera do dono.
O vendedor estava indo para Itatiba (SP) quando começou a passar mal e foi para o hospital, com o cachorro no carro. Lá, foi diagnosticado com princípio de infarto e não pôde sequer sair para deixar o cão em casa.
Cão recebeu carinho de dono internado em hospital (Foto: Gustavo Consoline/TEM Você)Cão recebeu carinho de dono internado em
hospital (Foto: Gustavo Consoline/TEM Você)
Yamamoto conta que só chegou ao hospital porque o animal, batizado de "Negão", o manteve acordado enquanto dirigia. "Eu não conseguia dirigir direito porque estava com muita dor, meu olho até 'saltava' para fora. Então ele uivava bastante e batia no meu ombro desperado", lembra.
Ainda emocionado em saber que o animal o espera na porta do hospital, o vendedor ao mesmo tempo chora e dá risada ao falar do animal. "Estou emocionado de verdade, porque eu gosto demais dele. É muito brincalhão. É meu melhor amigo". Agora o comerciante já faz planos para se divertir com o animal após receber alta no hospital. "Assim que tiver alta, vamos viajar para uma praia ainda em setembro", conta.
Paciente pede em carta para cuidarem do cão (Foto: Reprodução/TV TEM)Paciente pede em carta para cuidarem do cão
(Foto: Reprodução/TV TEM)
Na quarta-feira, impossibilitado de dar entrevista, ele escreveu uma carta. Nela o vendedor contou que o cão foi adotado por ele durante uma viagem a Bragança Paulista (SP) e é um grande companheiro do vendedor desde então. "Já fomos várias vezes para Minas Gerais para pescar, correr no campo e nadar junto", lembra.
Comoção
Desde sua internação, "Negão" perambula pelo estacionamento do local, à espera do dono. A história sensibilizou os funcionários que, de maneira improvisada, separaram um canto com comida e água.
O médico Wagner Tegon Filho diz que a presença do bichinho de estimação na porta do hospital é importante para a recuperação do paciente. "O cachorro estando mais próximo do paciente deixa ele mais otimista e responsivo ao tratamento para se recuperar e sair dessa."
A história de amizade entre o cão e o homem se espalhou pela cidade. Maria Cecília Tsae, dona de um café que fica bem ao lado do hospital comenta que o animal está sofrendo. “Ele senta chorando bem na porta da entrada da emergência. Acho que ele sente o cheiro do dono”, comenta.
"Deveria existir mais essa ação entre nós seres humanos. Uma amizade sincera, pura. Onde nos preocupássemos com o próximo", reflete o pastor Samuel Guimarães. De acordo com informações do hospital, o paciente não tem previsão de alta. Ele e o cachorro moram sozinhos e não têm mais ninguém na "família".
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Cão perambula pelo estacionamento do hospital, à espera do dono (Foto: Reprodução/ TV TEM)Cão perambula pelo estacionamento do hospital, à espera do dono (Foto: Reprodução/ TV TEM)
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