sexta-feira, 10 de julho de 2015

Putin tenta mostrar que a Rússia não está isolada Cúpulas regionais dão a Moscou a oportunidade de estabelecer laços fora do Ocidente BRICS reforçam colaboração para combater inquietação econômica

Putin
Vladimir Putin durante uma sessão do Kremlin / ALEXEI NIKOLSKY (AP)
Duas reuniões de chefes de Estado de quatro continentes em território russo deram esta semana ao presidente Vladimir Putin uma oportunidade de mostrar aos EUA e seus aliados ocidentais que o Kremlin, apesar de ser castigado por seu rumo na Ucrânia, não está isolado dos pontos de vista político, econômico e de segurança.

O grupo BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) surgiu em 2006 como um clube de potências emergentes díspares e, em parte, dispersas geograficamente, cujo denominador comum é a insatisfação com a atual divisão de peso e influência nos mecanismos de decisão do sistema político e financeiro internacional, dominado pelos EUA.As reuniões nas quais Putin procurou afirmar sua liderança internacional foram as cúpulas dos BRICS e da Organização de Cooperação de Xangai, realizadas respectivamente quarta e quinta-feira em Ufá, cidade situada mais de 1.100 quilômetros a leste de Moscou, entre o rio Volga e os Urais.
A Organização de Cooperação de Xangai (Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tajiquistão), por sua vez, tem caráter regional e foi fundada em 2001 para integrar países pós-soviéticos da Ásia Central com seus dois grandes vizinhos – Rússia, a antiga metrópole colonial, e China, que assumiu lugar de destaque econômico na região. Índia, Paquistão e Irã solicitaram o ingresso na OCX, que tem entre seus grandes desafios a instabilidade do Afeganistão e a contenção do islamismo radical na Ásia Central.
Os BRICS são responsáveis por 28% do PIB mundial, mas seu peso no Fundo Monetário Internacional (FMI) é de 11% dos votos, como ressaltava a agência oficial russa Tass ao informar na terça-feira sobre o lançamento, em Moscou, das primeiras instituições financeiras do grupo, o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e um fundo comum de reservas de câmbio, dotados, cada um, com capital de 100 bilhões de dólares (322 bilhões de reais).
banco dos BRICS se especializará em projetos de investimento em infraestrutura para superar obstáculos para o desenvolvimento dos negócios privados e estatais, segundo o ministro da Economia da Rússia, Alexei Uliukaiev. O ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, por sua vez, anunciou que um ex-chefe do banco da Índia, Kundapur Vaman Kamatj, foi eleito o primeiro presidente do novo banco.
Quanto ao fundo, trata-se de um mecanismo de ajuda mútua entre os bancos centrais dos países membros para fornecer recursos “caso surjam problemas com a liquidez em dólares”, a fim de manter a “estabilidade financeira”, assinala o banco central da Rússia em um comunicado. A China contribuirá com 41 bilhões de dólares (132 bilhões de reais) para o fundo. O Brasil, a Índia e a Rússia contribuirão, cada um, com 18 bilhões de dólares (58 bilhões de reais) e a África do Sul, com 5 bilhões de dólares (16 bilhões de reais).
Ao estabelecer estas instituições, os BRICS, principalmente a China, “querem demonstrar sua convicção de que o enfoque ocidental não incorpora (ou adia a incorporação) das potências emergentes no processo global de tomada de decisões e de que não se pode continuar tolerando isso”, escreve Serguei Alexashenko em uma análise sobre os BRICS recém-publicada pelo Center of Global Interests (CGI). Alexashenko, ex-vice-presidente do Banco Central da Rússia, ressalta que o maior obstáculo para o desenvolvimento dos dois instrumentos é a “óbvia disparidade de interesses entre os países membros dos BRICS”. “A Rússia e, em menor medida, o Brasil impulsionam ativamente uma política antiamericana e promovem a ideia de uma aliança internacional de países que desejam se livrar do dólar”, afirma o especialista. “Outros membros dos BRICS, começando pela China, procuram principalmente benefícios econômicos e até agora se mostraram resistentes a utilizar seus recursos para apoiar aventuras políticas que podem levar a um enfrentamento com o Ocidente”, opina Alexashenko.
Por causa das sanções impostas à Rússia pela anexação da Crimeia e de sua política no leste da Ucrânia, Moscou enfrenta dificuldades para obter financiamento. O Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), uma entidade criada em 1991 para ajudar os países em transição pós-comunista, congelou o financiamento de novos projetos na Rússia em 2014 e o novo banco dos BRICS pode ser uma fonte alternativa de investimentos. Entretanto, até o momento os investimentos não se concretizaram – e os russos estão descobrindo na prática que o dinheiro chinês com o qual contavam se mostra precavido na hora de investir em projetos de risco na Rússia.

