segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

"Corrupção" eleita palavra do ano de 2014

"Corrupção" eleita palavra do ano de 2014

SIC(SIC/ ARQUIVO)

"Corrupção", que significa "uso de meios ilícitos para obter algo de alguém", foi considerada a palavra do ano, de 2014, segundo uma votação realizada pelo Grupo Porto Editora e na qual participaram 22.000 portugueses.

O grupo editorial revelou hoje que a segunda palavra mais votada pelos portugueses foi "xurdir", um regionalismo que significa "lutar pela vida" ou "fazer pela vida", e a terceira foi "selfie", um estrangeirismo adotado pela língua portuguesa e que significa "autorretrato", o ato de tirar uma fotografia a si próprio.

"Os vários casos de suspeita de corrupção que foram sendo conhecidos ao longo do ano passado, e a consequente atenção dada pelos 'media' que alimentou debates e conversas, terão influenciado a escolha feita pelos portugueses", justifica a editora.

O ano de 2014 ficou marcado por dois grandes casos judiciais com acusações de corrupção: O processo "Face Oculta", sobre uma suposta rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial de Manuel Godinho, e a operação "Labirinto", relacionada com os vistos 'gold'.

O ano ficou ainda marcado pela detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates, por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

Segundo a votação da "palavra do ano", feita pela Internet na página www.infopedia.pt, "corrupção" somou 25 por cento dos votos.

As dez palavras que estavam em votação eram "banco", "basqueiro", "cibervadiagem", "corrupção", "ébola", "gamificação", "jihadismo", "legionela", "selfie" e "xurdir".

A Porto Editora realiza esta votação desde 2009, ano em que foi eleita a palavra "esmiuçar".

A esta juntam-se, em anos seguintes, as palavras "vuvuzela" (2010), "austeridade" (2011), "entroikado" (2012) e "bombeiro" (2013).

