domingo, 12 de abril de 2015

Governo fica surpreso com desaprovação de Dilma e apoio a impeachment

A pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (11) que mostra que a maioria dos brasileiros apoia a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma e que a desaprovação ao governo permanece em patamar recorde foi recebida com extrema preocupação pelo núcleo político do Palácio do Planalto. 

Isso porque o levantamento mostra que há uma insatisfação generalizada com o governo e que não surtiu efeito a estratégia de ampliar a exposição de Dilma nas últimas semanas, com discursos, entrevistas e eventos. A expectativa era que houvesse uma pequena recuperação, mas a aprovação ao governo permanece no patamar extremamente baixo da pesquisa anterior, de 13%. Ao mesmo tempo, a desaprovação continua consistente na casa dos 60% que consideram o governo ruim ou péssimo.

Para um auxiliar direto da presidente Dilma, causou surpresa o fato de 63% dos entrevistados terem afirmado que deveria ser aberto um processo de impeachment. “Apesar de não ter um ambiente para um impedimento de Dilma, isso mostra que o escândalo de corrupção da Petrobras colou na presidente”, admitiu esse ministro.

A avaliação do governo é que neste momento há uma associação explosiva ao governo do PT de grave crise na economia com escândalos de corrupção. “É preciso paciência para superar este momento”, concluiu o ministro.

Barack Obama e Raúl Castro fazem encontro histórico no Panamá Reunião é a primeira entre presidentes dos dois países em mais de 50 anos. 'Guerra Fria acabou', disse presidente dos EUA em coletiva após encontro.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, realizaram neste sábado (11) um encontro histórico durante a Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá, o primeiro entre presidentes dos dois países em mais de meio século, de acordo com jornais internacionais.
O último encontro frente a frente aconteceu entre os presidentes Dwight Eisenhower, dos EUA, e Fugencio Batista, de Cuba, em 1956, em outra cúpula das Américas no Panamá, antes da revolução cubana, de acordo com o site do jornal "USA Today". Em 1959, o então vice-presidente dos EUA, Richard Nixon, e Fidel Castro se encontraram, destacou a "CNN".A reunião entre os líderes simboliza a reaproximação e retomada do diálogo entre os dois países, encerrando décadas de tensão política e disputa ideológica.
'Guerra Fria acabou', diz Obama
Em coletiva de imprensa após o encontro, Obama disse que a conversa com Castro foi "cândida e frutífera" e que o encontro pode ter sido um "divisor de águas" na história entre os dois países. Ele afirmou também que tem o apoio "da maioria" para sua política envolvendo Cuba nos EUA.
"Temos que estar certos de que Cuba não é uma ameaça para os EUA", disse o presidente norte-americano a jornalistas. "Parte da mensagem aqui é que a Guerra Fria acabou", completou, afirmando que os EUA não estão no negócio da "mudança de regime".
Obama disse ainda que deve haver maneiras de avançar no acordo nuclear com o Irã para "satisfazer o orgulho iraniano", mas também para alcançar objetivos fundamentais", e reforçou que ainda haverá "duras negociações" sobre o assunto.
O presidente norte-americano descreveu o encontro como "histórico" e acrescentou que continuará pressionando Cuba sobre o tema de direitos humanos. Anunciou ainda que as conversas e esforços estão focados em reabrir as embaixadas em ambos os países.
Os dois sentaram-se lado a lado em uma pequena sala de conferências, com um clima cordial, mas de negócios. Cada um acenou e sorriu para alguns dos comentários feitos pelo outro, em breves declarações a jornalistas.
Lista de apoio ao terrorismo
Em coletiva após o encontro, Obama afirmou que ainda não decidiu se vai retirar Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo, onde está incluída desde 1982.
A eventual retirada da lista negra seria um importante passo simbólico, depois que os dois países anunciaram uma aproximação diplomática em dezembro para colocar fim a meio século de inimizade.
Para retirar Cuba da lista de patrocinadores de terrorismo, o departamento de Estado deve comprovar que o país caribenho não participou ou apoiou atividades terroristas nos últimos seis meses, e que o governo cubano se compromete que não o fará no futuro.
O presidente dos EUA  Barack Obama cumprimenta o presidente de Cuba Raul Castro durante encontro na Cúpula das Américas na Cidade do Panamá (Foto: Jonathan Ernst/Reuters)O presidente dos EUA, Barack Obama, cumprimenta o presidente de Cuba, Raúl Castro, durante encontro na Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá (Foto: Jonathan Ernst/Reuters)
'Nova era no Hemisfério'
Mais cedo, Obama disse em discurso no encontro que seu país não ficará preso ao passado e que as mudanças na política entre os EUA e Cuba "abrem uma nova era no Hemisfério".