Investimento da Arábia Saudita

A Rússia encontrou um investidor na Arábia Saudita. Este país investirá 10 bilhões de dólares (32 bilhões de reais) em projetos conjuntos com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (FRID) e o fundo soberano Public Investment Fund (PIF), confirmou Kiril Dmitriev, o diretor-chefe do FRID, à agência russa Interfax.
A maioria dos projetos será realizada na Rússia. Dmitriev destacou que se trata do maior investimento estrangeiro na história da instituição. As prioridades são infraestrutura, agricultura, medicina, logística, venda varejista e imóveis.
O fundo russo espera concluir dez projetos, com investimentos em torno de 1 bilhão de dólares (3,2 bilhões de reais), dos quais sete já têm sinal verde. O mesmo esquema acertado com a Arábia Saudita já foi utilizado com o fundo de investimento russo-chinês. O fundo assinou um acordo com outros fundos por meio da Saudi Arabian General Investment Authority (Sagia), que deve ajudar empresas russas a entrar no mercado árabe.
Se forem levadas em conta as realidades econômicas dos Brics, “a Rússia tenta efetivamente criar um sistema que será controlado pela China, indiferente às sutilezas da política interna dos sócios, e não pelos exigentes Estados Unidos”, opina Andrei Movchan, diretor de programas de política econômica do centro Carnegie em Moscou. As autoridades russas consideram sua “permanência imutável” no poder uma “prioridade para o país” e veem como “principal perigo” a "influência externa na política interna”, por isso “não têm nada a perder” com a criação das instituições financeiras dos BRICS, mesmo que suas possibilidades êxito sejam baixas, segundo Movchan.
A China é a economia dominante entre os BRICS, mas este grupo “dificilmente pode ser considerado um instrumento estratégico de longo prazo” para a política de Pequim, adverte Alexashenko. Pequim criou o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII), que é um concorrente direto do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e tem um projeto próprio de integração, com melhores perspectivas do que a integração apoiada nos BRICS, assinala Alexashenko. O projeto chinês procura fomentar as relações econômicas entre países vizinhos por meio do desenvolvimento de todos os tipos de infraestrutura de comunicações, de estradas e portos a gasodutos, oleodutos, redes de eletricidade e telecomunicações. O BAII foi fundado em março e conta com um capital inicial de 50 bilhões de dólares (161 bilhões de reais) e sede em Pequim. A iniciativa foi lançada em outubro pela China e por outros 20 países asiáticos e ganhou a adesão de vários países ocidentais, incluindo a Espanha.
Segundo o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, o BAII e o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS podem ser concessionários no financiamento de projetos de investimento no contexto da “rota da Seda”, que é parte do projeto chinês de integração. Em um primeiro momento, o banco dos BRICS dará prioridade ao desenvolvimento da infraestrutura dos países membros, disse Siluanov, que não excluiu a possibilidade de que, em um “futuro distante”, a instituição possa financiar projetos na Grécia. Segundo o ministro, a Rússia não tem necessidade de utilizar o novo fundo de reservas de câmbio. As grandes empresas russas, como a Rosneft, já são candidatas aos recursos do banco, cujos primeiros projetos devem aparecer antes do fim do ano, disse o ministro. Segundo os prognósticos do ministério das Finanças, a fuga de capitais da Rússia em 2015 oscilará entre 70 bilhões e 80 bilhões de dólares (225 bilhões e 257 bilhões de reais), em vez dos 100 bilhões de dólares (322 bilhões de reais) previstos anteriormente, assinalou o ministro.
Por outro lado, a Rússia encontrou um investidor na Arábia Saudita. Este país investirá 10 bilhões de dólares (32 bilhões de reais) em projetos conjuntos com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (FRID) e o fundo soberano saudita Public Investment Fund (PIF), confirmou Kiril Dmitriev, o diretor-chefe do FRID, à agência russa Interfax. A maioria dos projetos será realizada na Rússia. Dmitriev destacou que se trata do maior investimento estrangeiro na história da instituição. Antes o recorde estava com o Fundo dos Emirados Árabes, que tinha investido 7 bilhões de dólares (22,5 bilhões de reais). As prioridades são infraestrutura, agricultura, medicina, logística, venda varejista e imóveis, entre outras. O fundo russo espera realizar cerca de dez projetos, com investimentos de aproximadamente 1 bilhão de dólares (3,2 bilhões de reais), dos quais sete já receberam sinal verde provisório. Segundo Dmitriev, os recursos serão entregues pelo prazo de quatro a cinco anos. O mesmo esquema empregado com a Arábia Saudita já foi utilizado com o fundo de investimento russo-chinês. O fundo russo assinou um acordo com outros fundos soberanos da Arábia Saudita, representados pela Saudi Arabian General Investment Authority (Sagia). Esta última instituição deve ajudar as empresas russas a entrar no mercado árabe. Dmitriev disse que a visita do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Muhammad bin Salman, ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, onde se reuniu com Putin, contribuiu para que fosse selado o acordo.

