quinta-feira, 7 de maio de 2015

E se os políticos fôssemos nós? Acredita ter encontrado a chave do segredo para aumentar participação dos cidadãos no processo político. Em Reinventar a Democracia, que, em Portugal, Manuel Arriaga explica como lá chegar Ler mais: http://visao.sapo.pt/e-se-os-politicos-fossemos-nos=f818902#ixzz3ZSR0JfBd

Manuel de Arriaga é o autor e propõe uma nova relação dos cidadãos com a política
Manuel de Arriaga é o autor e propõe uma nova relação dos cidadãos com a política
Foto: Nuno Botelho
A ideia, apesar de inovadora, traduz uma espécie de regresso aos clássicos. Já na Antiguidade, os cidadãos de Atenas eram recrutados para exercerem os seus deveres políticos.
Manuel Arriaga conta como o processo pode ser transposto para os dias de hoje através de um novo conceito a "deliberação cívica".
Após seis anos nos EUA, regressou no meio da crise que fustigou não só Portugal, como os outros países do Sul da Europa. Se sempre se interessara por política, lançou-se então aos manuais de Ciência Política, e recolheu toda a informação que pôde sobre experiências já feitas para aumentar a participação dos cidadãos. De toda essa procura nasceu Reinventar a Democracia, que chegou dia 5 às bancas, editado pela Manuscrito, uma nova chancela da Presença.
O livro parte do pressuposto de que o problema atual das democracias não pode só resolver-se castigando os partidos em épocas eleitorais, escolhendo outros: "Não se trata apenas de um problema de casting.
Se a peça é má, substituir os atores não a tornará melhor".
Manuel Arriaga viu com simpatia aparecerem movimentos como os Indignados, em Espanha, ou Occupy Wall Street, nos EUA. Achou-os muito mobilizadores mas, com exceção do Podemos, recém-criado em Espanha, "não parecem ter, até agora, deixado uma marca duradoura". Esses movimentos de protesto, explica, têm habitualmente como lideres as "vozes mais radicais " que surgem entre eles, mas acabam por esfumar-se, quando não conseguem articular uma lista de exigências concretas.
"Deliberação cívica"
De tudo o que leu interessou-o particularmente a chamada "deliberação cívica" um painel de cidadãos que não são escolhidos, mas sim sorteados aleatoriamente entre os eleitores, à semelhança do que sucede nos julgamentos com jurados. Só que, neste caso, os cidadãos são convocados para tomar determinada decisão política.
Mais a mais, a "deliberação cívica" já não é uma ideia abstrata. Foi testada, por exemplo, na Columbia Britânica (Canadá), em 2004, quando 160 eleitores foram recrutados pelo Governo provincial para uma "assembleia de cidadãos", destinada a fazer a reforma do sistema eleitoral. Outro exemplo foi o da legislação introduzida em 2010 no estado norte-americano do Oregon.
Antes dos referendos, uma Assembleia de Cidadãos (Citizens' Initiative Review), passa a ser convocada para estudar e emitir uma declaração pública fundamentada sobre os assuntos que os eleitores irão depois referendar. Em ambos os casos, o teste deu positivo.
"Pessoas erradas" na política
"Vivemos numa suposta democracia representativa ", esta é a base do diagnóstico a que chegou Arriaga, quando refletiu sobre os males da sociedade atual. Ou, dito de outra forma, um pouco mais crua: "Aqueles que nos governam não nos representam ".
As peças que vai juntando para aquela conclusão são-nos demasiado familiares.
