José Roberto Arruda está sempre se reinventando. Afastado da política desde a campanha do ano passado, o ex-governador virou professor.
Engenheiro eletricista, formado pela Universidade Federal de Itajubá (MG), Arruda está dando aulas no Centro Universitário Unieuro, de Águas Claras.
Ele foi contratado neste mês, para o curso de Engenharia Civil, por meio de processo seletivo ao qual são submetidos todos os professores da faculdade.
Manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste domingo (16) para protestar contra a corrupção. O ato foi convocado pela web e se repetiu em outras cidades do país, como Belém, Belo Horizonte, Maceió, Recife e Rio de Janeiro.
A concentração para o protesto começou às 9h, no Complexo Cultural da República. Os manifestantes saíram em marcha até o Congresso Nacional, onde se concentraram no gramado em frente ao espelho d’água com faixas e bandeiras.No auge da manifestação, às 12h30, cerca de 55 mil pessoas participavam do protesto na Esplanada, segundo os organizadores. A Polícia Militar contabilizou 25 mil manifestantes. Até o término do ato, a PM não havia registrado ocorrências de gravidade.
Carros de som levados pelos organizadores do protesto enunciaram palavras de ordem contra o governo Dilma e a corrupção. Ao final da manifestação, foi tocado o hino nacional. A maior parte dos manifestantes começou a deixar a Esplanada ao final do hino.
Manifestantes montaram uma cadeia com imagens de políticos. (Foto: Raquel Morais/G1)
Durante o protesto, os policiais fizeram quatro barreiras para revistar manifestantes com mochilas. A PM havia vetado o uso de máscaras por manifestantes, bandeiras com hastes de madeira ou plástico, garrafas de vidro e objetos que podiam ser transformados em armas em caso de confusão.
Estou esperando uma mobilização pacífica. Acho que as manifestações não se restringem só ao 'Fora, Dilma', 'Fora, PT', embora esse governo realmente não nos represente. Nossas mudanças mais fortes têm que ser uma reforma política. Participei do 'fora, Collor' e não vi grande mudança desde então"
Antônio Carlos Peixoto, empresário
‘Demandas’ Entre os participantes do ato, houve quem pedisse o impeachment da presidente Dilma, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a volta do também ex-presidente José Sarney ao governo, o retorno dos militares ao poder e até manifestações contrárias ao protesto deste domingo.
Um boneco inflável representando o ex-presidente Lula vestindo roupa listrada de presidiário foi levado para a Esplanada. Os manifestantes pediam que Lula fosse colocado em uma cela com presos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Nem o ex-governador do Distrito FederalAgnelo Queiroz escapou das críticas – um cartaz questionava a gestão do petista no Distrito Federal. Agnelo não conseguiu chegar ao segundo turno nas eleições para governador na eleição de outubro passado.
Manifestantes se reúnem em frente ao Congresso Nacional (Foto: Débora Cruz/G1)
O empresário Antônio Carlos Peixoto e o filho João, de 7 anos, chegaram às 8h na Biblioteca Nacional. Eles percorreram quase 30 quilômetros de casa até o local e pretendiam participar de toda a manifestação.
"Acho que as manifestações não se restringem só ao 'Fora, Dilma', 'Fora, PT', embora esse governo realmente não nos represente. Nossas mudanças mais fortes têm que ser uma reforma política. Participei do 'Fora, Collor' e não vi grande mudança desde então", afirmou o empresário.
Destoando dos outros participantes, o aposentado João Brasil, de 63 anos, se disse contrário às manifestações que pedem a saída da presidente Dilma Rousseff. Ele mora em Sobradinho e chegou às 7h30 no centro de Brasília.
Espelho d'água, na Esplanada do Planalto, é tomada por manifestantes neste domingo (16) (Foto: Reprodução)
Vendas Ambulantes aproveitaram a manifestação para expor bandeiras e camisetas da seleção brasileira. Também havia vendedores de pipoca e churrasquinho em váruos pointos da Esplanada.
