quinta-feira, 18 de junho de 2015

A falta de acordos comerciais do Brasil não é culpa do Mercosul A competitividade da agricultura dos países da região é uma ameaça, pois em todo o mundo é o setor agrícola o mais protegido por tarifas altíssimas e barreiras sanitárias 'Uma região invertebrada', por CARLOS PAGNI

Negociações comerciais internacionais não são um processo com ritmo cadenciado. Há longos períodos de morbidez, chacoalhados por pressões ocasionais. A chacoalhada da semana passada foi a pressão brasileira e uruguaia, durante a Cúpula Mercosul-União Europeia, com o objetivo de avançar para uma área de livre comércio. A longuíssima negociação entre os dois blocos empacou há quase dois anos, no momento da determinação da data para uma troca de ofertas. A novidade na Cúpula foi a Argentina, malgrado suas dificuldades eleitorais, assegurar que acompanharia o Mercosul. Como consequência, a Europa ficou na obrigação de enfrentar seus fantasmas protecionistas e assumir a culpa, a partir de agora, por maiores atrasos na negociação.
A dança de posições nessa Cúpula exemplifica, a contrário, a frase muitas vezes repetida, sobretudo em salões paulistanos, de que o Brasil não tem mais acordos de livre comércio por culpa do Mercosul. A leitura, que se tornou convencional, é que, agindo autonomamente, o Brasil já poderia ter uma rede de acordos internacionais que favoreceriam seu acesso a mercados estrangeiros, sem as amarras em relação a seus sócios regionais. Essa leitura convencional chegou a ser repetida na última campanha eleitoral, em que se mencionou a volta do Mercosul a uma área de livre comércio, liberando seus Estados membros para negociações individualizadas.
O recente convescote em Bruxelas demonstra que esse entendimento convencional é simplório. Não que o Mercosul não tenha outras culpas. Há uma evidente falta de coordenação macroeconômica, resultado das falhas institucionais do presidencialismo centralizador que caracteriza os países que o compõem. Há falta de vontade política para avançar em instituições regionais. A integração industrial na região está atrasada em razão de medidas unilaterais e protecionistas. A oscilação nas políticas econômicas nacionais torna a integração regional lenta e seus resultados frustrantes.
Em segundo lugar, porque, mesmo quando o Brasil pôde atuar sozinho, isso não redundou em acordos substantivos. O melhor exemplo é o do México, com quem o Brasil entabulou individualmente longas negociações durante o Governo Lula, sem chegar à assinatura de um acordo (em razão da oposição do Senado mexicano).Mas essas falhas não implicam que o Brasil estaria melhor, necessariamente, negociando solitariamente acordos extrarregionais de livre comércio. Em primeiro lugar, porque o ímpeto brasileiro de negociar demanda coordenação com a complexa indústria brasileira. Em outras palavras, os grandes opositores em negociações passadas foram setores pouco competitivos da indústria nacional, e não de parceiros do Mercosul.
Em terceiro, porque, nos acordos de segunda geração (que não são de tarifas, mas de investimentos, bitributação, serviços, sanitários, etc.), o Brasil não depende dos sócios do Mercosul. Mesmo assim, está incrivelmente atrasado, e só há dois meses voltou a assinar acordos relevantes com países africanos.
Em quarto, e provavelmente o mais importante: o grande empecilho para o Mercosul firmar acordos de livre comércio não é a eventual antipatia entre suas presidentas e, sim, a competitividade de sua agricultura. Em todo o mundo, é o setor agrícola o mais protegido por tarifas altíssimas e barreiras sanitárias. Apesar da reduzida densidade de agricultores nos países desenvolvidos, são em geral os mais politicamente articulados. No setor agrícola, nunca tão poucos atrapalharam as negociações de tantos. E os países do Mercosul são extremamente competitivos nesse ramo, constituindo uma ameaça visível para os rincões subsidiados em todo o mundo. Em qualquer negociação de acordo comercial, o Mercosul terá de mirar concessões parciais, e ser realista em suas demandas de abertura de mercados no setor agrícola.
Por todos esses argumentos, é ilusório culpar o Mercosul pelo estancamento das negociações comerciais do Brasil. É ao mesmo tempo irrealista acreditar que o Brasil, livre do Mercosul, poderia alcançar mais rapidamente acordos de livre comércio. O temor em relação a nossa agricultura e a resistência de setores industriais continuarão a existir. Evidentemente, a coordenação no Mercosul exige tempo e sensibilidade com as demandas de nossos vizinhos, mas há soluções técnicas que atendem a demandas particulares (a exemplo de uma lista separada para a Argentina, no Acordo Mercosul-Israel). O grande problema não é na região, é combinar com o outro lado: convencer os protecionistas europeus de que seus consumidores estarão melhor atendidos quando nossas excelentes carnes e frutas puderem entrar livremente em seus mercados.
Welber Barral é ex-secretário de Comércio Exterior (2007-2011) e sócio da Barral M Jorge Consultores.