FMI reduz previsão de crescimento do Brasil e desemprego chega a 8,1% Fundo projeta queda de 1,5% do PIB brasileiro. Taxa de desocupação tem alta de 8,1% . Maneiras de ganhar a vida no Brasil que diz adeus ao pleno emprego

Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a reduzir a previsão de crescimento do Brasil para este ano. A projeção é que o Produto Interno Bruto (PIB)  tenha queda de 1,5%. Em abril, a estimativa era de uma contração de 1%. Foi um dos maiores cortes nas projeções entre os principais países emergentes, segundo relatório do FMI divulgado nesta quinta-feira. As perspectivas para o próximo ano também pioraram em relação à estimativa anterior. O fundo espera que a recuperação em 2016 seja mais fraca. A previsão é que o PIB avance 0,7%, abaixo da alta de 1% prevista no relatório em abril.
Os sinais dessa desaceleração da economia brasileira já se refletem no índice de desemprego do país.Pesquisa divulgada pelo IBGE, nesta quinta-feira, mostra que a taxa de desemprego do Brasil subiu 8,1% no trimestre encerrado em maio, a mais alta da séria histórica iniciada em 2012. O aumento da desocupação é influenciado pela redução de postos de trabalho em meio ao cenário de inflação elevada – que chegou a 8,89 % no mês de junho - e uma economia enfraquecida, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.Os economistas brasileiros também preveem queda de 1,5% no PIB este ano, segundo o último boletim Focus, que reúne estimativas de mais de 100 instituições financeiras. Porém, são menos otimistas quanto a recuperação do país no próximo ano, preveem uma alta de 0,5% em 2016.
O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Oliver Blanchard afirmou, em entrevista coletiva, que esse será um ano "duro" para o país, mas ressaltou que o ajuste fiscal e a política monetária estão na direção correta para criar um ambiente de retomada econômica no Brasil no próximo ano. Blanchard afirmou ainda que o resultado da maior economia da América Latina terá impacto na região que terá uma expansão de 0,5% este ano, 0,4 ponto porcentual abaixo da última estimativa.
O FMI vem reduzindo as estimativas de crescimento da economia brasileira para este ano consecutivamente. No relatório de janeiro, a previsão era de crescimento de 0,3% para 2015 e de 1,5% para 2016. Em outubro de 2014, a previsão para 2015 era de crescimento de 1,4%. Em julho de 2014, de crescimento de 2%. Em abril de 2014, de 2,7%.
Dos maiores emergentes, apenas a Rússia terá um desempenho pior, com queda de 3,4, segundo o FMI. De acordo com o relatório, a desaceleração dos emergentes, de 4,6% no ano passado para 4,2% neste ano, se deve a fatores como o impacto negativo da queda de preços das commodities, especialmente os exportadores de petróleo (caso do Brasil). Já as previsões para a China e para a Índia se mantiveram estáveis. O FMI prevê que esses países cresçam 6,8% e 7,5%, respectivamente.

Espanha no topo do crescimento dos desenvolvidos

As novas previsões econômicas do FMI ajustam-se também ao mau início de ano das economias norte-americanas depois de um inverno muito cruel e reconhecem que a Itália e, especialmente, a Espanhavão melhor do que o Fundo antecipava até agora. Segundo essas novas estimativas, o crescimento do PIB dos EUA perde fôlego (o prognóstico do Fundo é que o aumento anual fique em 2,5%, frente aos 3,1% que supostos em abril) na mesma medida em que a economia espanhola ganha (o Fundo agora prevê 3,1%, um acréscimo de seis décimos). Em resumo, a Espanha passa a ser a economia a que o Fundo atribui o maior crescimento para 2015 entre os oito grandes países desenvolvidos analisados desta vez.
Numa declaração sobre o país depois da missão habitual de especialistas do Fundo, o organismo dirigido por Christine Lagardejá tinha antecipado seu novo prognóstico, que, além de fixar o crescimento do PIB espanhol para 2015 em 3,1%, também elevava sua previsão para 2016 a 2,5%. Agora, a publicação dessa estimativa intermediária -menos completa do que as que são feitas no outono e na primavera- permite comprovar que a revisão de alta (0,6 e 0,5 pontos percentuais respectivamente) é a maior das oito grandes economias avançadas e das oito emergentes incluídas no relatório.
Depois de sua oitava revisão de alta sobre as perspectivas econômicas da Espanha –faz pouco mais de um ano previa um crescimento de apenas 0,8% para 2015—, o Fundo equipara seus prognósticos a outros, como o do Banco da Espanha e os feitos por analistas independentes, e só ligeiramente abaixo da nova estimativa do Governo (3,3%) para este ano. A revisão das previsões se limita ao PIB, uma vez que ficou mantida a última avaliação sobre o mercado de trabalho (criação de 600.000 postos até 2016, taxa de desemprego acima de 20% até 2017), mais pessimista que as do Executivo e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)