Ex-ministro do Interior designado novo PM da Tunísia | Política | Diário Digital

Ex-ministro do Interior designado novo PM da Tunísia | Política | Diário Digital

Com bancada sindical reduzida, trabalhadores temem retrocesso

País

Com bancada sindical reduzida, trabalhadores temem retrocesso

Agência Brasil
Com a menor bancada sindical no Congresso Nacional desde 1988, quando 44 sindicalistas compunham a representação no Legislativo, segundo levantamento do Sindicato de Servidores Públicos Federais (Sindsep), trabalhadores temem o retrocesso de direitos adquiridos ao longo dos últimos anos. O número de representantes da categoria no Legislativo caiu pela metade, de acordo com os resultados das urnas em outubro, e passará dos atuais 83 parlamentares para 46 a partir deste ano.
Por outro lado, a bancada empresarial que defende interesses de diversos setores manteve composição significativa na Câmara e no Senado, apesar de perder mais de 50 representantes na próxima legislatura. Os empresários passarão dos atuais 246 parlamentares para 190 no dia 1º de fevereiro.
Todos os números no Congresso podem mudar com as definições do Planalto sobre os cargosno Executivo, mas, ainda que nomes sejam cotados, o equilíbrio de forças dificilmente será alcançado. Do lado dos sindicalistas estão outros setores considerados vulneráveis como os movimentos indígenas e a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis).
Diante dos resultados das urnas, especialistas do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) concluíram que a nova composição do Congresso é a mais conservadora desde 1964, pelo número de parlamentares eleitos ligados a segmentos militares, policiais, religiosos e ruralistas. O analista político do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, prevê que com essa composição, a tendência é que “algumas conquistas, como a garantia dos direitos humanos, sejam interrompidas ou até regridam ”.
Levantamento do Diap mostrou, por exemplo, que, enquanto nenhum dos candidatos que se autodeclarou indígena foi eleito para a Câmara dos Deputados, a bancada ruralista cresceu. Números da Frente Parlamentar da Agropecuária revelam que os representantes do setor passarão dos atuais 14 senadores e 191 deputados para 16 senadores e 257 deputados.
O novo cenário pode significar a retomada de matérias como a proposta de emenda à Constituição (PEC 215/00) que é alvo de protesto de grupos indígenas. O texto, que deve ser arquivado sem votação com o fim da atual legislatura, transfere a competência da União na demarcação das terras indígenas para o Congresso e possibilita a revisão das terras já demarcadas.
No caso de policiais e setores vinculados, como o de apresentadores de programas policialescos, foram eleitos 55 deputados, como o delegado da Polícia Federal Moroni Torgan (DEM), candidato mais votado do Ceará, com 277 mil votos, e o coronel da reserva da Polícia Militar Alberto Fraga (DEM), o mais votado no Distrito Federal, com 155 mil votos. Parte desses nomes defende propostas como a revisão do Estatuto do Desarmamento.
Na mesma linha, mais de 464 mil eleitores do Rio de Janeiro decidiram reeleger o atual deputado Jair Bolsonaro (PP), militar da reserva que segue para o sétimo mandato. Por outro lado, no mesmo estado, a população também elegeu , com mais de 144 mil votos, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), principal nome ligado ao movimento LGBT.
Para o cientista político Wagner de Melo Romão, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse tipo de contradição que se repetiu em outros estados reflete o “movimento múltiplo e plural” que se manifestou nos protestos de junho do ano passado. “ Não podemos ser muito alarmistas. Acho que o novo Congresso acaba expressando o que está presente na sociedade brasileira. Se por um lado a gente fala de crise de representação, por outro lado nossas instituições estão funcionando, dando sentido a algo que está presente no eleitorado”, afirmou.
Romão reiterou que “junho significou a exposição mais clara de um acirramento que vem ocorrendo na sociedade, em que as posições políticas estão cada vez mais evidenciadas e radicalizadas”. Ele alertou para a diluição de partidos que comporão o Legislativo no próximo ano, considerando que na Câmara, por exemplo, o número de legendas representadas passará das atuais 22 para 28, a relação de parlamentares ligados a grupos de interesses específicos pode dificultar avanços de matérias sociais consideradas prioritárias pelo governo. “ Vão acabar impondo seu poder de veto a eventuais modificações”, disse .
Para Wagner Romão, a relação com o Executivo, que “é sempre muito difícil no âmbito federal, desde o início do governo Lula”, tende a se acirrar. “A base de governo, a maioria criada pelo Executivo, nunca foi totalmente estável. A gente pode verificar que na maioria das votações, quando há acordo e negociações, o governo tende a vencer porque constitui uma maioria, no entanto em algumas votações mais polêmicas, essa base não se mostra tão forte assim. Isso tende a se aprofundar”.
Se no Congresso o PT e o PMDB perderam parlamentares e o governo ainda contabilizou queda no apoio de legendas como o PSB, nos estados, a fragmentação se repetiu. “Mas, o que a gente vê nos estados é que os governadores conseguem manipular, com mais facilidade, nos seus rincões, essa divisão tão grande de partidos. Coisa diferente do que ocorre no plano federal”, disse Romão .
O PMDB elegeu sete governadores, entre eles os do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, o maior número entre as legendas. Do PT foram eleitos cinco nomes nos estados, entre eles os dos governadores de Minas Gerais e da Bahia. Os tucanos conquistaram cinco governos e o PSB elegeu três governadores. O PSD conquistou a chefia de dois governos estaduais e o PDT, também de dois. Pelo PCdoB foi eleito o governador do Maranhão, pelo PROS, o governador do Amazonas, e o PP elegeu a única governadora do país, Suely Campos, de Roraima.