“Os EUA não ficarão presos ao passado. É a primeira vez que em mais de meio século que serão restabelecidadas formalmente as relações diplomáticas", disse Obama, que considerou histórico o fato de estar sentado numa mesma mesa com o presidente de Cuba, Raúl Castro

"Penso que não é segredo que continuarão existindo diferenças entre nossos países (...) mas acredito que se conseguirmos seguir esse movimento adiante, serão criadas novas oportunidades (...) Nunca antes as relações com a América Latina foram tão boas", complementou o presidente norte-americano.

Durante seu discurso, Obama propôs US$ 1 bilhão para ajudar os países da América Central e anunciou que pretende impulsionar o intercâmbio entre estudantes da América Latina e a potência norte-americana.
 Castro: 'Obama está isento da culpa'
Assim que Obama terminou sua fala, o governante anfitrião, Juan Carlos Varela, anunciou a intervenção de Raúl Castro, o que arrancou aplausos de todos reunidos na plenária. O presidente cubano começou seu discurso dizendo que "já era hora de eu falar aqui em nome de Cuba", referindo-se à primeira participação de seu país na reunião de líderes americanos.
Em sua fala, Castro isentou Barack Obama da culpa de ações políticas contrárias à ilha que foram feitas por "dez antecedentes" do atual líder dos Estados Unidos. Ele afirmou que tem expressado "disposição ao diálogo" com Obama e chamou o governante dos EUA de "um homem honesto". Logo depois, pediu desculpas por sua emotividade em "defesa da revolução".
O presidente cubano exigiu dos EUA que seja resolvido o embargo comercial imposto em 1962 contra a ilha e ressaltou que seu governo aprecia a possível exclusão de Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo. Ele acredita que a potência mundial vai decidir rapidamente sobre o tema e afirma que seu país "nunca deveria ter estado" nesta lista.
O irmão de Fidel Castro afirmou também que vê com bons olhos o fato de Obama considerar que a Venezuela "não é uma ameaça".
Dilma elogia reaproximação
A presidente Dilma Rousseff elogiou a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos durante seu discurso na plenária e defendeu o fim do embargo norte-americano ao país caribenho.
Dilma defendeu que os países convivam com diferentes visões de mundo e que este século seja um período de paz e desenvolvimento para todos. "A VII cúpula inaugura uma nova era nas relações hemisféricas, na qual é uma exigência conviver com diferentes visões de mundo, sem receitas rígidas ou imposições", afirmou.
"Celebramos aqui agora a iniciativa corajosa dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama de restabelecer relações entre Cuba e Estados Unidos, de pôr fim a este último vestígio da Guerra Fria na região que tantos prejuízos nos trouxe [...] Os dois presidentes deram uma prova do quanto se pode avançar quando aceitamos os ensinamentos da História e deixamos de lado preconceitos e antagonismos que tanto afetaram nossas sociedades", disse Dilma.
Ainda de acordo com Dilma, o Brasil está seguro de que outros passos serão dados, como o fim do embargo, "que há mais de cinco décadas vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano". Segundo a presidente, oportunidades deverão nascer nesse novo ambiente.
"Estamos seguros que outros passos serão dados, como o fim do embargo, que há mais de cinco décadas vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano. Aí, sim, continuaremos concluindo as linhas que pautarão nosso futuro e estaremos sendo contemporâneos de nosso presente [...]. Inúmeras oportunidades nascem desse novo ambiente", completou.

sábado, 11 de abril de 2015

Coligação árabe reivindicou 1.200 ataques aéreos no Iémen em 17 dias O conflito no Iémen já fez pelo menos 600 mortos. A ONU diz que a situação se degrada "hora após hora" e pede "uma pausa humanitária". Ler mais: http://expresso.sapo.pt/coligacao-arabe-reivindicou-1200-ataques-aereos-no-iemen-em-17-dias=f919484#ixzz3X2w0DzNI

