quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

"Você Sabia Que o Medicamento "Nimesulida" é Altamente Tóxico para o Fígado e É Proibido em Vários Países?" Você Sabia Que o Medicamento "Nimesulida" é Altamente Tóxico para o Fígado e É Proibido em Vários Países?



nimesulida é um medicamento anti-inflamatório não-esteroide (NSAID), autorizado em muitos países para o tratamento de dores agudas, tratamento sintomático de osteoartrite dolorosa e para a dismenorreia primária.
Porém, o uso da nimesulida pode representar riscos tóxicos à saúde, uma preocupação constante para os órgãos mundiais de saúde.
Não à toa, o medicamento é proibido desde sempre no Reino Unido e na Alemanha, e já foi retirado de circulação do Canadá, Estados Unidos, Japão, Espanha, Finlândia, Irlanda, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Suécia.
Comissão Europeia se preocupa muito com o efeito devastador do medicamento, pedindo que as pessoas evitem qualquer possibilidade de utilização crônica e frequente da nimesulida.
O grande alvo do fármaco, é o fígado dos pacientes. Em maio de 2007, o Irish Medicines Boards (IMB), regulador irlandês, recebeu novas informações da Unidade Nacional de Transplante de Fígado (NLTU), sobre seis casos de insuficiência hepática que necessitaram de transplante após o tratamento oral com nimesulida, duas das quais resultaram em morte.
O que pode ocorrer com o paciente, é insuficiência hepática fulminante (FHF) de origem desconhecida. Como o risco de hepatotoxicidade grave pode acontecer a qualquer momento, a qualquer paciente, muitos países resolveram proibir de vez o medicamento.

O IMB, por exemplo, suspendeu a comercialização e venda da nimesulida para uso oral na Irlanda. Os profissionais de saúde e os pacientes foram informados desta ação regulamentar urgente, além de um comunicado de imprensa com documentos comprovados, bem como contato direto com uma gama de organizações profissionais.
Em conformidade com as suas obrigações decorrentes da presente ação regulamentar urgente, o IMB informou as partes interessadas a nível nacional e internacional e deu início a uma nova revisão da União Europeia sobre a segurança dos produtos contendo nimesulida. O resultado desta avaliação será comunicado aos profissionais de saúde, quando disponíveis.
“O dano hepático é um raro, porém grave, efeito secundário da nimesulida. Temos dados da Unidade Nacional de Transplantes de fígado do St. Vincent University Hospital, que falam de seis pacientes que precisaram de transplante após um tratamento com a nimesulida. Desde que o produto deu entrada na Irlanda, em 1995, tivemos um total de 53 casos e três casos mortais de insuficiência hepática. Além disso, a Nimesulida apresenta toxicidade renal”, relatou o IMB.
No Brasil, diversos laboratórios produzem o medicamento, sem nenhum tipo de restrição.
“Têm sido relatados, em vários países, casos clínicos em que a hepatotoxicidade associada ao uso de nimesulida ocorreu de forma severa e até fatal, o que fez com que fosse retirada do mercado em alguns países europeus. Os mecanismos envolvidos nessas reações relacionam alterações nos padrões funcionais das mitocôndrias, levando à morte celular hepática. Também foram estabelecidos cofatores tais como pré-disposição genética, doença hepática pré-existente e associação com outros fármacos hepatotóxicos. Embora amplamente comercializada, não foram encontrados relatos de casos documentados no Brasil”, relatou Márcio Antônio Rodrigues Araújo, em um estudo denominado “Hepatotoxicidade associada à nimesulida: uma revisão da literatura” para a Revista Brasileira de Farmácia (RBF).
Ainda de acordo com os dados da pesquisa de Márcio Antônio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já registrou cerca de 320 casos de desordens hepato-biliares por conta da nimesulida e principal fator de risco para a hepatotoxicidade é a idade do paciente.
“O aumento da proporção de pessoas em idade avançada que representam um grupo de risco elevado para lesões no fígado está relacionada ao uso frequente de AINES (anti-inflamatórios não-esteroides), utilizados principalmente para doenças musculoesqueléticas da velhice. Além disso, tem sido referenciado como maior prevalência em mulheres, além de doença hepática grave pré-existente e interações medicamentosas com outros fármacos de uso frequente.
Falhas em transplantes de fígado também têm sido relatadas e associadas à administração prévia de AINES, destacando-se entre eles a nimesulida”, complementa o estudo.
A conclusão do estudo da RBF, é que todo e qualquer caso de toxicidade hepática associada ao uso de nimesulida (ou a qualquer outro medicamento) precisa ser documentada, divulgada e comunicado ao órgão competente, no caso, a Vigilância Sanitária, para que possam estudar mais a fundo os riscos do medicamento no Brasil.
“Nesse sentido, não foram encontrados relatos de casos documentados no Brasil durante a realização do estudo, o que não significa que eles não tenham ocorrido. Da mesma forma que, devido ao amplo uso da nimesulida também em outros países e do fato do diagnóstico da toxicidade hepática ser de difícil estabelecimento, os números associados ao risco e segurança podem ser maiores do que os já notificados.
Assim, os profissionais da saúde devem estar alertas sobre a observação dos possíveis danos hepáticos associados ao uso dos AINES, em especial à nimesulida, uma vez que esse fármaco apresenta grande comercialização no país e, de forma preocupante, sem a exigência de receita para sua aquisição e consumo, com consequente falta de acompanhamento médico”, finalizou.





