quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Somos gregos?


SOCIEDADE ABERTA

00:05
Cristina Esteves

Somos gregos?

CRISTINA ESTEVES
A Grécia vai a votos a 25 de Janeiro naquele que será o embate capital entre as políticas económicas emanadas de Bruxelas e os protestos de uma população enfadada com a austeridade mas dividida quanto ao processo que determinou eleições antecipadas e ao rumo a seguir.
Desde a crise de 2008 que o PIB per capita da Grécia, ajustado à inflação, afundou quase 30 por cento. São níveis inferiores à Estónia e comparáveis, em termos absolutos, ao Gabão ou Antígua e Barbuda. No decurso, a Grécia tombou para a 81º posição no índice de competitividade global, atrás do Botsuana, Ucrânia ou Argélia (Espanha e Portugal encontram-se em 35º e 36º, respectivamente).

CRM-DF fiscaliza maior hospital do Centro-Oeste e cobra providências do Governo local para resolver problemas encontrados

Fiscalização Hospital de Base
CRM-DF fiscaliza maior hospital do Centro-Oeste e cobra providências do Governo local para resolver problemas encontrados

O relatório da fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) no Hospital de Base de Brasília será encaminhada ainda esta semana para o Governo local.  Com detalhamento dos problemas detectados na unidade seguirá um pedido de providências urgentes para sanar as dificuldades e permitir o atendimento digno dos pacientes e uma assistência de qualidade.
O CRM-DF, em nota divulgada na quarta-feira (25), poucas horas após a vistoria, explica que uma nova  avaliação da unidade deverá ocorrer nas próximas semanas para verificar se os equívocos foram corrigidos. Na oportunidade, os fiscais do Conselho serão acompanhados por representantes do Ministério Público, como aconteceu na visita de hoje.
Entre os problemas encontrados constam indícios de má gestão, que têm levado o Hospital de Base a um quadro de desabastecimento de insumos e medicamentos no Hospital, colocando em situação de risco pacientes e profissionais. Médicos que atuam na unidade afirmam que ela sofre com a carência de medicamentos (antibióticos, quimioterápicos, analgésicos) e insumos (gases, esparadrapos, compressas, fios cirúrgicos). Também há dificuldade de acesso a exames para diagnóstico e monitoramento dos pacientes graves.
“A fiscalização realizada no Hospital de Base aconteceu para evitar que a gravidade desse quadro continue a ferir a dignidade humana e os princípios éticos da assistência em saúde, num contexto de insegurança técnica que tem gerado a suspensão de procedimentos eletivos e até a limitação do acolhimento de novos casos (adultos e pediátricos)”, ressaltou o CRM-DF em sua nota.
Confira abaixo a íntegra da nota:

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Brasília, 25 de novembro de 2014.
NOTA SOBRE FISCALIZAÇÃO NO HOSPITAL DE BASE DE BRASÍLIA

Em decorrência de constantes denúncias e queixas de pacientes e médicos sobre a qualidade dos serviços prestados pelo Hospital de Base de Brasília, o maior da Região Centro-Oeste e o único habilitado para atender casos de altíssima complexidade no Distrito Federal, o Conselho Regional de Medicina do DF informa que:
     1) Acompanhado por representantes do Ministério Público, foi feita fiscalização na unidade na manhã desta quarta-feira (25 de novembro), quando foram avaliadas as condições de funcionamento de diferentes setores da unidade, com foco no centro cirúrgico;
     2) Os fiscais constataram inúmeros problemas, os quais serão detalhados em relatório de fiscalização a ser encaminhado à Secretaria de Saúde do GDF para conhecimento e tomada urgente de providências;
     3) As situações encontradas reforçam os indícios de problemas de gestão, que têm levado a um quadro de desabastecimento de insumos e medicamentos no Hospital, colocando em situação de risco pacientes e profissionais;
     4) O caso do Hospital de Base de Brasília se insere na grave crise que afeta a saúde pública no Distrito Federal, conforme relataram os 19 chefes de serviços cirúrgicos que atendem no local;
    5) Pelo relato dos médicos, o que orientou a fiscalização do CRM-DF, há algumas semanas o Hospital de Base sofre com a carência de medicamentos (antibióticos, quimioterápicos, analgésicos) e insumos (gases, esparadrapos, compressas, fios cirúrgicos). Também há dificuldade de acesso a exames para diagnóstico e monitoramento dos pacientes graves;
    6) Entre os procedimentos que, de acordo com os médicos, estão sendo afetados constam: os de acesso venoso profundo; os tratamentos com antibióticos (antibioticoterapia); e a intubação para manutenção das vias aéreas, etc.;
    7) A fiscalização realizada no Hospital de Base aconteceu para evitar que a gravidade desse quadro continue a ferir a dignidade humana e os princípios éticos da assistência em saúde, num contexto de insegurança técnica que tem gerado a suspensão de procedimentos eletivos e até a limitação do acolhimento de novos casos (adultos e pediátricos).
 Finalmente, o CRM-DF ressalta que nas próximas semanas, nova vistoria deverá ser realizada, também com o apoio do Ministério Público, para verificar se equívocos apontados foram corrigidos e a situação do atendimento e de trabalho dos profissionais foi normalizada.
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO DISTRITO FEDERAL

