quarta-feira, 29 de julho de 2015

Após ultrapassar R$ 3,40, dólar fecha em R$ 3,37 Cotação da moeda foi influenciada por anúncio da S&P

Dólar teve a quinta sessão seguida de alta (foto: Agência Brasil)
Dólar teve a quinta sessão seguida de alta (foto: Agência Brasil) SÃO PAULOZLR
(ANSA) - O dólar teve alta de 0,15% nesta terça-feira (28) e fechou o dia cotado a R$ 3,369. A moeda norte-americana perdeu força após atingir R$ 3,427 no início da tarde.
    A maior cotação foi alcançada pouco após a agência de classificação de risco Standard & Poor's anunciar a manutenção da nota de crédito do país em BBB-, considerado grau de investimento, mas revisando a perspectiva para negativa.
    A medida significa que o Brasil continua sendo considerado bom pagador e seguro para os investidores, mas pode sofrer um rebaixamento em breve. No comunicado em que informa a revisão, a agência destaca as investigações de corrupção, a dificuldade para implantação de medidas econômicas e as tensões no Congresso Nacional.
    A moeda norte-americana retomou a trajetória de alta desde que o governo anunciou, na semana passada, a redução da meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB). (ANSA)

Fonte: Agência Brasil
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Standard & Poor's muda perspectiva de nota do Brasil para negativa Nota foi mantida em BBB- e segue classificada como 'grau de investimento'. Perspectiva significa previsão de maior demora na volta ao crescimento.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s informou nesta terça-feira (28) que manteve em "BBB-" a nota de crédito do Brasil, mas alterou a perspectiva para negativa. A nota do país segue classificada como “grau de investimento”, mas com a revisão o país ficou mais perto de perder o cobiçado selo de "bom pagador".
A nota "BBB-" é o último degrau do chamado grau de investimento concedido a países com baixo risco de calotes a investidores financeiros internacionais.No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um "certificado de segurança" que as agências de classificação dão a países que elas consideram bons pagadores.
A perspectiva negativa significa a tendência de rebaixamento da nota do Brasil no futuro, o que pode fazer com que a dívida do país caia para a categoria "especulativa".
A agência acredita que há uma probabilidade maior que uma em três de que haverá mais correções dada a “dinâmica política fluida” e de que o retorno a uma trajetória de crescimento firme vai demorar mais que o esperado.
'Riscos de piora no Brasil cresceram'
A Standard and Poor's teme, inclusive, uma contração de 2% do PIB brasileiro em 2015, e um crescimento zero no ano que vem, o que implicaria um déficit orçamentário de 7,5% do PIB nesse ano, em comparação aos 6,1% do ano passado, antes de situar-se em 5,2% em 2017.
“Desde 23 de março de 2015, quando reafirmamos os ratings pela última vez, acreditamos que os riscos de piora no Brasil cresceram. Revisamos a perspectiva para negativa porque, apesar das amplas mudanças a caminho, que continuamos a acreditar que têm o apoio da presidente, os riscos para sua execução cresceram. Em nosso ponto de vista, esses riscos vêm tanto da frente econômica quanto da política”, diz a S&P.
Um novo rebaixamento da nota pela S&P faria com que o Brasil voltasse ao grau especulativo. Na classificação das outras duas principais agências de classificação de risco (Fitch e Moodys), o Brasil segue em melhor situação (entenda as classificações no quadro mais abaixo).
classificação de risco nta Brasil (Foto: Editoria de Arte/G1)
Circunstâncias desafiadoras
Na análise, a agência ressalta que o Brasil enfrenta “circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras” durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
“O número de investigações de corrupção envolvendo certos políticos e empresas está crescentemente pesando sobre as perspectivas fiscais e econômicas do Brasil, colocando em risco a implementação efetiva de medidas, particularmente no Congresso”, diz a agência.
A agência ressalta que a coesão política do Congresso está em risco, e vê menos apoio do Congresso para aprovar as medidas de ajuste fiscal. A possibilidade de impeachment de Dilma “ressalta os desafios que a presidente tem para conseguir apoio consistente para a correção de curso das políticas e a retomada da economia”.
Fitch também mudou perspectiva
Em abril, a Fitch também decidiu manter manter a nota de crédito do Brasil e alterar a perspectiva para negativa. De acordo com a agência, o contínuo baixo desempenho da economia, os crescentes desequilíbrios macroeconômicos, a deterioração fiscal e o aumento da dívida pública estão aumentando a pressão negativa sobre o perfil de crédito soberano do país.
"Enquanto o governo começou um processo de ajuste macroeconômico para impulsionar a credibilidade e a confiança, riscos negativos relacionados à sua implementação efetiva e durabilidade persistem, especialmente no contexto de um ambiente econômico e político desafiador", diz a Fitch em comunicado.