Projeto de ferrovia até o Peru é realista, diz Nelson Barbosa Trecho brasileiro da transcontinental sairá independentemente de ligação com Pacífico Como tirar do papel o pacote de concessões em infraestrutura

Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, participa do Fórum de Infraestrutura realizado pelo EL PAÍS.
A ideia de uma ferrovia ligando Brasil e Peru, para garantir uma saída das exportações brasileiras pelo oceano Pacífico, tem sido vista com muita desconfiança por especialistas no setor de infraestrutura.O trecho em solo brasileiro, porém, batizado de Ferrovia Bioceânica,é viável, embora ainda faltem os estudos na região do Estado do Acre, diz o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. “É um projeto realista, pé no chão, com valor estratégico”, disse ele, em palestra no Fórum de Infraestrutura – Os desafios para o futuro do Brasil, realizado pelo EL PAÍS BRASIL, com patrocínio da Câmara Espanhola de Comércio, KPMG e o banco Santander. O plano é seguir um traçado saindo da cidade de Campinorte, no estado de Goiás, seguindo por Lucas de Rio Verde e Sapezal, no estado de Mato Grosso, passando por Rondônia e Acre, até chegar ao Peru.
A Bioceânica, que pretende atrair 40 bilhões de reais em investimentos, seria parte da grande ferrovia transcontinental, planejada pela China, Peru e Brasil. Ainda segundo Barbosa, a ferrovia poderá ser licitada em etapas por trechos. “Teremos os custos desse traçado até maio de 2016”, explicou.O ministro afirmou também que, independentemente da ligação com o Pacífico, os trechos brasileiros, como o de Sapezal a Porto Velho (RO), são importantes para o escoamento de grãos no país e já justificam as obras. O trecho em questão já tem os chamados Pedidos de Manifestação de Interesse (PMI), que são os pedidos de informações de interessados sobre o projeto.
Barbosa ressaltou que elevar os investimentos será essencial para recuperar a economia brasileira e assegurou que há muita demanda reprimida de infraestrutura no Brasil ."O que revela que há também muitas oportunidades. O desafio do Governo é transformá-las em projetos viáveis", afirmou a uma plateia de investidores e representantes do setor. O ministro reforçou a viabilidade do pacote de concessões - que pretende atrair mais de 198 bilhões de reais em investimentos para infraestrutura- e afirmou que o Governo está muito mais flexível, buscando aprimorar os marcos regulatórios, com alterações nos critérios de licitações e editais. "Vamos adotar remunerações compatível com custos e riscos de construção", disse.
Questionado sobre a real eficácia do primeiro plano de concessões lançado em 2012, ele reconheceu que, na primeira fase do projeto, o Governo não alcançou os avanços no setor de ferrovia – que demanda um investimento inicial muito alto -, e por isso está aperfeiçoando o plano no setor. Com a meta de atrair 86,4 bilhões de reais em investimentos, o Governo cogita três opções de concessão: o maior lance pelo direito de explorar, a menor tarifa ou a proposta de investimento inicial, com maior ou menor dependência do BNDES.

