terça-feira, 25 de agosto de 2015

PEDRA DE TOQUE » Lições de Tolstói O escritor russo nos ensina em 'Guerra e paz' que apesar de todo o mal que há na vida, a humanidade vai deixando para trás, pouco a pouco, seu pior Leia outros artigos de Mario Vargas Llosa

FERNANDO VICENTE
Li Guerra e Paz pela primeira vez há meio século, em um volume único da Pléiade, durante as minhas primeiras férias remuneradas pela Agência France Presse, em Perros-Guirec. Estava escrevendo naquele período o meu primeiro romance, e vivia obcecado com a ideia de que, diferentemente do que ocorre com outros gêneros literários, a quantidade, no romance, era um ingrediente essencial da qualidade; de que os grandes romancescostumavam ser também romances grandes –longos— porque abrangiam tantos aspectos da realidade que davam a sensação de expressar a totalidade da experiência humana.
O romance de Tolstói parecia confirmar milimetricamente essa teoria. A partir de um começo frívolo e mundano naqueles salões elegantes de São Petersburgo e de Moscou, com aqueles nobres que falavam mais em francês do que em russo, a história ia descendo e se espraiando por toda a complexa sociedade russa, expondo-a com toda a sua ilimitada gama de classes e tipos sociais, dos príncipes e generais aos servos e camponeses, passando pelos comerciantes e as senhoritas em idade de casar, os libertinos e os maçons, os religiosos e os aproveitadores, os soldados, os artistas, os arrivistas, os místicos, até envolver o leitor na vertigem de ter sob os seus olhos uma história na qual atuavam todas as variações possíveis daquilo que é humano.
Constato agora, nesta segunda leitura, que eu estava enganado. Longe de apresentar a guerra como uma experiência virtuosa na qual se forjam o moral, a personalidade e a grandeza de um país, o romance a expõe com todo o seu horror, mostrando em cada batalha –especialmente na alucinante descrição da vitória de Napoleão em Austerlitz— a monstruosa carnificina que ela provoca, a penúria e as injustiças que atingem os homens comuns, que constituem a maioria de suas vítimas; assim como a estupidez macabra e criminosa daqueles que detonam essas tragédias falando em honra, em patriotismo, em valores cívicos e militares, palavras cujo vazio e cuja pequenez se mostram evidentes aos primeiros disparos dos canhões. O romance de Tolstói tem muito mais a ver com a paz do que com a guerra. O amor à história e à cultura russa que indiscutivelmente o impregna não exalta em nada o som e a fúria das matanças, mas sim aquela vida interior intensa, cheia de reflexão, de dúvidas, a busca da verdade e o esforço em fazer o bem aos outros, tudo isso encarnado no bondoso e pacífico Pierre Bezúkhov, o herói do romance.Em minha lembrança, o que mais se destacava nesse romance eram as batalhas, a odisseia extraordinária do velho general Kutúzov, que, de derrota em derrota, vai aos poucos desgastando as tropas napoleônicas invasoras até que, com a ajuda do inverno brutal, da neve e da fome, consegue acabar com elas. Na minha cabeça, firmava-se a falsa ideia de que, se fosse preciso resumirGuerra e Paz em uma só frase, daria para dizer que se tratava de um grande mural épico sobre como o povo russo rechaçou as empreitadas imperialistas de Napoleão Bonaparte, “o inimigo da humanidade”, e defendeu a sua soberania; ou seja: um grande romance nacionalista e militar, de exaltação à guerra, à tradição e às supostas virtudes castrenses do povo russo.
Longe de apresentar a guerra como uma virtuosa experiência, a novela a expõe em todo seu horror
