segunda-feira, 30 de maio de 2016

Temer no fio da navalha

O presidente interino tem apenas dois meses para mostrar que pode governar o país

O presidente interino, Michel Temer.



Faltam apenas 65 dias para que os destinos de Dilma Rousseff e Michel Temersejam definidos, se o cronograma apresentado nesta semana pelo relator da Comissão do Impeachment, o senador tucano Antonio Anastasia, funcionar. Segundo a previsão feita por ele, que ainda precisa ser aprovada pela comissão na próxima reunião, em 2 de junho, o Plenário do Senado decidirá em 2 de agosto se Rousseff perderá definitivamente seu mandato. Se confirmado, o país decidirá seu futuro três dias da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio.
Esses pouco mais de dois meses serão, portanto, essenciais não apenas para a defesa de Rousseff. Eles também marcam o prazo que o atual presidente em exercício tem para provar que consegue dirigir o país para fora da crise econômica atual, adotando medidas fiscais firmes a ponto de agradarem o mercado, mas não o suficiente para que insuflem as ruas. Tudo isso numa corrida aparentemente às cegas contra o tempo porque, a qualquer momento, as investigações da Lava Jato podem atingir sua base de apoio ou o próprio coração do Governo. A luz amarela foi acendida nesta semana, com a queda de  Romero Jucá, braço direito de Temer -ele acabou exonerado do Ministério do Planejamento depois de o jornal Folha de S.Paulo revelar conversas que sugeriam uma articulação para interromper as investigações. E a ansiedade seguiu com a revelação escalonada de mais áudios ao longo dos dias.
Para que Dilma Rousseff seja afastada, é preciso que 54 dos 81 senadores votem a favor do impeachment. Na votação de admissibilidade do processo, em 12 de maio, 55 senadores foram favoráveis à abertura da investigação. Isso significa que a petista precisaria, além de manter os votos que obteve, em tese convencer ao menos dois parlamentares a mudarem de posição. Uma margem muito apertada. E, apesar de esta fase do processo ser o coração jurídico do processo, com a apresentação de provas sob a presidência do Supremo Tribunal Federal, a decisão será necessariamente um reflexo da balança política. “Quem votou pelo afastamento de Dilma nem imaginava coisas como estas que se viu nas gravações”, escreveu no Twiiter nesta semana o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), um dos votos pró-impeachment considerados voláteis.
“É um período curto em que Temer precisa conseguir muita coisa. Ele tem o grande desafio de se colocar como a solução da crise econômica. É uma janela de tempo crucial para ele mostre que não se trocou seis por meia dúzia”, explica João Augusto de Castro Neves, diretor da América Latina da consultoria de risco político Eurásia Group. Segundo os cálculos da consultoria, que considera questões como o apoio da população e o tamanho da base aliada de Temer no Congresso, há, neste momento, 80% de chances de o Senado votar pelo impeachment de Rousseff, mas a situação é tão delicada que essa estimativa pode se alterar a qualquer momento.
Para Neves, os anúncios feitos até agora por Temer na área econômica contam como pontos favoráveis a ele. Os nomes escolhidos para comandar a área, como o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, imprimiram a confiança de uma mudança de rumo econômico. A aprovação da alteração da meta fiscal pelo Congresso, na madrugada de quarta-feira, também mostrou que a 'superbase' montada no Parlamento funcionou em seu primeiro teste importante. Há fatores de risco, como a situação da base na Câmara com o presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA) e a possibilidade de que a Lava Jato afete a presidência do Senado de Renan Calheiros (PMDB-AL), com um grupo fiel na Casa. Acertando na área econômica, Temer agrada não apenas o mercado, mas também ganha a confiança da classe média que foi às ruas nos últimos meses, que odeia o PT de Rousseff, mas ainda não tem certeza se apoia o Governo interino.
Mas as medidas, apesar de bem recebidas por essa parcela da sociedade, contemplam apenas uma parte desse enorme xadrez político. Para o doutor em ciência política por Harvard, Andrei Roman, criador do Atlas Político, que também faz projeções sobre o impeachment, o futuro do Governo é incerto e dependerá não apenas dos passos dados na economia, como da própria conjuntura política. "Temer está em uma situação em que qualquer coisa que ele tentar fazer vai deixar alguém insatisfeito", afirma ele. "O ponto mais importante de sustentação dele é a recuperação econômica. Mas, para fazer isso, ele precisa fazer reformas que têm o potencial de incendiar o país".
Para evitar que os protestos de rua, que já existem, se tornem maiores, ele evitou tomar qualquer medida polêmica. Ensaiou um discurso de aumento de impostos, recebido com críticas, mas recuou. Também não promoveu qualquer corte radical no Orçamento. Até medidas mais simples, que visavam a enxugar a máquina pública, acabaram desfeitas após a repercussão negativa: caso do Ministério da Cultura, extinto e, depois, ressuscitado, diante de protestos da classe artística. Ele manteve, no entanto, algumas medidas polêmicas, como arevisão de portarias que ampliavam o Minha Casa, Minha Vida, capazes mais de mobilizar movimentos de esquerda, já contrários a ele.
Roman afirma que a Lava Jato é outro fator que será crucial neste período. Para ele, caso as investigações atinjam mais nomes próximos a Temer, isso pode causar um desgaste na imagem do Governo diante da opinião pública. Além de Jucá, outros ministros escolhidos por ele foram citados em delações feitas na investigação. O mandatário interino também nomeou vários nomes ligados ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, o político mais mal avaliado do Brasil. "Temer terá que se ajoelhar para Cunha", lançou a presidenta afastada  em entrevista à Folha de S. Paulo publicada neste sábado. Nas manifestações anti-Rousseff, o envolvimento de petistas na investigação foi uma das grandes críticas feitas. A perda de apoio popular pode acabar por reverter votos de senadores que, às vésperas das eleições municipais de outubro, podem temer impactos em suas bases eleitorais e prejuízos a seus afilhados políticos.
Para o Atlas Político, a chance de que que o impeachment se efetive é de 55%, justamente pela apertada margem de votos que a banda pró-Temer tem. Neste corpo a corpo, os políticos acabam ganhando no varejo. O senador peemedebista Jader Barbalho, por exemplo, que é aliado de Rousseff, mas faltou na votação da admissibilidade, conseguiu um ministério para o filho, Helder Barbalho, colocado por Temer na Integração Nacional. Zezé Perrella (PTB), que votou pelo impeachment mas chegou a dar indicação de que poderia mudar de ideia, emplacou o filho Gustavo Perrella na Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor. 
Tanto Roman, do Atlas, quanto Neves, da Eurasia, acreditam que mesmo que o Governo Temer perca forças, as chances de Rousseff voltar, entretanto, são pequenas, já que ela perdeu a sustentação política. Para o primeiro, é possível que os erros de Temer levem a um acordo, em que Rousseff seria poupada do impeachment desde que concordasse em chamar novas eleições. Para o segundo, caso a situação do presidente interino se torne insustentável, a saída política seria forçar o Tribunal Superior Eleitoral a acelerar a condenação da chapa petista por irregularidade de gastos de campanha - se isso ocorre antes de dezembro, há novas eleições diretas; se ocorre depois, são chamadas eleições indiretas, em que o Parlamento escolherá o novo presidente.