Crédito do BNDES

O banco de fomento será grande financiador das obras de infraestrutura, mas condicionou a liberação do crédito a juros subsidiados (a chamada Taxa de Juro de Longo Prazo, TJLP) à emissão de debêntures (títulos de empresas para financiar obras). Barbosa destacou que esta é uma forma de incentivar o mercado de capitais, e assim diminuir a dependência do banco público.  Durante o evento, o chefe do Departamento de Transporte e Logística do BNDES, Cleverson Aroeira, afirmou que a expectativa é que o volume de debêntures nos projetos deste pacote seja quase três vezes superior ao registrado no Programa de Investimentos em Logística (PIL) de 2012. "Usar o crédito [condicionado do BNDES] como forma de incentivar o mercado pode ser um estímulo relevante", comentou.
Segundo o diretor de Credit Markets do Banco Santander, Eduardo Muller Borges, "os bancos comercias privados também terão um papel relevante" no financiamento do projetos do PIL 2015. 
O ministro-chefe da Secretaria de Portos, Edinho Araújo (PMDB) também reforçou a importância do pacote de concessões e afirmou que os novos investimentos nos terminais portuários (que podem receber 37,4 bilhões de reais) tornarão os portos brasileiros mais competitivos e eficientes. "O programa vai dar uma nova dinâmica ao sistema portuário brasileiro", disse em palestra no Fórum de Infraestrutura.
Sobre os prazos das concessões, Barbosa afirmou que, já no segundo trimestre deste ano, devem ser lançados os pedidos de manifestação de interesse (PMI) para os novos projetos. Depois, no quarto trimestre, esses estudos já devem ser concluídos.  Já a análise e aprovação pelo Tribunal de Contas da União (TCU) é esperada para o primeiro trimestre de 2016, e, na sequência, nesse mesmo trimestre, já seriam realizados alguns leilões. "Vai vencer a licitação quem apresentar os melhores projetos", explicou.
O Fórum de Infraestrutura – Os desafios para o futuro do Brasil foi realizado nesta quarta, 17, no auditório do banco Santander, com apoio do escritório Mattos Filho e do Grupo Zurich.

Deputados do PT obstruem sessão da CPI da Petrobras após bronca de Lula

Brasília - Após a bronca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a bancada petista compareceu em peso na CPI da Petrobras, na Câmara, nesta terça-feira. Os petistas vieram dispostos a obstruir a sessão e começaram os trabalhos pedindo, por volta das 10h, a leitura da ata da última reunião - ato que geralmente é dispensado para agilizar os trabalhos. O relator Luiz Sérgio (PT-RJ) fez questão de registrar que votou contra todos os 140 requerimentos aprovados na semana passada.

Lula passou um pito em dirigentes e deputados do PT na semana passada e telefonou para o vice-presidente Michel Temer para se queixar do comportamento da bancada do PMDB. O motivo do mal-estar foi a aprovação, na quinta-feira, da convocação de Paulo Okamotto, diretor-presidente do Instituto Lula, pela CPI.

"Vocês não podem deixar o PT levar essa bola nas costas", disse Lula, em conversa reservada com petistas, no segundo dia do 5º Congresso nacional do PT, em Salvador. O ex-presidente disse que a situação era inadmissível e que os petistas estavam sendo "emparedados" na comissão.

Numa sessão tumultuada, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovou, na quinta-feira (11) 140 novos requerimentos, entre eles, a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, a quebra de sigilos do ex-ministro José Dirceu e de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, a convocação e quebra de sigilo do lobista Milton Pascowitch, além de acareações entre os principais personagens da Operação Lava-Jato.

Estão previstos nesta terça-feira na CPI os depoimentos dos ex-executivos da Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz (ex-presidente) e de Newton Carneiro da Cunha (ex-presidente do Conselho Administrativo)
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Delator da 'máfia do ISS' é preso em SP suspeito de receber propina Prefeitura diz que Luís Magalhães pediu dinheiro para não denunciar fiscal. Ele é um dos investigados por desviar dinheiro em troca de alvarás.