Coligação árabe reivindicou 1.200 ataques aéreos no Iémen em 17 dias
 EPA
A coligação árabe liderada pela Arábia Saudita reivindicou 1.200 ataques aéreos contra os rebeldes houthis no Iémen em 17 dias, desde o início da intervenção, em 26 de março, segundo Ahmad Asiri, porta-voz da operação "Tempestade Decisiva".
O porta-voz afirmou que em média tem havido 70 ataques diários, com um máximo de 120 num único dia. Este sábado terão sido bombardeados quartéis nas províncias de Shabua, Sanaa e Al Dalea, e ainda o aquartelamento da brigada Al Amalga, em Saada, bastião das milícias rebeldes xiitas.  
Os combates no Iémen entre os rebeldes houthi e os grupos armados leais ao atual Presidente, apoiados por uma coligação liderada pela Arábia Saudita, desenrolam-se há três semanas. Em mais um dia de conflito, as milícias que combatem os rebeldes dizem ter detido dois militares iranianos na cidade iemenita de Aden, acusando-os de estarem a apoiar os xiitas houthis
O Irão já negou estar a dar apoio militar aos rebeldes. No entanto, se for confirmada a ligação dos dois militares iranianos às milícias xiitas, a tensão poderá aumentar entre o Irão e a Arábia Saudita, que estão a competir pelo domínio da região. 
Segundo a Reuters, três fontes dizem que os dois militares iranianos - um capitão e um coronel - foram detidos em dois distritos diferentes. A investigação inicial aponta para que façam parte das forças militares iranianas. "Eles foram postos num local seguro", disse uma das fontes à Reuters, acrescentando que a intenção é entregá-los à coligação liderada pela Arábia Saudita. 
A situação degrada-se hora após hora"As Nações Unidas dizem que o conflito já provocou pelo menos 600 mortos, 2.200 feridos e cerca de 100.000 desalojados. A ONU pediu na sexta-feira uma "pausa humanitária imediata" de pelo menos "algumas horas" diárias no Iémen, para encaminhar ajuda para o país. 
"A situação degrada-se hora após hora", disse em Genebra Johannes Van Der Klaauw, coordenador dos assuntos humanitários da ONU para o país do Médio Oriente.  
Neste sábado, a Cruz Vermelha entregou na capital do Iémen o segundo carregamento de equipamento médico, com 32 toneladas de ajuda médica e mais de três toneladas de equipamento para purificar água, geradores elétricos e tendas, segundo a porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha Marie Claire Frghali.
O conflito no Iémen acentuou-se em fevereiro com a tomada da capital pelas milícias xiitas houthis e a consequente fuga do Presidente, Abd Rabbo Mansur Had.


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O negócio das penhoras Há famílias a quem até a secretária dos filhos é penhorada e outras que perdem a casa por uma dívida de 1800 euros de IMI. Em apenas cinco anos, o número de pessoas e empresas falidas cresceu mais de 200 por cento em Portugal. Mas enquanto a uns é retirado até o aquário dos peixes, outros fazem bons negócios. Administradores de insolvência e leiloeiras nunca ganharam tanto dinheiro como agora Ler mais: http://visao.sapo.pt/o-negocio-das-penhoras=f815093#ixzz3X0I75mC6