Grécia apresenta proposta e pede 53 bilhões de euros Atenas prometeu a adoção de medidas de austeridade


O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras (foto: EPA)
O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras (foto: EPA) BRUXELASZBF
(ANSA) - A Grécia apresentou oficialmente na noite de ontem (9) seu plano de reformas econômicas e medidas de austeridade ao eurogrupo, as quais são exigidas pelos seus credores para a concessão de mais um resgate financeiro ao país.
De acordo com a proposta, que prevê a arrecadação de 12 bilhões de euros, serão abolidos os desconto no IVA a partir de 2016 em ilhas turísticas e aumentados os impostos sobre restaurantes (23%) e hoteis (13%). Outros setores, como artigos de luxo, empresas e imóveis, também devem ser afetados.
O pacote promete ainda uma reforma no sistema previdenciário e um corte de 300 milhões de euros nos gastos com Defesa. Em troca da implantação das medidas de austeridade, a Grécia pede aos credores 53,5 bilhões de euros para honrar suas dívidas até junho de 2018.
Nesta sexta-feira (10), representantes europeus se reunirão para analisar a proposta grega antes da cúpula do eurogrupo convocada para amanhã (11). O Parlamento grego também votará o texto. 
A proposta grega gerou otimismo entre os líderes da UE, como o presidente da França, François Hollande, que elogiou o texto, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que disse esperar um acordo neste fim de semana.
"Espero não ter que nos reunirmos no domingo. Ou seja, o acordo com a Grécia pode ser fechado no sábado pelos ministros da Economia", afirmou Renzi.
A proposta grega chegou ao eurogrupo após várias rodadas de negociações fracassarem. No último domingo (5), os eleitores foram às urnas e rejeitaram em um referendo as medidas de austeridade propostas pela Europa em troca da concessão do resgate. (ANSA)
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Papa fala em "genocídio" dentro de uma "3ª guerra mundial em parcelas"

Nesta intervenção na Bolívia, Francisco pediu perdão pelos pecados da Igreja cometidos contra os povos indígenas. Papa fala em "genocídio" dentro de uma "3ª guerra mundial em parcelas"


O Papa pediu o fim do “genocídio” dos cristãos no Médio Oriente. No segundo encontro mundial dos movimentos populares, em Santa Cruz, Bolívia, Francisco referiu-se a uma “terceira guerra mundial”, que está a ser travada em parcelas. 

"Hoje vemos, com horror, como no Médio Oriente e noutros lugares do mundo se persegue, tortura, assassina a muitos irmãos nossos pela sua fé em Jesus. Isto também devemos denunciá-lo: Dentro desta terceira guerra mundial em parcelas que vivemos, há uma espécie de genocídio em curso que deve cessar”, afirmou. 

Em Setembro do ano passado, o Papa lamentou a onda de conflitos mundiais, afirmando que se tratava, efectivamente, de uma terceira guerra mundial "fragmentada.

Na mesma altura, Francisco pediu perdão pelos pecados da Igreja cometidos contra os povos indígenas. “Peço humildemente perdão, não só para as ofensas da própria Igreja, mas também para os crimes contra os povos nativos durante a chamada conquista da América”. 

“Digo-vos isto com arrependimento. Muitos pecados graves foram cometidos contra os povos nativos da América em nome de Deus”, afirmou.

Francisco vai encerrar esta sexta-feira a segunda etapa da sua visita à América Latina, na Bolívia, passando pelo Centro de Reeducação de Palmasola, antes de rumar ao Paraguai, a última etapa da sua viagem à América Latina. No total, vai percorrer 24.730 quilómetros (equivalente a mais de meia volta ao mundo) em sete voos. 

A Renascença V+ transmite em directo os principais momentos da visita do Papa Francisco à América Latina, até domingo. Veja em detalhe o programa das transmissões (link: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=192663). O próximo directo é esta sexta-feira às, 14h30 (alterar data e hora). Veja em directo a visita ao Centro de Reabilitação Santa Cruz, Bolívia.

CPI da Petrobras convoca ministro da Justiça José Eduardo Cardozo terá que depois para parlamentares

José Eduardo Cardozo terá que comparecer a CPI (foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO)

osé Eduardo Cardozo terá que comparecer a CPI (foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO) SÃO PAULOZGT
(ANSA) - Em uma votação rápida, a CPI da Petrobras aprovou na manhã desta quinta-feira (9) 79 requerimentos, entre eles a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O pacote inclui quebra de sigilos, acareações e pedidos de acesso a documentos.