Governo de Temer é 'desastre em todos os sentidos', diz Cardozo


Em entrevista, ex-ministro de Dilma comentou sobre gestão do atual presidente e ações do juiz Sérgio Moro





POLÍTICA EX-MINISTROHÁ 34 MINSPOR NOTÍCIAS AO MINUTO

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo voltou ao cago de procurador do município de São Paulo em 14 de novembro, posição da qual estava afastado desde 1994 quando assumiu vaga de vereador. Desde o último domingo, o petista tem como chefe o tucano João Doria, eleito prefeito da capital paulista.


Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro da gestão de Dilma Rousseff comentou o atual governo de Michel Temer e a atuação do juiz Sergio Moro, responsável pela operação Lava Jato.
Na opinião de Cardozo, a divulgação dos áudios de conversas entre Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva auxiliou o processo de impeachment. "Se os áudios envolviam indícios de crime, teriam que subir para o Supremo em sigilo, segundo a lei. Se não envolviam, teriam que ter sido incinerados", defendeu.
"Nesse caso, um dos fatores que impulsionou e propulsionou o impeachment foi a divulgação desses áudios feita em total desconformidade com aquilo que a legislação brasileira determina", afirmou. O advogado pôs em dúvida a parcialidade do magistrado. "Se realmente as coisas se confirmarem que para alguns a lei vale e para outros a lei é só sorrisos, afetivamente vai mal a coisa.
O ex-ministro também criticou a gestão de Temer. "É um desastre em todos os sentido. Um governo de homens brancos, sem mulheres, conservadores e que seguiu uma linha política que não foi a que elegeu a chapa Dilma-Temer", disse.
Cardozo destacou o nome de Lula como o de alguém que pode promover unificação de movimentos de oposição ao governo. "Sem sombra de dúvida Lula me parece um excelente nome que pode unificar toda a esquerda", afirmou. "Acredito que ele demonstrará sua inocência e espero imparcialidade na decisão. Mas acho que tem um conjunto de pessoas que tem muito interesse em atingi-lo na sua imagem para que ele não seja um forte candidato em 2018", disse.