O negócio das penhoras
Luís Barra
Quando se dorme no carro porque não se consegue pagar a gasolina para ir trabalhar, 30 euros é muito dinheiro. Quando se vai dar aulas de educação física sem comer, 30 euros é muito dinheiro. Quando se ganha 350 euros nas Atividades Extra-Curriculares (AEC) e se paga 150 de Segurança Social, 30 euros é muito dinheiro.
Agora que pusemos os pontos nos is na história do ex-bailarino da Gulbenkian que acaba de perder a casa por causa de uma dívida de 1800 euros de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), saltemos rapidamente para o fim mais provável dos bens que lhe estão a penhorar: um leilão.
"À terceira bato com o martelinho e está fechado. Bons negócios!" Neste leilão, Carlos Gomes vende máquinas, carros e camionetas. Motivo: falência da construtora. Depois do setor têxtil, a maioria dos falidos são agora as farmácias e as empresas de construção.
O lote de uma máquina escavadora começa em 10 mil euros. O pregoeiro aquece a audiência: "Ninguém dá mais por esta bela máquina?" E as raquetas de pingue-pongue com o número dos inscritos para licitação começam a levantar-se nas antigas instalações da Visovias: "Já tenho 11... 12... 16. Além, 22. É o melhor que tenho? Fecho em 22 mil euros." Aquilo que levou uma vida a construir passou agora para novas mãos em escassos 30 segundos.
Três horas nisto, num armazém às portas de Viseu, apinhado com mais de 300 pessoas, vão render 700 mil euros em vendas. Quem trata da transação fica com 10% dos bens móveis e 5% dos imóveis, margem acrescentada ao preço final da licitação. À saída, perante a passagem do Porsche Carrera do leiloeiro ouvirei pela primeira vez a expressão: "Enquanto uns choram, outros vendem lenços."
Mas o pregoeiro é apenas uma das peças desta complexa engrenagem. Advogados, administradores judiciais, avaliadores, imobiliárias, juízes, bancos - todos têm uma palavra a dizer na venda dos lenços.
Num país onde os processos de insolvência aumentaram mais de 200%, em apenas cinco anos - eram 909 em 2008 e passaram para 2167 em 2013 -, a falência tornou-se, ela própria, um negócio.
Comecemos pelos advogados.
UM QUARTO DE FAMÍLIA
São obrigatórios por lei. Quem não tiver dinheiro para um - a esmagadora maioria, já que se trata de pessoas e empresas falidas - verá o Estado atribuir-lhe um oficioso.
Manuel Teixeira limpa as primeiras lágrimas destas histórias. "Nas insolvências de empresas há carga emocional, mas nas individuais é ainda maior, sobretudo com a habitação. As famílias sacrificam tudo para manter o seu castelo."
No caso das empresas, são, garante o advogado, mais os sofredores do que os impostores: "Quem chega tarde à insolvência, está completamente exausto, sem dinheiro para comer. Muitos empresários meteram toda a sua vida na empresa."
Apesar das quase três décadas que já leva a lidar com falidos, o advogado de Sintra tem dificuldade em compreender a desresponsabilização de alguns dos organismos que contribuíram para o atual estado de coisas.
Talvez por não lhe sair da memória o cliente que perdeu para o suicídio depois de falido. Ou porque lhe custa encaixar a visão dos vendedores de cartões de crédito, que continuam a assediá-lo nos corredores do centro comercial, com o sacudir da água do capote das instituições de crédito. "Houve excesso de endividamento, depois veio o desemprego, associado à sobrevalorização dos imóveis, com os bancos a fazerem análises levianas da capacidade de pagamento dos clientes."
Só agora nota alguma mudança. "Em 2010, os bancos não queriam saber, não investiam numa solução para o cliente. O importante era passar a bola. Demoraram muito tempo a perceber que tinham de reagir de outra forma."
Um insolvente, ou falido, é alguém que não consegue pagar as contas. Tem de responder perante aqueles a quem deve. A maioria não tem nada além das dívidas. Depois vêm os que têm casa, o primeiro bem perdido. Mesmo que isso signifique deixar famílias inteiras na rua. "O despacho de uma juíza, dizia a uma cliente minha com dois filhos que podia alugar um quarto para lhe sair mais barato. Mas a lei não pretende que um agregado viva num quarto."
Talvez. Mas quem se ocupa com isso? Jonas, 42 anos, nunca deixou de pagar a prestação da casa ao banco. Nem parou de trabalhar. Ora como professor de ginástica ora como socorrista, motorista de ambulância ou instrutor de vela - tudo o que pôde agarrar desde que um acidente de mota o impediu de continuar a fazer espargatas na Gulbenkian.
Não podendo ser acusado pelo pecado da preguiça, pagou como mau contribuinte: durante dez anos, "só uma ou duas vezes" conseguiu cumprir com a obrigação fiscal. Admite que deixou o assunto ir longe demais, mas não compreende como podem obrigá-lo a deixar uma casa em Setúbal, que vale 50 mil euros, para cumprir uma dívida de 1800.
PINTADOS DE FRIO
Fomos à procura da resposta. "Há um esquema de funcionamento demasiado informatizado e os casos chegam a tribunal sem passarem por olhos humanos. Já não há análise casuística de nada", explicou à VISÃO uma juíza do Tribunal Tributário, que preferiu não ser identificada.
