sábado, 22 de agosto de 2015

Paulo Roberto Costa diz que recebeu dinheiro de deputados em embalagem de cachaça

BRASÍLIA — O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou aos investigadores da Operação Lava-Jato que os R$ 200 mil recebidos por ele dos deputados Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otávio Germano (PP-RS) foram escondidos dentro de uma embalagem na qual se guarda garrafas de cachaça. A informação consta do relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira. A propina teria como origem a ajuda de Paulo Roberto para que a empresa Fidens Engenharia passasse a participar de licitações na Petrobras.
Paulo Roberto já tinha falado sobre a propina que recebeu dos deputados. Ele afirmou que o pagamento foi feito sem que ele tivesse pedido qualquer suborno. Em novo depoimento relatou a forma como os deputados esconderam o dinheiro para lhe entregar em um quarto no hotel Fasano, no Rio de Janeiro.
“Que com relação ao pagamento realizado no Hotel Fasano, recorda-se de mais detalhes: foi com o motorista da Petrobras, Evangelista, ao Hotel Fasano e lá se dirigiu ao quarto onde ambos os parlamentares se encontravam e lá recebeu a quantia em embalagem utilizada para acondicionar garrafas de cachaça”, contou o ex-diretor.
O relatório da PF, assinado pelo delegado Felipe Alcântara de Barros Leal, mostra que um registro do hotel obtido in loco mostra que Faria e Germano estiveram hospedados juntos no dia 31 de agosto de 2011 e que Germano esteve em um quarto duplo nos dois dias seguintes. Em documentação posterior encaminhada pelo hotel, porém, esses registros não apareceram, tendo sido informado apenas hospedagens dos parlamentares em diferentes datas.
A PF ressalta ainda que Faria “falseou com a verdade” ao dizer em depoimento não conhecer o doleiro Alberto Youssef. Foi encontrado um registro da entrada do parlamentar, com foto, no prédio em que funcionava uma empresa do doleiro. O destino informado por ele foi justamente a sala do doleiro.
Os investigadores afirmam ainda que as gestões feitas pelos parlamentares e, a pedido deles, por Paulo Roberto, levaram a Fidens a conseguir celebrar contratos com a Petrobras, como o para a construção da sede administrativa do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Nesse caso, a empresa foi convidada para disputar a licitação a pedido do ex-diretor. Ressaltam ainda que em um dos registros de entrada na Petrobras Germano e Farias são identificados como pertencentes à empresa Fidens, com a grafia errada “Fiens”.
Germano e Faria negaram em seus depoimentos que tenham entregue dinheiro a Costa. Afirmaram ainda que não foi pedido qualquer vantagem para a Fidens. Relataram que o presidente da empresa, Rodrigo Alvarenga, os acompanhou em uma reunião com Paulo Roberto porque tinha reclamado de perseguição contra a Fidens.

Investigadores descartam prisão de Lula Ele pode ser investigado e processado, mas prendê-lo é ato extremo e danoso ao que foi feito na operação até aqui

Investigação sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  (Foto: Andre Penner/ AP Photo)
Lula será preso na Lava Jato? Essa é a pergunta que não quer calar. E a resposta, por enquanto, é não. E não. Os investigadores dizem que estão próximos de elementos para uma investigação contra Lula, mas ele não é José Dirceu. Lula pode ser investigado e processado, mas a prisão, segundo os investigadores, é um ato extremo que teria uma repercussão política danosa à operação e poderia pôr em risco todo o trabalho realizado até aqui.

Dilma exalta participação de Lula na realização de integração do São Francisco Ao agradecer a Lula, Dilma pediu que a plateia falasse junto com ela o nome do ex-presidente.A plateia atendeu e entoou gritos de "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula"

Roberto Stuckert Filho/PR

São Paulo - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira, em Cabrobó (PE), que o projeto de integração do Rio São Francisco vai beneficiar 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A obra gerou 9.980 empregos nos dois eixos e mais de três mil equipamentos estão em operação. O projeto é composto por 477 quilômetros de extensão, organizados em dois eixos de transferência de água: Norte, com 260 quilômetros, e Leste, com 217 quilômetros. A previsão do final das obras é entre dezembro de 2016 e início de 2017.
As afirmações de Dilma foram feitas durante cerimônia em que inaugurou a primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). A estrutura levará a água por 45,9 quilômetros até o reservatório de Terra Nova, localizado em Cabrobó (PE). Com isso, o PISF chega a 77,8% das obras concluídas. O investimento nesse trecho é de R$ 625 milhões.