CRONOGRAMA DO IMPEACHMENT

As datas estabelecidas pelo senador Antonio Anastasia nesta quarta-feira, que ainda serão votadas pela comissão no próximo dia 2:
Até 1 de junho: recebimento da defesa prévia da presidenta afastada na comissão
02 de junho: parecer da comissão sobre provas e diligências pedidas pela defesa e pelos senadores do grupo
06 a 17 de junho: oitiva das testemunhas, esclarecimento do perito e colocação de documentos no processo
20 de junho: interrogatório de Dilma Rousseff (que pode ser representada por seu defensor)
25 de julho: leitura do relatório da comissão
26 de julho: discussão do relatório na comissão
27 de julho: votação do relatório na comissão
28 de julho: leitura do parecer no plenário
01 e 02 de agosto: discussão e votação do parecer no plenário

Antes de assumir cargo, ministro da Transparência criticou a Lava-Jato


Daniel Ferreira/Metrópoles

As críticas foram gravadas na casa de Renan Calheiros pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado




O atual ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, criticou a operação Lava-Jato – que apura desvios bilionários na Petrobras – antes de ser nomeado pelo presidente interino Michel Temer. As críticas foram gravadas pelo ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo,  neste domingo (29/5).
As conversas foram gravadas na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na época, Silveira era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – cargo para o qual ele foi indicado por Renan. Originalmente, o atual ministro é funcionário de carreira do Senado.


