domingo, 26 de abril de 2015

TERREMOTO NO NEPAL » “Ouvimos a montanha ranger”

Sherpa nepalês no dia 18 de abril em Namche Bazar (Everest) / ROBERTO SCHMIDT (AFP)
intenso terremoto que sacudiu o Nepal se transformou em uma avalanche mortal no Everest. A neve desabou sobre alguns acampamentos em plena temporada de escalada, bem quando começam as melhores semanas para tentar subir ao pico mais alto do mundo. As autoridades locais indicaram que havia pelo menos 10 mortos, enterrados sob a neve, mas que é provável que a cifra aumente.
Foram registradas avalanches em todo o Himalaia. “Sentimos a montanha ranger”, afirmava o veterano alpinista Carlos Soria no Facebook de sua expedição. “As cadeiras começaram a se mover dentro da loja comunitária e ouvimos uma grande avalanche; fazia mau tempo e não conseguíamos ver nada”, explicava depois, através de um telefone satelital, o espanhol de 76 anos, acampado perto do Anapurna (8.091 metros). O pico, situado a uns 200 quilômetros a leste de Katmandu, está muito próximo do epicentro do sismo. A equipe de Soria, composta por outros quatro espanhóis e vários sherpas, encontra-se em perfeito estado. Há dois dias tinham desistido de subir à cúpula.
Abril é um dos meses mais populares de escalada na cordilheira do Himalaia, antes que a chuva e as nuvens ocultem seus míticos picos no final de maio. Quando se registrou o terremoto, mil alpinistas estavam na vertente nepalesa do Everest, no campo base ou em suas laterais, segundo os cálculos do Ministério do Turismo do Nepal. Entre os mortos podem estar tanto “estrangeiros quanto sherpas”, afirmava um porta-voz. Não se sabia neste sábado de quais nacionalidades.
O pânico se apoderou de vários acampamentos, sobretudo nas regiões do Himalaia mais próximas ao epicentro do sismo, situado a 150 quilômetros a oeste de Katmandu (o Everest está a 200 quilômetros nessa direção da capital nepalesa). “Saí correndo da minha barraca para salvar minha vida. São e salvo. Muita, muita gente na montanha”, tuitou o alpinista romeno Alex Gavan, que no momento do terremoto estava se preparando para subir ao Lhotse, a quarta montanha mais alta do mundo, vizinha do Everest. “Grande desastre. Ajudo na busca e resgate das vítimas”, disse.
As comunicações na área são complicadas, confirmava Soria. O difícil acesso complica as tarefas de salvamento. Para chegar por via terrestre aos acampamentos são necessárias longas e difíceis marchas de aproximação, que podem se prolongar por semanas, ou um helicóptero, mas a neve que caía ontem impedia os voos.
Mil alpinistas acampavam na vertente nepalesa do pico
A diretora da agência France Presseno Nepal, Ammu Kannampilly, assegurou que o terremoto deixou os alpinistas isolados. “Ficamos presos pelo tremor de terra no Everest. Está nevando, nenhum helicóptero pode chegar”, explicou através de uma mensagem de texto.
De um dos acampamentos no Everest, a 5.700 metros de altura, a alpinista catalã Nuria Picas explicou à Rede SER que sentiu o terremoto enquanto preparavam o material na barraca. “Nós estamos bem, apesar de assustados pelos que estão lá em cima”, disse. “De repente, começou a nevar e ocorreram várias avalanches, embora por sorte nenhuma nos pegou.”
“A avalanche de hoje terá um impacto na atividade, mas é um desastre natural e ninguém pode fazer nada”, disse para a Reuters, Ang Tshering Sherpa, presidente da Associação de Montanhistas do Nepal.