Após pacto nuclear, líder do Irã fala em fim da guerra no Oriente Médio Hassan Rohani diz que próximo passo é por fim a banho de sangue. Presidente do Irã se reuniu com representante da União Europeia.

O presidente do Irã, Hassan Rohani, em imagem de arquivo (Foto: Atta Kenare / AFP Photo)
Após o acordo nuclear, o presidente do Irã, Hassan Rohani, considera que o próximo passo na cooperação com o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, mais Alemanha) é o fim da guerra, do terrorismo e do banho de sangue no Oriente Médio, informou nesta quarta-feira (29) a agência oficial "Irna".
Rohani passou essa mensagem na reunião que manteve com a alta representante da Política Externa da União Europeia (UE), Federica Mogherini, durante sua visita a Teerã na terça (28).
"Uma das vantagens do acordo de Viena é a cooperação para cumprir com nossas obrigações compartilhadas rumo à humanidade e seus ideais, combater o terrorismo e deter a guerra e o derramamento de sangue de pessoas inocentes", disse Rohani.
"O acordo enviará uma mensagem de paz para todos os países. Será um testemunho de que os acordos internacionais que incorporem a justiça em seus alicerces poderão ainda ser efetivos e que o diálogo poderá chegar a soluções potenciais aos conflitos políticos", disse.O presidente iraniano, de tendência moderada, destacou que o acordo nuclear, chamado Plano Integral de Ação Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês), é "crucial para o futuro da região, da UE e do mundo em geral" e "constitui uma exibição brilhante do poder da diplomacia para resolver questões internacionais".
Durante a visita a Teerã, Mogherini e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, anunciaram a abertura de novas rodadas de negociação e diálogo de alto nível para tratar de temas políticos e de segurança, tanto bilaterais como regionais e globais, aproveitando o bom momento após o pacto nuclear.
A chefe da diplomacia europeia indicou que o JCPOA, que será aplicado com coordenação da UE, abrirá "um novo capítulo" nas relações com o Irã.

Justiça Federal aceita denúncia contra executivos ligados à Odebrecht Presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, é um dos acusados pelo MPF. Grupo responderá por crimes como corrupção, investigados na Lava Jato.