Logo no início do discurso, Dilma fez questão de exaltar a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a realização da obra e, ao agradecer a ele, pediu que a plateia falasse junto com ela o nome do ex-presidente. A plateia atendeu e entoou gritos de "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula". "O presidente Lula de fato queria muito inaugurar essa obra e eu assumi com ele o compromisso de que nós iríamos juntos inaugurar. E nós iremos inaugurar, porque ela vai ficar pronta ainda no ano de 2016. Eu quero estar aqui com ele em dezembro", disse a presidente. Em seu discurso, Dilma disse que as obras no Rio São Francisco têm "vontade política". "Ele (Lula) teve papel decisivo para que essa obra ocorresse", afirmou. "Precisou de um presidente nordestino para que esse projeto andasse", completou.

Na abertura da solenidade, Dilma recebeu apoio do prefeito de Cabrobó, Antônio Auricélio de Menezes Torres (PSB). "Na condição de humilde prefeito de uma pequena cidade de Pernambuco, fazemos aqui uma política séria e muito longe da torcida mesquinha de muitos para o quanto pior, melhor", disse o prefeito. "Conte com nosso apoio, presidente", reiterou, acrescentando que o mandato de Dilma foi legitimado pela vontade popular.

Mais cedo, Dilma disse em entrevista a rádios pernambucanas que concluirá as obras de integração do Rio São Francisco até dezembro do ano que vem e que o empreendimento garantirá o abastecimento de água com segurança na região, já que prevê a construção de reservatórios para armazenamento.

Investimento

A presidente Dilma afirmou que o governo federal vai investir R$ 2,5 bilhões na revitalização do Rio São Francisco. Segundo ela, desse montante, R$ 1,7 bilhão já foi investido em obras como conservação de nascentes, tratamento de esgoto e combate a processos erosivos. "O Rio São Francisco tem de ter vida", disse. "Quero deixar explicitado esse compromisso com a preservação do Rio São Francisco", afirmou.

A presidente destacou que as obras na região tornarão possível a convivência com a seca. "Impedir a seca nós não podemos. Só Deus pode impedir que tenha ou não tenha chuva. O que nós podemos fazer e fizemos é armazenar água, trazer água de um lugar e colocar em outro", disse. "Nosso objetivo é ser capaz de conviver com a seca quando ela vier e manter praticamente a vida normal."

Dilma disse que a obra faz parte de um projeto de governo que quer reequilibrar um país e diminuir a desigualdade. "Nos esforçamos para desenvolver o Nordeste e Norte do País, tradicionalmente regiões que não eram olhadas, a que não se destinava recursos."

Há uma cultura de tolerância em relação à violência policial? Luis Kawaguti Da BBC Brasil em São Paulo

