Banhistas aproveitavam a tarde de sol no Rio (Foto: Alessandro Buzas/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
O ano de 2014 foi o mais quente do planeta desde o início dos registros em 1880, de acordo com análises separadas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e da Nasa, apresentadas nesta sexta-feira (16). O parecer oficial, no entanto, ainda será divulgado pela ONU.
A NOAA ainda anuncia que dezembro também marcou uma temperatura média na superfície da Terra e dos oceanos sem precedentes nos últimos 134 anos para este período do ano.
Para o ano, a temperatura média se situa entre 0,69°C acima da média do século XX, superando as marcas prévias de 2005 e 2010, de 0,04°C. O relatório da agência disse que o recorde de aquecimento se propagou pelo mundo.
Segundo a análise da Nasa, desde 1880, quando foi iniciada a medição, a temperatura média da Terra ficou 0,8°C mais quente, uma tendência provocada em grande parte pelo aumento das emissões de dióxido de carbono e de outros gases pelas mãos do homem na atmosfera do planeta.
Além disso, os 10 anos mais quentes registrados, com exceção de 1998, ocorreram desde 2000. Essa tendência continua com o aquecimento de longo prazo do planeta, de acordo com medidas de temperatura da superfície da Terra feitas pelos cientistas da Nasa.
"Enquanto o ranking de anos individuais pode ser afetado por padrões climáticos caóticos, as tendências de longo prazo são atribuíveis a causas da mudança climática que agora são dominadas por emissões humanas de gases do efeito estufa", disse Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, em Nova York, em comunicado.
Entre as regiões do mundo onde foram registrados recordes de calor estão a Rússia, o oeste do Alasca, o ocidente dos Estados Unidos, algumas zonas da América do Sul, parte do litoral australiana, norte da África e quase toda a Europa.
A agência disse ainda que as medições realizadas pela Nasa de forma independente chegam às mesmas conclusões.
Recorde no mar e na terra
Quando são analisadas separadamente as superfícies da terra e dos oceanos, ambos registros também marcam recordes.
Com relação à neve, a NOAA constatou que a neve média anual no hemisfério norte foi de 64,62 milhões de quilômetros quadrados, "perto da média dos registros históricos". A primeira metade de 2014 registrou menos neve do que o normal, mas o segundo semestre registrou mais do que a média.
O gelo polar e oceânico seguem derretendo no Ártico, privando os ursos polares de seus habitats e provocando mudanças climáticas que afetam regiões muito distantes em todo o mundo.
A média mundial de gelo no oceano Ártico foi de 28,46 milhões de km², a menor área nos 36 anos em que os cientistas têm feito registros. No outro pólo, na Antártica, o gelo marinho caiu pelo segundo ano consecutivo, aos níveis mais baixos já registrados: 33,87 milhões de km², segundo a NOAA.
Dezembro também teve temperaturas recordes. As temperaturas médias combinadas nas superfícies terrestres e marítimas foram maiores do que qualquer outra na história.
A temperatura média do mês foi 0,77ºC acima da média mundial. "Este foi o dezembro mais quente no período de 1880 a 2014", disse a NOAA.
Prévia
Em dezembro, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) havia divulgado durante a Conferência Climática das Nações Unidas, a COP 20, em Lima, que 2014 caminhava para ser um dos mais quentes já registrados.
Na prévia do relatório “Status Global do Clima 2014”, a agência da ONU apontou que de janeiro a outubro de 2014 a temperatura média da superfície da Terra e dos oceanos foi de 14,57 graus centígrados, 0,57ºC acima da média entre 1961 e 1990, período usado como referência pela OMM. A análise é feita a partir de resultados obtidos pela NOAA, o Met Office, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e a Nasa.
Mesmo antes da confirmação oficial ser divulgada, em dezembro do ano passado a OMM já divulgou que era possível afirmar que dos 15 anos mais quentes da história, 14 foram no século 21.
Impactos no Brasil
O documento da OMM cita a seca na região Sudeste do Brasil como uma das anomalias que ocorreram em consequência da temperatura global maior.
De acordo com o texto, a seca severa em áreas do leste do país e na região central “causou um déficit hídrico grave que se estende por mais de dois anos. A cidade de São Paulo tem sido particularmente afetada com a grave escassez de água e o baixo nível do reservatório Cantareira”, disse o informe.
Produção e milho sofreu com a estiagem no interior de São Paulo (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)