ANATOMIA PATOLÓGICA

ANATOMIA PATOLÓGICA

Foi publicado nesta segunda-feira (28), no Diário Oficial da União, um novo texto regulamentador para procedimentos diagnósticos de Anatomia Patológica, a Resolução CFM 2.074/14.

A norma substitui a Resolução CFM 1.823/07, tornando mais claras as obrigações legais e éticas que devem ser atendidas por todos os médicos envolvidos na assistência médica, quando exames anatomopatológicos são necessários para o diagnóstico das doenças, estabelecimento de prognósticos ou estadiamento de neoplasias (classificação da evolução dos tumores para se determinar o melhor tratamento e a sobrevida dos pacientes).

 De acordo com o relator da resolução, conselheiro federal José Fernando Maia Vinagre, a norma fundamenta-se no Código de Ética Médica, em várias resoluções anteriores do CFM e na legislação civil, notadamente na Lei 12.842/13, que regulamenta o exercício da Medicina.

Em consonância com o Art. 4º da Lei 12.842/13 – que enumera entre as atividades privativas do médico a realização de exames citopatológicos e seus respectivos laudos – a nova resolução do CFM estabelece que “os exames anatomopatológicos são atos privativos de médicos, o que garante que as interpretações e diagnósticos serão feitos por profissionais altamente qualificados em benefício do paciente”, explica Vinagre.

 A norma diz que é obrigatória nos laudos a assinatura e identificação clara do médico que realizou o exame da amostra. Desta forma, os médicos solicitantes dos procedimentos diagnósticos não podem aceitar laudos anatomopatológicos assinados por profissionais de outras áreas.

A diretriz também aborda as normas técnicas para a conservação e transporte de material biológico, disciplina as condutas médicas tomadas a partir de laudos citopatológicos positivos, bem como a auditoria médica desses exames, e estabelece que a mercantilização de procedimentos diagnósticos é vedada aos médicos que solicitam ou realizam exames anatomopatológicos.

 Confira outros destaques:
Acesso a laudos e materiais– As cópias de laudos, os blocos histológicos e as lâminas deverão ser mantidos em arquivo no laboratório de Patologia que realizou o exame anatomopatológico, respeitando-se para tanto os prazos e normas estabelecidos na legislação vigente. Deve ser garantido ao paciente ou a seu representante legal a retirada de blocos e lâminas de seus exames quando assim o desejarem, cabendo à instituição responsável pela guarda elaborar documento dessa entrega, a ser assinado pelo requisitante, o qual deve ser arquivado junto ao respectivo laudo.
Contratos– O laboratório de Patologia deve ter contrato formal com os estabelecimentos que lhe encaminham exames anatomopatológicos. Não é permitido ao médico ou ao laboratório de Patologia formalizar contratos ou acordos com estabelecimento sem diretor técnico médico registrado no CRM de sua jurisdição.
Controle– O controle/monitoramento interno e/ou externo da qualidade dos laudos citopatológicos emitidos por médicos deverão ser realizados somente por médicos citopatologistas, devidamente registrados junto ao Conselho Regional de Medicina.
Diretor técnico– O laboratório de Patologia deve ter, investido na função de diretor técnico, um médico portador de título de especialista em Patologia, registrado no CRM da jurisdição onde o laboratório está domiciliado. Ele será responsável direto por danos consequentes a extravios, bem como por problemas referentes a descuido na guarda, conservação, preservação e transporte das amostras, após o registro de entrada desse material no estabelecimento.
Procedimentos auxiliares– De acordo com a resolução, embora os exames anatomopatológicos sejam atos privativos de médicos, os procedimentos auxiliares para a execução do exame anatomopatológico podem ser atos profissionais compartilhados com outros profissionais da área da saúde e incluem macroscopia de biópsias e peças cirúrgicas simples, processamentos técnicos, colorações e montagem de lâminas e evisceração de cadáveres.
A íntegra da Resolução publicada no D.O. da União pode ser lida no Portal do CFM.
Informações do Portal do CFM.

* professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio. A teóloga é autora de “O mistério e o mundo – Paixão por Deus em tempo de descrença”, Editora Rocco.

Sou Charlie, sou Ahmed, sou Yohan, sou... humana

Maria Clara Lucchetti Bingemer
Faz uma semana que sou Charlie, como mais de dois milhões de franceses e incontáveis milhões de pessoas mundo afora.  Levo tarja preta na alma escrita em francês “Je suis Charlie” e acompanho as manifestações, as procissões, as lágrimas e o luto de Marianne, a República construída pela Revolução que cunhou as três gloriosas palavras “liberdade, igualdade, fraternidade”.
Sou Charlie porque creio na liberdade e no direito de todos de vivê-la e praticá-la.  No bojo deste direito estão as caricaturas e os desenhos – nem todos me agradavam - dos cartunistas assassinados.  Especialmente, é claro, os que criticavam cáustica e desrespeitosamente mistérios que para mim são sagrados, como católica que sou.  Confesso que não apreciava ver crenças que constroem minha identidade – como a Santíssima Trindade e a Virgem Maria – sendo objeto de caricaturas fortemente críticas e irreverentes. 
Porém, apesar de não apreciar estas e outras caricaturas, entre as quais as que criticam fortemente o Islã e o Profeta Maomé, não posso não ser Charlie. Quando 12 pessoas são brutalmente assassinadas em nome de Deus, não posso não colocar-me na pele dos mesmos que me ferem e ofendem com suas charges.  Não posso... porque eles são vítimas de um assassinato brutal e cruel.  Não posso, porque o direito deles à vida é mais sagrado do que o meu a ver minha fé respeitada.
Quando a violência de qualquer tipo faz vítimas, não há outro lugar para se estar senão onde estão elas.  Por isso, sou Charlie.  Sou também Ahmed, o policial muçulmano que morreu para defender os caricaturistas que criticavam sua religião.  Executado brutal e impiedosamente na rua em frente à redação do Charlie Hebdo, Ahmed Merabet era jovem e honesto.  Trabalhador, deixou mulher e filhos. Morreu um muçulmano, um homem de bem, um francês, um policial honesto. A violência cega da arma o metralhou em segundos. E desde aí...sou Ahmed.
Sou igualmente qualquer um dos reféns mortos no mercado kosher de Vincennes: Yohan, Yohav, Philippe e François. Sou todos eles e todas elas, vivendo seu susto e seu medo, seu desespero diante do ataque, e finalmente sua morte impiedosa perpetrada pelo atirador de Montrouge. E sou toda a comunidade francesa e judaica que nestes dias começa a sentir mais medo do que até então e teme por suas vidas e pelas de seus filhos. E por isso sou Yohan, Yohav... por isso choro e vivo com eles seu luto, enquanto seus corpos são transportados para Jerusalém.
Sou qualquer muçulmano que hoje se sente triste e constrangido porque o massacre do Charlie Hebdo mostrou uma face de sua religião que não é a verdadeira.  Sou qualquer dos devotos de Alá, que neste momento desejam que o mundo não os considere a todos fanáticos, assassinos e pessoas temíveis. Sou membro de qualquer povo que hoje possa ser desprezado, discriminado e vitimado por sua crença ou falta de crença, por sua identidade ou sua prática, por suas vestes ou gestos rituais.
Sou qualquer um e qualquer uma, qualquer passante, qualquer cidadão que hoje perdeu algo da espontaneidade do sorriso e da alegria de viver.  Sou iraquiana, sou síria, sou egípcia, sou nigeriana, sou de Boko-Haram.  Sou de qualquer lugar onde, hoje, viver é um peso e um terror, e não plena alegria.
Sou todos porque sou uma, porque sou humana, porque sou criada para a vida e não para a morte.  E, por isso, a morte violenta de qualquer irmão ou irmã em humanidade me atinge e mata algo em mim.  Não posso não sentir e com-padecer com eles e elas, porque eles e elas são eu, são parte de mim.
Não é a civilizada França que está lacerada.  Ou o combalido Iraque.  Ou a flagelada Síria.  É a humanidade que sangra e tem que voltar a crer na liberdade e exercer o inviolável direito de praticá-la.  Podem ofender-me, criticar-me, insultar-me.  Não tenho o direito de matar quem exerce sua liberdade expressando posições com as quais não concordo.  Não me cabe exterminar os que se voltam contra mim e me ofendem.
A condição humana é maior que as nações, que as pátrias, que as ideologias, que as religiões, que os laicismos de todas as formas.  Por isso, quando há vítimas em algum embate, o lugar de um ser humano é com elas.  O fundamento derradeiro e teológico para isso é o fato de que Deus mesmo está aí.  Não se há de encontrá-lo nas armas dos agressores e dos que os vingam com as mesmas armas.  Ele mora onde as vítimas sofrem, sangram, choram.  E onde os justos padecem e se compadecem.
Por isso sou Charlie, sou Ahmed, sou Yohan... Sou assim porque sou humana... Sou filha de Deus, como todos eles e elas.  Tudo está perdoado, como mostra a capa da nova edição do Charlie Hebdo, após a tragédia.  Mas o resgate da inocência, além de passar pelo perdão, não pode eludir nem descurar a identificação com as vítimas. Se todos hoje não formos Charlie, amanhã não haverá ninguém para ser nem Charlie nem ninguém.  A violência não para e cava o vazio, o abismo onde a humanidade não pode cair.
* professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio. A teóloga é autora de “O  mistério e o mundo –  Paixão por  Deus em tempo de descrença”, Editora  Rocco.  