Embora alguns casos acabem perante o juiz, "as penhoras e execuções decorrem integralmente nas Finanças". Ou seja, a justiça é pouco ou nada para aqui chamada. "A máquina fiscal sempre teve privilégios que nenhuma outra função do Estado tem. Está subjacente o poder de cobrança de impostos." Mas, admite a juíza, "parece haver alguma desproporção no sistema". Sobretudo depois de 2012: "Antes, os chefes de repartição podiam suspender a venda. Esta norma desapareceu. Hoje não podem fazer nada, por muito injusta que seja a penhora."
A VISÃO questionou o Ministério das Finanças sobre estas disparidades, mas até à data de fecho não obteve resposta.
Se roubar uma carteira ou assaltar um banco é diferente aos olhos da lei, ficar a dever mil euros ou um milhão em impostos parece ser igual para a máquina fiscal. "Dispara sem que ninguém a consiga travar. Todos os sistemas têm casos absurdos, mas quando o absurdo se repete muitas vezes..."
Sim, o absurdo repete-se. Pode perder-se a casa por dívidas de 100 euros ao condomínio. Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Apoio aos Sobre-endividados da Associação de Defesa do Consumidor (DECO), nota que "as pessoas já ficam mais assustadas com o fisco do que com um tribunal".
Pior: as penhoras tornaram-se uma das principais causas da rutura dos orçamentos. "Aparecem como quarta causa de falência das famílias, depois dos cortes salariais e da diminuição dos rendimentos, seguidos do desemprego e do divórcio. As penhoras são uma causa recente, que até 2010 não aparecia nas nossas estatísticas. Representou 9% dos casos em 2014, quando eram 6% em 2013".
Sendo difícil perceber a lógica - mesmo a financeira - de uma penhora como a de Jonas Fernandes, a verdade é que está longe de ser caso único. "As Finanças estão cegas. Ainda que esteja em causa a dignidade da família e o direito à habitação. Já vi a venda judicial de um imóvel por dívida de mil euros", indigna-se Natália Nunes.
Jonas Fernandes perdeu a casa por uma dívida de cerca de 300 euros, agigantada para 1800 com coimas e juros, pela mesma altura em que os incumprimentos do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, abriam noticiários. "O primeiro-ministro esteve 5 anos sem pagar à Segurança Social e nunca viu a penhora bater-lhe à porta. Outros são penhorados por bananas", disse então o Bloco de Esquerda. As palavras que saem fáceis aos políticos, estão entaladas na garganta de Jonas. Inspira fundo antes de falar: "Setúbal é uma câmara endividada, por isso impõe IMI a qualquer barraco. Pago a água mais cara do País por causa das dívidas da câmara. Mas a mim tiraram-me a casa sem nunca dever uma prestação ao banco. O povo paga o que os outros não pagam. Revolta-me este país. São uns senhores pintados de frio que nos entram pela casa adentro e nos levam o sustento."
NO LIMIAR DE SOBREVIVÊNCIA
Mas, voltemos aos vendedores de lenços. Depois dos advogados, vêm os administradores de insolvência, a peça-chave de qualquer falência. Não são funcionários do Ministério da Justiça - com licenciatura obrigatória, a maioria são formados em gestão, economia ou direito -, mas trabalham de perto com os juízes do Tribunal do Comércio, onde são tramitadas as insolvências, quer de empresas quer de particulares.
Embora a lei diga que devem ser escolhidos por sorteio, o juiz tem a última palavra.A maioria dos casos está concentrada numa minoria de profissionais. Segundo a Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais (APAJ), 80% dos processos estão na mão de 20% de administradores. Ou seja: 56 administradores têm a seu cargo 8000 processos por ano, e 220 têm 2000.
A concentração é controversa. "Propomos nomeações por ordem alfabética ou aleatória. É o que a lei diz e devia ser a regra. As indicações seriam apenas para casos de especial complexidade, 1 a 2% dos processos", defende Inácio Perez, presidente da APAJ.
Apesar de não haver bens na maioria dos processos (a seguir vêm os que têm casa e carro e só depois os que têm algum património), há administradores a mexerem com milhões. Como acontece com a insolvência de algumas empresas.
Alguns são até conhecidos como as rock stars das falências. Centros comerciais, grandes empresas e redes de hotelaria chegam a valer 800 milhões de euros. Tudo nas mãos do administrador de insolvência, que pode ficar responsável pela gestão até a assembleia de credores dar o assunto por encerrado.
Um processo de 3 ou 4 meses de trabalho pode dar 100 mil euros a ganhar a um administrador. A lei prevê um máximo de 50 mil euros de rendimento para estes profissionais. Mas também prevê exceções, como a especial complexidade e a eficácia.
Mesmo assim, garante Fátima Reis Silva, juíza do Tribunal do Comércio, "tudo o que for acima dos 50 mil posso reduzir e o máximo que decidi pagar da parte variável até hoje foram 48 mil euros".
Além desta margem variável, definida por tabela, em função dos bens vendidos, os administradores recebem ainda entre 2000 a 2500 euros por cada processo. A esmagadora maioria das falências não rende mais do que esse valor fixo. Mas alguns casos são especialmente complexos. "O meu maior processo tinha 3 500 credores e houve outros com 8 500. Lidam com muito dinheiro, são um órgão da insolvência. Mas o poder dos administradores está limitado pelos credores. E há instrumentos de controlo. Os administradores respondem pelos danos causados ao devedor e podem ser condenados a indemnizar os credores."