As avaliações são especialmente contundentes pelo fato de o ministério chefiado por Silveira ter como objetivo justamente zelar pela fiscalização e controle contra a corrupção. No áudio, também há trechos em que Silveira orienta o presidente do Senado a como lidar com a Lava-Jato.
ÁudioSegundo depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e delator do esquema, e do doleiro Alberto Youssef, a campanha de Renan teria sido contemplada com duas doações no valor total de R$ 400 mil. Na gravação, Renan diz a Fabiano, sem entrar em detalhes, que está preocupado com um recibo. Machado diz que ele foi incluído em um processo de R$ 800 mil. Uma voz que não é possível identificar pergunta se foi Youssef quem disse que o dinheiro foi pra Renan. Machado diz que não.
A qualidade do áudio estava bastante ruim e o diálogo truncado. Renan, em um momento, diz estar preocupado com um recibo de R$ 800 mil que poderia surgir nas investigações. Não são dados detalhes desse recibo. “Cuidado, Fabiano! Esse negócio do recibo… Isso me preocupa pra c******”, disse Renan. Fabiano não comenta o assunto na sequência, mas dá recomendações sobre como o senador poderia reagir à PGR (Procuradoria Geral da República).
“A única ressalva que eu faria é a seguinte: está entregando já a sua versão pros caras da… PGR, né. Entendeu? Presidente, porque tem uns detalhes aqui que eles… (inaudível) Eles não terão condição, mas quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes”, disse ao presidente do Senado.
Fabiano ainda comenta a atuação da PGR com relação à Lava-Jato. Segundo ele, os procuradores estavam perdidos. “Eles, desde o início, Sérgio, eles estão jogando verde para colher maduro”, afirmou. “Eles foram lá buscar o limão e saiu uma limonada”, prosseguiu.
Na semana passada, as gravações feitas por Machado culminaram no afastamento do então ministro do Planejamento, Romero Jucá, do cargo. Ele citava a possibilidade de um acordão com a chegada de Temer para barrar a Lava-Jato.

Carmen Lúcia sobre estupro coletivo: “Inadmissível, inaceitável e insuportável”












Ministra do STF divulga nota em que afirma que todas as mulheres são vítimas da violência sexua
Ministra durante seção do STF
Ministra durante seção do STF 

Ministra e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia é mais uma voz pública que se somou aosprotestos contra o caso de estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro. Publicadas no Twitter, as imagens das agressões sexuais, em que a garota aparece sangrando, com diversos sinais de violência, e desacordada, chocaram parte da sociedade e reascenderam o debate sobre os assédios infligidos diariamente às mulheres. Em uma nota, divulgada nas redes sociais por assessores, a ministra do Supremo faz coro à indignação, classificando o caso como “inadimissível”, “insuportável” e “inaceitável”.
Leia abaixo o texto de Carmen Lúcia na íntegra:
"É inadmissível, inaceitável e insuportável ter de conviver sequer com a ideia de violência contra a mulher em nível tão assustadoramente hediondo e degradante"
"Não pergunto o nome da vítima: é cada uma e todas nós mulheres e até mesmo os homens civilizados, que se põem contra a barbárie deste crime, escancarado feito cancro de perversidade e horror a todo o mundo.
O gravíssimo delito praticado contra essa menor – mulher e, nessa condição, sujeita a todos os tipos de violência em nossa sociedade – repugna qualquer ideia de civilização ou mesmo de humanidade.
É inadmissível, inaceitável e insuportável ter de conviver sequer com a ideia de violência contra a mulher em nível tão assustadoramente hediondo e degradante. Não é a vítima que é apenas violentada. É cada ser humano capaz de ver o outro e no outro a sua própria identidade.
A luta contra tal crueldade é intensa, permanente, cabendo a cada um de nós – mais ainda juízes – atuar para dar cobro e resposta à sociedade contra tal chaga da sociedade.
O que ocorreu não é apenas uma injustiça a se corrigir; é uma violência a se responsabilizar e a se prevenir para que outras não aconteçam.
Repito: a nós mulheres não cabe perguntar quem é a vítima: é cada uma e todas nós. Nosso corpo como flagelo, nossa alma como lixo. É o que pensam e praticam os criminosos que haverão de ser devida e rapidamente responsabilizados."

Investigação de estupro coletivo no Rio passa às mãos de uma delegada após pressão

Cristiana Bento, da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, assume o caso

As investigações sofreram reviravoltas nos bastidores, mas ainda não avançaram

Estupro coletivo no Rio






A investigação sobre o caso da jovem de 16 anos violentada no dia 21 no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, sofreu reviravolta neste domingo, 29, ainda que haja pouco avanço nas investigações propriamente ditas. Nem Alessandro Thiers, o delegado da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática que estava apurando o crime, nem a advogada da adolescente, Eloísa Samy, estão mais no caso. Thiers foi afastado após Samy pressionar por sua saída e acusá-lo de agir de forma “machista” e de haver constrangido a vítima durante depoimento. A advogada deixou a defesa da adolescente a pedido da família. A partir de agora quem está à frente da investigação é a delegada Cristiana Bento, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima).