O comunismo silencioso


Anunciantes devem ter vislumbre dos desafios e oportunidades do Apple Watch

Anunciantes devem ter vislumbre dos desafios e oportunidades do Apple Watch

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015 08:52 BRST
 
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LAS VEGAS (Reuters) - O relógio inteligente da Apple representa um enigma para os anunciantes: como explorar as possibilidades atraentes do pequeno dispositivo sem sobrecarregar os consumidores com mensagens.
A empresa de marketing móvel TapSense planeja lançar um serviço de compra de anúncios no Apple Watch nesta semana na Consumer Electronics Show, em Las Vegas. O serviço irá fornecer um primeiro vislumbre de como as empresas podem exibir anúncios no relógio, ainda que o gadget não seja disponibilizado ao público até o final deste ano.
O que está em jogo é o fato de que as mesmas qualidades que tornam o relógio atraente para os anunciantes, tais como a capacidade de detectar os consumidores que se aproximam de uma loja e enviar um anúncio diretamente a seus pulsos, também arriscam afastar esses clientes.
A Apple não quis comentar o uso de seu relógio por anunciantes, e não vai participar do evento oficialmente. Mas muitas empresas que fazem dispositivos e serviços baseados em produtos da Apple vão estar lá, incluindo várias que estão trabalhando com o WatchKit, uma ferramenta de desenvolvimento de softwares da Apple lançada em novembro, que permite aos desenvolvedores criar aplicativos adaptados ao relógio.
Utilizando essa ferramenta, os desenvolvedores estão planejando formatos de anúncios para o relógio inteligente, incluindo papéis de parede interativos sobre o visor do relógio com logotipos de marcas, disse o presidente-executivo da TapSense, Ash Kumar. Seu produto ajuda os desenvolvedores a inserir anúncios, comprados e vendidos instantaneamente, nos aplicativos.
A tela principal do relógio permite a exibição de vários ícones minúsculos, inclusive para e-mails, metereologia, horas, e, potencialmente, alguns dos serviços favoritos e aplicativos de varejo.
As empresas poderiam usar esses aplicativos para notificar os clientes de ofertas especiais, mas apenas dentro de aplicativos já abertos, disse Kumar. Caso contrário, o fornecedor corre o risco de irritar os consumidores através da introdução de um anúncio que está fora de sincronia com o que eles estão fazendo.
Se o consumidor está usando um aplicativo de trânsito no relógio para monitorar atrasos, por exemplo, um anunciante poderia inserir uma oferta que iria apresentar no mostrador do relógio um serviço de compartilhamento de corrida ou uma promoção em um café nas proximidades, disse Kumar.
(Por Malathi Nayak)

IPC-S acelera alta a 0,75% em dezembro e fecha 2014 com avanço de 6,87%, diz FGV

IPC-S acelera alta a 0,75% em dezembro e fecha 2014 com avanço de 6,87%, diz FGV

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015 08:16 BRST
 
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SÃO PAULO (Reuters) - O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) fechou dezembro com avanço de 0,75 por cento e encerrou 2014 com alta acumulada de 6,87 por cento, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira.
Em novembro, o indicador havia subido 0,65 por cento, e na terceira quadrissemana de dezembro apresentou alta de 0,76 por cento.
Segundo a FGV, a principal contribuição para o resultado de dezembro veio do grupo Habitação, que desacelerou a alta para 0,70 por cento frente a 0,80 por cento na terceira quadrissemana.
O destaque nesta classe de despesa ficou para o item tarifa de eletricidade residencial, cuja taxa passou de 3,24 por cento para 2,65 por cento.
Já no ano a maior influência positiva, segundo a FGV, ficou o item Refeições em bares em restaurantes, com avanço acumulado no ano de 8,84 por cento.
(Por Camila Moreira)

E o "verde", como fica?

por André Trigueiro

E o "verde", como fica?