Quando chega às mãos da juíza, a maioria das empresas já só precisa do "atestado de óbito". Até porque, "com a crise, notou-se a diminuição das contestações, está tudo insolvente e ninguém ousava dizer o contrário ". Não se estranha, por isso, que "em mais de 10 anos só tive dois processos em que sobrou dinheiro depois de pagar aos credores".
As insolvências de particulares são também um retrato do País: "Uma miséria terrível. Chegam-me processos por dívidas de dois mil euros e não têm como resolvê-las. Há casos em que não conseguem pagar uma taxa moderadora do hospital - um absoluto limiar de sobrevivência."
ATÉ O AQUÁRIO
Depois de o caso passar pela juíza, o administrador recebe uma sentença a dizer que foi declarada a insolvência. Entra em funções no dia em que recebe a carta do tribunal. Aí começa a busca de bens: nas Finanças, Registo Automóvel, Registo Predial e Banco de Portugal. Comunica ainda com os bancos para dizer que foi declarada a insolvência e pedir informação sobre todas as aplicações e contas à ordem.
O mais comum, diz o administrador Raul Gonzalez, são os desempregados há muito tempo, as pessoas com ordenado mínimo e os créditos múltiplos ao consumo. "A reunião com o insolvente é sempre constrangedora. Muitos chegam aqui e começam a chorar. 'Pensava que era capaz de pagar...' Quando há família é complicado. A vida muda para estas pessoas."
São "apenas" coisas. Mas a vida também é feita de coisas. "Vamos entrar e ver os seus bens, senão teremos de recorrer à polícia." Foi com esta apresentação de um administrador judicial que V., administrativa agora desempregada, N., cozinheiro, e os dois filhos, de 14 e 7 anos, viram anos de trabalho esvair-se pela porta do T1, onde dormiam num sofá-cama da sala para os filhos poderem ter um quarto para eles. "Um dia batem-nos à porta e penhoram-nos tudo: a secretária dos trabalhos de casa, o micro-ondas, a máquina do café, a máquina de lavar roupa, o móvel da sala com a televisão - e até o aquário dos peixes. Só ficou a mesa das refeições e a cama dos miúdos."
As regras ditam que bens essenciais como o frigorífico, ou mesmo a televisão, não devem ser penhorados. Mas, como admitem os administradores, "alguns até o berço dos bebés levam".
O dia mais triste da vida desta família de Cascais foi o resultado de várias apostas erradas: duas empresas que não deram certo e os bens de família dados como garantia do empréstimo ao banco. Ficaram as dívidas. Ao banco e às Finanças. "Nada de dívidas aos empregados", orgulham-se.
Quando as há, os trabalhadores são dos primeiros a receber o resultado das vendas dos leilões de insolvência, um negócio que já ocupa quatro das cerca de 50 leiloeiras em atividade em Portugal.
COTÃO. QUEM DÁ MAIS?
O bulício à porta do Hotel Olisippo, em Lisboa, deixa adivinhar caça grossa. Ainda não são dez da manhã e as sirenes das duas motos da polícia já anunciam a chegada da carrinha de segurança. A porta é guardada por jovens polícias, armados com metralhadoras.
Antes de os sacos lacrados, cheios de ouro, passarem de mão em mão, forma-se um corredor com os funcionários da leiloeira e os ex-trabalhadores da ourivesaria falida. Há polícia ao fundo e ao cimo da escada, enquanto se carregam os 21 pacotes que guardam 700 mil euros em ouro e joias.
Na sala com vista para o Casino de Lisboa vão ficar dispostas as caixas envoltas em película, com um número de lote impresso. Anéis, pulseiras, canetas de prata e ouro, relógios - e até 3 caixas de medalhas, porta-chaves e botões de punho com símbolo do Sporting.
Embora não seja o lote mais valioso - o relógio de platina que se vendia na loja por 97 mil euros era a peça mais aguardada -, é o que causa maior burburinho. Vendido por 950 euros, quase o dobro do valor inicial de licitação, tem a reprovação dos benfiquistas presentes: "Quem é que quer aquilo?"
Mas essa, diz António Seabra, dono da Domus Legis, é a beleza dos leilões. "Há muito despique. Só no ano passado vendi mais imóveis do que nos últimos 3 anos."
Tal como António Seabra, também Carlos Gomes aprendeu com os leilões que "tudo se vende". Meteu-se no negócio depois de ver, por acaso, como se podia "vender 3 milhões em algumas horas". Era ainda estudante de Economia e "gostei daquilo".
Já fechou autoestradas para conseguir albergar mais de mil pessoas no leilão de uma construtora, que rendeu 5 milhões de euros. Mas também conseguiu vender "cotão". Cotão? "Sim, aquele desperdício de tecido das fábricas que andava pelo chão."
Nos leilões fazem-se compras "emocionais". Como a da Scooter que nem sequer andava, entrou por zero euros e saiu por 300. Não se explica, mas rende milhões. Em 2014, 90 milhões faturados só pela Leilosoc, já abaixo dos 150 milhões de 2012.
Em Lisboa, António Seabra passará toda a tarde a fazer soar o martelinho de madeira, que lhe ofereceram numa marisqueira, para fechar negócio com a centena de compradores que encheu a sala do hotel. Será também um martelinho de leilão a fechar a falência de Jonas, V., N. e os dois filhos. Não com máquinas de construção e joias, mas com as casas que já foram moradas de família. Eles choraram. Alguém vendeu os lenços.