DEPOIMENTO COMEÇARIA COM "ME CONTA AÍ"

Neste domingo, mesmo dia em que passou ao programa de proteção de vítimas da Justiça do Rio de Janeiro, a menor de idade que sofreu um estupro coletivo foi entrevistada exclusivamente pelo Fantástico, da rede Globo.
Na entrevista à jornalista Renata Ceribelli, ela descreve o que recorda da violência que sofreu e também fala do depoimento na polícia, prestado um dia depois de voltar para casa. Nele, o delegado Alessandro Thiers, encarregado do caso no momento, teria começado a conversa expondo as fotos e o vídeo dela, que foram distribuídos pela internet, antes de pedir: "Me conta aí". Ela teria pedido para interromper o depoimento – em que diz ter se sentido desconfortável todo o tempo – quando ele perguntou se ela tinha "o costume" de participar desse tipo de encontros e "se gostava". O chefe da polícia do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, disse aoFantástico que vai apurar se a conduta do delegado foi inadequada.
A adolescente, que se sente atualmente "em cárcere privado", tem certeza de que sofreu um estupro coletivo. Acredita que foi dopada, do contrário teria percebido que "tinha um cara debaixo de mim, um embaixo e dois me segurando quando eu acordei". Disse também que a casa onde tudo aconteceu estava suja e que seus agressores tinham fuzis e a chamavam de "piranha" e "vagabunda".
Desde que seu caso se tornou público, inclusive na imprensa nacional e internacional, a jovem diz que recebe milhares de mensagens no Facebook – grande parte delas dizendo que ela é mentirosa. Haveria, inclusive, ameaças de morte. Agora, ela quer "esquecer". Agradece às mulheres que se mobilizaram para denunciar seu caso antes mesmo que ela o fizesse, até perante a família, "por vergonha". Finaliza dizendo que deseja que seus algozes "tenham uma filha".
O desgaste ao redor da investigação do estupro coletivo – que ocorreu há uma semana e tem mobilizado o país desde que veio à tona, no dia 25 – foi o motivo pelo qual o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando da Silva Veloso, não tratou de contornar a pressão pela saída de delegado, tomando essa decisão antes da Justiça dar seu parecer oficial a respeito. Thiers provocou controvérsia ao afirmar que não haveria comprovação de estupro, que estava investigando "se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram”.
Em entrevista na noite deste domingo ao Fantástico, da TV Globo, a jovem disse que o depoimento dado ao delegado da divisão de Informática foi constrangedor. Depois de expor as fotos e o vídeo compartilhados na Internet diante dela, da advogada que a acompanhava e de três policiais homens em uma sala de vidro da delegacia, ele teria começado a conversa com um "me conta aí". A certa altura, "ele me perguntou se eu tinha costume de fazer aquilo. (...) Perguntou se eu gostava", relatou a menina, acrescentando que, neste momento, pediu imediatamente para parar de depor.
No vídeo que circula na Internet e no WhatsApp que detonou a apuração do caso, a jovem aparece desacordada enquanto homens a manipulam, tocam sua pelve e debocham dela. Em uma entrevista deste domingo, Veloso disse que vai analisar se houve falta de habilidade na conduta do colega. "Para preservar o delegado e garantir a imparcialidade da investigação, decidimos transferir a coordenação das investigações para a doutora Cristiana, que já estava acompanhando as investigações porque a DCAV vinha dando apoio. Ela está recebendo os autos hoje, vai se inteirar e avaliar a necessidade de uma medida cautelar, seja ela de prisão ou não", declarou.

Com a decisão, o caso saiu definitivamente da esfera da delegacia de informática – mesmo envolvendo um crime adicional ao estupro, que foi o compartilhamento das imagens via redes sociais por parte dos agressores– e se concentra agora nas mãos de Bento. Ela já vinha acompanhando o processo e participou da primeira coletiva dada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro à imprensa. Ao contrário da conduta de Thiers, a sua foi elogiada até o momento pela vítima e sua ex-advogada.