Izabella TeixeiraNesta entrevista exclusiva, Izabella Teixeira revela em que momento foi chamada para permanecer no Ministério do Meio Ambiente, quais as prioridades acertadas com a presidente Dilma para os próximos quatro anos, suas expectativas em relação aos novos colegas de primeiro escalão – especialmente Kátia Abreu e Aldo Rebelo – e como vem recebendo as críticas dirigidas a ela pelo movimento ambientalista.
Izabella Teixeira me disse que já havia se programado para dar aulas em 2015 na Universidade de Stanford (EUA) como professora visitante. Mas o projeto teve que ser adiado, segundo ela, por uma "convocação" da presidenta Dilma. No último dia 18 de dezembro, logo após a cerimônia de diplomação, Dilma avisou à Izabella que contava com ela à frente do Ministério do Meio Ambiente por mais quatro anos. Pedido feito, malas desfeitas.  
Sobre os rumores dando conta de que o senador Jorge Vianna (PT-AC) seria o nome preferido de Dilma até que o irmão dele, o governador reeleito do Acre, Tião Vianna, apareceu na lista de políticos denunciados na Operação Lava-Jato, Izabella foi taxativa. "Em nenhum momento isso foi falado comigo. Ela me convidou para darmos sequência àquilo que iniciamos no primeiro mandato, com algumas novas atribuições, como o enfrentamento da crise hídrica e a aprovação do novo marco de acesso a recursos genéticos".
 Um dos raros quadros técnicos do primeiro escalão do governo, Izabella não representa nenhum partido político e aparece no seleto grupo de mulheres (apenas seis) que figuram na foto oficial do ministério de Dilma neste segundo mandato, dividindo espaço com 33 homens.
E é justamente neste núcleo feminino da Esplanada que a presidenta reuniu duas protagonistas de uma antiga batalha política que vem sendo travada há anos. 
Agora, Izabella Teixeira e Kátia Abreu pertencem ao mesmo time. A nova ministra da Agricultura – principal liderança do agronegócio no Brasil – foi uma das principais defensoras do novo Código Florestal (cujo texto final desagradou amplos segmentos do ambientalismo brasileiro). Kátia Abreu também vem apoiando a mudança constitucional que prevê a transferência do Poder Executivo para o Congresso Nacional (onde a bancada ruralista é forte) da responsabilidade por novas demarcações de terras indígenas e Unidades de Conservação. Esses não são os únicos pontos divergentes entre ela e Izabella Teixeira. Guerra à vista? Não necessariamente.    
 "Eu já conversei com a ministra Kátia Abreu. Estarei na cerimônia de posse dela. Nós nos falamos na cerimônia de posse da presidenta Dilma e combinamos de nos reunir para acertarmos uma agenda de trabalho comum. Kátia Abreu também considera prioridade a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e me disse que deseja modernizar a legislação que rege a recuperação florestal."
Outro colega de primeiro escalão com quem Izabella Teixeira conversou no dia da posse, foi Aldo Rebelo, da Ciência, Tecnologia e Inovação. Relator do Código Florestal – a quem dedicou aos "agricultores brasileiros" – Aldo foi criticado por ambientalistas e cientistas de apresentar um texto desprovido de embasamento científico e sem o aval de importantes instituições referenciais para o setor, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Agência Nacional de Águas (ANA).
A impopularidade de Aldo Rebelo junto aos ambientalistas alcançou um ponto crítico em 2011 com a publicação de um texto, assinado por ele, intitulado “A trapaça ambiental”. Nele, afirmou que "o chamado movimento ambientalista internacional nada mais é, em sua essência geopolítica, que uma cabeça de ponte do imperialismo.” Ao comentar o agravamento do efeito estufa, foi taxativo: "Não há comprovação científica das projeções do aquecimento global, e muito menos de que ele estaria ocorrendo por ação do homem e não por causa de fenômenos da natureza", opinião que contraria frontalmente a posição histórica do Brasil nas negociações do clima.
O ministro do PC do B acaba de assumir um ministério que vem subsidiando o governo brasileiro com informações estratégicas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU e que buscam a redução imediata das emissões de gases estufa. Negociações em que Izabella é liderança ativa. E agora? Para que lado vamos?
 "Aldo Rebelo manifestou interesse em conversar comigo sobre a agenda do clima e os assuntos da biodiversidade. É bom lembrar que foi a própria presidenta Dilma quem destacou o protagonismo do Brasil nas negociações climáticas e que esse é um tema prioritário deste mandato. É uma ação articulada de governo onde estamos todos envolvidos", ressaltou a ministra do Meio Ambiente.     
 Ao ser convidada por Dilma para permanecer no cargo, Izabella ouviu da presidenta a lista de prioridades na área ambiental. A posição brasileira na COP 21 – a Conferência do Clima que acontecerá em dezembro deste ano em Paris – é uma delas. A expectativa é a de que o encontro estabeleça novas metas e prazos para que todos os países – exceto aqueles mais pobres – reduzam suas emissões de gases estufa. O Brasil promoverá consultas públicas antes de fechar uma proposta.