Embora a tradução de Guerra e Pazpara o espanhol que estou lendo não seja excelente, a genialidade de Tolstói se faz presente a cada passagem, em tudo o que ele relata, e mais no que oculta do que no que explicita. Seus silêncios são sempre eloquentes, comunicam algo, estimulam a curiosidade do leitor, que fica preso ao texto, ansioso para saber se o príncipe Andrei finalmente declarará o seu amor a Natasha, se o casamento combinado realmente acontecerá, ou se o excêntrico príncipe Nikolai Andreiévitch conseguirá impedi-lo. Não há quase nenhum episódio no romance que não deixe algo no ar, que não se interrompa deixando de revelar ao leitor algum elemento ou informação decisivos, de modo a fazer com que sua atenção não diminua, se mantenha sempre ávida e alerta. É realmente extraordinário como em um romance tão amplo, tão diversificado, com tantos personagens, a trama é sempre conduzida com tanta perfeição por um narrador onisciente que nunca perde o controle, que delimita com absoluta maestria o tempo dedicado a cada um, que vai avançando sem descuidar nem preterir de nenhum deles, dando a todos o tempo e o espaço apropriados para fazer com que tudo avance conforme avança a própria vida, por vezes muito vagarosamente, por vezes em saltos frenéticos, com suas doses diárias de alegrias, tragédias, sonhos, amores e fantasias.
Nesta releitura de Guerra e Paz, percebo algo que não tinha entendido na primeira vez: a dimensão espiritual da história é muito mais relevante do que aquilo que se passa nos salões ou no campo de batalha. A filosofia, a religião, a procura de uma verdade que torne possível distinguir claramente o bem e o mal e agir a partir disso são preocupações centrais dos principais personagens, inclusive dos chefes militares, como o general Kutúzov, personagem deslumbrante, que, apesar de ter passado a vida inteira em combate –ainda se nota a cicatriz deixada por uma bala atirada pelos turcos e que lhe atravessou o rosto–, é um homem eminentemente ético, desprovido de ódio, de quem se poderia dizer que faz a guerra porque não há alternativa e alguém tem de fazê-la, mas que preferiria dedicar seu tempo a tarefas mais intelectuais e espirituais.
A dimensão espiritual da história é bem mais importante que a que ocorre nos salões
Embora, “falando friamente”, as coisas que acontecem em Guerra e Paz sejam terríveis, duvido que alguém saia de sua leitura entristecido ou pessimista. Ao contrário, o romance nos transmite a sensação de que, apesar de todo o mal que há na vida, da fartura existente em matéria de canalhices e pessoas vis que querem sempre levar a melhor, no fim das contas os bons são em número maior do que os maus, os momentos de prazer e de tranquilidade são maiores do que os de amargura e ódio, e que, mesmo que isso nem sempre seja evidente, a humanidade vai aos poucos deixando para trás aquilo que ela ainda carrega consigo de pior, ou seja, de uma forma frequentemente invisível, vai melhorando e se redimindo.
O maior feito de Tolstói, como o de Cervantes ao escrever Dom Quixote, o de Balzac com a sua Comédia Humana, o de Dickens comOliver Twist, o de Victor Hugo com Os Miseráveis, ou ainda o de Faulkner com sua saga sulina, foi, provavelmente, este: mesmo nos fazendo mergulhar nos esgotos da vida humana, seus romances injetam dentro de nós a convicção de que, apesar de tudo, a aventura humana é infinitamente mais rica e apaixonante do que as misérias e as baixezas que também existem nela; que, vista em seu conjunto, de uma perspectiva mais serena, ela merece ser vivida, nem que seja apenas porque, neste mundo, podemos viver não apenas das verdades, mas também, graças aos grandes romances, das mentiras.
Não poderia encerrar esta coluna sem fazer em público uma pergunta que está martelando dentro de minha cabeça desde que eu soube do fato: como foi possível que o primeiro prêmio Nobel de Literatura tenha sido dado a Sully Prudhomme e não a Tolstói, que também concorria a ele? Será que não estava tão claro na época, como está agora, que Guerra e Paz é um desses raros milagres que só acontecem no universo da literatura a cada cem anos?
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© Mario Vargas Llosa, 2015.