Boko Haram teria matado mulher em pleno parto na Nigéria, denuncia AI

France Presse
15/01/2015 00h11 - Atualizado em 15/01/2015 00h11

Boko Haram teria matado mulher em pleno parto na Nigéria, denuncia AI

Anistia Internacional divulgou balanço de mortos em ataques extremistas.
Ao menos 2 mil pessoas teriam morrido nas últimas ações da organização.

Da France Presse
Os combatentes islâmicos do Boko Haram mataram uma mulher em pleno parto, durante a mais 'destruidora' ofensiva em seis anos de atuação do grupo, no nordeste da Nigéria - denuncia a Anistia Internacional nesta quinta-feira (15).
Em um comunicado à imprensa, a organização de defensa dos direitos humanos divulga o relato de uma testemunha do ataque à cidade de Baga, às margens do lago Chade. A fonte, que não teve seu nome revelado, contou que uma mulher grávida foi morta durante o trabalho de parto, assim como várias crianças.
"Metade do bebê já havia saído, e ela morreu nessa posição", afirmou a testemunha, citada pela Anistia.
Segundo a organização, centenas de pessoas podem ter sido assassinadas nesta ofensiva lançada em 3 de janeiro. O ataque parecia ter como alvo milícias civis de autodefesa que ajudam o Exército contra o Boko Haram.
Uma mulher entrevistada pela AI disse "que havia cadáveres para onde quer que eu olhasse".
Um homem que conseguiu escapar da chacina de Baga, após permanecer escondido por três dias, contou ter 'andado sobre os cadáveres' por cinco quilômetros em sua fuga.
A Anistia também divulgou imagens de satélite de Baga e Doron Baga, a 2,5 km de distância, mostrando a extensão dos ataques. "Essas imagens detalhadas mostram as proporções catastróficas da devastação nas duas cidades; uma delas tendo quase sido varrida do mapa no intervalo de quatro dias", declarou o investigador da ONG na Nigéria, Daniel Eyre.
Para a Anistia, os testemunhos e as imagens de satélite contribuem para provar que a ofensiva do Boko Haram é 'a maior e mais destruidora' já cometida pelo grupo em seu combate para estabelecer um califado islâmico no nordeste da Nigéria.
Mais de 3.700 estruturas foram danificadas, ou destruídas - 620, em Baga; e 3.100, em Doron Baga -, segundo estimativa da Anistia Internacional. A organização alerta que esse número pode ser bem maior.
Esta semana, o Exército nigeriano declarou que 150 pessoas foram mortas e rejeitou as estimativas 'sensacionalistas' de mais de dois mil vítimas fatais. Em geral, a tendência da corporação é minimizar os balanços das vítimas.
Os observadores avaliam que será quase impossível saber o número exato, já que o acesso à cidade de Baga e a seus arredores está sob controle rebelde.
Autoridades locais informaram que 16 povoados foram queimados, e 20 mil moradores fugiram da região. "Os assassinatos deliberados de civis e a destruição de seus bens por parte do Boko Haram constituem crimes de guerra e crimes contra humanidade e pedem uma investigação", declarou a Anistia Internacional.
O ataque de Baga acontece a pouco menos de um mês das eleições presidencial e legislativas, previstas para 14 de fevereiro. A escalada da violência tem como objetivo desestabilizar o pleito.