O ex-auditor fiscal Luís Alexandre Magalhães, um dos acusados de fazer parte da “máfia do ISS”, foi preso em flagrante na noite desta quarta-feira (17) em um bar no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Segundo a Prefeitura, ele foi pego recebendo dinheiro de propina de outro fiscal.
A prisão é resultado de uma operação conjunta entre o Ministério Público (MP) do estado, da Polícia Civil e da Controladoria Geral do Município (CGM). Segundo a administração municipal, Magalhães pretendia, em troca do dinheiro (cujo valor não foi divulgado), não citar o nome do fiscal na investigação da Promotoria que apura desvios do Imposto sobre Serviços (ISS). O G1 procurou o advogado do suspeito, Mario Ricca, mas ele informou que não sabia da prisão de seu cliente.
O recolhimento do imposto, que é calculado sobre o custo total da obra, é condição para que o empreendedor obtenha o documento. Para a Promotoria, os auditores sempre emitiam as guias com valores ínfimos e exigiam dos empreendedores o depósito de altas quantias em suas contas bancárias. Se a propina não fosse paga, os certificados de quitação do ISS não eram emitidos e o empreendimento não era liberado.Magalhães é delator do esquema que, segundo o MP, causou prejuízo de R$ 500 milhões aos cofres públicos do município. As investigações apontam que ele e outros auditores fiscais cobravam propina de empreendedores imobiliários para liberar o “Habite-se” (alvará de funcionamento).
O foco do desvio na arrecadação de tributos eram prédios residenciais e comerciais de alto padrão, com custo de construção superior a R$ 50 milhões. Toda a operação, segundo o MP, era comandada por servidores ligados à subsecretaria da Receita, da Secretaria de Finanças, e durou cerca de seis anos.
Magalhães e outros três fiscais chegaram a ser presos pelos crimes de corrupção e formação de quadrilha em 2013, mas foram soltos e respondem em liberdade. O Ministério Público também investiga a ação de outros agentes.
A Justiça determinou o bloqueio dos bens dos quatro suspeitos detidos inicialmente, incluindo uma pousada de luxo em Visconde de Mauá, apartamento de alto padrão em Juiz de Fora (MG), barcos e automóveis de luxo. Há ainda indícios de contas ilegais em Nova York e Miami, além de imóveis em Londres.

Brasil joga mal, perde da Colômbia e tem Neymar expulso após apito final

Neymar em partida do Brasil contra a Colômbia no Estádio Monumental David Arellano, em Santiago. 17/06/2015 REUTERS/Ricardo Moraes
(Reuters) - A seleção brasileira teve uma atuação muito apagada e perdeu para a Colômbia por 1 x 0 nesta quarta-feira, em Santiago, pelo Grupo C da Copa América, na primeira derrota do time desde o Mundial do ano passado e o retorno do técnico Dunga.
Após uma vitória sofrida sobre o Peru por 2 x 1 na estreia, o Brasil desta vez não contou com o talento de Neymar, que esteve abaixo de seu potencial, mostrou nervosismo e tomou cartão vermelho por causa de confusão com jogadores colombianos depois do fim da partida, em que já havia levado o amarelo.
O camisa 10 está automaticamente fora do jogo contra a Venezuela, pela terceira rodada da chave, no domingo, e pode desfalcar a equipe em outros confrontos da competição.
“Jogo foi difícil, não existe jogo fácil, mas criamos chances. Sabíamos que ia ser duro, isso é Copa América, não se ganha fácil, tem que lutar até o fim. As dificuldades vão acontecer sempre”, disse o lateral-direito Daniel Alves, que culpou a arbitragem pelo descontrole de Neymar.
“Não sei porque está nervoso, é culpa dos árbitros... aqui é América do Sul e são todos contra o Brasil”, completou.
O time brasileiro vinha de uma sequência de 11 vitórias seguidas, sendo 10 em amistosos, desde o fracasso no Mundial em casa, em julho do ano passado.
A vitória deixa a Colômbia empatada com o Brasil com três pontos no Grupo C, assim como a Venezuela, que ainda enfrenta o Peru na rodada. Para os colombianos, o resultado representa também uma vingança da derrota por 2 x 1 sofrida para os brasileiros nas quartas de final da Copa do Mundo de 2014.
O Brasil começou o jogo com duas mudanças em relação ao time da estreia na Copa América: Thiago Silva substituiu David Luiz na zaga e Firmino entrou na vaga de Diego Tardelli no ataque.

O início da partida teve marcação forte dos dois times, que optaram, então, por chutes de longa distância que não causaram muito perigo. Mas a Colômbia era melhor e comandava as ações no primeiro tempo, o que lhe permitiu abrir o placar aos 36 minutos. 

Deslocados e refugiados crescem 40% em 3 anos no mundo, diz ONU Em 2014 número de deslocados foi de 59,5 milhões, a maioria de crianças. Síria se torna o principal país de origem e Turquia o que mais abriga.