Foto: AFP
Segundo especialistas autoridades têm que enviar mensagem clara de que abusos policiais não serão tolerados
A cultura da tolerância à violência policial que originou a frase "bandido bom é bandido morto" – cultuada por alguns segmentos da sociedade – pode estar contribuindo para a atuação de grupos de extermínio integrados por membros de forças de segurança.
Nesse contexto, governantes e autoridades de segurança pública têm que passar um recado claro aos agentes policiais de que não tolerarão abusos, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
A discussão ocorre pouco mais de uma semana após a maior chacina do ano no Estado de São Paulo, que deixou 18 mortos nas cidades de Barueri e Osasco, na periferia da capital.
Uma das principais linhas de investigação das autoridades é que policiais militares ou guardas civis tenham cometido o crime para vingar assassinatos recentes de colegas por criminosos. Contudo, nenhum suspeito foi oficialmente identificado ou preso.
"A tolerância da sociedade a uma polícia violenta contribui para a criação de um terreno fértil para o surgimento de grupos de extermínio (integrados por policiais)", afirmou a pesquisadora Camila Nunes Dias, da Universidade Federal do ABC e associada ao Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP).
Segundo ela, um dos reflexos dessa posição da sociedade é que jurados em tribunais civis tendem a absolver muito mais policiais acusados de homicídio do que a própria Justiça Militar.
Outro fator que mostra essa tendência é o fato de que cada vez mais políticos vêm sendo eleitos com discursos baseados em ações robustas da polícia para o combate à violência.
Nas eleições do ano passado, 55 policiais militares, civis ou federais foram eleitos nas Assembleias estaduais e na Câmara Federal – contra 44 no pleito anterior. Muitos deles exploraram o combate à criminalidade em suas campanhas eleitorais.
"Os políticos que se declaram contra as práticas (de violência por policiais) acabam fragilizados em termos eleitorais", afirmou Dias.
Para ela, ao não condenar de forma enérgica os abusos, as autoridades podem passar uma mensagem implícita às forças de segurança de que toleram a violência policial – o que estimularia mais abusos.
Em relação à chacina da semana passada, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse à imprensa que se for comprovada a participação de policial, "ele vai ser tratado como um criminoso".
Para Rafael Custódio, da organização Conectas Direitos Humanos, a tolerância à violência policial é uma questão cultural originada na sensação de insegurança da sociedade.
"Há um consenso de que o Estado não é capaz de garantir a segurança, então muitas pessoas veem isso (abusos policiais) como violência contra o 'inimigo'. É a sensação de que alguém está fazendo alguma coisa", afirmou.
Porém, segundo ele, essa "legitimidade" dada aos maus policiais por setores da sociedade não pode ser adotada pelas autoridades.
"O Estado tem que reafirmar a legalidade. O Estado não pode ter emoção, tem que pautar suas ações pela legalidade", disse.

'Isso tem de ser reforçado todos os dias'

O coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar de São Paulo, afirmou que o medo motiva parte da sociedade a apoiar abusos por parte de maus policiais.
Ele disse, porém, que não é possível afirmar que a tolerância da sociedade à violência policial motive maus policiais a se envolverem em chacinas.
Segundo ele, as autoridades da Segurança Pública devem fornecer treinamento adequado e passar mensagens claras a seus comandados de que não tolerarão abusos.
Familiar de vítima de chacina em São Paulo (Foto: AP)
Crimes de chacina normalmente servem para mandar "recado", segundo especialista
"Eu comandei um batalhão por mais de cinco anos. O recado para o policial tem que ser claro: eles têm que observar os limites da lei. Isso tem que ser reforçado todos os dias, independente de a população estar aplaudindo ou vaiando", disse.
Ele afirmou que os casos de abusos por parte de policiais são exceções em um cenário em que a polícia de São Paulo realiza mais de 1 milhão de abordagens de suspeitos por mês no Estado.

Guerra entre polícia e criminosos

Os especialistas concordaram ao afirmar que, caso seja comprovada uma relação direta de agentes das forças de segurança com a chacina da semana passada, ela pode ser interpretada como consequência da "guerra" que vem sendo travada entre a polícia e o crime organizado no Estado de São Paulo ao menos desde 2012.
Nesse cenário, ações violentas da polícia são vingadas por criminosos que passam a atacar agentes das forças de segurança fora do horário de serviço. Esses atentados geram então novas retaliações da polícia – por vezes por meio de ações ilegais contra suspeitos.
José Vicente da Silva Filho afirmou que, em sua opinião, o envolvimento de policiais em chacinas não seria algo muito comum.
Mas disse que se for comprovado no caso ocorrido na semana passada que maus policiais agiram para vingar as mortes de um policial militar ou um guarda civil, ambos assassinados dias antes, a ação pode ser uma tentativa de dar um "recado", de "não se metam com a polícia".