A Justiça Federal aceitou, nesta terça-feira (28), a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht, e outras 12 pessoas investigadas naOperação Lava Jato
O grupo foi denunciado pelo MPF na sexta-feira (24). Com o recebimento da denúncia pela Justiça, a partir de agora eles são réus na ação penal que vai apurar os supostos crimes cometidos por eles, como organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro nacional e internacional.
Segundo a denúncia, os envolvidos participariam de um esquema de corrupção na Petrobras. Entre os denunciados, também aparecem o doleiro Alberto Youssef e ex-diretores da estatal.
Provas
No despacho em que aceita a denúncia, o juiz federal Sérgio Moro considerou que as provas apresentadas pelo MPF até o momento justificam a abertura do procedimento contra os acusados.
"Portanto, há, em cognição sumária, provas documentais significativas da materilidade dos crimes, não sendo possível afirmar que a denúncia sustenta-se apenas na declaração de criminosos colaboradores", pontuou o magistrado.
Marcelo Odebrecht preso pela Lava Jato (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo)Marcelo Odebrecht está preso no Paraná desde junho
(Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/
Estadão Conteúdo)
Lista dos denunciados: 
- Alberto Youssef, doleiro: corrupção passiva qualificada, lavagem de capitais
- Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, ex-diretor da Odebrecht: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
- Bernardo Schiller Freiburghaus, suspeito de lavar dinheiro de propina da Odebrecht: organização criminosa, lavagem de capitais
- Celso Araripe d'Oliveira, funcionário da Petrobras: corrupção passiva qualificada, lavagem de capitais
- Cesar Ramos Rocha, ex-diretor da Odebrecht: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
- Eduardo de Oliveira Freitas Filho, sócio-gerente da empreiteira Freitas Filho Construções Limitada: lavagem de capitais
- Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da Odebrecht S.A: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
- Márcio Faria da Silva, ex-diretor da Odebrecht: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
- Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras: corrupção passiva qualificada, lavagem de capitais
- Paulo Sérgio Boghossian, ex-diretor da Odebrecht: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
- Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de Serviços da Petrobras: corrupção passiva qualificada, lavagem de capitais
- Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras: corrupção passiva qualificada, lavagem de capitais
- Rogério Santos de Araújo, ex-diretor da Odebrecht: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
Outro lado
Em nota, a Odebrecht informou que vai se pronunciar apenas no processo judicial. “O recebimento da denúncia pela Justiça representa o marco zero do trabalho das defesas. Com isso, as manifestações das defesas se darão nos autos dos processos", disse a empresa.
Lavagem de dinheiro
Para o MPF, a Odebrecht montou uma sofisticada rede de lavagem de dinheiro. Com isso, a companhia pôde pagar propinas a executivos da Petrobras para fechar contratos com a estatal.
As denúncias partiram de depoimentos de ex-funcionários da Petrobras, como o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça e detalhou o funcionamento do esquema.
A Odebrecht é uma entre as várias empresas investigadas no âmbito da Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014 e que tem apurado desvios de dinheiro da Petrobras.
A 14ª fase da operação, deflagrada em junho deste ano, culminou na prisão de Marcelo Odebrecht e de outros executivos ligados à empresa. Atualmente, apenas Marcelo, filho do fundador da companhia, tem vínculo direto com a empreiteira. Os demais réus já foram desligados da empresa.
Procurada pelo G1, a Odebrecht informou que deve se posicionar sobre o recebimento da denúncia posteriormente.
Esquemas
Em entrevista coletiva na sexta-feira (24), em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol disse que são 13 denunciados de cada empresa.
Um dos esquemas envolvendo a Odebrecht ocorreu na construção do Centro Administrativo da Petrobras em Vitória, no Espírito Santo.
Outro envolveu a Braskem, empresa do grupo Odebrecht, em um contrato com a Petrobras para compra de nafta, que teria dado um prejuízo de R$ 6 bilhões à estatal petroleira.
Nesta transação, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria recebido propinas de R$ 5 milhões por ano e passado parte do dinheiro para o ex-deputado José Janene (PP), já falecido, e depois ao próprio Partido Progressista, afirmou o procurador.
De acordo com o MPF e a Polícia Federal, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez formavam um cartel para fraudar licitações da Petrobras, obtendo preços favoráveis e, com isso, lucros extraordinários. Parte desse lucro excedente era usada para pagar propina a agentes públicos e partidos políticos, conforme os procuradores.
Contas no exterior
Segundo Dallagnol, documentação obtida nas investigações mostra que a Odebrecht e denunciados no esquema tinham contas e valores em empresas offshore, fora do país.
Uma investigação das autoridades suíças apontou que empresas do Grupo Odebrecht utilizaram contas bancárias naquele país para pagar propina a ex-diretores da Petrobras.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Windows 10 chega esta quarta-feira a 190 países

O novo Windows promete ser mais intuitivo e fácil de utilizar do que os irmãos mais novos sete e oito. Tem ainda uma vantagem relativamente às versões anteriores: pode ser utilizado em em mobilidade, ou seja, independentemente do dispositivo, seja um computador, um portátil ou um smartphone.