Refugiados curdos da Síria passam atravessam a fronteira com a Turquia, perto da cidade de Kobani (Foto: UNHCR / I. Prickett)Refugiados curdos da Síria passam atravessam a fronteira com a Turquia, perto da cidade de Kobani (Foto: UNHCR / I. Prickett)
No mundo, 59,5 milhões de pessoas estavam fora de seus locais de moradia até o final de 2014 por motivos como conflitos, violação de direitos humanos e perseguições. O índice abriga os números de refugiados (19,5 milhões), deslocados internos (38,2 milhões) e requerentes de asilo (1,8 milhão), segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
O número total de refugiados no mundo cresce de maneira acelerada desde 2011, quando era de 42,5 milhões – em três anos o aumento foi de 40%. Entre 2013 e 2014, o crescimento foi de 8,3 milhões de pessoas e representou o maior aumento já registrado em um ano.
A maioria dos 59,5 milhões de deslocados, refugiados e requerentes de asilo são de crianças. Em 2014 o percentual foi de 51%, ante os 41% registrados em 2009. 
Síria acomoda seus filhos depois de serem resgatados de um barco de pesca que levava 219 pessoas que tentavam entrar na Europa (Foto: UNHCR / A. D'Amato)Síria acomoda seus filhos depois de serem resgatados de um barco de pesca que levava 219 pessoas que tentavam entrar na Europa (Foto: UNHCR / A. D'Amato)

Assim como a liderança da Síria entre os maiores países de origem de refugiados, a tendência de crescimento no índice total de deslocados é atribuído pelo Acnur ao início da guerra civil na Síria, onde o presidente Bashar al-Assad, da minoria étnico-religiosa alauíta, enfrenta há quase quatro anos uma rebelião armada que tenta derrubá-lo do poder. Para piorar a situação no país, o grupo jihadista
 Estado Islâmico avança de forma violenta aumentando seu território controlado, que abriga importantes regiões tanto da Síria como do Iraque.Segundo o relatório, a Turquia se tornou, pela primeira vez, o país que mais abriga refugiados em todo o mundo – seguido do Paquistão e do Líbano. O principal país de origem desses refugiados é a Síria, na frente do Afeganistão – que estava na primeira posição há mais de 30 anos - e da Somália. Juntos, os três países correspondem a 7,6 milhões dos refugiados de 2014.
Refugiados angolanos - alguns deles vivam há mais de 40 anos na República Democrática do Congo - viajam de trem volta à sua terra natal  (Foto: UNHCR / B. Sokol  )Refugiados angolanos - alguns deles vivam há mais de 40 anos na República Democrática do Congo - viajam de trem volta à sua terra natal (Foto: UNHCR / B. Sokol )
O número de novos deslocamentos em 2014 foi de 13,9 milhões de pessoas, sendo que 11 milhões tiveram que fugir para outro lugar do próprio país, enquanto 2,9 milhões se refugiaram em outras nações. Por outro lado, 126,8 mil refugiados conseguiram voltar a seus países de origem no ano passado.
Refugiados no Brasil
As regiões em desenvolvimento são importantes locais de abrigo dos refugiados, indica o documento da ONU. Do total de refugiados mundiais, 86% estão em países que ainda se desenvolvem. Isso representa 12,4 milhões de pessoas. Já os países desenvolvidos abrigam 3,6 milhões de refugiados, ou 25% do total em todo o mundo.
Refugiados sírios na aula de português na Mesquita do Pari (Foto: Gabriel Chaim/G1)Refugiados sírios na aula de português na Mesquita do Pari (Foto: Gabriel Chaim/G1)
O relatório indica que o Brasil abrigava 7.490 refugiados em 2014. Dados mais atuais do Comitê Nacional de Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, indicam que o país abrigava 7.946 refugiados em abril de 2015. A maioria deles vem da Síria, seguidos de refugiados da Colômbia, Angola e da República Democrática do Congo.

Crise no Mediterrâneo
O fluxo de refugiados e migrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo em barcos com péssimas condições em busca de acolhimento em países europeus também apresenta aumento nos últimos anos. Em 2014 foram mais de 219 mil refugiados e migrantes, quase metade vindo da Síria e da Eritreia, segundo o relatório.