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GE vai vender maior parte de unidade de finanças e retornar US$90 bi a investidores

(Reuters) - A General Electric vai vender a maior parte de sua unidade de negócios financeiros e retornar aos acionistas até 90 bilhões de dólares, em um plano para se tornar um grupo industrial "mais simples" em vez de um híbrido de banco e manufatura.
A companhia revelou nesta sexta-feira um plano de reestruturação que inclui recompra de até 50 bilhões de dólares em ações, venda de cerca de 30 bilhões de dólares em ativos imobiliários ao longo dos próximos dois anos e saída de mais negócios da GE Capital. As ações do conglomerado dispararam 10,8 por cento.
A GE informou que poderá retornar aos investidores até 90 bilhões de dólares por meio de uma combinação de dividendos, recompra de 50 bilhões de dólares em ações e conclusão da separação do grupo da unidade de cartões de crédito Synchrony Financial, planejada para o final de 2015.
O programa de recompra, que será em parte financiado por 35 bilhões de dólares em recursos retornados pela GE Capital, é o segundo maior da história depois que a Apple anunciou seu plano de 90 bilhões de dólares. A GE, que tinha 10,06 bilhões de ações em circulação até 31 de janeiro, informou que espera reduzir esse volume em até 20 por cento, para 8 bilhões a 8,5 bilhões de papéis até 2018.
No total, a GE planeja se livrar de 275 bilhões de dólares em ativos da unidade financeira GE Capital. Isso inclui a separação do grupo da Synchrony, as vendas de ativos imobiliários e futuras vendas de negócios de crédito comercial e a consumidores que têm ativos de cerca de 165 bilhões de dólares.
A companhia planeja manter 90 bilhões de dólares em ativos financeiros diretamente relacionados à venda de seus produtos, que incluem turbinas de aviões, equipamentos médicos e para geração e transmissão de energia.
Blackstone Group e Wells Fargo confirmaram que estão comprando a maior parte dos ativos imobiliários da GE Capital por cerca de 23 bilhões de dólares.
A estratégia anunciada nesta sexta-feira vai reduzir dramaticamente a exposição da GE a empréstimos e outros negócios financeiros.