Como a sensação de impotência dos cidadãos. "Pode irritar-nos ver mais uma decisão do governo a favorecer um grande grupo económico à custa do interesse público: ou mais um político a comprar votos com pontes caras pelas quais as gerações futuras terão de pagar". Lemos as notícias, mas o que poderemos fazer? Arriaga descreve ainda outro mal que conhecemos bem e a que os cientistas políticos chamam o fenómeno da "porta giratória": "Os governantes sabem que, quando abandonarem os seus cargos políticos, muito provavelmente lhes serão oferecidas posições lucrativas (por exemplo, como consultores ou membros do conselho de administração) nas empresas que regulem com 'gentileza'." Sabendo-se que as regras são estas, a política acaba por "atrair as pessoas erradas", explica o livro. "Mesmo que, em algum momento do séc. XX, tenha existido, em algumas partes do mundo, uma verdadeira cultura de serviço público, tudo sugere que essa cultura já está praticamente extinta".
Pelo contrário, como explicam os psicólogos sociais, quando um indivíduo se sente com poder, é menos capaz de empatia com outras pessoas. "Os políticos têm maior probabilidade de se identificarem com outras elites da nossa sociedade do que com os cidadãos em geral."
Poder aos cidadãos
Foi para combater estas distorções que Arriaga se interessou pelas experiências de "deliberação cívica". Se os partidos são formados, pelos menos em teoria, para representar classes sociais, um conceito não mencionado no livro, ou determinados interesses específicos (como os reformados), o autor acredita antes nestes painéis recrutados aleatoriamente, por representarem um "corte transversal" da sociedade.
Admite que possa "chocar" a ideia de entregar as decisões a cidadãos comuns.
É que vivemos "divididos entre dois fantasmas " ou elegemos uma elite que toma as decisões por nós, ou as entregamos a massas desinformadas.
Mas nenhuma das alternativas é necessariamente verdadeira. Primeiro, porque "sobrestimamos os conhecimentos" dos políticos. Por outro lado, os estudos feitos sobre "deliberações cívicas", como o do académico australiano John Dryzek, mostram que a primeira lição a tirar daquelas experiências é a "competência dos cidadãos ". Até porque, para tomarem as suas decisões, podem pedir os especialistas que quiserem ouvir sobre o assunto.
Em que casos funcionam estes painéis? Podem ser formados apenas para resolver assuntos específicos. Mas Arriaga pensa que deveriam funcionar em permanência, como uma segunda câmara acrescentada ao parlamento e que poderia pronunciar--se sobre as decisões tomadas pelo deputados eleitos. A única condição seria que, neste caso, teriam de ser recrutados só para um mandato, não renovável.
O autor fala ainda de outras possibilidades de participação dos cidadãos. Por exemplo, a criação do "voto preferencial".
Hoje os eleitores tendem a optar pelo voto útil, escolhendo não o partido com que mais se identificam, mas o que acham com mais possibilidades de derrotar quem absolutamente não querem no poder. Com o "voto preferencial" poderiam votar em mais do que uma força política, indicando a sua ordem de preferência.
Mas Arriaga passou os últimos dois meses mais uma vez absorvida pela "deliberação cívica". Anda a filmar depoimentos de pessoas que participaram nas experiências efetuadas, fosse no Canadá ou no Oregon, para ouvir desde um carteiro a um banqueiro.
"Quero mostrar que isto existe. E que pode funcionar."
Do livro ao filme
Formado em economia, Manuel Arriaga, 34 anos, é doutorado em gestão pela New York University (NYU). Hoje divide-se entre Lisboa, Cambridge e Nova Iorque, dando aulas de gestão, análise de dados e inovação tecnológica. E apesar do seu interesse por política, tem-se mantido relativamente à distância. Só chegou a ir a algumas reuniões do Bloco de Esquerda, na altura em Miguel Portas foi candidato a eurodeputado.
 