Ações asiáticas afastam-se das mínimas de 3 anos; sofrimento continua na China

Por Hideyuki Sano
TÓQUIO (Reuters) - A volatilidade nos mercados globais deu sinais tímidos de arrefecimento nesta terça-feira após a sangria da véspera, com investidores comprando ações a preço de barganha, o que ajudou as ações asiáticas a se afastarem de mínimas em três anos. No entanto, as bolsas chinesas, epicentro das perdas, desabaram novamente.
Às 7h05 (horário de Brasília), o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão avançava 2,54 por cento, após uma queda inicial para mínimas de três anos.
"A turbulência recente deixou ofegantes até os operadores mais resistentes. E provavelmente há mais ainda por vir", disse o vice-presidente de pesquisa econômica para Ásia do HSBC, Frederic Neumann, em nota para clientes.
"A economia chinesa continua a desacelerar e o banco central dos Estados Unidos ainda pode elevar as taxas de juros antes do fim do ano. Isso fragiliza ainda mais os dois principais pilares do crescimento da economia mundial nos últimos anos: a demanda chinesa (incluindo commodities) e o dinheiro abundante", disse Neumann. Ele acrescentou, porém, que uma repetição da crise financeira asiática do fim dos anos 1990 é improvável.
. Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 3,96 por cento, a 17.806 pontos.
. Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,72 por cento, a 21.404 pontos.
. Em XANGAI, o índice SSE perdeu 7,63 por cento, a 2.965 pontos.

. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 7,10 por cento, a 3.042 pontos.

Liberação de 30 metros na Orla do Lago deve seguir durante dois anos A desocupação teve início na casa do deputado federal Izalci Lucas, que derrubou as construções ilegais no dia anterior. Governo estuda o futuro de piscinas e quadras na área


O primeiro dia da operação para desocupar a orla do Lago Paranoá devolveu a área invadida por quatro mansões no bairro mais nobre do Distrito Federal à população. A ação para deixar o acesso livre em uma faixa de 30m a partir da margem começou pela QL 12 do Lago Sul, a Península dos Ministros — só ontem foram 240m de cercas e 40m de chapas metálicas. Servidores do GDF derrubaram muros e cercas do terreno cercado ilegalmente, enquanto piscina e quadras de esporte ficaram para o uso público. Nessa primeira etapa, 47 lotes serão alvo da ação. A ocupação ordenada, a manutenção do espaço público e a segurança dependem de um projeto a ser elaborado pelo governo e da construção do Plano de Recuperação da Área Degradada.

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A ação de derrubada na Península dos Ministros começou às 9h, pelo Conjunto 8. Na primeira casa, a do deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), as cercas já haviam sido derrubadas no domingo. Os moradores chamaram técnicos da Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth) para demarcar o terreno e recuar a cerca ao tamanho original (leia mais na página 20). Nos lotes seguintes, foi preciso usar tratores para retirar as cercas que impediam o acesso da população à orla do lago. Para garantir o caminho livre, foi publicado no Diário Oficial do DF de hoje o Decreto nº 36.689, que altera os limites do Parque Ecológico da Península Sul, interligado com o Parque do Morro do Asa Delta, na QL 14.
Ed Alves/CB/D.A Press


Na terceira casa, uma piscina com direito a hidromassagem também passou a ser de uso público. A demarcação realizada pelos servidores da Segeth indicam que até mesmo parte de uma academia, construída em uma espécie de puxadinho, ocupa a faixa de 30m. Uma outra piscina que estava em obras precisou ser aterrada para garantir a segurança de quem passar pelo local. O projeto, no entanto, já estava embargado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), segundo servidores do GDF que trabalhavam no local.

A diretora da Agência de Fiscalização (Agefis), Bruna Pinheiro, considerou bem-sucedida a operação, sem a resistência de moradores, mas apontou alguns problemas. “Tivemos um imprevisto com o trator porque havia um espaço recém-aterrado em cima do lago”, disse. No caso da academia, em que parte da área é pública, ainda precisa ser discutido. “Ou vai ficar disponível para o uso da população, ou o morador vai demolir”, concluiu Bruna.