O vendedor José Mário levou 80 camisetas e bandeiras do Brasil para o protesto em Brasília. Ele disse acreditar ser a favor do ato por acreditar que é preciso uma mudança política. "Da outra vez lotou. Não sei como vai ser essa, mas espero que dê para vender tudo", afirmou. "Eu acho que tem que mudar, mas não sei quem poderia entrar no lugar. Só sei que a vida está difícil."
Manifestação de apoio ao governo no Instituto Lula (Foto: Flavia Mantovani/G1)
O Instituto Lula, na Zona Sul de São Paulo, recebe no início da tarde deste domingo (16) um grupo de manifestantes que apoiam o governo de Dilma Rousseff. Vestidos com camisa vermelha, eles estão na sede do instituto, no bairro do Ipiranga, para fazer um contraponto à manifestação contra o governo que acontece na Avenida Paulista, na região Central. Algumas centrais sindicais participam do ato.
Manifestantes pro-governo gritam palavras de ordem em frente ao instituto Lula. Alguns vestem coletes da CUT e camisas com os dizeres " defesa da democracia". Eles gritam "Não vai ter golpe!", "O Lula é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo" e "O povo na rua/ coxinha recua".
No dia 31 de julho, uma bomba defabricação caseira foi arremessada contra o Instituto Lula, no Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo, e um buraco e uma fissura foram abertos na garagem do imóvel. Não houve feridos. Para o Instituto, tratou-se de um "ataque político".
No dia 7, um ato de apoio ao ex-presidente foi realizado em frente à sede do instituto e contou com a presença de Lula e de outros políticos ligados ao PT.
HAVANA (Reuters) - Era uma cena tão incomum que alguns cubanos mal podiam acreditar: o secretário de Estado norte-americano falando sobre democracia e direitos humanos na televisão estatal do país comunista.
Depois que a bandeira norte-americana foi hasteada na embaixada em Havana pela primeira vez em 54 anos, John Kerry pediu “democracia genuína” em Cuba, e seus comentários foram transmitidos a todo o país em um espanhol corretamente traduzido, para que todos pudessem entender.
Kerry disse que os cubanos devem ser livres para escolher seus próprios líderes, pedindo que o governo respeite normas internacionais dos direitos humanos.
O governo cubano respondeu, criticando o histórico norte-americano sobre o respeito aos direitos humanos, mas não censurou a fala de Kerry.
Mesmo assim, muitos cubanos duvidam de que grandes mudanças estão a caminho.
“Seria ótimo se tudo o que foi dito aqui acontecesse realmente. Veremos se isto é mais do que apenas retórica”, disse Leyania Martinez, 44, vizinha da embaixada norte-americana, mas que assistiu à cerimônia pela televisão.
As relações entre os dois países foram reavivadas em dezembro, quando os presidentes Raul Castro e Barack Obama anunciaram o fim de décadas de hostilidades.
Desde então, Obama aliviou as restrições de viagens e comércio sobre o país latino, acreditando que a melhora das relações com Cuba ajudará mais nas liberdades pessoais do que a velha retórica da Guerra Fria e o embargo econômico.
"O volume é de algumas centenas de toneladas, de acordo com estimativas preliminares", afirmou o general Shi Luze, em conferência de imprensa, referindo que o cianeto foi identificado em duas localizações da zona onde ocorreram as explosões, na quarta-feira.
A informação dada pelo general Shi Luze é a primeira confirmação oficial da presença dos químicos no armazém.
No sábado, especialistas que colaboram na investigação consideraram ser "possível" que os contentores armazenassem cianeto de sódio, altamente tóxico, entre outros produtos químicos, como nitrato de amónio, nitrato de potássio e carboneto de cálcio.
O desastre gerou receios de contaminação tóxica e residentes e familiares das vítimas pedem explicações às autoridades sobre o que dizem ser um bloqueio à informação, depois de a China ter suspendido ou encerrado centenas de contas nas redes sociais por alegadamente espalharem "rumores" sobre as explosões.