As edições Home, Pro, Enterprise e Education têm as mesmas características: a assistente pessoal por voz Cortana; as tecnologias de segurança do Windows Hello; o suporte para o InstantGo e o Hiberboot para uma inicialização rápida; o navegador Microsoft Edge (o antigo Project Spartan); e o Continuum, que permite uma alternância entre PC e tablet.

Veja as novas funcionalidades

A crítica de quem já testou o novo Windows é positiva e baseia-se no projeto Windows Insider, um modelo de avaliação que contou com opiniões de 5,5 milhões de participantes, que utilizaram e testaram o novo sistema, atribuindo-lhe uma nota.

Windows 10 chega esta semana© Fornecido por Dinheiro Vivo Windows 10 chega esta semana
Conheça algumas das novidades:

Atualização gratuita:

A Microsoft está a disponibilizar o Windows 10 como atualização gratuita para dispositivos Windows 7, Windows 8.1 e Windows Phone 8.1. A atualização ficará disponível a partir de 29 de julho de 2015, mas a reserva da atualização já está disponível há algum tempo. A oferta só está disponível até 29 de julho de 2016.

Mais de um dispositivo:

Sim, pode obter uma atualização gratuita para cada um dos seus dispositivos Windows.Tudo o que precisa de fazer é efetuar uma reserva separada para cada dispositivo que quer atualizar.

Concurso público é uma máquina de injustiça social

Concurso pblico uma mquina de injustia social

Autor de estudo que critica os métodos de seleção de funcionários públicos no País, professor da FGV propõe o fim das provas de múltipla escolha e das taxas de inscrição.