Fim da recessão no Brasil fica cada dia mais distante com confiança em baixa

Em meio a um ambiente de confiança em baixa e instabilidade política em alta, a economia brasileira afundou ainda mais entre abril e junho deste ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira, usados como prévia do PIB, que será conhecido no próximo dia 28. A atividade econômica encolheu 1,89% no segundo trimestre, o pior resultado desde 2009, segundo o indicador do BC, conhecido como IBc-Br. Este foi o terceiro trimestre seguido de retração, o que indica que o país está em recessão.
Soma-se ao quadro negativo, a inflação elevada, que deve chegar ao fim do ano acima dos 9%, e o desemprego em alta, que em julho, chegou a 7,5%, segundo dados do IBGE divulgados na quinta-feira. A taxa é a maior para meses de julho desde 2009 e é a sétima alta mensal consecutiva. No setor da indústria, o emprego caiu também pela sexto mês seguido, segundo o IBGE . No semestre, o desemprego nas fábricas brasileiras acumula baixa de 5,2%.
Esse mix de más notícias, que se soma à falta de crédito e à queda na renda do trabalhador, também cobra o aperto no orçamento familiar. A intenção de consumo das famílias caiu pela sétima vez seguida e atingiu uma mínima histórica em agosto. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o indicador registrou 81,8 pontos em agosto – 5,9% abaixo do que julho. Frente ao mesmo período de 2014, o recuo foi de 32,3%. Qualquer número abaixo de 100 aponta para insatisfação dos consumidores.
De acordo com o último relatório Focus, conhecido nesta segunda, o país deve terminar o ano com uma queda no PIB de mais de 2%, enquanto, para o ano que vem, a expectativa já é de retração de 0,15%. A projeção do Focus, que faz uma média das estimativas de mais de 100 instituições financeiras, tem mudado semana a semana, ao sabor da crise política que tem mantido a atividade econômica em paralisia. Na semana passada, a projeção dos bancos era de um recuo de 1,97% do PIB em 2015 e de crescimento zero no ano que vem.Os resultados reforçam ainda mais o caminho difícil a ser trilhado para reaquecer a economia. A esperada retomada, que deveria vir na sequência, parece cada vez mais distante e não deve acontecer em 2016 como previam especialistas no início do ano. Economistas do mercado financeiro já reconhecem que o Brasil vai precisar de mais tempo para se recuperar e, pela primeira vez, apontam que oProduto Interno Bruto (PIB) deverá encolher também em 2016.
O Itaú, por exemplo, revisou sua projeção de recuo do PIB de 0,2% para uma queda de 1% em 2016, o que mostra como o sistema financeiro, que no início do ano esperava recuperação neste segundo semestre, projeta um período complicado por muito mais tempo. Esse cenário também contribui para a desvalorização do real frente ao dólar. Nos últimos 12 meses, a moeda brasileira desvalorizou  cerca de 53%, perdendo apenas para as moedas da Rússia e da Colômbia segundo estudo realizado pela TOV Corretora. A Bolsa de São Paulo atingiu nesta quarta-feira menor nível desde março de 2014. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, caiu 1,82%, para 46.586 pontos.
As dificuldades para costurar o ajuste fiscal diante de um Congresso hostil explicam parte dessa mudança de postura do mercado. "Com o aumento dos conflitos políticos no Congresso, evidentemente, o pacote do ajuste fiscal não pôde ser implementado da maneira adequada e irá atrasar ainda mais o equilíbrio do orçamento das contas do Governo. O remédio amargo ainda vai ter que ser digerido por mais tempo", explica o professor da FGV, Antonio Carlos Porto Gonçalves.
Para o especialista, a esperança de que a economia entraria nos trilhos novamente, com a chegada do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no início do ano, durou pouco. "Percebemos isso se analisarmos o próprio comportamento do Ibovespa, que foi se recuperando no início do ano, mas que diante dos embates políticos, recuou fortemente nos últimos meses. O Brasil está muito sem comando, muito dividido. Já faz tempo que o país não enfrenta uma situação dessas", completa Gonçalves.
Um cronograma de equilíbrio das contas mais duradouro do que o previsto, a forte queda da popularidade da presidenta Dilma Rousseff e as manifestações pedindo sua saída também contribuem para que o clima de incertezas só aumente. Todos esses fatores, segundo José Kobori, professor de finanças do Ibmec/Brasília, repelem investimentos e adiam ainda mais a retomada do crescimento da economia do país.
"Os empresários estão resistentes, não querem fazer investimento. Ausência de crescimento nada mais é que essa falta de investimento. O Governo vive uma tempestade perfeita, aliada àa instabilidade política, e uma máquina inchada de despesas", explica.
A confiança dos empresários da indústria brasileira, por exemplo, permaneceu baixa em agosto, segundo Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), o pessimismo dos empresários está disseminado por todos os segmentos e portes de indústria. Neste mês o índice registrou apenas 37,1 pontos em uma escala de zero a 100.
Para Kobori, a falta de sinalização de que os conflitos políticos irão cessar a curto prazo comprometem cada vez mais o futuro. "O que vemos é que a oposição quer ver o Governo Dilma sangrar e não querem chegar a um acordo para colocar em prática as medidas para impulsionar o ajuste", explica.
Na segunda-feira, o ministro de Comunicação Social, Edinho Silva, reconheceu o cenário de dificuldade que o país atravessa, e culpou o cenário internacional e afirmou que vários países passam por esse processo de superação desde a crise de 2008. "É preciso quebrar o clima de pessimismo". "As medidas estão sendo tomadas para que esse ambiente seja superado em breve. Se temos as condições, cabe acreditarmos na força e potencial do nosso país. Temos que ter otimismo para superar as dificuldades", afirmou.