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não participou das operações de derrubada, mas acompanhou toda a ação a distância. “Isso humaniza a cidade e representa um passo em direção à civilidade”, comentou o governador. Rollemberg disse que é preciso “mudar o paradigma com relação às terras públicas na cidade”. “Algumas das decisões mais difíceis do nosso governo foram nessa área. Mas a população tem reconhecido a importância disso para a cidade. Tivemos que fazer operações duras em Vicente Pires e no Sol Nascente. Mas em breve começaremos as obras dos equipamentos públicos.

MARIO LIVIO / ASTROFÍSICO DO INSTITUTO DO TELESCÓPIO ESPACIAL “Em 20 anos poderemos determinar se há vida em outros planetas” Para o cientista, o famoso telescópio ‘Hubble’ desempenha um papel fundamental na mudança da percepção popular a respeito do nosso lugar no universo NASA acredita que encontrará vida extraterrestre em menos de 10 anos

Mario Livio, fotografado em Madri. / SAMUEL SÁNCHEZ (EL PAÍS)
Grande parte da carreira científica do astrofísico Mario Livio, ao menos no último quarto de século, está ligada ao telescópio Hubble, que acaba de completar 25 anos em órbita. Mas ele observa que é um cientista teórico, não diretamente envolvido com as observações. “Estou acostumado a dizer que praticamente não sei de que lado do telescópio é preciso olhar”, diz, com ironia, esse cientista que trabalha com equipes de astrônomos observadores e já participou de várias descobertas importantes, como o estudo de longínquassupernovas que levou à detecção da energia escura, além de diversas pesquisas para determinar as propriedades dessa energia.
Livio nasceu na Romênia em 1945 e, aos cinco anos, emigrou com a família para Israel. Em seu país de acolhida estudou, se doutorou e trabalhou durante vários anos, até que, em 1991, entrou para o Instituto Científico do Telescópio Espacial, em Baltimore (EUA). Mais ou menos na mesma época, foi descoberto um defeito garrafal no sistema óptico do já famoso telescópio Hubble, que tantas esperanças científicas havia concentrado e sobre o qual, uma vez em órbita, ninguém sabia àquela altura se realmente teria muita serventia. “Houve gente que achasse que eu estava louco... Chegar ao Instituto logo naquela época!", recorda.
Livio desempenhou vários cargos no Instituto, inclusive o de diretor científico e de responsável pelo seu importantíssimo arquivo, sempre reunindo seu trabalho com a pesquisa e divulgação científica. É autor de vários livros, sendo o mais recente deles, Brilliant Blunders(“falhas brilhantes”, de 2013), sobre erros graves cometidos por grandes figuras da ciência, como Charles Darwin, Lord Kelvin, Linus Pauling, Fred Hoyle e Albert Einstein. Livio participou, em Madri, das jornadas sobre Arte e Ciência organizadas pela rede europeia Invisíveis (coordenada pela Universidade Autônoma de Madri) e peloMuseu Thyssen.Agora, ao olhar para trás, destaca os numerosos feitos acumulados peloHubble desde que o problema foi solucionado. E, olhando para frente, explica as perspectivas que se abrem para a astronomia com os observatórios espaciais que virão a substituir aquele que já é talvez o mais célebre telescópio da história. Entre esses novos aparelhos, encontra-se um de 12 metros de diâmetro, que poderá ser lançado por volta de 2030.