“Os hospitais estão destruídos. Precisamos de ajuda”, alerta Nepal

Trabalhadores de resgate junto a um cadáver nas ruínas de um edifício em Bhaktapur. / AP / REUTERS-LIVE!
Centenas de pessoas passaram a noite ao relento em Katmandu, a capital do Nepal, após o devastador terremoto que sacudiu o país no sábado, atingindo também regiões da Índia, da China e de Bangladesh e que provocou a morte de cerca de 2.200 pessoas, segundo o último balanço oficial, além de inúmeros danos ao patrimônio histórico do país. Os serviços de emergência e voluntários continuam retirando escombros, às vezes com as próprias mãos, para tentar localizar sobreviventes, enquanto novos abalos atingem o país. Um deles, de 6,7 graus na escala Richter, provocou novas avalanches na área do Everest neste domingo. Com o tremor do sábado, deslizamentos atingiram a montanha mais alta do mundo justamente no início da temporada de escalada. Em um dos incidentes, 17 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no acampamento-base no lado sul da montanha.

Com seu epicentro a cerca de 150 quilômetros a noroeste de Katmandu, o terremoto foi sentido principalmente no vale no qual se situa a capital nepalesa, que viu cair por terra boa parte de seu patrimônio histórico, como a torre Dharahara. Outros edifícios de Katmandu vieram abaixo ou ficaram gravemente danificados, e as tarefas de resgate se concentram em localizar sobreviventes entre as montanhas de escombros. Enquanto isso, os mortos são colocados lado a lado nas ruas.“Tanto os hospitais públicos como particulares estão destruídos, e muitos pacientes estão sendo tratados ao ar livre”, informou o embaixador nepalês na Índia. “Estou exausto, mas temos que continuar”, declarou à agência Reuters um policial cuja equipe transferiu 166 feridos e mortos aos centros médicos. “Precisamos de ajuda”, afirmou o ministro da Informação, Minendra Rijal.
O oficial militar Santosh Nepal disse à Reuters que trabalhou durante toda a noite nas ruínas de um prédio de três andares derrubado no centro de Katmandu usando picaretas porque as escavadeiras não conseguiam passar pelas ruas estreitas do bairro histórico da cidade. “Acreditamos que ainda haja pessoas presas lá dentro”, declarou. Muitas construções foram reduzidas a um amontoado de tijolos, enquanto outras ficaram inclinadas, em um equilíbrio precário e ameaçando despencar a qualquer momento. Outros ainda sofreram quedas parciais e exibiam abertamente os pertences de seus habitantes.
Milhares de pessoas passaram a noite ao relento com temperaturas abaixo de zero e sob uma leve garoa, com medo de voltar a suas casas, destruídas. Muitos vagavam pelas ruas cobertos com mantas ou se sentavam nas calçadas com seus filhos pequenos no colo e carregando pequenas malas com seus pertences. Os novos tremores estão sendo sentidos desde o sábado.
Segundo a polícia, até 200 pessoas ficaram presas na torre Dharahara, uma das atrações turísticas mais importantes da cidade, construída em 1832 pela rainha do Nepal, e da qual restou apenas um pequeno pedaço de uma das paredes. Com a chegada do bom tempo, cerca de 300.000 turistas estavam no país quando, ao meio-dia do sábado (hora local, 3h em Brasília), a terra tremeu como não fazia desde 1934, quando um abalo de 8,1 graus deixou mais de 8,5 mil mortos (o de sábado alcançou 7,9 graus). O último balanço feito pelas autoridades nepalesas calcula 1.953 mortos, além de 53 na Índia e 17 no Tibete. O número de feridos passa de 4.500.
Muitos feridos continuam chegando aos hospitais, além de corpos retirados das montanhas de escombros. O oficial de polícia Sudan Shreshtha disse à Reuters que transportou durante a noite um total de 166 cadáveres ao Hospital Universitário de Tribhuvan. Ali os corpos ficaram armazenados, cobertos apenas por um pano. Outros, nem isso tiveram. Os suprimentos médicos estão se esgotando.
Com o governo nepalês sobrecarregado pela dimensão da tragédia, a Índia enviou suprimentos médicos e equipes de salvamento, um total de 285 membros de sua Força de Resposta a Desastres, enquanto a China mandou uma equipe de emergência de 60 pessoas. Organizações internacionais estão, ainda assim, reunindo voluntários para ajudar o Nepal e colaborar com as tarefas de resgate. Países como os Estados Unidos, o Reino Unido e o Paquistão também ofereceram ajuda.