Segundo um balanço divulgado na manhã de hoje, 112 pessoas morreram e 95 continuam desaparecidas, incluindo 85 bombeiros, embora as autoridades tenham advertido que alguns deles poderiam estar entre os 88 cadáveres não identificados encontrados até agora.
As explosões causaram mais de 700 feridos.
Entretanto, a Administração da Aviação Civil da China (CAAC) pediu aos terminais de transporte aéreo de carga para separar as embalagens que contenham produtos químicos perigosos e remover aqueles que não são autorizados a ser transportados por via aérea.
As medidas citadas hoje pela agência de notícias Xinhua surgem depois de informações divulgadas na imprensa de que produtos químicos perigosos - que alegadamente terão causado as explosões de grande dimensão esta quarta-feira em Tianjin - não terão sido armazenados em separado no armazém e poderão ter excedido o volume máximo permitido naquele tipo de depósito.
Maior porto do norte da China, situado a 150 quilómetros de Pequim, Tianjin é a sede de um município com cerca de 15 milhões de habitantes.
Manifestantes no Brasil e no exterior vão se reunir neste domingo para protestar contra o governo Dilma Rousseff e pedir o impeachment da presidente.
Além de pessoas que já haviam ido às ruas contra o governo nos protestos do primeiro semestre de 2015, a manifestação deve reunir alguns eleitores do PT, descontentes com o segundo mandato de Dilma.
Mas há também quem tenha se desiludido com o rumo dos protestos e desistido de voltar às ruas.
A BBC Brasil conversou com essas pessoas para saber o que motivou a mudança de opinião:
'Queria oposição que não fosse focada só em tirar Dilma do poder' - Ednílson Souza, 39, técnico de enfermagem paulista
"Participei do primeiro protesto (antigoverno), em 15 de março, e logo começaram os panelaços.
Continuo insatisfeito com o governo. Não gosto do PT atual. Mas não vou ao protesto de domingo.
Sou mais ligado à esquerda do que à direita, reconheço que o Lula fez um bom governo, com programas sociais, e acho que o FHC também não foi ruim.
Mas este governo atual está muito ruim, e não concordo com as suas alianças políticas. O problema nem é tanto a corrupção, que sempre teve, mas até agora não se prejudicava tanto o povo. Mas a (presidente) Dilma mentiu demais, está fazendo tudo diferente do que ela disse (em campanha).
Como um governo que se diz do povo corta direitos trabalhistas assim?
Só que acho que a oposição não está preocupada com o povo. Ninguém foi com o povo gritar nas ruas. Não gosto do (deputado Jair) Bolsonaro, ele é de direita, mas pelo menos ele deu a cara a tapa e foi aos protestos.
Queria uma oposição que não fosse focada apenas em tirar a Dilma do poder.
Votei em Marina Silva no primeiro turno e em Aécio Neves no segundo, mas mais por insatisfação, não foi um voto de apoio.
O PSDB parece que só quer diminuir o governo para entrar, e não para melhorar o país.
Também acho que o impeachment do jeito que alguns querem parece meio golpe, uma atitude oportunista. É melhor passar quatro anos (de governo) e então votar com mais consciência.
E essa polarização atual também incomoda, como se (a política) se reduzisse a PSDB contra PT.
Parece uma guerrinha de Corinthians x Palmeiras, em que um (eleitor) tem que ganhar do outro e defender seu candidato. Temos que tirar esse negócio de partidos da cabeça, porque somos manipulados por todos.
Naquele protesto de março, eu vi as pessoas (manifestantes) meio que se divertindo, tirando fotos com a polícia, tomando sorvete. Como se fosse uma reunião de amigos. Lembro das manifestações dos caras pintadas contra o Collor... Protesto tem que ter indignação – não violência –, e não vi isso naquele dia.
Muitos dos meus amigos também desanimaram de protestar. Naquele dia que fui (à manifestação de março), dois amigos do trabalho também foram. Eles nem comentam mais sobre política, antes falávamos sobre isso todos os dias. Mas não porque mudamos de ideia em relação ao governo. Não sei exatamente o que eles pensam. Da minha parte é apenas porque não concordo com a forma como está sendo feito. A oposição não passa credibilidade alguma."