O presidente-executivo do conglomerado, Jeff Immelt, afirmou a investidores que a companhia vai tentar gerar 90 por cento de seu lucro a partir de operações industriais até 2018. Ele tinha previsto anteriormente que a participação cresceria para 75 por cento até 2016 ante 55 por cento em 2013.

Bradesco indica Eduardo Gentil e Otávio Yazbek como candidatos a Conselho da Petrobras

SÃO PAULO (Reuters) - A Bradesco Asset Management indicou os nomes de Eduardo Gentil e Otávio Yazbek como candidatos a vagas no Conselho de Administração da Petrobras, informou nesta sexta-feira a estatal.
A eleição dos novos membros do Conselho ocorrerá em assembleia de acionistas marcada para 29 de abril.
Gentil foi indicado para representar os acionistas ordinários minoritários e Yazbek, os preferencialistas.
(Por Alberto Alerigi Jr.)

Nem tudo o que é Apple vira ouro No dia em que, em Portugal, se iniciou a pré-venda do Apple Watch é bom lembrar que nem só de sucessos vive a Apple. Recorde oito dos seus fracassos Ler mais: http://visao.sapo.pt/nem-tudo-o-que-e-apple-vira-ouro=f816091#ixzz3X0GKq5Lh

Nem tudo o que é Apple vira ouro
Ainda é cedo para aferir se o mais recente gadget da empresa da maçã, o Apple Watch será ou não um êxito de vendas. Todos conhecemos outros sucessos retumbantes da empresa, tais como o iPod, o iPhone e o iPad. Mas da história da empresa norte-americana, fazem também parte alguns fracassos. Relembre alguns dos passos em falso da Apple: 
   
1. iPhone 5C
O mais recente flop da Apple ainda está na memória de todos. Era suposto ser a versão mais barata do iPhone 5, com características técnicas diferentes e um visual mais jovem. Esteve disponível em cinco cores (azul, verde, rosa, amarelo e branco), mas nem isso impulsionou as vendas. Os números esperados nunca foram atingidos e passados apenas alguns meses do lançamento a produção foi diminuída.
 

2. Apple Maps
Em 2012 a empresa lançou a aplicação Apple Maps que pretendia substituir o Google Maps, que até vinha pré-instalado nos aparelhos Apple. O resultado mostrou que o lançamento foi algo precipitado e que a aplicação apresentava e falhas técnicas graves. Alguns utilizadores descobriram que a Sagrada Família de Barcelona aparecia em Ibiza na aplicação, por exemplo. Ao contrário da rival da Google, a Apple Maps não dispunha de Street View e foi considerada pela CNN um dos fiascos de 2012.
 

3. Power Mac G4 Cube
Em 2000, a Apple inventou um novo conceito para o computador de mesa. O novo modelo tinha a forma de um cubo e duas portas USB. Outras das características marcantes era a de não ter ventiladores, o que causava problemas de superaquecimento. O design era distintivo e arrojado, mas os problemas técnicos e o elevado preço (1.699 dólares) impediram o sucesso ao nível das vendas.

 
4. Apple Pippin
Em meados dos anos 90, em pleno reinado do duo Nintendo/Sega no mundo das consolas de jogos, e aproveitando a boleia da Sony e do lançamento da Playstation, a Apple também decidiu entrar no negócio. Segundo a empresa, a Pippin não era uma consola, mas um computador de rede que permitia jogar jogos. Tinha um modem de 14,4 Kbps e um processador que já levava três anos de serviço. Os jogos carregavam lentamente e comparativamente às concorrentes tinha apenas 20 disponíveis no mercado quando foi lançada. Das mais de 100 mil unidades produzidas foram vendidas apenas 42 mil.
 
5. Macintosh TV
Foi concebido como híbrido que tentava integrar um computador, o Apple Performa e uma televisão. Foi lançado em 1993, com um ecrã CRT e uma placa sintonizadora de TV e relevou ser o pior de dois mundos. Enquanto computador, as especificações técnicas era pouco atrativas e era demasiado caro para ser uma televisão. Fica para a história não apenas pelo pouco sucesso comercial, mas por ser o primeiro produto da Apple de cor negra.
 
6. O rato USB circular
Steve Jobs disse que era o rato, conhecido pela alcunha, o "disco de hóquei" era o mais ergonómico alguma vez construído. Foi lançado em 1998 como o primeiro rato USB da marca. Mais uma vez o design era muito apelativo, mas a funcionalidade deixou muito a desejar.
 
7. Macintosh Portable
O primeiro computador portátil da Apple foi lançado em 1989 e estava a anos-luz da atual leveza do MacBook Air (que pesa pouco mais que 1 quilo). O Macintosh Portable pesava 7,2 (sim, 7,2) quilos e tinha baterias de chumbo-ácido (semelhantes às baterias de um carro)  como fonte de alimentação. O design era compacto, e o rato era uma trackball (amovível) situada à esquerda do teclado. Apesar do sucesso entre a imprensa especializada, não teve vendas impressionantes, principalmente por causa de problemas com as baterias.
 

8. Apple Lisa
Em termos de tecnologia, o Apple Lisa parecia não ter defeitos: foi o primeiro computador pessoal equipado com um rato e uma interface gráfica. O problema era o preço. Em 1983 custava 9995 dólares, um valor demasiado alto para o consumidor comum. Só para ter uma ideia, ajustando o preço do Lisa para valores atuais, custaria qualquer coisa como 21 mil dólares. 


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