Nova série de vídeos da Microsoft convida consumidores a conhecerem a linha Lumia

Desde que assumiu o controle da linha Lumia, a Microsoft resolveu aumentar o número de dispositivos no mercado para tentar atender todos os tipos de usuários, assim como faz a Samsung, por exemplo.
Isso fez com que diversos aparelhos da linha Lumia fossem anunciados nos últimos meses. A intenção da Microsoft é expandir as vendas de seus smartphones em topo o mundo, e por isso, a companhia resolveu publicar uma nova série de vídeos com base em seus dispositivos e sistema operacional.
Com a nova série de vídeos, a Microsoft convida os consumidores a conhecerem a linha Lumia e todas as suas principais características, já que muita gente pensa em migrar para o Windows Phone, mas fica com receio por não conhecer o funcionamento do sistema operacional da companhia, que ainda é pouco utilizado no mundo, se pegarmos como parâmetro o Android e iOS, plataformas rivais.
São dez vídeos no total, sendo que cada um foca em uma funcionalidade diferente do Windows Phone e dos smartphones da linha Lumia. Os temas variam de como fazer uma ligação, até como utilizar os aparelhos em sua vida profissional, por exemplo.
Se você ficou curioso para conferir as novidades produzidas pela Microsoft para exaltar a linha Lumia e seu sistema operacional, confira os vídeos abaixo e entenda melhor como funciona o Windows Phone e seus dispositivos:

Receitas da Microsoft sobem, com Windows em queda e nuvem a crescer Lucros desceram 12%, penalizados em parte pelas despesas associadas à compra dos telemóveis da Nokia.

Satya Nadella tem a missão de mudar a Microsoft SAUL LOEB/AFP
As contas da Microsoft mostram a transformação que a empresa tem tentado fazer nos tempos recentes. Tanto as receitas das vendas de serviços online, como as de publicidade no motor de busca Bing e ainda as da venda de tabletsSurface cresceram nos primeiros três meses do ano. Pelo contrário, o negócio do sistema operativo Windows, o produto por que a Microsoft se tornou uma gigante mundial e que é historicamente uma das grandes fontes de receita, continua em queda.
Nos resultados apresentados esta semana, a Microsoft indica que as receitas dos serviços comerciais online (os serviços na cloud) subiram 106% e a companhia extrapola que, em termos anuais (vários destes serviços são pagos anualmente) representariam uma facturação 6,3 mil milhões de dólares. Nestes serviços incluem-se uma versão online do Office, chamada Office 365, e a plataforma Azure, que serve para empresas criarem os seus próprios serviços e aplicações acessíveis via Internet.
"Assistimos a um incrível crescimento nos nossos serviços de cloud neste trimestre", frisou, em comunicado, o presidente executivo, Satya Nadella. Antes de assumir o cargo cimeiro, Nadella era responsável por esta área e desde que substitui Steve Ballmer definiu-a como uma prioridade.
Já as receitas de publicidade no Bing subiram 21%, com a Microsoft a reclamar uma quota de 20% do mercado. 
Por seu lado, o negócio de venda do Windows a fabricantes de computadores continuou a descer, afectado por uma versão que não atraiu os consumidores e pelo declínio do mercado dos computadores pessoais. 
Feitas as contas, a Microsoft obteve receitas de 21,7 mil milhões de dólares, uma melhoria de 6% em relação ao mesmo período do ano passado, e lucros de 4985 milhões, o que significa uma quebra de 12%.  
A empresa diz que os resultados sentiram o impacto de 190 milhões de dólares de custos relacionadas com a incorporação do negócio de telemóveis da Nokia, bem como das "despesas de reestruturações" que foram anunciadas no ano passado. Em Julho, a Microsoft anunciou o despedimento, faseado, de 18 mil funcionários, o maior corte da sua história, correspondente a 14% da força de trabalho. Para além disto, os números sofrem também com o fortalecimento recente do dólar face a outras divisas, nomeadamente o euro. Esta situação penaliza o negócio da multinacional quando se trata de converter a facturação conseguida fora dos EUA. 
Os resultados trimestrais mostram ainda um aumento de procura dos tabletsSurface. As receitas com estes aparelhos cresceram 44% nos primeiros três meses deste ano, por comparação com o mesmo trimestre de 2014.  
Foi há quase três anos que a Microsoft começou a produzir equipamentos de marca própria, em vez de se dedicar apenas ao sistema operativo e aosoftware que fazem estas máquinas funcionar. Desde então, os Surface (bem como o Windows que os acompanha) têm estado longe de ser um sucesso no mercado. No mês passado, a empresa apresentou uma nova versão da gama mais baixa do Surface, que surgiu pela primeira vez com o sistema Windows 8, em vez do mais limitado Windows RT, que foi um fiasco desde o lançamento.
A Microsoft vendeu ainda 8,6 milhões de smartphones, conseguindo receitas de 1,4 mil milhões de dólares.