Economia da Alemanha cresce em 2014 à taxa mais forte em 3 anos

Economia da Alemanha cresce em 2014 à taxa mais forte em 3 anos

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015 07:09 BRST
 
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BERLIM (Reuters) - A economia da Alemanha cresceu 1,5 por cento em 2014, taxa mais forte em três anos e em linha com as expectativas, mostrou nesta quinta-feira estimativa preliminar da Agência Federal de Estatísticas.
A economia alemã teve um início de ano robusto em 2014, mas evitou por pouco a contração no terceiro trimestre depois de encolher no segundo.
(Reportagem de Noah Barkin e Michelle Martin)

Pedido de prisão de Cerveró: 'Maior organização criminosa da história'

Pedido de prisão de Cerveró: 'Maior organização criminosa da história'

O Ministério Público reafirmou que mesmo após a deflagração da Lava-Jato, no ano passado, ficou comprovado que o esquema de corrupção se estendeu até 2014

 
    

 postado em 14/01/2015 18:46 / atualizado em 14/01/2015 19:48
 Agência Brasil
Wilson  Dias/Agência  Brasil

O Ministério Público Federal (MPF) enfatiza no pedido de prisão do ex-diretor da área intenarcional da Petrobras Nestor Cerveró que ele faz parte da "maior organização criminosa que a história já revelou" no país. Segundo os procuradores, mesmo com as investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF), a continuidade do esquema de corrupção não foi estancada. A prisão foi determinada no dia 1º de janeiro, mas efetivada somente nesta quarta-feira (14/1) porque Cerveró estava em Londres.

Segundo os procuradores, há evidências de que Cerveró acumulou fortuna no Brasil e no exterior, oriunda dos crimes cometidos com os desvios da Petrobras. Segundo o MPF, foi necessária a decretaçao da prisão para evitar que os valores sejam ocultados da Justiça.

"O que é certo, de tudo isso, é o enriquecimento espúrio e a falta de conhecimento por parte do Estado de onde estão as dezenas de milhões de reais que recebeu criminosamente.
Sabe-se que o dinheiro não está com Cerveró, porque não está em suas contas no Brasil. Em outras palavras, tudo indica que esse dinheiro está sendo ocultado, o que também caracteriza lavagem de dinheiro", afirmam os procuradores.

Além dos valores ocultados, o Ministério Público reafirmou que mesmo após a deflagração da Lava-Jato, no ano passado, ficou comprovado que o esquema de corrupção se estendeu até 2014.

"Assim sendo, neste item se observa que a dimensão econômica dos crimes praticados por Cerveró e pela organização criminosa em que se insere geram impacto gigantesco na ordem pública e econômica. Como dito, trata-se do maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Mais do que tudo isso, é um esquema que não se tem provas de que foi estancado. Houve fatos em 2014 e, como antes demonstrado, Cerveró continua a praticar atos de lavagem. Isso tudo, mais uma vez, justifica a custódia cautelar", reafirmou o órgão.

Cerveró foi preso na madrugada de hoje, no Rio/Galeão - Aeroporto Internacional Tom Jobim, após desembarcar de um voo proveniente de Londres. Ele foi encaminhado para a Superintendência da PF em Curitiba, onde outros investigados na Lava-Jato estão presos.

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De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia 16 de dezembro Cerveró sacou R$ 500 mil em um fundo de previdência privada e transferiu o valor para sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do banco de que perderia 20% do valor. Em junho do ano passado, Cerveró havia transferido imóveis para seus filhos, com valores abaixo dos de mercado. Na intepretação do MPF, o ex-diretor tentou blindar seu patrimônio, e por isso a prisão foi requerida.

O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que não houve ilegalidade na transferência de bens para parentes, e estranhou a prisão de seu cliente. “Desde 1º de abril coloquei o Nestor Cerveró à disposição tanto do Ministério Público quanto da Polícia Federal, e nenhum dos dois órgãos se interessou em ouvi-lo. Até ontem [13], ninguém o havia procurado. Além disso, quando ele foi para a Inglaterra, comuniquei ao Ministério Público e à Polícia Federal que ele estava viajando e que voltaria em janeiro. Deixei, inclusive, o endereço onde ele estava”.