Reinventar a democracia é a versão portuguesa de Rebooting democracy, lançado no Reino Unido há um ano, quando o autor criou também um site na Internet com o mesmo nome, para estimular o debate. Mas o livro, que Arriaga diz ter sido um best-seller na Amazon.UK, na secção sobre democracia, tornou-se um "hit", sobretudo depois do vídeo colocado no YouTube pelo ator e apresentador de TV Russel Brand, onde lê excertos do livro, que recomenda. Quanto ao documentário que Arriaga anda efetuar sobre o mesmo tema (ver texto) ainda não tem titulo, a não ser um provisório, qualquer coisa como Democracy Boulevard.


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Começam as eleições parlamentares britânicas Partidos Conservador e Trabalhista estão tecnicamente empatados. Primeiro-ministro David Cameron tenta se manter no posto.

eleições Reino Unido David Cameron premiê vota (Foto: AP)David Cameron vota no Reino Unido (Foto: AP)
Os locais de votação abriram as portas nesta quinta-feira (7) nno Reino Unido para as eleições que definirão o próximo primeiro-ministro e que já estão entre as mais disputadas da história. As zonas eleitorais abriram às 7h (3h de Brasília) e a votação prosseguirá até 22h (18h de Brasília). Quase 45 milhões de eleitores estão registrados, mas o voto não é obrigatório.
 "Estas eleições me recordam o que Winston Churchill pensava da Rússia: uma charada envolvida em um mistério dentro de um enigma", resumiu Bernard Ingham, que foi diretor de comunicação de Margaret Thatcher.
Segundo as últimas pesquisas, o Partido Conservador e o Partido Trabalhista estão tecnicamente empatados na briga pelo domínio do Parlamento, com 34% da preferência do eleitorado. O Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), de Nigel Farage, teriam 12%, e os liberais-democratas, do atual vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, alcançariam 10%.
O pleito vai decidir entre a permanência do atual primeiro-ministro, David Cameron, no cargo ou pela escolha de um novo premiê. Do lado trabalhista, Ed Miliband é a aposta para o cargo.
Segundo as pesquisas, conservadores e trabalhistas não conseguirão as cadeiras necessárias para governar sozinhos e terão que negociar coalizões e alianças com partidos menores.
Ao final de votação será divulgada uma pesquisa de boca de urna, mas o resultado oficial definitivo só deve ser conhecido por volta de meio-dia de sexta-feira.
Os candidatos votaram cedo: Cameron em Witney, no condado de Oxfordshire, sul da Inglaterra; Miliband em Sutton, em North Yorkshire, norte da Inglaterra, e Clegg em Sheffield Hallam, também na região norte.
Estão em jogo as 650 cadeiras do Parlamento britânico, disputadas pelo sistema de voto distrital (vencem os candidatos com mais votos em cada um dos 650 distritos). O Reino Unido tem um sistema de maioria simples no qual, em cada uma das circunscrições, o candidato que consegue a maioria dos votos é eleito, enquanto os outros são descartados.
Também acontecem eleições municipais em grande parte da Inglaterra, mas não em Londres.
eleições Reino Unido Ed Miliband vota (Foto: AP)Ed Miliband vota (Foto: AP)

O reino das incertezas O primeiro-ministro que sair das eleições de hoje no Reino Unido tem pela frente desafios como o endividamento, a redução da influência britânica a nível global e a desagregação interna Ler mais: http://visao.sapo.pt/o-reino-das-incertezas=f818834#ixzz3ZSPO6mAz

David Cameron, líder dos Conservadores, e Ed Miliband, líder dos Trabalhistas.
David Cameron, líder dos Conservadores, e Ed Miliband, líder dos Trabalhistas.
Foto: Reuters
O vencedor das eleições britânicas desta quinta-feira enfrenta o desafio de liderar um país de paradoxos. Na economia, apesar dos números do crescimento (2,8% em 2014, a maior taxa do G7) e do baixo desemprego (menos de 6%), existem nuvens negras, enquanto, socialmente, já se vê a face sombria deste modelo de "desenvolvimento" económico. Este é um país muito desigual. Os pobres são sujeitos aos desumanos "contratos zero horas" - em que a mão de obra que tem de estar disponível para ser chamada a qualquer hora, trabalhando em intervalos, a tempo parcial, em exclusivo para um mesmo empregador, sem qualquer noção do que seja um ordenado certo ao final do mês e aos cortes que a política de austeridade impõe no Estado Social. Enquanto isto, os gastos anuais do 1% mais rico da população são mais ou menos os mesmos, fazendo cálculos conservadores, do que aqueles que existiriam se o reino suportasse não uma dinastia mas 1100 famílias reais.
Assim existem envelhecidos e despojados bairros multiculturais vitorianos nos quais caixotes de doação de roupa se situam ao lado de caixotes do lixo. Mas também zonas de elite, rurais, como Whitney, em Costwolds, que costuma dar líderes conservadores ao país. Ai, há transporte gratuito para idosos, jogos de polo ao fim de semana e esplendorosas festas de sábado à noite. Por um (nada) estranho acaso precisamente aquelas festas em que Rebbeca Brooks, a editora do extinto diário populista conservador News of The World, criminosa condenada, se cruzava com frequência com David Cameron e até Ed Miliband...
Junte-se a isto o famoso gap geracional - aliás responsável pelo colapso dos Liberais Democratas - em que os mais novos se endividam até aos 40 anos para pagarem os seus estudos e são obrigados a viver com os pais ou em casas partilhadas, enquanto os mais velhos levaram, e ainda levam, vidas douradas.E no horizonte não se veem rosas: o novo primeiro-ministro ver-se-á obrigado a debelar um deficit comercial acumulado que é o maior da União Europeia (114 mil milhões de euros), um desequilíbrio das contas públicas de 5,5% do PIB e uma dívida em crescendo, de 70% do produto em 2010, para 90% em 2014. Por isso, conservadores e trabalhistas concordam na austeridade.
Nacionalismo e bem-estar
Assim, na política interna, o crescimento dos nacionalistas, imparável desde 1979 (ver caixa) é também alimentado pela destruição do Estado Social. Atente-se nas palavras de Leanne Wood, a líder galesa do Playd Cymru, para quem a austeridade não está baseada na responsabilidade orçamental mas antes no analfabetismo económico: "o Pais de Gales foi a chave para a construção do Estado de bem-estar britânico; agora teremos de começar a construir um Estado de bem-estar galês".
O país ameaça fragmentar-se de forma rancorosa, senão suicida. Os bons resultados do SNP, os nacionalistas escoceses, responsáveis pelo colapso anunciado do Labour na Escócia e pelo referendo que quase conseguiu acabar com o Reino em 2014 estão ai para o provar. Ou os dos independentistas ingleses UKIP, que querem acabar com a relação com a Europa até 2018. E na arena internacional, a "ilha mais poderosa do planeta", com colónias em todos os oceanos e até no Mediterrâneo, ainda membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, está em retração, consequência, também, dos cortes na defesa e na diplomacia. Depois das "aventuras criminosas" de Blair no Iraque, a apetência britânica para intervir no exterior é tão pouca que a sua participação na missão internacional contra o ISIS se limita a um voo por dia, realizado por um velho (1979) caça-bombardeiro Tornado.