Combatentes islâmicos conquistam cidade síria de Jist al-Shughour

BEIRUTE (Reuters) - Insurgentes islâmicos incluindo a ala da Al-Qaeda na Síria, Frente al-Nusra, dominaram a cidade do noroeste sírio de Jisr al-Shughour neste sábado, pela primeira vez nos quatro anos de conflito.
A mídia estatal síria afirmou que o exército havia se realocado para os arredores da cidade "para evitar vítimas civis". Eles disseram que o exército estava enfrentando "um grande número de terroristas vindos da fronteira com a Turquia."
A captura da cidade estratégica é a última em uma série de revezes das forças do governo no sul e no norte.
Combatentes de oposição e o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) disseram que a cidade, na estrada entre a cidade costeira de Latakia e Aleppo, estava agora totalmente controlada por insurgentes.
"Toda Jisr al-Shughour está agora liberada, não há mais regime lá", disse Ahmad, do escritório de imprensa do grupo islâmico Ahrar al-Sham, que está participando da batalha, à Reuters.
Após tomar a cidade, os combatentes continuaram seu ataque com o objetivo de empurrar o exército para fora das poucas áreas restantes do governo na província de Idlib.
AVANÇO NA COSTA

No mês passado, os grupos islâmicos sunitas conquistaram a cidade de Idlib, capital da província de Idlib perto da Turquia, após formarem uma aliança que inclui a Frente Nusra, o movimento de linha dura Ahrar al-Sham e a Jund al-Aqsa, mas não o Estado Islâmico, seu rival.

Pode o nosso cérebro impedir o envelhecimento? Há quase quarenta anos que uma professora de Psicologia em Harvard tenta provar que temos o poder de combater o envelhecimento e de nos curarmos a nós próprios. Os resultados dos seus estudos são surpreendentes - embora a comunidade científica continue cética Ler mais: http://visao.sapo.pt/pode-o-nosso-cerebro-impedir-o-envelhecimento=f817462#ixzz3YQ19QIKZ