Fernando Fontainha, professor de direito da FGV: sistema é voltado para quem tem tempo e dinheiro para pagar um bom cursinho
Os concursos públicos no Brasil não foram feitos para escolher os melhores candidatos. Essa é a opinião do professor de Direito da FGV Rio, Fernando Fontainha, crítico voraz do sistema que filtra os ocupantes de cargos públicos no País.
Para o acadêmico, a ideologia concurseira que se firmou ajuda a alimentar uma "indústria milionária de cursos preparatórios e um sistema de arrecadação que desvirtuou os processos seletivos".
Boa parte destas críticas está no livro recém-lançado “Processos Seletivos para a Contratação de Servidores Públicos: Brasil, o País dos Concursos”, fruto de uma pesquisa do Centro de Justiça e Sociedade da FGV Direito Rio em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). Na obra, Fontainha propõe criar um marco regulatório para mudar radicalmente os critérios de seleção de funcionários públicos no Brasil.
O professor propõe, entre outras ideias, abolir as provas de múltipla escolha e acabar com as taxas de inscrição. No estudo, aparecem exemplos de provas em 20 órgãos federais, entre eles Banco Central, INSS, Polícia Federal e Receita. Para selecionar os candidatos com as competências mais adequadas, Fontainha sugere que a experiência profissional prévia seja requisito básico para inscrever-se no concurso.
iG - Por que, na sua opinião, os concursos públicos não são capazes de selecionar os melhores candidatos?
Fernando Fontainha - Os concursos no Brasil são autocentrados, voltados para si mesmos. Neles, impera a ideologia concurseira, que acontece em enorme prejuízo do serviço público brasileiro, sem dúvida alguma. Eles servem para selecionar os que mais se prepararam para as provas, e não os mais competentes. Isso reflete na qualidade dos serviços públicos no Brasil.
Como você sugere mudar esse sistema?
Existem duas maneiras de se averiguar os candidatos mais competentes: de forma profissional ou acadêmica. Criamos propostas provocativas de um novo marco regulatório, com 10 itens que passam pelo fim das provas de múltipla escolha e pela necessidade de expor as habilidades e competências exigidas pelas carreiras já no edital.
Você propõe acabar com as provas de múltipla escolha. Por quê?
Com certeza, esse tipo de prova não avalia bem o candidato, é uma prova cheia de macetes. Ela averigua capacidades completamente desligadas das competências acadêmicas. Não são provas de múltipla escolha que os alunos estão acostumados a fazer na faculdade e não elas não vão definir o que farão na carreira. As questões de múltipla escolha não avaliam nem competências acadêmicas, nem profissionais. Esse é o problema. Todo mundo sabe como se treina para essas provas em cursinhos. Você pega os truques e técnicas para escapar das pegadinhas.
Deveria haver uma prova prática para substituir o método atual?
Nós sugerimos que sim. Ou prova prática ou requisitos de experiência prévia. O médico do Ministério da Saúde faz apenas uma prova de múltipla escolha para ser admitido. A única exigência é de que ele seja bacharel em medicina. Isso é no mínimo questionável. Mas não quero parecer elitista.
O cargo de técnico do INSS, que pede ensino médio, e que em 2012 recebeu quase um milhão de candidatos, é alguém que fica atrás do balcão atendendo pessoas. Ele é avaliado por uma prova de múltipla escolha, com questões de direito previdenciário, português, informática. Mas a competência fundamental pra prestar um bom atendimento público não é avaliada, apesar de ser fundamental.
A ideia seria selecionar apenas pessoas com alguma experiência prévia?
