BRASÍLIA — O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou aos investigadores da Operação Lava-Jato que os R$ 200 mil recebidos por ele dos deputados Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otávio Germano (PP-RS) foram escondidos dentro de uma embalagem na qual se guarda garrafas de cachaça. A informação consta do relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira. A propina teria como origem a ajuda de Paulo Roberto para que a empresa Fidens Engenharia passasse a participar de licitações na Petrobras.
Paulo Roberto já tinha falado sobre a propina que recebeu dos deputados. Ele afirmou que o pagamento foi feito sem que ele tivesse pedido qualquer suborno. Em novo depoimento relatou a forma como os deputados esconderam o dinheiro para lhe entregar em um quarto no hotel Fasano, no Rio de Janeiro.
“Que com relação ao pagamento realizado no Hotel Fasano, recorda-se de mais detalhes: foi com o motorista da Petrobras, Evangelista, ao Hotel Fasano e lá se dirigiu ao quarto onde ambos os parlamentares se encontravam e lá recebeu a quantia em embalagem utilizada para acondicionar garrafas de cachaça”, contou o ex-diretor.
O relatório da PF, assinado pelo delegado Felipe Alcântara de Barros Leal, mostra que um registro do hotel obtido in loco mostra que Faria e Germano estiveram hospedados juntos no dia 31 de agosto de 2011 e que Germano esteve em um quarto duplo nos dois dias seguintes. Em documentação posterior encaminhada pelo hotel, porém, esses registros não apareceram, tendo sido informado apenas hospedagens dos parlamentares em diferentes datas.
A PF ressalta ainda que Faria “falseou com a verdade” ao dizer em depoimento não conhecer o doleiro Alberto Youssef. Foi encontrado um registro da entrada do parlamentar, com foto, no prédio em que funcionava uma empresa do doleiro. O destino informado por ele foi justamente a sala do doleiro.
Os investigadores afirmam ainda que as gestões feitas pelos parlamentares e, a pedido deles, por Paulo Roberto, levaram a Fidens a conseguir celebrar contratos com a Petrobras, como o para a construção da sede administrativa do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Nesse caso, a empresa foi convidada para disputar a licitação a pedido do ex-diretor. Ressaltam ainda que em um dos registros de entrada na Petrobras Germano e Farias são identificados como pertencentes à empresa Fidens, com a grafia errada “Fiens”.
Germano e Faria negaram em seus depoimentos que tenham entregue dinheiro a Costa. Afirmaram ainda que não foi pedido qualquer vantagem para a Fidens. Relataram que o presidente da empresa, Rodrigo Alvarenga, os acompanhou em uma reunião com Paulo Roberto porque tinha reclamado de perseguição contra a Fidens.