Pode o nosso cérebro impedir o envelhecimento?
Num dia desta primavera, meia centena de mulheres com cancro da mama estádio IV vai reunir-se no Texas. Vindas de vários pontos dos Estados Unidos, serão divididas em dois grupos e conduzidas a um hotel. Um dos grupos continua com o seu tratamento hormonal, enquanto o outro grupo é transportado até 2003. Todo o espaço estará decorado como se fosse o início dos anos 2000. Apenas revistas e jornais antigos dessa altura estarão disponíveis, bem como programas de televisão e filmes da época. Durante uma semana, as mulheres vão ser encorajadas a pensar em si como se fossem oito anos mais novas - quando eram saudáveis - e a falar desse tempo no presente. Não se verão ao espelho (mas haverá fotografias suas tiradas há 12 anos ou mais) e vão frequentar aulas de arte, culinária e escrita. No final, serão comparados indicadores de bem-estar (incluindo os marcadores tumorais) com os do início da experiência, os do segundo grupo e ainda os de um terceiro, de controlo, que não chega a ir para o Texas. A expetativa é que os tumores destas mulheres, sem a ajuda de qualquer droga, diminuam de tamanho.
A experiência foi desenhada por Ellen Langer, a docente de psicologia mais antiga da Universidade de Harvard e a primeira mulher a tornar-se professora residente do departamento. É a maior aposta da vida desta americana, que há 38 anos tenta provar que o indivíduo consegue controlar o seu envelhecimento e saúde apenas com algumas mudanças mentais. Nos últimos anos, depois de décadas a ver o seu trabalho desvalorizado, Langer tornou-se estrela de um documentário da BBC, cedeu os direitos da sua história a um estúdio de Hollywood, vendeu milhares de livros e viajou pelo planeta a explicar a sua teoria de unidade corpo/mente e o seu conceito de mindfulness, ou atenção plena. Prepara-se agora para arriscar tudo, quando chegarem as últimas autorizações, e levar a sua teoria à última fronteira: pacientes de cancro. É a aposta mais arriscada de uma vida inteira a desafiar o mundo médico, mas a única possível, aquela para a qual se prepara desde que, aos 29 anos, viu a mãe morrer vítima desta doença.
"A certa altura, o cancro da minha mãe metastizou-se para o pâncreas e disseram-nos que era o fim", recorda a investigadora. "Mas, pouco depois, ela entrou em remissão. O cancro desapareceu durante algum tempo e ninguém conseguia explicar porquê. Isso definiu a agenda de pesquisa para o resto da minha vida: como é que, sem se mudar nada no tratamento, isto acontece?"
'Os limites são artificiais'
Langer recorda a história no seu gabinete em Cambridge, Massachusetts, no 13.° andar do William James Hall. O prédio é o mais alto do campus de Harvard, uma moderna torre branca com vista para os edifícios de tijolo (alguns com quase 400 anos) que compõem a mais antiga universidade dos Estados Unidos. Foi neste espaço que despontaram os mais de 200 estudos que, garante a psicóloga, lhe permitem questionar verdades médicas absolutas e afirmar que as pessoas se conseguem "fazer doentes e fazer saudáveis."
Langer nasceu longe daqui, no bairro nova-iorquino do Bronx, e licenciou-se em química na Universidade de Nova Iorque. Preparava-se para estudar medicina quando, por influência de um professor, se mudou para Yale e começou a trabalhar na área da psicologia. Os conceitos que explorou na tese de doutoramento, em que tentava perceber como a mais lógica das pessoas se deixa seduzir pelo tipo de pensamento mágico envolvido num jogo de sorte, estão na base de uma área de estudos conhecido como economia comportamental.
Já em Harvard, estudou como influenciar os nossos pensamentos e comportamentos com pequenas mudanças. Mostrou vídeos de entrevistas a psiquiatras e percebeu que avaliavam os entrevistados de forma diferente se estes fossem rotulados de "pacientes" ou de "candidatos". Quando analisou os painéis de letras que os oftalmologistas usam para avaliar a visão dos pacientes, em que as letras vão ficando mais pequenas, percebeu que "a estrutura do teste já nos está a convencer que vai chegar um ponto que não conseguimos ver". Colocou então as letras pequenas no topo. As pessoas passaram a ver carateres que não viam. Depois acrescentou uns níveis de letras mais pequenas. O mesmo resultado.
Alguns resultados destes estudos iniciais pareciam tão fantásticos que Langer hesitava em publicá-los. "Comecei a perceber que os limites que julgamos ser reais são, na verdade, artificiais e não temos de os aceitar", explica.
Elixir da juventude