Seria uma solução muito simples pra diminuir essa quantidade alucinante de inscritos e, com certeza, aumenta as chances de contratar pessoas que vão prestar um bom serviço. Exige que, para se inscrever, a pessoa comprove que tem cinco anos de experiência com atendimento ao público. Isso não é elitista, pelo contrário. Você exige que a pessoa demonstre que durante cinco anos ela foi caixa de supermercado ou balconista de farmácia por exemplo. Aquele sujeito que hoje tem condições de ser liberado para se preparar para os cursinhos não vai poder concorrer ao cargo, por exemplo.
Na sua opinião, os concursos públicos favorecem pessoas de nível social mais elevado?
O concurso público hoje é uma máquina de exclusão social, e não de inclusão. Esse sistema é voltado para quem tem tempo e dinheiro para pagar um bom cursinho. Pra quem pode pagar um bom colégio, que já no ensino médio ministra disciplinas para preparar o seu filho para os concursos da administração pública. Esse é um dos reflexos perversos da ideologia concurseira. Pra fazer cursinho, você precisa ter tempo. E ter tempo é poder não trabalhar. O brasileiro que sai do ensino médio e precisa trabalhar estará concorrendo em desvantagem com alguém que pode ficar só em cursinhos. É uma máquina de injustiça social.
Por que vocês acham necessário eliminar as taxas de inscrição dos concursos?
No Brasil, se acha natural pagar para fazer um concurso público. Mas não é assim em todos os países do mundo. Temos um capítulo no livro que mostra uma comparação com a França, onde ninguém nem compreende dizer que você vai pagar uma taxa para prestar um concurso. É um verdadeiro absurdo por lá, mas aqui é normal.
Mesmo com a taxa, os concursos recebem um grande número de candidatos...
Para essa máquina poder funcionar, é preciso haver um contingente enorme de pessoas que não param de fazer provas, uma atrás da outra. A ideia de vocação, de desejo de um cargo desaparece diante da ideia de que se vai sair fazendo vários concursos por aí, até passar em algum. Isso é ser um concurseiro profissional, faz parte da sua ideologia se inscrever para todos os cargos que puder. Ele não sabe se gostaria de trabalhar com previdência ou ser policial. Mesmo que não queira fazer aquilo da vida, vai pelo salário, pela estabilidade e por outras vantagens que a vida de funcionário público oferece.
Por isso vocês propõem também que o candidato não possa prestar mais de três vezes o mesmo concurso?
Sim. Isso acontece na França. Você só vai se inscrever se achar que tem condições reais de passar. Vai acabar com essa coisa de prestar por prestar. E inverte essa relação de cliente que existe nos concursos. Quando você instaura uma taxa, está privatizando a relação. Por isso é um problema grave no Brasil. O que se discute hoje não é a qualidade do serviço público e do recrutamento, mas o rol de direitos dos concurseiros. Acho que tem que haver esses direitos, mas o foco do concurso é pensar num recrutamento que vai ampliar a qualidade da prestação do serviço público. Esse deveria ser o foco principal.
As bancas examinadoras também precisariam mudar?
Sim. Dependendo do foco, dizemos que todo serviço público precisa ter uma escola profissional. Se você recrutou o candidato, agora tem que formá-lo. A menos que seja um concurso que já recrute profissionais gabaritados no mercado. Pela nossa proposta, metade da banca tem que ser formada por acadêmicos da área. Existem até membros de banca profissionais. A gente propõe que isso acabe. O profissional vai pra a banca e pública um livro que deve ser lido pelos candidatos. O ideal é que se ele participou de uma banca, tem que ficar dois anos sem participar de novo. No caso de um concurso de vocação profissional, que a banca seja composta por profissionais não acadêmicos com pelo menos 10 ou 15 anos de experiência comprovada na área.
Publicado por Taís Laporta - iG São Paulo