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Alvo de busca da Lava Jato, Cunha retalia e quer procurador-geral na CPI Aliados de presidente da Câmara também querem quebra de sigilo telefônico de Janot

Eduardo Cunha e Paulo Pereira da Silva na terça-feira. / UESLEI MARCELINO (REUTERS)
Para toda ação, uma reação. A expressão caracteriza cada vez mais a atuação de Eduardo Cunha, o peemedebista que preside a Câmara dos Deputados brasileira.
A mais recente reação foi a de articular a convocação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para depor na CPI da Petrobras. A razão foi um mandado de busca e apreensão no departamento de informática da Câmara para apurar se Cunha teria usado o seu mandato parlamentar para ajudar a quadrilha que desviou bilhões de reais da Petrobras.

Na manhã desta quarta-feira, aliados de Cunha, como o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB) e o oposicionista Paulo Pereira da Silva (SD-SP), iniciaram conversas parapressionar Janot e colocá-lo frente a frente com os deputados inquisidores da comissão. Nos próximos dias, Pereira da Silva deve apresentar um requerimento para que a CPI convoque o procurador.O mandado foi cumprido entre segunda e terça-feira por técnicos do Ministério Público e acompanhados por funcionários do Legislativo. Cunha reclamou: “Ele escolheu a mim e está insistindo na querela pessoal porque eu o contestei. Virou um problema pessoal dele comigo”, afirmou.
No último dia 28, o jornal Folha de S. Paulo revelou que o registro eletrônico da Câmara reforçava a suspeita contra Cunha de que ele tenha sido o autor de dois requerimentos que investigavam a Mitsui, uma das fornecedoras da Petrobras. O objetivo desses requerimentos, segundo um depoimento do doleiro e operador do esquema ilegal Alberto Youssef, era pressionar a Mistui a voltar a pagar propinas aos políticos.
O presidente da Câmara é um dos 49 políticos brasileiros investigados no esquema e tem dado seguidos depoimentos contra o procurador-geral. Já disse, por exemplo, que a investigação contra ele é uma “querela pessoal” de Janot. Sempre reafirmando que é inocente e que nunca participou do esquema de desvios de recursos da petroleira.
No mês passado, o deputado do Solidariedade já havia pedido a quebra de sigilo dos dados telefônicos de Janot e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A suspeita do parlamentar é de que os dois tenham tratado de assuntos relacionados à operação Lava Jato antes da apresentação do pedido de investigação do braço político da quadrilha que agia na Petrobras.
Se a CPI aprovar o requerimento, será possível ter acesso a dados como números chamados, horário das ligações e tempo de duração de cada conversa. Não haverá, porém, a gravação dos áudios de cada ligação.

Avanços no combate à inflação ainda não se mostram suficientes, diz BC Inflação tende a permanecer elevada em 2015, segundo o órgão. Copom ainda vê riscos relacionados a aumentos de salários.