Langer foi depois estudar como influenciar estas perceções. Num estudo, selecionou 84 camareiras de hotel que não faziam exercício físico. Explicou a metade delas que o seu trabalho era, de facto, exercício, como se estivessem num ginásio. Um mês depois, sem que tenham descrito mudanças na sua dieta ou na prática de desporto, estas funcionárias tinham perdido, em média, perto de um quilo, baixado a pressão arterial em 10 pontos e reduzido o perímetro abdominal.
Outra investigação levou-a a um salão de beleza: mediu a tensão arterial de 47 mulheres entre os 27 e os 83 anos; após pintarem e cortarem o cabelo, as que disseram sentir-se mais novas tinham baixado a sua tensão. "Era como se tivessem posto a sua mente num local e o corpo seguisse", explica.
Em 1981, no seu mais ambicioso estudo até então, testou esta teoria. Levou oito homens na casa dos 70 anos para uma casa em New Hampshire (nordeste dos EUA) onde tudo estava como se fosse o ano 1959. Os homens tiveram de carregar as suas malas pelas escadas acima até aos quartos. Durante uma semana, foram tratados como se tivessem menos 20 anos. No final da experiência, demonstraram maior destreza manual, memória, audição, visão, artrite, postura e, segundo observadores independentes que analisaram fotografias tiradas antes e depois, pareciam mais novos. O estudo, conhecido como counterclockwise, foi o primeiro a tornar o nome de Langer conhecido.
Estas descobertas colocam, uma vez mais, uma pergunta a que a ciência sempre tentou responder: como se passa de algo tão indistinto como os pensamentos para algo material como a nossa saúde? Mas não é essa questão que interessa à psicóloga. Há vários anos que Langer abandonou a ideia de que o corpo segue a mente. "O que quer que seja que acontece no nosso corpo, acontece em simultâneo e não em cadeia. Onde a mente está, o corpo também está. Mente e corpo são apenas palavras. Precisamos de tornar a colocá-los juntos", defende, enunciando a base da sua teoria de unidade corpo/mente.
A cientista diz também se ter apercebido que "a maioria das pessoas está completamente alheia ao que se passa à sua volta durante grande parte do tempo." É por isso, assegura, que seguimos cegamente regras que não fazem sentido. Langer lembra-se de quando fez um pagamento com um cartão de crédito que não estava assinado. A empregada pediu que o fizesse e depois que assinasse o recibo. Depois comparou as duas assinaturas. "Quão estanho seria se não fossem iguais?"
Devolver poder ao indivíduo
Nos anos 80, ao lado de pioneiros como Jon Kabat-Zinn e Herbert Benson, a cientista começou a provar que este estado de mindless, ou desatenção, tinha ligações diretas com o nosso bem-estar. Como forma de o combater, recuperou um termo budista e de tradição new age, mindfulness, e trouxe-o para o centro do debate académico. Em vez de propor a meditação como forma de o atingir, propôs um estado de mente ativa, em que se distingue novidades e mudanças no nosso corpo, e se atua sobre elas. "É isso que leva à mudança."
O conceito tem aplicações em muitas áreas, mas Langer estuda sobretudo o envelhecimento e a saúde. "Notar variações nos nossos sintomas é uma das formas mais fortes de atingir o controlo sobre a doença. Temos de agir com base no que acontece no presente e não com base num diagnóstico feito semanas ou anos antes. Quando notamos uma mudança e a questionamos - porque dói mais agora do que há uma hora? - começamos a estudar hipóteses e a testá-las, o que aumenta o nosso estado de mindfulness, e ainda temos a possibilidade de descobrir uma solução."
A ideia representa uma mudança de paradigma - e um desafio direto à medicina convencional. "No modelo médico, as pessoas ficam doentes com a introdução de um vírus, por exemplo, e nunca por causa dos seus pensamentos", diz. "A minha pesquisa mostrou, uma e outra vez, que isso está errado." A especialista acrescenta que o seu objetivo é devolver algum poder ao indivíduo. "Quero pôr as pessoas ao comando da sua saúde."
Langer acredita que a principal forma de o conseguir é introduzindo um elemento de placebo, que considera "extraordinariamente poderoso". A diferença é que no seu trabalho não há um comprimido de açúcar. "Se não é o comprimido que nos põe melhor, o que é? Somos nós. O que tenho tentado perceber é como ter esta influência positiva nas nossas vidas. Tornar o processo mais direto."
A diferença está nas palavras
Langer fecha a porta do gabinete e carrega o cão Gus, de 16 anos, que está cego, até ao carro. Dentro da carrinha, explica que devia estar em Puerto Vallarta, no México, onde tem uma casa, mas teve de preparar uma conferência na África do Sul. Nos próximos meses, vai estar em vários estados dos EUA, na Inglaterra e no Brasil. "Gosto muito de citar uma frase do [Arthur] Schopenhauer", comenta, enquanto conduz. "Qualquer verdade passa por três estágios. Primeiro, é ridicularizada. Segundo, é violentamente combatida. Terceiro, é aceite como óbvia e evidente."