FLÁVIO DINO | GOVERNADOR DO MARANHÃO “Dilma tem de se apoiar nos que estão fora do furacão para superar a crise” Dino defende protagonismo dos governadores para superar a crise política nacional Governo falha na meta, fará mais cortes e crescimento fica mais distante

O governador do Maranhão, Flávio Dino (São Luis, 1968), declara-se um comunista promovendo o capitalismo no Estado com os piores indicadores sociais de todo o país. Depois de cerca de 50 anos de domínio da família Sarney, Dino afirma que se encontrou com um sistema baseado no paternalismo, onde não existe a livre concorrência, nem o livre mercado e onde são comuns os contratos fantasmas e superfaturados. “Que estou cuidando do capitalismo para depois pensar no socialismo acabou virando piada, mas eu preciso estimular os investimentos, deixar claro aos investidores que há respeito às regras do jogo, modernizar a economia e não ter grupos protegidos pelo Estado”.
Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), juiz federal e professor de Direito Constitucional, o governador maranhense representa a mudança radical que trouxeram as urnas em 2014 no Estado de Maranhão, e, como outras vozes no país, reclama mais protagonismo dos governadores no cenário de crise atual. “Dilma precisa se apoiar em agentes políticos que estejam fora do olho do furacão”, afirma.
Pergunta. Qual é o seu maior desafio desde que você assumiu o poder no Maranhão?
Resposta. O mais desafiador é viabilizar uma transição política que consiga melhorar a vida da população, principalmente nesta conjuntura que nós vivemos. Tenho muito claro que depois de 50 anos de domínio dos Sarney não é suficiente apenas substituir quem detém o poder. O obstáculo está em você precisar construir uma nova institucionalidade, consolidar alianças e enfrentar traços culturais de uma tradição, me refiro muito especialmente ao patrimonialismo: o aparato estatal sempre esteve a serviço de interesses privados, pessoais e familiares.
P. O que de mais escandaloso você encontrou da gestão anterior?Agora é preciso implementar uma cultura da legalidade, mudar a maneira como se contratam as pessoas, as compras do Governo... Porque tudo era submetido a uma lógica oligárquica, coronelista. Eu digo que tenho uma agenda de quatro séculos. A do século XVIII dos direitos civis; do século XIX dos direitos políticos; do século XX dos direitos sociais; e do século XXI do novo desenvolvimento. Tudo concentrado em um governo só.
R. São tantas coisas. A prática generalizada de contratos fantasmas e superfaturados que nós estamos desmontando: coisas que poderiam ser feitas por 10 milhões de reais, sendo feitas por 30 milhões de reais. Isso é muito chocante para mim. A outra é o nível de abandono das pessoas mais pobres. É claro que eu sabia disso, mas continua sendo chocante. Para te dar um exemplo, nós ainda temos 1.000 escolas de barro, de palha, escolas que não têm chão, onde as crianças não têm dinheiro para comprar calçado para ir ao colégio. É claro que esses meninos não vão aprender, que quando fizerem 15 anos vão sair da escola.
P. Como você enfrenta esses desafios com fortes restrições no orçamento?
R. Eu comecei o governo com um cenário de muitos avanços práticos porque conseguimos cortar 120 milhões de reais em gastos supérfluos e reunir recursos. Mas cada vez tenho menos dinheiro, a crise nacional chegou com muita força nas finanças estaduais. As obras federais foram paralisadas e isso gerou desemprego, e a redução dos repasses obrigatórios do Governo federal caiu 20% agora no mês de julho. Se essa queda se repetisse durante todo o ano, resultaria na perda de um bilhão de reais em um orçamento de 14 bilhões. Isso vai diminuir o ritmo de conquistas. Mas vamos avançar, eu tenho umaoperação de crédito com o BNDES, e falo isso para afirmar como esse banco é importante para o Brasil, então ainda tenho um saldo para gastar nos próximos meses. E fiz muitos cortes de gastos, sobretudo em contratos terceirizados, como o da empresa que administrava as penitenciárias, que era um contrato de 16 milhões e cortamos a quatro milhões de reais.
 P. Como avalia a energia que domina a Câmara nesses dias?
R. Um fato externo da política levou à dissolução completa da agenda nacional. Esse fato é a Operação Lava Jato. A política passou a ser pautada pela agenda da polícia, do poder Judiciário, do Ministério Público. Neste momento, de um lado, o Governo tem dificuldade de abordar a crise econômica e de outro, o Congresso produz debates que são secundários. É como se a agenda verdadeira do país estivesse sendo secundarizada. E as consequências aí estão: a crise brasileira tem uma dimensão econômica, mas o mais desafiador é a dimensão política. Se nós pegamos as sete últimas eleições presidenciais, seis foram disputadas pelo PT e o PSDB, e essas forças hoje não conseguem reconduzir o debate político.
P. Qual é sua opinião sobre o presidente da Câmara?
R. Hoje Eduardo Cunha tem uma dificuldade objetiva, determinada pela Operação Lava Jato. Progressivamente ele vai ter dificuldades de exercer o cargo que exerce. Na conjuntura atual ele precisa de conflitos para tirar o foco dele, ele não é um agente pacificador neste momento.
De um lado, o Governo tem dificuldade de abordar a crise econômica e de outro, o Congresso produz debates que são secundários