A lista apresentada pelo relator Luiz Sérgio (PT-RJ) incluiu as convocações do empreiteiro Marcelo Odebrecht, do executivo da Toyo Setal Júlio Camargo, do executivo da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo, do policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, de Adarico Negromonte (irmão do ex-ministro Mário Negromonte) e de Rafael Angulo Lopes (responsável pelo "cofre" do doleiro Alberto Youssef). Também foram convocados os delegados federais envolvidos no "caso da escuta ilegal" encontrada na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Sobre a convocação do ministro, Luiz Sérgio disse que era preciso chamá-lo para esclarecer alguns acontecimentos envolvendo as investigações.

Outros executivos foram incluídos no pacote de convocações: J.W.Kim, presidente da Samsung no Brasil, e Shinji Tsuchiya, da Mitsui.

"A CPI não está blindando ninguém", disse o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) sobre a convocação de personagens da Operação Lava Jato que comprometem políticos do PMDB.

Entre as acareações aprovadas estão as que confrontam o executivo Augusto Mendonça, o ex-diretor de Serviços Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto numa mesma sessão. Outra acareação envolverá o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, o delator Shinko Nakandakari e ex-gerente-geral de Implementação de Empreendimentos para a refinaria Abreu e Lima (PE) Glauco Legatti. A terceira acareação aprovada hoje será entre o empresário Caio Gorentzvaig (da Petroquímica Triunfo) e o empresário do Grupo Suzano David Feffer.

Em votação separada, foram aprovadas as quebras de sigilo de parentes do doleiro Alberto Youssef. A CPI quer acesso ao sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático das filhas do doleiro Taminy e Kemelly Youssef, de Joana Darc Youssef (mulher do doleiro) e de Olga Youssef (irmã).

Advogada

Também entrou na lista o pedido de convocação da advogada Beatriz Catta Preta, defensora de alguns dos investigados da Operação Lava Jato, entre eles Pedro Barusco. A aprovação do requerimento é visto como "retaliação" à atuação da advogada frente aos trabalhos da CPI.

Durante a sessão, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) sugeriu que fosse remarcada a acareação de Barusco com Duque e Vaccari. Barusco conseguiu uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) para não comparecer às acareações por motivos de saúde. Vaccari e Duque chegaram a ser transportados de Curitiba para Brasília.

"O problema não é humanitário ou de saúde, é esperteza da advogada. Para roubar ele não está doente, né?", declarou o deputado. "Não podemos colocar em dúvida a atuação dela", rebateu o deputado Wadih Damous (PT-RJ).

A sessão de votação chegou a ser suspensa devido ao início da Ordem do Dia no plenário da Câmara. Em seguida, a sessão plenária para votação do texto infraconstitucional da Reforma Política foi suspensa por meia hora, o que permitiu à CPI votar todos os requerimentos. Fonte: Estadão Conteúdo (ANSA)
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Os homens da luta