A tendência de que a inflação alcance o centro da meta do governo, de 4,5%, ao final de 2016, tem se fortalecido, segundo o Banco Central. Segundo o órgão, no entanto, os avanços alcançados no combate à inflação ainda não se mostraram suficientes.
No documento, o BC aponta que a inflação tende a permanecer elevada em 2015. Esse patamar elevado reflete, em grande parte, ps efeitos do realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e o realinhamento dos preços administrados (os que tem reajuste determinado, como contas de água e luz) em relação aos livres.A avaliação está na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada nesta quinta-feira (7). Na reunião, realizada na semana passada, o BC elevou para 13,25% a taxa básica de juros, a Selic.
"O Comitê considera ainda que, desde sua última reunião, entre outros fatores, esses ajustes de preços relativos na economia tornaram o balanço de riscos para a inflação desfavorável para este ano. (...) Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes, para circunscrevê-los a 2015".
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Juros avançam para 13,25% ao ano na quinta alta seguida (Foto: Editoria de Arte/G1)
Crédito e emprego
O Copom vê, em suas notas, um desaquecimento no mercado de trabalho, mas aponta que "prevalece risco significativo" relacionado a aumentos de salários "incompatíveis com o crescimento da produtividade, com repercussões negativas sobre a inflação". "O Comitê avalia que a dinâmica salarial ainda permanece originando pressões inflacionárias de custos", diz o texto.
No crédito, o BC vê riscos menores de influência sobre a inflação, por conta da expansão mais moderada. Mas considera necessárias "iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito".
Sistema de metas e atividade econômica
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O próprio Banco Central já admite que a inflação deve estourar o teto de 6,5% do sistema de metas em 2015. A autoridade monetária tem dito que trabalha para evitar a propagação da inflação neste ano e para trazer a o IPCA para o centro da meta, de 4,5%, até o final de 2016.
Em março, a inflação oficial ficou em 1,32%, depois de avançar 1,22% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior desde fevereiro de 2003, quando atingiu 1,57%, e a mais elevada desde 1995, considerando apenas o mês de março. Para este ano, o mercado prevê um IPCA de 8,25% ao ano, o maior patamar desde 2003.
Do lado da atividade econômica, analistas não descartam a possibilidade de o país entrar de novo em recessão, a exemplo do registrado no ano passado. A chamada recessão técnica se caracteriza por dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa da maior parte do mercado financeiro, realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 analistas de bancos, é de que a economia brasileira tenha retração de 1,1% em 2015 – a maior em 25 anos.

Desemprego no Brasil sobe a 7,9% no 1º tri, mostra Pnad Contínua

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil subiu a 7,9 por cento no primeiro trimestre deste ano, ante 6,5 por cento no quarto trimestre de 2014, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa é a maior taxa desde o primeiro trimestre de 2013, quando atingiu 8,0 por cento.
(Por Rodrigo Viga Gaier)

Dólar cai 0,4% com mercado procurando nível de equilíbrio Banco BNP Paribas, em relatório, ressaltou que a volatilidade cambial segue alta no Brasil, mas a tendência é que diminua

 Foto: Sergio Moraes / Reuters
Mulher segura notas de dólares em cima de notas de real no Rio de Janeiro. 31/03/2015
Foto: Sergio Moraes / Reuters
A moeda norte-americana caiu 0,39%, a R$ 3,0687 na venda, após atingir R$ 3,0925 na máxima e R$ 3,0422 na mínima da sessão. Nas quatro sessões anteriores, o dólar acumulou alta de 5,44%. Segundo dados da BM&FBovespa, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,5 bilhão.
A divisa dos Estados Unidos também recuava em relação a outras moedas emergentes importantes, o que corroborava o alívio no mercado doméstico.
"Em termos de fundamento, o dólar deveria oscilar um pouco acima de R$ 3, mas a volatilidade está muito alta. O mercado está procurando um nível para se assentar", destacou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
O banco BNP Paribas, em relatório, ressaltou que a volatilidade cambial segue alta no Brasil, mas a tendência é que diminua.
O modelo cambial do banco estimou o nível justo do câmbio em R$ 3,016, com base em indicadores econômicos, no balanço de pagamentos e nos termos de troca. Considerando os níveis atuais do dólar, o BNP Paribas não fez recomendações para posições cambiais.
Cresce fila do desemprego na capital brasileira do petróleo
De maneira geral, operadores concordam que o câmbio será guiado nas próximas semanas pelas perspectivas em relação ao ajuste fiscal no Brasil e às políticas monetárias brasileira e norte-americana. Na quinta-feira será divulgada a ata da reunião do Copom da semana passada, que pode trazer luz sobre o futuro da taxa Selic, enquanto o relatório de emprego nos Estados Unidos - importante dado para balizar apostas sobre o início do aperto monetário nos EUA - será conhecido na sexta-feira.
"Se os dados dos EUA vierem bons, o mercado vai voltar a colocar na conta uma alta de juros daqui a pouco, e aí vem mais uma onda de pressão sobre o dólar", disse o superintendente de câmbio de uma gestora de recursos nacional.
Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em junho, vendendo a oferta total de até 8,1 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária rolou o correspondente a US$ 787 milhões, ou cerca de 8% do lote total, equivalente a US$ 9,656 bilhões.