Eloisa Samy, ativista de direitos humanos, deixou caso na manhã deste domingo, quando foi dispensada pela avó da garota através de uma mensagem gravada pelo Whatsapp, em que disse que agradecia seus serviços e seu empenho, mas que sua neta passou à proteção da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio. Por telefone, Samy contou ao EL PAÍS que a adolescente “entrou no programa de proteção [às vítimas], o que não seria um impedimento [para que ela seguisse sendo sua advogada]. Mas a família foi coibida a não receber ajuda externa”. Samy e Thiers já haviam se cruzado no passado, quando o delegado pediu a prisão da ativista em 2014, parte de ofensiva legal contra os protestos anti-Copa naquele ano.
O delegado afastado do caso, Alessandro Thiers (esq.), e o chefe da polícia do Rio, Fernando Veloso. AGÊNCIA BRASIL

Batida policial

Na manhã deste domingo, mais uma batida policial aconteceu na comunidade onde o estupro aconteceu. Uma nova coletiva de imprensa acontece nesta segunda-feira, 30 de maio, para que Cristiana Bento anuncie suas primeiras conclusões. Quatro pessoas foram ouvidas até agora no caso, mas a polícia não prendeu nenhum dos envolvidos. Dois suspeitos deram depoimentos na última sexta-feira, mas foram liberados em seguida. Outro foi detido durante uma operação da polícia no sábado também seguiu em liberdade.

Agora sob proteção da Justiça, a jovem disse que está sofrendo sofre uma enxurrada de ofensas na Internet – apesar de muitos, indignados, terem saído em sua defesa – e já deixou sua casa junto com a família. Uma medida cautelar emitida antes disso já a protegia de pessoas que estariam tratando de intimidá-la. Um suspeito de fazer isso é Rafael Belo – um possível autor do crime, segundo afirmou Eloisa Samy.

Em seu perfil no Facebook, ela postou no sábado uma nota oficial da ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, que declarou: “A nós mulheres não cabe perguntar quem é a vítima: é cada uma e todas nós”. No post, um comentário feito por uma usuária da rede social que se diz “contra o estupro” a acusa de ser “uma maria-fuzil”. “Agora o mundo inteiro comovido por causa de uma maria fuzil que ia para a favela para dar para bandido. Quem mora em favela sabe muito bem que bandido não estupra e deixa viva para contar história”, escreveu em seu comentário – que recebeu mais de 4.200 curtidas.

Novos protestos

Muitas cidades brasileiras continuam protestando contra o crime da jovem carioca e contra a cultura do estupro em que está imerso o país. A principal manifestação registrada neste domingo aconteceu em Brasília, onde um grupo de mulheres marchou fazendo uma contagem regressiva de 30 a zero – em referência aos “mais de 30” que dizem no vídeo terem estuprado a menina. AMarcha das Flores terminou em confronto com a polícia quando algumas participantes tentaram pular a grade que as separava do prédio do Supremo Tribunal Federal. Os policiais dispararam spray de pimenta contra as manifestantes. Elas rodearam a estátua da Justiça com flores.

AGU vai cobrar R$ 11 bi de empresas da Lava-Jato

Entre os alvos da AGU estão empreiteiras como Odebrecht, OAS, UTC e Queiroz Galvão, executivos e ex-funcionários da estatal
ECONOMIA CORRUPÇÃOHÁ 9 MINSPOR NOTÍCIAS AO MINUTO
A Advocacia-Geral da União (AGU) entra nesta segunda-feira (30) com dias ações na Justiça Federal, de improbidade administrativa para cobrar R$ 11 bilhões de empresas e pessoas investigadas na Lava-Jato, operação que apura principalmente irregularidades em contratos da Petrobras. Entre os alvos da AGU estão empreiteiras como Odebrecht, OAS, UTC e Queiroz Galvão, executivos e ex-funcionários da estatal.
Segundo o site O Globo, também serão processados Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que foi o primeiro a firmar um acordo de delação premiada para colaborar com a Justiça em troca da redução da pena; e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal.
As novas ações são baseadas em documentos de vários órgãos, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Tribunal de Contas da União (TCU). A AGU sustenta que conseguiu comprovar a formação de cartel com base em manifestações do Cade e provas colhidas em ações penais. As empresas se organizariam para fraudar licitações de grandes obras da Petrobras, eliminando a concorrência e elevando artificialmente os preços cobrados.
17% DO VALOR DOS CONTRATOSO
O foco das ações está no superfaturamento e nos lucros resultantes das contratações. Segundo a AGU, como as propinas cobradas nesses contratos já são alvo de ações do Ministério Público Federal, a atuação dos dois órgãos será complementar. Dos R$ 11 bilhões que a AGU vai cobrar, R$ 3 bilhões se referem a valores que deverão ser ressarcidos aos cofres públicos. A cifra foi calculada com base em laudo aprovado pelo TCU e equivale a 17% do valor dos contratos considerados fraudulentos. Segundo a AGU, o Tribunal de Contas da União calculou a diferença entre os preços cobrados pelas empreiteiras, organizadas em cartel, e os que deveriam ter sido praticados num mercado competitivo.
Caso esse pedido não seja aceito pela Justiça, a AGU solicita, como alternativa, que os lucros obtidos pelas empresas sejam devolvidos. Não foi divulgada uma estimativa do valor, mas ele deve ser alcançado subtraindo-se do montante do contrato os custos lícitos. Segundo a AGU, esse tipo de punição é aplicado em vários países, como os Estados Unidos e a Itália, e está amparado pela Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção, da qual o Brasil é signatário.