Estamos planejando um telescópio espacial de 12 metros, o substituto do ‘Hubble’”
Pergunta. Qual foi a chave do sucesso do Hubble, não só em nível científico, mas também social?
Resposta. O que o Hubble fez, e praticamente nenhum outro instrumento científico havia feito isso antes, foi provocar a emoção social da descoberta, uma emoção da qual antes só os cientistas desfrutavam, e que este telescópio levou para dentro da casa das pessoas. As imagens do céu feitas por ele são tão fantásticas que muitos as tratam quase como obras de arte. Além disso, há o drama que ele causou no começo: o telescópio começou sendo um grande fracasso por causa do defeito do espelho e depois, com a engenhosidade dos cientistas e dos engenheiros que conceberam a solução, mais a valentia dos astronautas que o consertaram no espaço, se tornou um enorme sucesso. É uma mistura de tudo isto: as imagens incríveis, o drama, a emoção...
P. Mudou a percepção das pessoas a respeito da astronomia?
R. Absolutamente. As pessoas sempre foram fascinadas pelo céu noturno, mas agora, com estas imagens de objetos celestes longínquos, do universo tão distante... São fotos fantásticas, reais. OHubble desempenhou um papel fundamental em alterar a percepção de nosso lugar no universo. Já há toda uma geração de 25 anos que não conheceu o céu sem o Hubble!
Achamos que [o ‘Hubble’] ainda pode funcionar por pelo menos cinco anos.”
P. Falando das fotos: são mesmo tão bonitas as estrelas e galáxias vistas nas fotos do Hubble, ou são tratadas com cores falsas?
R. O Hubble capta imagens com diferentes filtros. Algumas vezes capta em vermelho, azul e verde, e nesse caso são como fotografias normais. Mas outras vezes observa em ultravioleta, que nós não vemos com nossos olhos, ou em infravermelho. O que fazemos então é representar, por exemplo, o ultravioleta em azul ou o infravermelho em vermelho para poder vê-lo, e a imagem resultante não tem as cores reais do objeto, mas sim todos os detalhes.
P. Que descobertas do Hubble você apontaria como as mais importantes?
R. São inumeráveis as suas contribuições. Entre as mais importantes está a descoberta da energia escura, essa energia misteriosa que permeia todo o espaço e que está acelerando a expansão do universo. Também a composição das atmosferas de planetas ao redor de outras estrelas... E a determinação, com muita precisão, do valor da Constante de Hubble, que nos indica a idade do universo [13,8 bilhões de anos], o qual agora conhecemos com uma margem de erro de apenas 3%, e que logo vamos reduzir a 2%. O Hubble também demonstrou que há buracos negros supergigantes em quase todas as galáxias.
P. São descobertas exclusivas do Hubble, ou em colaboração com outros telescópios?
R. É preciso deixar claro que quase todas as descobertas não são exclusividade do Hubble. Frequentemente há indícios obtidos com outros observatórios em terra, e o telescópio espacial os transforma em provas firmes.
P. Há outros telescópios excelentes. Por que o Hubble é especial?
R. Há observações que nenhum outro pode fazer, dada a alta precisão que o Hubble oferece, sua resolução, sua acuidade visual. Por exemplo, identificar supernovas em galáxias muito longínquas e determinar seu brilho, descobrindo com isso a aceleração da expansão de universo. Isso é algo que só o telescópio espacial pode fazer bem.
O ‘Hubble’ alterou a percepção do nosso lugar no universo”