São os primeiros dias da primavera, mas o sol só agora começou a derreter a neve, que ocupa quase todo o estacionamento na rua. Langer encontra finalmente um lugar e descobre flores à porta de casa. É o seu aniversário. Faz 68 anos. "Não ligo nenhuma à idade", diz, abrindo a porta de casa. "Isto é um clichê terrível, mas acho que é apenas um número. Há muitas coisas associadas ao envelhecimento, como a perda de memória, que não precisam necessariamente de acontecer."
Passa por uma guitarra que os alunos lhe ofereceram - não sabe tocar, mas os seus pupilos garantem que é uma rock star -, deixa café a fazer e carrega num botão do atendedor de chamadas: "Happy birthday to you, Happy birthday to you...", canta uma amiga.
Agarra na caneca de café e vai até à cave. O espaço está cheio de quadros, sobretudo retratando cães e duas mulheres: ela e a companheira. Numa estante, está o livro On Becoming an Artist, onde explora as aplicações dos seus estudos na área da criatividade. Langer acredita que o conceito de mindfulness tem aplicações em quase todas as áreas da nossa vida e, em alguns dos seus livros, propõe vários exercícios.
Uma das propostas é imaginar que os nossos pensamentos são transparentes. "Quando fazemos um julgamento e imaginamos que a pessoa à nossa frente nos consegue ouvir, obrigamo-nos a analisar a questão de vários ângulos e a vê-la sob outra luz", explica. Langer também aconselha que nunca se façam elogios gerais, como dizer que algo é saboroso ou alguém está bonito. "Deve dizer-se que a cor da blusa a favorece ou que o cabelo está brilhante. Algo que implique observação." Até uma mudança de discurso pode ter resultados. Num estudo recente, que ainda aguarda publicação, Langer comparou pessoas que tinham tido cancro de mama e se referiam a si próprias como "curadas" ou "em remissão". O primeiro grupo tinha mais saúde, energia, menos dores e era menos propenso a depressão - tudo provocado, aparentemente, por uma diferença vocabular.
As dúvidas científicas
Langer usa estas e outras técnicas num instituto na Índia e prepara-se para abrir outro no México. Além disso, está a trabalhar com hospitais de todo o mundo para alterar os seus protocolos. Uma das coisas que quer mudar, por exemplo, são as checklists do pessoal hospitalar. "Queremos que a única forma de responder às perguntas seja olhar, de facto, para o paciente e interagir com ele." Por exemplo, não dizer apenas que os olhos estão abertos, mas quantos milímetros estão abertos. Outras soluções passam por dar ao paciente algum poder sobre o seu tratamento, como escolher o modelo de cadeira de rodas que quer usar.
Langer tem muitos críticos. Dizem que usa a sua fama para enriquecer. Que alguns dos seus estudos não são rigorosos ou não foram revistos pelos pares. Que mistura convicções pessoais com conhecimento científico. Em relação à experiência no Texas, dizem que vai acabar por culpabilizar as vítimas de cancro. "Mas isso não faz qualquer sentido", defende-se. "Primeiro, não falo de uma luta contra o cancro, porque isso é admitir que o adversário é poderoso, o que compromete os resultados. Depois, não se pode culpar as pessoas que foram educadas para acreditar em algo toda a sua vida. Não queremos culpar as pessoas, mas educá-las."
Langer jura que também está no mesmo processo de formação. Em dezembro de 1997, a sua casa ardeu completamente. Perdeu tudo, menos os cães, que os vizinhos salvaram no último momento. "Quando algo acontece, temos de nos perguntar: é uma tragédia ou uma inconveniência? O mais provável é que seja apenas uma inconveniência." Isto é diferente de ser uma pessoa negativa ou positiva. "Quando somos positivos ou negativos, tornamo-nos prisioneiros de um tipo de pensamento. O que defendo no meu conceito de mindfulness é que devemos saber que algo pode ser sempre visto de várias formas e, sabendo-o, optamos pela forma que nos faz sentir melhor." O incêndio era, sem dúvida, uma tragédia.
Langer foi viver num hotel. Na noite de Natal, que iria passar sozinha, levou os cães a passear. Quando regressou, o quarto estava cheio de prendas. Não da direção do hotel, mas das camareiras, porteiros e cozinheiros que tinham preparado a surpresa. "Até hoje, não voltei a pensar em tudo o que perdi no incêndio", lembra, abandonando por momentos a sua imperturbável atitude de nova-iorquina do Bronx.  "Só me lembro do momento em que entrei naquele quarto e ele estava cheio da bondade de pessoas que nem me conheciam." Langer emociona-se, uma vibração que dura apenas um instante. "Não é agora que começo a chorar", larga, com uma gargalhada.