Anastasia quer votação definitiva do impeachment em agosto

A comissão do processo de impeachment no Senado pretende definir o cronograma de votação nesta semana
POLÍTICA SENADOHÁ 2 HORASPOR NOTÍCIAS AO MINUTO
A comissão que analisa o afastamento da presidente Dilma Rousseff deve definir, ainda nesta semana, a data para a votação definitiva do processo. Segundo informações do R7, o relator Antonio Anastasia (PMDB) apresentou cronograma em que indica votação de seu relatório sobre possíveis irregularidades fiscais da presidente em 27 de julho. O parecer seria votado em Plenário em 2 de agosto.
A data representa metade do prazo máximo de afastamento - 180 dias. Aliados da presidente consideraram o período muito curto e pediram uma renegociação das datas a Raimundo Lira (PMDB), o presidente da Comissão. Lira definiu que os senadores podem sugerir mudanças no calendário até a próxima quinta-feira (2).
Dilma tem até quarta-feira (1º) para apresentar sua defesa e solicitar a convocação de testemunhas e de provas. Anastasia propõe para o dia seguinte a apresentação de seu parecer sobre essas solicitações da defesa e também sobre pedidos de prova apresentados pela acusação e pelos senadores. Segundo cronograma proposto por Anastasia, as oitivas, o levantamento de documentos e as diligências aconteceriam entre 6 e 17 de junho.
O senador sugere para 20 de junho o interrogatório dapresidente, ou a oitiva de seu advogado, caso ela opte por ser representada. Ele prevê ainda a concessão de 15 dias para alegações escritas da acusação e igual prazo para as alegações da defesa. O relatório seria lido na comissão em 25 de julho e votado dois dias depois.
O relator propõe, ainda, a leitura do parecer da comissão em Plenário em 27 de julho, seja ou não pela pronúncia, confirmando ou não a materialidade e o indício de autoria de crime de responsabilidade de Dilma Rousseff.

Relatório final do Crea-RJ aponta falha humana na ciclovia que caiu

Segundo o documento, não foram feitos estudos oceanográficos preliminares. Duas pessoas morreram com a queda da ciclovia
BRASIL CIDADE OLÍMPICAHÁ 28 MINSPOR NOTÍCIAS AO MINUTO
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro, o Crea, finalizou o relatório sobre a queda da Ciclovia Tim Maia, que fica na Zona Sul do Rio. O desabamento aconteceu em abril e causou a morte de duas pessoas: Eduardo Marinho, de 54 anos, e Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos. De acordo com o documento, houve falha humana na execução da obra.  
Segundo o G1, além de falhas no projeto, o Crea-RJ também apontou imprudência. Mas o equívoco principal da construção foi a falta de estudos preliminares oceanográficos.
“Toda obra costeira como essa é necessário que se faça esses estudos preliminarmente para verificar a agressividade que o mar pode provocar sobre a estrutura. Neste caso aqui, não sei se por esquecimento ou por algum outro motivo ou pela pressa, estes estudos não foram feitos”, disse o coordenador da Câmara de Engenharia Civil, Manoel Lapa, ao Bom Dia Rio, da TV Globo, nesta segunda-feira (30).
O engenheiro também diz que os técnicos não suspeitaram que a força do mar poderia derrubar a ciclovia. Agora, o relatório será enviado ao Ministério Público, que investiga as responsabilidades da queda da ciclovia, que custou quase R$ 45 milhões aos cofres públicos e também é parte do projeto de obras olímpicas da cidade do Rio de Janeiro.