Tudo vai aquecer com a chegada a Portugal dos emigrantes lesados pelo papel comercial do BES. Conheça os organizadores da contestação e saiba o que preparam. Têm uma agenda cheia 
São de esquerda, de direita, do centro; do Benfica, do Sporting, do Porto; católicos, evangélicos e ateus; patrões, empregados e desempregados; querem partir tudo e não querem partir nada.
Só existe uma coisa a unir as 800 pessoas que se juntaram na Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC): investiram o seu dinheiro em papel comercial do Banco Espírito Santo e estão em risco de perder as "poupanças de uma vida", como lhe chamam.
Por isso os vemos, praticamente todas as semanas, na rua, a protestar ou a invadir agências bancárias do Novo Banco, com cartazes de aspeto amador, feitos em casa, e de megafone na mão. Dizem que não arredam pé enquanto não tiverem o seu dinheiro de volta. E preparam um verão quente, com o reforço dos emigrantes lesados que hão de vir.
Começa esta quinta-feira, 2, frente ao Novo Banco, em Lisboa, com nova manifestação. Continua no dia 10 de agosto, também em Lisboa, na Avenida da Liberdade, um protesto que está a ser preparado com cautela. "Os emigrantes não estão a libertar adrenalina semanalmente como nós. Além disso, são pessoas que foram obrigadas a sair do País para terem uma vida melhor, privaram-se muito mais do que nós, com dois ou três empregos... e agora onde estão as suas poupanças? ?O perigo é gigante", avisa Ricardo Ângelo, o presidente da AIEPC.
A seguir, vem a campanha eleitoral para as eleições legislativas, com a promessa de uma marcação cerrada à coligação de Governo. Para "desgosto" de alguns sociais-democratas da associação, mas que acabam por entender que valores mais altos se levantam... os do seu dinheiro. Assim, onde houver comício, haverá indignados. Certeza só têm uma: "A luta só acaba quando o dinheiro for devolvido a 100 por cento."
E quanto mais a situação se arrasta, mais lesados se juntam ao movimento, que ganhou nas ruas a sua grande notoriedade. Mas, afinal, como é que isto começou? E quem está por detrás destes protestos?
Promessas em papel molhado
Mesmo depois da queda do Banco Espírito Santo e da separação entre o "banco bom" e o "banco mau", os 2 508 clientes não institucionais, do retalho, que investiram no papel comercial estavam descansados da vida. Logo em agosto de 2014, os clientes que contactavam o Banco de Portugal sobre o assunto, recebiam como resposta que "a provisão que acautela o risco relacionado com o reembolso aos clientes do retalho do BES de papel comercial do GES [Grupo Espírito Santo] foi transferida para o Novo Banco. Compete ao Novo Banco decidir sobre o reembolso do papel comercial do GES".
Já no site do Novo Banco estava escrito que "o papel comercial emitido pela ESI [Espírito Santo International] e Rio Forte transitam para o Novo Banco, e este mantém a intenção de assegurar o reembolso, na maturidade, do capital investido pelos seus clientes não institucionais junto das redes comerciais do Grupo BES de então".
Até aí tudo bem. Mas, em janeiro deste ano, esta informação desapareceu do site do Novo Banco e Ricardo Ângelo, um médico dentista de 34 anos, ficou de pé atrás. Trocava impressões, com outros clientes do BES, no fórum do Jornal de Negócios Caldeirão de Bolsa, e combinaram uma primeira reunião num apartamento que Ricardo tem em Matosinhos. Mas, como se juntaram mais de 60 pessoas, acabaram por ir para um hotel.
Nesse encontro fundador, o dentista, residente em Viseu, foi nomeado presidente. E o grupo começou a sair à rua, conforme decorriam as audições sobre o BES no Parlamento. Ali ficou a saber-se que a provisão, de quase 700 milhões de euros, para reembolsar os clientes do papel comercial tinha ficado, afinal, no "banco mau", que está falido.
E Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, começou a mostrar-se irredutível na posição de não permitir que os lesados recebam o seu investimento. "Quando as pessoas assumem riscos, têm de perceber que o risco é inerente à aplicação financeira", disse há tempos no Parlamento.
O Banco de Portugal teme que, devolvendo o dinheiro aos clientes não institucionais, esteja a abrir um precedente jurídico, que leve os outros a exigir também o reembolso. Só a Portugal Telecom tem quase 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte. Para Carlos Costa, têm de ser as entidades emitentes (que estão em insolvência) a reembolsar os lesados.
Na rua ou no gabinete?
No total, há 2 508 lesados não institucionais do papel comercial, tendo investido, no seu conjunto, 550 milhões de euros. Destes, menos de 200 investiram mais de 500 mil euros e 60 aplicaram mais de um milhão de euros (entre eles o próprio Estado, que investiu seis milhões de euros em papel comercial através do Fundo de Apoio à Inovação, do Ministério do Ambiente).
A AIEPC (agora com uma direção, vice-presidentes, coordenadores regionais, assembleia-geral e conselho fiscal), representa cerca de 800 lesados, num total de €170 milhões de euros investidos. Apenas dois sócios da associação aplicaram mais de um milhão de euros, garante Ricardo Ângelo, mostrando que a esmagadora maioria "é gente que trabalhou toda uma vida para juntar 50 ou 100 mil euros e agora, sem o dinheiro, vive com pensões muito baixas". Mais de 70% dos sócios da AIEPC tem mais de 65 anos.
Curiosamente, no núcleo duro da associação, há poucos cabelos brancos. Alguns estão em representação dos pais e até dos avós. A função deste grupo de duas dezenas de homens e mulheres, que encontramos na tarde de um domingo de junho, num hotel em Coimbra, é a de manter a união e conduzir a luta.
O tema do dia são os avisos de Marques Mendes, na noite anterior, na SIC. Dizia este antigo presidente do PSD, que os "lesados deviam mudar a sua estratégia porque o Estado e as autoridades não negoceiam com quem está na rua".
O discurso duro dos manifestantes, frequentemente insultuoso e algumas vezes envolvendo ameaças de morte (sobretudo ao Novo Banco e ao Banco de Portugal) tem sido bastante criticado pela opinião pública.
Os excessos de linguagem estão agora entre as principais preocupações da AIEPC, numa altura em que a estratégia é a de iniciar uma fase de negociação. Mas não vai ser fácil. "Há fações que preferem ir para a rua partir tudo. E há fações que acham que temos rua a mais, que é preciso é conversar", explica um dirigente.
Sair deste fio da navalha implica longas horas ao telefone com os associados mais ativos. Rui Alves, 61 anos, um reformado de Matosinhos, tem a sua estatística pessoal: "Mês de maio: 240 chamadas do meu telefone; a mais curta durou um minuto e a mais longa 1h25m. Há pessoas que precisam de desabafar e eu faço um bocadinho de psicólogo também", conta. Rui tem como função angariar lesados na zona norte e levá-los para as manifestações.
As armas e o risco
Este núcleo duro emanou naturalmente do grupo de associados, conforme se iam conhecendo e se iam apercebendo das capacidades de cada um. O lisboeta João Salva, por exemplo, um engenheiro mecânico de 59 anos, é sempre ouvido com muito respeito, pelas suas opiniões sensatas. Está na associação desde a reunião fundadora e é considerado um estratega. É também o responsável pela logística da marcação das manifestações, fazendo a ponte com a polícia e com as autarquias.