P. Entretanto, quando você chegou ao Instituto em plena crise, em 1991, não se sabia nem sequer se o telescópio espacial serviria para muita coisa.
R. Ele foi lançado ao espaço em 1990, e eu cheguei em 1991. Até então não sabíamos se haveria uma solução, e precisamos esperar até 1993 para comprovar que, sim, ele funcionava. Naquele momento parecia, potencialmente, a maior falha da história da ciência, e depois se tornou naquele que talvez tenha sido o maior êxito.
P. E agora já é um instrumento veterano, com 25 anos de funcionamento.
R. Achamos que ele ainda pode funcionar durante pelo menos cinco anos mais, e se em 2020 continuar sendo produtivo cientificamente não há motivo para que não prossiga.
P. Não está obsoleto?
R. O Hubble foi recondicionado várias vezes, a última em 2009. Assim, é preciso considerar que tem seis anos, não 25. E agora esta com o melhor conjunto de instrumentos que já teve. Temos mais de mil solicitações de tempo de observação por ano, e um comitê muito rigoroso as seleciona. Uma em cada sete propostas é aprovada. Além disso, temos um arquivo incrível, ao qual qualquer pessoa pode ter acesso de qualquer lugar do mundo.
Há observações que nenhum outro pode fazer, dada a alta precisão oferecida pelo ‘Hubble', sua resolução, sua acuidade visual”
P. Mas já estão construindo o telescópio espacial James Webb, para muitos o sucessor do Hubble.
R. Cientificamente o James Webb, a ser lançado em 2018, é o sucessor, embora não diretamente, porque é muito diferente. Observará exclusivamente em infravermelho, ao passo que o Hubble observa sobretudo a luz visível. E, enquanto este tem um espelho de 2,4 metros de diâmetro, o do James Webbtem 6,5 metros, e ele não ficará em órbita baixa, a 560 quilômetros de altura sobre a superfície terrestre, como o Hubble, e sim a 1,5 milhão de quilômetros de distância da Terra. O James Webb será capaz de ver as primeiras galáxias que se formaram no universo, vai nos dizer que planetas extrassolares podem abrigar água em estado líquido na sua superfície... Mas o telescópio que seria diretamente o sucessor doHubble é um que estamos propondo agora, o Telescópio Espacial de Alta Definição (HDST), que seria lançado em 2030 e teria um espelho de 12 metros de diâmetro, para trabalhar em luz visível e um pouco no ultravioleta e no infravermelho, como o Hubble.
P. O James Webb tem problemas de sérios estouros orçamentários e atrasos.
R. Agora o orçamento e o calendário já foram ajustados. Todos os seus componentes foram fabricados e estão sendo integrados. Esse telescópio realmente leva ao limite tecnologias muito complexas, e o HDST as levará mais longe ainda.
P. A NASA também seria o sócio principal do HDST?
R. Sim. Mas antes será lançado outro telescópio que está sendo preparado. A NASA recebeu de presente dos militares dois telescópios similares ao Hubble, com espelho de 2,4 metros de diâmetro, que não foram lançados ao espaço. Agora um deles está sendo preparado como telescópio de infravermelho. Será fantástico. Assim, antes será lançado o James Webb, que funcionará por cinco anos ou mais, depois o novo de infravermelho, e já estamos concebendo o seguinte, o HDST. Pela primeira vez estamos na perspectiva de sermos capazes, em poucas décadas, de determinar se há vida em outros planetas fora do Sistema Solar. Para isso precisamos do HDST.