 Outra prioridade é a implementação do Código Florestal, especialmente a conclusão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que hoje, segundo o governo, alcança 130 milhões de hectares dos 329 milhões de hectares possíveis. Para que os proprietários de terra sejam cobrados em relação ao cumprimento das regras de proteção ambiental, é preciso conhecer a real situação de cada propriedade. Quem também procurou Izabella (na mesma cerimônia de posse de Dilma) para unir forças na conclusão do CAR foi o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias.
 Aperfeiçoar o licenciamento ambiental é outra meta para os próximos quatro anos. O assunto incomoda aos ambientalistas, que temem a flexibilização dos atuais protocolos em favor dos interesses econômicos.
 Em relação a esse ponto, Izabella lembra que a maioria absoluta dos licenciamentos hoje é oferecida pelos Estados (no caso das obras do PAC, 82% dos licenciamentos são estaduais) e diz que o Ibama se modernizou e virou referência. Segundo ela, o órgão conta hoje com 400 funcionários concursados para cuidar dos licenciamentos federais em uma estrutura mais ágil e informatizada. "Precisamos avançar nessa agenda. Não é possível, por exemplo, encomendar um novo estudo de impacto ambiental a cada dragagem de porto. Pode-se licenciar em blocos, como já se faz nas unidades de exploração de petróleo, sem nenhum prejuízo ambiental". 
Outra questão importante, segundo ela, é “acabar com o desmatamento ilegal em todos os biomas, e não apenas na Amazônia". Izabella garante que não faltarão recursos para isso, mesmo sabendo que 2015 será um ano de severas restrições orçamentárias para todo o governo. “Não sei de quanto será o corte, mas nunca faltou dinheiro para fiscalização e combate ao desmatamento. Quando assumi o Ministério, o orçamento era de 560 milhões de reais por ano . Hoje é de aproximadamente 1,1 bilhão”.
Izabella lembra que conhece o atual dono do cofre – leia-se, Joaquim Levy, novo todo-poderoso do Ministério da Fazenda – desde que os dois participaram do governo Sérgio Cabral (ele na Secretaria de Fazenda, ela na Secretaria do Ambiente). Vem de lá uma afinidade em relação aos assuntos ambientais, muito por conta da militância da mulher de Levy, Denise, a ambientalista da família, que trabalha no BID e mora em Washington. 
Sem ser política profissional – portanto, desamparada dos "apadrinhamentos" que aceleram processos e abrem caminhos nas redes de interesses que orbitam o Poder Central – Izabella Teixeira desenvolveu seus próprios métodos para tentar fugir do ostracismo em pleno exercício do cargo. "O importante é o diálogo, não se isolar e definir pautas comuns entre os ministérios", diz ela, reconhecendo que é preciso comunicar melhor o dia-a-dia do seu ministério junto à sociedade.       
Para Izabella, as fortes críticas dirigidas ao primeiro mandato da presidenta Dilma na área ambiental – principalmente as que partem das próprias organizações ambientalistas – não levariam em consideração um numeroso pacote de realizações que ela enumera, sem disfarçar uma certa indignação. Um dos assuntos mais controversos, por exemplo, é a taxa de desmatamento da Amazônia.  "Registramos as quatro menores taxas de desmatamento da Amazônia. Realizamos mudanças importantes nos mecanismos de fiscalização e controle em parcerias com o Ministério da Ciência e Tecnologia e o INPE”.
 Sobre as críticas de que Dilma foi a chefe de Estado que menos criou Unidades de Conservação (UCs) desde os governos militares, Izabella defende as novas diretrizes adotadas pelo governo. “Criar Unidades de Conservação em áreas onde existam conflitos fundiários não adianta. É preciso regularizar a situação primeiro. A propósito, nos últimos quatro anos, nenhum governador da Amazônia criou novas UCs. E ninguém menciona isso. Implementamos planos de manejo em 60 dessas unidades, mais do que foi feito nos oito anos de governo Lula”.
A maioria das medidas citadas na entrevista – não reproduziremos todas neste espaço – não teve visibilidade nem repercussão. O que não quer dizer que não sejam importantes. Na lista de Izabella não aparece, talvez por modéstia, a contribuição efetiva da delegação brasileira (chefiada por ela) para que o mundo alcançasse depois de 18 anos de negociações o Protocolo de Nagoya – o mais importante acordo ambiental internacional desde o Protocolo de Kioto – que versa sobre as regras de uso e proteção da biodiversidade. Também não mencionou a conquista do Prêmio Campeões da Terra, que lhe foi oferecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), na categoria “liderança política”, pelos “esforços bem sucedidos em reverter o desmatamento da Amazônia”.
Leal a Dilma, Izabella sabe que o governo não entende a sustentabilidade como “eixo matricial das políticas públicas”, conforme tem defendido há décadas o colega e amigo jornalista Washington Novaes. Sabe também que boa parte de seus colegas de primeiro escalão – a maioria absoluta, vá lá – ainda vive, pensa e age como se não experimentássemos uma crise ambiental sem precedentes na história da Humanidade. E aí, o que fazer?
 A ex-ministra Marina Silva pediu demissão alegando que perderia o pescoço, mas não o juízo.
O ex-ministro Carlos Minc bateu boca em público com mais de um ministro que lhe deixou “verde” de raiva pelo atropelamento das mais básicas cartilhas ambientais.

Izabella vai ficando. Que incomode bastante.

*Foto: Martim Garcia/Divulgação/MMA