Redução da desoneração passa no Senado e facilita ajuste

H. M.
Após quase dois meses de discussão, o Senado aprovou na noite da última quarta-feira, por 45 votos a favor e 27 contra, o projeto que reduz a desoneração da folha de pagamentos de empresas de 56 setores produtivos. A medida era a última do pacote do ajuste fiscal do Governo que ainda dependia da decisão do Congresso. O texto agora segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.
O projeto foi admitido sem alterações em relação a proposta aprovada na Câmara que elevou em mais de 100% a taxação sobre o faturamento para a maioria dos setores enquadrados no programa de desoneração, mas abriu exceções para alguns segmentos. O aumento da alíquota foi menor para cinco setores: call centers, comunicações, transportes, calçados e confecções, o que reduziu o ganho do Governo.
Inicialmente, o Governo chegou a calcular que o fim do programa de desoneração poderia contribuir com uma arrecadação de cerca de 12 bilhões de reais ao ano, que com as alterações na Câmara foi reduzido para10 bilhões ao ano. As mudanças propostas no Congresso não eram desejadas por Levy, mas o Governo tinha pressa na aprovação da medida. Neste ano, devido ao atraso na votação, o impacto da medida será pequeno, de pouco mais de bilhão de reais, caso a novas regras comecem a entrar em vigor em 90 dias, como previsto.
De acordo com o projeto, os setores que haviam sido isentos da contribuição ao INSS de 20% da folha de pagamento no primeiro mandato de Dilma e passado a pagar alíquota de 1% sobre o faturamento tiveram esse valor elevado para 2,5%. Já os que passaram a pagar uma alíquota de 2% vão ter que aplicar uma taxa de 4,5%.

Emprego tem pior mês de julho desde 1992 País fechou 157.905 postos de trabalho no período