O número é quase três vezes mais do que os 70 mil registrados em 2011 durante a Primavera Árabe, período de manifestações realizadas em diversos países do Oriente Médio para questionar regimes autoritários.
O Acnur aponta que mais de 3.500 homens, mulheres e crianças foram reportadas mortas ou desaparecias no Mediterrâneo durante 2014. Os países europeus, principalmente França e Itália, que ficam mais próximos da chegada desses migrantes, debatem sobre como devem lidar com a onda migratória na região.
Migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo são levados a terra firme na barcaça de desembarque militar HSM Bulmark (Foto: Jamie Weller/Crown Copyright/Reuters)Migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo são levados a terra firme na barcaça de desembarque militar HSM Bulmark (Foto: Jamie Weller/Crown Copyright/Reuters)
Centenas de deslocados internos esperam no aeroporto Bangui’s M'poko, na República Central Africana (Foto: UNHCR / A. Greco )Centenas de deslocados internos esperam no aeroporto Bangui’s M'poko, na República Central Africana (Foto: UNHCR / A. Greco )
Mulher dá remédio para filho em campo para deslocados internos em Juba, no Sudão do Sul; conflito que eclodiu em dezembro de 2013 no país forçou o deslocamento de mais de 1.5 milhões de pessoas (Foto: UNHCR / A. McConnell)Mulher dá remédio para filho em campo para deslocados internos em Juba, no Sudão do Sul; conflito que eclodiu em dezembro de 2013 no país forçou o deslocamento de mais de 1.5 milhões de pessoas (Foto: UNHCR / A. McConnell)

Homem branco abre fogo e mata 9 em igreja de comunidade negra nos EUA Ataque ocorreu em igreja de Charleston, na Carolina do Sul. Atirador fugiu e está sendo procurado pela polícia.

Um tiroteio em uma igreja da comunidade negra na cidade de Charleston, na Carolina do Sul, nosEstados Unidos, deixou nove mortos e um ferido na noite desta quarta-feira (17), informou o prefeito Joseph Riley. O ataque ocorreu por volta de 21 horas (22h em Brasília) e, segundo a polícia local, um rapaz branco abriu fogo dentro do templo.
A polícia não forneceu a identificação dos mortos e do ferido.
Segundo a rede “NBC”, um senador democrata estaria entre as vítimas. O reverendo Al Sharpton, líder de direitos civis em Nova York, tuitou que o senador Clementa C. Pinckney morreu no ataque. O jornal “The New York Times” informou que Pinckney é reverendo no templo, mas não soube precisar se ele estava no local no momento do ataque.
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Frequentadores de igreja atacada em Charleston se abraçam após tiroteio (Foto: David Goldman / AP Photo)Frequentadores de igreja atacada em Charleston se abraçam após tiroteio (Foto: David Goldman / AP Photo)
O tiroteio ocorreu na Emanuel African Methodist Episcopal Church, uma das mais antigas da comunidade negra. Após o ataque, uma ameaça de bomba chegou à polícia local, que isolou o quarteirão onde está localizada a igreja.
Em sua conta no Twitter, a polícia de Charleston afirmou que estava buscando um suspeito branco, loiro, do sexo masculino e com cerca de 21 anos. Ele teria disparado contra os fiéis da igreja durante uma cerimônia. Ele estava vestindo um moletom cinza, calça jeans e botas.
Crime de ódio
“Havia oito mortos dentro da igreja. Duas pessoas foram transportadas para um hospital, mas uma delas não resistiu e morreu. Temos nove mortos”, disse o chefe de polícia de Charleston, Gregory Mullen. Ele afirmou que foi um “crime de ódio”.
Grupo se reúne para orar após tiroteio em igreja de Charleston (Foto: David Goldman / AP Photo)Grupo se reúne para orar após tiroteio em igreja de Charleston (Foto: David Goldman / AP Photo)
Um homem foi visto sendo algemado e preso por policiais após o incidente, mas ainda não se sabe se ele era o autor dos disparos.
Imagens de emissoras de TV mostraram helicópteros sobrevoando a área, ambulâncias e muitos policiais.
“Trata-se de uma tragédia desoladora nessa igreja histórica”, afirmou o prefeito Riley ao jornal local “The Post and Courier”.
"Ele (atirador) obviamente é extremamente perigoso", disse o presidente o chefe de polícia Mullen. "Vamos colocar todos os nossos recursos, vamos colocar toda a nossa energia em encontrar essa pessoa", afirmou.
Policiais e cães vasculham a cidade á procura do suspeito. A polícia pediu aos cidadãos para ligar para o 911 para denunciar suspeitos.
A Emanuel African Methodist Episcopal Church é uma das mais antigas igrejas da comunidade negra dos EUA. Denmark Vesey, um dos fundadores do templo, liderou uma revolta de escravos fracassada em 1822.
Um homem se ajoelha em frente a igreja atacada (Foto: Wade Spees / The Post e Courier / via AP Photo)Um homem se ajoelha em frente a igreja atacada (Foto: Wade Spees / The Post e Courier / via AP Photo)