Outro alfacinha, Nuno Lopes Pereira, de 44 anos, é diretor comercial numa empresa. Mas no encontro de Coimbra parece um economista experiente, desenhando cenários macroeconómicos para o futuro. "Não pensem que isto da Grécia não vai ter efeitos. Daqui a 5 anos, a inflação vai estar bem mais alta e as taxas de juro também", avisa, numa previsão necessária para a elaboração de uma proposta, a apresentar ao Novo Banco e ao Banco de Portugal, de forma a que os lesados possam reaver o seu dinheiro, com juros, daqui a 2, 5 ou 10 anos.
"Querem 100% do capital e juro a 0%; ou querem 60% do capital e juro alavancado?", exemplifica Nuno que, com meia dúzia de associados, prepara duas propostas diferentes para levar à assembleia-geral da AIEPC no próximo sábado, 4 de julho. Uma coisa está decidida: é urgente dar liquidez aos "velhotes que ficaram sem nada e têm uma reforma de 200 euros".
Há quem olhe para o exemplo do BPP (Banco Privado Português), em que os investidores tiveram um final satisfatório: até aos 250 mil euros, recuperaram o seu capital na totalidade; acima disso, contentaram-se em receber 80% do seu dinheiro. Uma solução destas, por nível de investimento, não está fora de questão.
Chegou a hora de negociar, decide o núcleo duro em Coimbra. Mas continuarão a fazer barulho na rua. Paralelamente às manifestações de rua e, agora, à elaboração de propostas para negociação, os lesados e indignados contrataram o advogado Luís Miguel Henrique, com experiência neste tipo de ações. Foi ele quem liderou um grupo de lesados do BPP.
Para já, a estratégia destes pequenos investidores reunidos na AIEPC passa por processar funcionários do antigo BES, como os gestores de conta, diretores, diretores regionais, administradores e todos os quadros superiores que transitaram do BES para o Novo Banco. Acusam-nos de "burla qualificada" e as queixas-crime já se contam em 300.
Tem havido problemas entre os lesados e os agora funcionários do Novo Banco. A comissão de trabalhadores da instituição acusa os primeiros de violência, à porta das instalações, falando em "vestes rasgadas, empurrões, insultos e demais ameaças".
Um fantasma a pairar
E Ricardo Salgado? Não é um alvo? Um dos dirigentes propõe, no encontro em Coimbra, que se vá a casa dele, fazer barulho à porta. "Isso é o que o Carlos Costa quer!", responde-lhe outro. De facto, Ricardo Salgado já não é um número nesta equação - nada tem para oferecer aos lesados, nada pode fazer para lhes resolver o problema.
Assim, as atenções focam-se em Carlos Costa, Pedro Passos Coelho, Eduardo Stock da Cunha (presidente do Novo Banco) e até nos donos que se seguem - o "banco bom" que saiu do BES está em processo de venda. O Banco de Portugal recebeu três propostas vinculativas para a compra da instituição bancária.
A todos, associação já enviou cartas a avisar que não vai baixar os braços. A sua grande preocupação é separar o trigo do joio. Insiste que os seus associados estavam inscritos no BES como tendo um perfil conservador, ou seja, que apenas colocavam o dinheiro em depósitos a prazo, recusando os produtos de risco, e que confiaram cegamente no que os seus gestores de conta recomendavam. O papel comercial das empresas do Grupo Espírito Santo (a Rioforte, a ESI ou a Espírito Santo Property) era vendido como sendo um "produto do banco, uma espécie de depósito a prazo que pagava juros melhores".
E por isso há quem perca a cabeça, na dificuldade de lidar com o sentimento de ter sido enganado. Ricardo Ângelo já recebeu um telefonema de um lesado a dizer que estava a sair de casa, com uma caçadeira, para ir matar o gestor de conta.
Estes desesperos, de gente que já não tem muito mais a perder, são geridos com "pinças". A associação proíbe mesmo alguns associados de participar nas manifestações, uns por razões médicas, outros porque já tentaram ir armados... "Tem sido difícil dissuadir atitudes imponderadas", desabafa Ricardo Ângelo, que se estreia no associativismo logo com o papel principal. Fala a língua do pobre e do rico, do jovem e do idoso e tem os ouvidos de todos.
Muitos deles estão a ir a manifestações pela primeira vez na vida. A associação, que cobra uma joia de 50 euros no ato da inscrição, gasta dinheiro apenas no aluguer de autocarros. Tudo o resto é trabalho voluntário e luta. Com um só objetivo: chegar àquele dinheiro, muitas vezes suado, que continua a aparecer nos seus extratos bancários, mas ao qual não têm acesso. E que parece cada vez mais inalcançável.
Números
  • 2 508 - Número de lesados do papel comercial
  • 8 mil - Número de lesados entre os emigrantes com papel comercial e outros produtos complexos como o Poupança Plus, Euro Aforro, Top Renda e EG Premium
  • €550 milhões - Investimento total dos lesados (com exceção das grandes empresas e fundos de investimento)
  • 60 - Número de lesados que investiu mais de 1 milhão de euros
  • 800 - Os sócios da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial
A caixa de Pandora
Para os lesados do papel comercial, o grande mau da fita é Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal. E quase todo o discurso mais violento que se ouve nas manifestações é dirigido a ele. No Parlamento, Carlos Costa foi explicando a sua posição.
"É óbvio que me custa muito que alguém vá para a porta da minha casa chamar-me gatuno. Foi a pior coisa que me chamaram em toda a vida", disse, garantindo que há casos de pessoas enganadas que o "emocionaram". No entanto... "Se se abre uma caixa de Pandora, isto não tem limites, porque ninguém sabe qual o valor do papel comercial que anda por aí fora.
Vão ser os contribuintes a salvar a família Espírito Santo?", perguntou. Curiosamente, corre o rumor de que a própria família Espírito Santo estará a vender o seu papel comercial ao "preço da chuva". "Isso mesmo foi-nos dito numa reunião com o Banco de Portugal [BdP]", afirma Ricardo Ângelo, presidente da associação dos indignados. Mas o BdP desmente. "O Banco de Portugal não poderia ter transmitido essa informação porque não a tem", garante fonte oficial. A posição atual do Banco de Portugal é clara: apurar, de entre os 2 508 lesados, os que foram de facto enganados.
Esses serão credores diretos do BES, passarão à frente dos outros credores, e serão ressarcidos. Os outros - clientes do papel comercial cientes do produto de risco em que investiam - poderão tentar a sua sorte na justiça e, ao mesmo tempo, aguardar pela proposta comercial que o Novo Banco tarda em apresentar. Uma proposta que pode significar a perda de uma grande percentagem do dinheiro e a recuperação do restante num longo espaço de tempo.
A única condição que o BdP coloca é que essa proposta não tenha implicações negativas no rácio de capital e "seja geradora de valor para o banco". Ora, isso é contraditório com a reivindicação dos lesados de recuperarem a totalidade do investimento. O atual impasse nesta situação deve-se em muito ao conflito que existe entre o BdP e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, uma vez que a CMVM tem outro entendimento.
Para a instituição liderada por Carlos Tavares, a responsabilidade pelo reembolso transitou para o Novo Banco, ou seja, os lesados são credores do Novo Banco e não do falido BES. Por cima de tudo isto está o Banco Central Europeu. Numa carta enviada esta semana à associação dos indignados, o BCE coloca a batata quente nas mãos das "autoridades portuguesas", descartando qualquer papel no processo de resolução do BES. No entanto, há tempos, o próprio BCE enviou um email ao Banco de Portugal, alertando para o facto de ser necessário ter conhecimento de uma eventual solução para o papel comercial, uma vez que está por afetar o rácio de capital do Novo Banco. 