desespero na fronteira da Macedónia com a Grécia Ler mais: http://visao.sapo.pt/video-mostra-desespero-na-fronteira-da-macedonia-com-a-grecia=f828744#ixzz3jpOyY31f


As imagens do drama de milhares de emigrantes, na semana passada, quando a Macedónia declarou o estado de emergência e enviou tropas para ajudar a conter o fluxo migratório dos que tentavam atravessar a fronteira continuam a circular e a impressionar. Este vídeo, em particular, já foi visto perto de 2 milhões de vezes, em quatro dias e teve dezenas de milhares de partilhas. Os protagonistas fazem parte de uma vaga de 7 mil refugiados que começaram a viagem para a União Europeia mas que ficaram bloqueados quando a Macedónia fechou as suas fronteiras, contribuindo para a pior crise migratória desde a segunda guerra mundial.
A reabertura da fronteiram durante o fim-de-semana, provocou uma autêntica avalanche humana, com milhares de pessoas, exaustas, algumas de cadeiras de rodas, muitas com crianças ao colo, a atravessarem a pé a fronteira da Macedónia com a Sérvia. Só durante o fim-de-semana, cerca de 10 mil pessoas passaram a fronteira.

Vídeo mostra desespero na fronteira da Macedónia com a Grécia

"Fomos barrados na Macedónia durante dois dias, os motins foram terríveis, a polícia usou armas e gás lacrimogéneo, vi uma idosa ser espancada e roubaram-lhe os papéis e o dinheiro", contou à AFP um engenheiro de tecnologias de informação, de 29 anos, que saiu de Mossul, no Iraque, para fugir ao grupo extremista Estado Islâmico e que faz parte dos mais de dois mil migrantes que esta terça-feira chegaram à Hungria vindos da Sérvia. 
De acordo com uma declaração da polícia, um total de 2.093 migrantes atravessaram a fronteira para a Hungria na cidade de Roszke.
A Hungria já registou mais de 100 mil pessoas a pedir asilo este ano, mais do dobro do total do ano passado e muito mais que os dois mil que pediram asilo em 2012.
Os refugiados tentam entrar na Hungria antes da conclusão da construção de um muro com arame farpado, uma das medidas contra a imigração clandestina, a que se junta as penalizações para quem cruzar a fronteira sem autorizaçao e o encerramento dos campos de refugiados permanentes.


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Irã diz que vai recuperar paticipação no mercado de petróleo após fim de sanções

Ministro do Petróleo iraniano, Bijan Zanganeh, durante evento em Viena.  11/06/2014  REUTERS/Heinz-Peter Bader
DUBAI (Reuters) - O Irã irá aumentar sua produção de petróleo e recuperar a parcela perdida de exportações, pouco após o alívio de sanções ao país, disse o ministro do Petróleo iraniano, Bijan Zanganeh, nesta terça-feira.
O Irã e seis potências mundiais chegaram a um acordo em julho para deter o programa nuclear de Teerã, mas sanções impostas em 2012 não serão suspensas até que o Irã cumpra todos os termos do pacto.
O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha disse na segunda-feira que sanções internacionais ao Irã devem começar a ser suspensas no primeiro semestre do ano que vem.
Durante entrevista coletiva a jornalistas em Teerã, Zanganeh disse que o Irã deveria vender seu petróleo independentemente do preço.
"Devemos vender nosso petróleo mesmo se o preço cair ou subir para 100 dólares (um barril). Mesmo querendo vender nosso petróleo mais caro, o preço é determinado pelo mercado", disse Zanganeh segundo a Shana, agência de notícias do Ministério do Petróleo.
"Após o fim das sanções, o Irã vai recuperar a parcela que perdeu no mercado, de mais de 1 milhão de barris por dia", acrescentou.

(Reportagem de Sam Wilkin e Bozorgmehr Sharafedin)

Merkel cobra rapidez de Itália e Grécia contra imigração Chanceler pediu criação de centros de registro para ilegais

Novo foco da crise migratória na Europe atinge a fronteira entre Grécia e Macedônia (foto: EPA)
Novo foco da crise migratória na Europe atinge a fronteira entre Grécia e Macedônia (foto: EPA)
25 AGOSTO, 08:33BERLIMZLR
(ANSA) - Envoltas em inúmeras dificuldades para receber as centenas de imigrantes clandestinos que chegam todos os dias ao seu litoral, Grécia e Itália receberam nesta segunda-feira (24) um chamado da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, para "agirem rápido" para conter a crise migratória.
    Segundo ela, essas nações devem abrir rapidamente centros de cadastro para solicitantes de refúgio. "Estabelecemos com os chefes de governo que se criem centros de registro nos países particularmente atingidos pelas primeiras chegadas, como Grécia e Itália. Isso deve acontecer rapidamente, ainda neste ano, não podemos aceitar atrasos", disse.
    A declaração foi dada em uma coletiva de imprensa conjunta em Berlim com o presidente francês, François Hollande, que também pediu para Atenas e Roma "acelerarem" esse processo. "É indispensável que esses centros sejam feitos", declarou.
    Nos próximos dias, os ministros do Interior de Alemanha e França devem propor um documento com novas medidas contra a crise migratória na Europa. Apenas no primeiro semestre de 2015, a União Europeia recebeu 400 mil solicitações de asilo. Para efeito de comparação, em 2014 inteiro foram cerca de 600 mil pedidos.
    Além disso, em julho, o bloco registrou a entrada de 107,5 mil imigrantes ilegais, o número mais alto de toda a sua história para um único mês. (ANSA)
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