'Não tenho como levantar a bandeira de um governo que é um desgoverno' - Fernando Falcão, 26, auxiliar de escritório acreano
"Eu votei no PT em grande parte da minha vida enquanto eleitor, mas infelizmente a gente começa a enxergar que o que o PT faz não é governar e, sim, chantagear emocionalmente o querer do povo.
Votei em Lula e também duas vezes na Dilma. No Acre, eu era presidente da juventude no PSDC (Partido Social Democrata Cristão), que é oposição no Brasil, mas lá é aliado ao PT. E aí eu consegui ver de verdade que eles podem, sim, ser chamados de 'quadrilha', por causa das manobras.
Quando a gente não vai ao encontro das expectativas e vontades do PT, a gente passa de amigo a inimigo do partido. Eu me sinto perseguido pelo PT no Acre e, por causa disso, tive que levantar a bandeira do 'Fora Dilma' e do 'Fora PT'. Não tenho por que ser vítima, tenho que ser guerreiro nessa luta.
Meu partido tinha duas cadeiras na Assembleia Legislativa e a gente queria mais espaço dentro do governo. No entanto, ouvimos um não. Eu comecei um embate sobre isso até que o presidente regional disse que teria que fechar as portas para mim dentro do partido, porque eu estava falando demais e me impondo demais. Isso aconteceu um pouco antes das eleições de 2014.
Ainda assim votei em Dilma, porque quando a gente se dedica um pouco mais a essas frentes de liderança política, a gente passa a viver disso. Então eu era pago para defender a causa também.
Eu nunca me julguei 'de esquerda'. Eu defendia as ideias do meu partido. O PT só entrava nisso para eu vender o peixe do meu partido e nos aliarmos a ele. Eu nunca defendi a 'mancha vermelha'.
Eu também sempre votei no PT porque, infelizmente, no Acre a gente só tem duas opções e a outra opção, o PSDB, nunca teve, a meu ver, um projeto bom para o Estado.
Depois da eleição eu me afastei do meu partido e comecei a me dedicar a novas idéias. Quando vim para São Paulo, em fevereiro, e comecei a ter uma visão de como as coisas andam no Brasil. Não tenho mais como levantar a bandeira de um governo que, na verdade, é um desgoverno.
Aqui eu comecei a acompanhar o Movimento Brasil Livre e fui convidado a participar das manifestações com eles. Para ser franco, eu acredito muito nesse movimento. Acredito que o povo vai pra a rua, que a gente tem condições de trazer o poder de volta para o povo.
Sou a favor do impeachment ou da renúncia imediata, mas acredito que, se depois do dia 16 de agosto as coisas não mudarem, o melhor seria a intervenção militar.
Eu não posso dizer que gostaria de Aécio ou Cunha no poder. Esses caras, para mim, também têm sua parcela de culpa no cenário atual. Mas minha posição é que a gente precisa mudar.
Fui para o protesto do dia 15 de março e para outros menores, em São Paulo. Acho que a propagação do evento foi maior dessa vez. Pessoas que, como eu, que tinham uma visão do mundo pró-PT, hoje abraçam a causa e começam a enxergar.
Não defendo a bandeira de nenhum partido. O que a gente precisa no Brasil hoje é uma reforma política de verdade, mas precisamos partir de um ponto. O ponto de que partimos hoje é derrubar uma tirania petista. E aí vamos de encontro aos fanfarrões da direita e da esquerda, para começar a diluir uma revolução na política, nas finanças de Estado.
Se houvesse eleições hoje, eu votaria em Jair Bolsonaro. Para mim, ele é a pessoa que realmente defende a moralidade na política brasileira e os ideiais que eu acredito que o Brasil deve seguir. Defende a família, defende que bandido tem que estar na cadeia – seja menor ou idoso –, defende um salário justo para o trabalhador, defende que o cidadão tem o direito de ter sua arma."
Depoimentos concedidos a Camilla Costa e Paula Adamo Idoeta, da BBC Brasil em São Paulo