P. Como você acha que se alcança a paz?
R. A solução pode estar entre o PT e o PSDB. Ambos são filhos da esquerda e do pensamento progressista paulista, que só se cindiu em 1994, na primeira eleição que Lula e FHC disputaram em cantos opostos. Eu não consigo imaginar que vamos sair de onde estamos com saídas convencionais. Não é possível revigorar o lulismo, por exemplo, a realidade não comporta essa solução. A conjuntura exige três movimentos. Primeiro, deve-se criar algum tipo de diálogo entre as principais forças políticas do país, sobretudo no nível institucional: regras do jogo, tirar o impeachment da mesa, respeitar a autonomia da polícia e do Judiciário, liberdade para o desfecho da Lava Jato... Segundo, a esquerda deve se reorganizar. Eu defendo algo parecido à Frente Ampla do Uruguai ou à Concertação chilena [união de 17 partidos]. Ou seja, os partidos mantêm suas identidades históricas, mas se aglutinam em uma nova institucionalidade, para você ter um novo polo na esquerda. Em terceiro lugar, Dilma deve se apoiar nas lideranças políticas que não estão no olho do furacão, que são os governadores dos Estados. Ela tem que tentar construir uma agenda para o país que seja fora da agenda da crise política.
P. É possível?
R. Este último movimento pressupõe uma mudança na política econômica vigente. Sobre tudo no que se refere ao financismo, à visão dogmática do ajuste fiscal como uma imposição indeclinável dos mercados financeiros. Se você analisar friamente, os indicadores não são trágicos assim: 6% de desemprego, 9% de inflação, 58% de relação da dívida com o PIB, nós temos algum espaço de manobra, não estamos em um beco sem saída. Agora, é preciso querer sair do beco, e o financismo o impede, porque ele só coloca um ciclo vicioso com viés de baixa: recessão, juros altos e cortes de gastos se retroalimentam. Você continuar nessa agenda vai aprofundar a recessão de modo incontrolável. E acho que esse é o debate mais importante neste momento. Em síntese, é preciso novos atores com uma nova agenda.
P. Você é governador de um Estado entre duas regiões, a Amazônia e o Nordeste. Os governadores do nordeste explicitaram na Carta de Teresina apoio à presidenta Dilma. Por que não tem surgido a mesma iniciativa do Norte no último encontro de governadores?
Hoje Eduardo Cunhatem uma dificuldade objetiva, determinada pela Operação Lava Jato. Ele vai ter dificuldades de exercer o cargo que exerce
R. As cartas são uma expressão do pensamento médio. No caso da Amazônia, o pensamento médio é uma defesa das regras do jogo democrático e não houve consenso para uma referência explícita de apoio à presidenta. Foi discutida, eu defendi, mas não passou. Havia divergências políticas.
P. Defenderia o impeachment de Rousseff?
R. Sou radicalmente contra o impeachment, primeiro por convicção jurídica. O impeachment do presidencialismo não é igual à moção de confiança do parlamentarismo. Não existe impeachment por impopularidade. Não há nenhuma decisão do TCU [Tribunal de Contas da União]. Mas vamos imaginar que o argumento é valido, mesmo eu pensando que as tais pedaladas fiscais são ficção porque não houve operação de crédito disfarçada, o caso é do mandato anterior. Você não pode revogar um mandato com base em um fato de mandato anterior. Isso é juridicamente indiscutível. E segundo por considerar que uma eventual saída da presidenta Dilma iria aprofundar a crise institucional que nós ainda não resolvemos.
P. Voltando ao Maranhão, como pretende resolver os problemas de violência e corrupção nas penitenciárias do Estado, famosas por casos como as decapitações e canibalismo em Pedrinhas?
R. Hoje Pedrinhas não é tão diferente de outras penitenciárias do Brasil. Nós reduzimos a mortalidade nos presídios em 63% e as fugas em 61%. Não é zero, eu sei. Este ano tivemos quatro mortes no sistema prisional, no ano passado eram 20. Mas você vai me dizer que quatro mortes é um absurdo, e eu vou concordar. É absurdo. Esse ano tivemos já 15 fugas, a maioria derivadas de acordos dos presos com agentes das prisões. Por isso, substituímos praticamente todos os 968 funcionários terceirizados do sistema.
P. O que significaria para um sistema prisional como o do Maranhão se a redução da maioridade penal fosse aprovada?
R. Eu já enfrento essa dificuldade, porque nossa população penitenciária cresceu neste ano 10% em seis meses, hoje temos 6.800 presos. Então, se aprovassem essa medida, não seria sustentável. Fora a parte prática, sou totalmente contra porque é uma falsa solução, uma vez que a participação dos menores em crimes é absolutamente minoritária. O que devemos fazer é aprimorar os mecanismos de punição antes que promover o aumento da superpopulação carcerária com base em um argumento que vai levar à redução primeiro até os 12 anos, e depois até os 10 anos. Porque as quadrilhas vão recrutar crianças cada vez mais novas. Estamos gastando energia cívica neste assunto, perdendo o tempo. Por que as instituições no Brasil estão todas enfraquecidas? Porque a sociedade não está se reconhecendo na institucionalidade que deixou de debater o que realmente importa, como a agenda da qualidade serviços públicos. Enquanto segue o debate político, o povo continua pendurado no ônibus, no subemprego, na moradia precária...