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Piratas informáticos russos leram emails de Obama Piratas informáticos russos leram, no final do ano passado, mensagens de correio eletrónico não classificados de ou para o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama Ler mais: http://visao.sapo.pt/piratas-informaticos-russos-leram-emails-de-obama=f817802#ixzz3YQ06fFED

Piratas informáticos russos leram emails de Obama
Reuters
Segundo o New York Times, que avança a notícia, citando altos funcionários norte-americanos, os 'hackers' também acederam ao sistema de comunicação não classificada do Departamento de Estado, entraram nos arquivos de email de pessoas da Casa Branca e talvez até de pessoas de fora com quem Obama comunica regularmente.
As autoridades norte-americanas reconheceram, no início do mês, que, no final de 2014, houve uma intrusão, mas relativizaram o incidente assegurando que dados classificados não tinham sido afetados.
Fontes citadas pelo New York Times garantem que os servidores sensíveis, como os que gerem as mensagens trocadas entre o Presidente e os seus assessores não foram comprometidos.
Apesar disso, as redes não classificadas às quais acederam os piratas informáticos russos contêm trocas de mensagens de correio eletrónico com diplomatas, sobre movimentos de pessoal, com horários do Presidente, negociações e projetos de lei e, inevitavelmente, alguma discussão política, ou seja, informações que apesar de rotineiras são consideradas sensíveis.
Não é claro quantos emails de Obama foram lidos, indicou o New York Times, acrescentando que a sua própria conta de e-mail aparentemente não foi alvo do ataque, tendo sido através das contas de pessoal que os piratas informáticos acederam às mensagens de correio eletrónico enviadas ou recebidas pelo Presidente norte-americano, segundo indicaram ao jornal altos funcionários norte-americanos a par da investigação.
"Ainda assim, o facto de as comunicações de Obama estar entre as visadas pelos `hackers` - presumivelmente com ligações ao governo russo, ou até ao seu serviço - foi uma das conclusões mais bem guardadas do inquérito", assinala o New York Times.
"É o ângulo russo que faz com que isto seja particularmente preocupante", disse um alto funcionário. 


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