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Ex-presidente do BCE adverte para riscos de 'Grexit'


Jean-Claude Trichet adverte que credores da Grécia terão que renunciar à quase totalidade dos pagamentos de empréstimos no caso de saída do país da zona do euro
Os credores da Grécia terão que renunciar à quase totalidade dos pagamentos de empréstimos no caso de saída do país da zona do euro e subestimam o "risco geopolítico" de um "Grexit", advertiu o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Jean-Claude Trichet.
Um "Grexit" custaria caro para a Europa, considera Trichet em um artigo publicado no jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. Não apenas para os gregos, forçados a viver em uma "convulsão terrível e dolorosa", mas também para os credores que "teriam que renunciar à quase totalidade dos reembolsos", alertou.
"A redução da dívida (grega) por parte dos europeus está descartada nas negociações com Atenas", destacou.
O governo grego entregou na quinta-feira à noite uma última lista de reformas a Bruxelas. A Alemanha descarta qualquer redução da dívida grega, mas deixou a porta aberta par um eventual "reescalonamento".
"Se subestima o risco de um contágio na Europa, em particular na Alemanha", adverte Trichet.
Para o ex-presidente do BCE, "a Europa tem uma responsabilidade histórica de ancorar os países que integravam o grupo comunista".
No caso de saída de Atenas da zona do euro é necessário ter em mente "a proximidade cultural dos gregos com a Ucrânia e a Rússia graças ao vínculo da religião ortodoxa", completou.
Desde que chegou ao poder, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras demonstrou sua proximidade com o presidente russo Vladimir Putin, sobretudo nos momentos críticos das negociações entre Atenas e seus credores. Moscou afirma que Atenas não solicitou ajuda financeira.