Indústria fechou mais de 60 mil vagas em julho (foto: ANSA)
Indústria fechou mais de 60 mil vagas em julho (foto: ANSA) SÃO PAULOZLR
(ANSA) - Em julho, foram fechados 157.905 postos de trabalho com carteira assinada no país. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta sexta-feira (21), o número representa queda de 0,39% no total de trabalhadores formais em comparação com o resuiltado do mês anterior.
    Os números de julho representam a menor geração de empregos para o mês desde 1992, quando se iniciou a série histórica. O total resulta da diferença entre admissões (1.397.393) e demissões de trabalhadores (1.555.298). No acumulado do ano, houve perda de 494.386 postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, o recuo foi de 778.731, na série ajustada.
    No mês, entre os setores de atividade econômica, apenas a agricultura teve desempenho positivo, com geração de 24.465 postos de trabalho. O número foi alcançado por motivos sazonais. Segundo o Caged, o resultado é muito próximo da média de 2003 a 2014 para o mês de julho (geração de 24.848 postos de trabalho).
    O setor que mais registrou perdas de emprego foi a indústria de transformação, com fechamento de 64.312 vagas com carteira assinada. Também houve queda nos setores de serviços (58.010), comércio (34.545) e construção civil (21.996).
    Todas as regiões registram queda no total de empregos formais. O Sudeste registrou o maior número de fechamento de postos de trabalho, 79.944. Na sequência, o Sul (44.943), o Nordeste (25.164), o Centro-Oeste (5.830) e o Norte (2.024).
    De acordo com o Caged, das 27 unidades da Federação, em três, houve aumento no nível de emprego em julho: Pará (2.634), Maranhão (2.121) e Mato Grosso (707). O maior número de demissões ocorreu em São Paulo (38.109 postos), no Rio de Janeiro (19.457) e no Rio Grande do Sul (17.818 postos). (ANSA)

Fonte: Agência Brasil
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Funeral de mafioso italiano é investigado em Roma Casamonica foi enterrado ao som do 'Poderoso Chefão'

Velório de Casamonica gerou polêmica em Roma (foto: ANSA)
Velório de Casamonica gerou polêmica em Roma (foto: ANSA) ROMAZGT
(ANSA) - O funeral com pompa e ostentação de Vittorio Casamonica, um dos maiores chefes mafiosos de Roma, ocorrido ontem (20), está sendo investigado pelas autoridades e está gerando uma intensa discussão política na capital italiana.

O ministro do Interior, Angelino Alfano, pediu para o prefeito Franco Gabrielli passar todas as informações disponíveis sobre o caso. O líder da pasta quer saber "com extremo rigor" quem organizou toda a operação e quem concedeu as autorizações de tráfego.

Para o funeral, que teve uma orquestra com o tema do filme "O Poderoso Chefão", foram utilizados 12 carros SUV, uma limusine e uma carroça preta e dourada guiada por seis cavalos. Além disso, um helicóptero particular sobrevoou a igreja Dom Bosco e jogou pétalas de flores na saída da cerimônia.

Diversos partidos também entraram com pedidos no Ministério do Interior questionando todo o set cinematográfico que foi utilizado para fazer a cerimônia.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Enac, na sigla em italiano) anunciou que aplicou uma suspensão preventiva ao piloto do helicóptero que jogou as flores no féretro.

Centenas de pessoas acompanharam o funeral do homem de 65 anos, conhecido por comandar um clã homônimo considerado o "mais potente" da região, com um patrimônio milionário. O grupo é acusado de atuar no sistema político, através de fraudes e corrupção com o dinheiro público, além de ser o responsável pelo tráfico de drogas da região.

Igreja

Além da esfera política, o caso está causando muita polêmica também na questão religiosa. Ao ser questionado pela emissora "Sky Tg24", o pároco da Dom Bosco, dom Giancarlo Manieri, afirmou que faria a cerimônia novamente.

"Eu atuo como padre e não posso bloquear um funeral. A Igreja pode dizer não a um funeral? Esse é um problema. A excomunhão do Papa aos mafiosos? Isso é preciso pedir acima, não pra mim", disse o religioso.

Dom Manieri se referia à exclusão da Igreja Católica proferida por Francisco para todos que atuam na máfia. Constantemente, o Pontífice faz duras críticas às organizações e sobre as "ressalvas" que algumas paróquias fazem aos grupos. O Vicariato romano também manifestou seu "constrangimento" com a situação, mas disse que o pároco, em sua função, não poderia negar o funeral.

O religioso Don Luigi Ciotti, que administra uma organização católica que combate à máfia, afirmou que a situação causa preocupação. "Depois da excomunhão do papa Francisco, é dever da Igreja denunciar e rebater que não pode haver compatibilidade entre a violência mafiosa e o Evangelho", destacou. (ANSA)
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