PRESIDENTE DO STJ MANTÉM PALOCCI NA PRISÃO DA LAVA JATO



HABEAS CORPUS NEGADO


PRESIDENTE DO STJ, LAURITA VAZ NEGOU HABEAS CORPUS A RÉU PETISTA

Publicado: 03 de janeiro de 2017 às 15:07 - Atualizado às 19:46



A DEFESA DE PALOCCI VOLTOU A AFIRMAR QUE A PRISÃO PREVENTIVA É ‘DESPROVIDA DE JUSTA CAUSA’ E QUESTIONOU OS ARGUMENTOS PARA A MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR (FOTO: ABR)


A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, negou novo pedido de liberdade ao ex-ministro Antonio Palocci, preso preventivamente na Operação Lava Jato, desde o dia 26 de setembro.
Na decisão, a ministra ressaltou que “a sociedade espera que o poder público, notadamente o Judiciário, adote medidas firmes e proporcionais contra condutas criminosas que atentem seriamente contra a estrutura do Estado e suas bases de estabilidade”.
A defesa de Palocci pediu que fosse reconsiderada a decisão do ministro Felix Fischer, relator da Lava Jato no STJ, que negou pedido de liminar para colocar o ex-ministro em liberdade. Os advogados voltaram a afirmar que a prisão preventiva é ‘desprovida de justa causa’ e questionou os argumentos para a manutenção da custódia cautelar, como a possibilidade de destruição de provas, a necessidade de garantia da instrução criminal e o risco de fuga.
Laurita rebateu a defesa e disse que ‘a suposta ilegalidade deve ser demonstrada documentalmente, prescindindo de aprofundada incursão na seara probatória, incompatível com a estreiteza do rito’.
A presidente da corte citou ainda entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que se justifica a prisão preventiva para garantia da ordem pública ‘havendo fortes indícios da participação do paciente (Palocci) em organização criminosa, em crimes de corrupção passiva e de lavagem de capitais, todos relacionados com fraudes em contratos públicos dos quais resultaram vultosos prejuízos a sociedade de economia mista e, na mesma proporção, em seu enriquecimento ilícito e de terceiros’.
A ministra ressaltou que o caso em análise ‘não é ordinário’, pois ‘trata-se de apuração de crimes contra o erário, cujos supostos autores – empresários de grandes corporações e agentes públicos do mais alto escalão do governo federal – se organizaram para desviar valores astronômicos, implicando prejuízos incomensuráveis à sociedade brasileira’.
Os advogados de Palocci negam taxativamente envolvimento do ex-ministro em atos ilícitos. O criminalista José Roberto Batochio reiteradamente afirma que Palocci não é o ‘Italiano’ das planilhas da Odebrecht. Batochio sustenta que a acusação contra o ex-ministro é ‘uma fantasia’.

Morre aos 88 anos Vida Alves, atriz do 1º beijo e do 1º beijo gay da TV brasileira



Morre a atriz que protagonizou o primeiro beijo da televisão brasileira

Morreu por volta das 22h desta terça-feira (3) em São Paulo a atriz e escritora Vida Amélia Guedes Alves, pioneira da televisão brasileira. Ela tinha 88 anos, estava internada no hospital Sancta Maggiore desde 28 de dezembro e morreu de falência múltipla dos órgãos. Vida Alves é a atriz que deu o primeiro beijo da TV brasileira, na década de 50, e o primeiro beijo gay, nos anos 60.
Com mais de 70 anos de carreira, ela começou trabalhando no rádio, passou para as telenovelas, contracenou com grandes nomes como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Eva Wilma e Aracy Balabanian, fez carreira no cinema, apresentou programas na TV e escreveu novelas. Em 1995, ela criou junto com outros artistas a Associação dos Pioneiros Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira (Pró-TV), que busca preservar a memória da televisão brasileira.
Vida Alves nasceu em Itanhandu (MG), em 15 de abril de 1928, e é avó da cantora Tiê. Sua trajetória é contada na biografia "Vida Alves - Sem medo de viver", de Nelson Natalino, lançada em 2013 pela editora Imprensa Oficial. A saúde da atriz se complicou há um ano, quando se submeteu a uma cirurgia, mas o problema de saúde persistiu.
O velório será realizado no cemitério do Araçá partir das 7h desta quarta-feira (4).
Uma das filhas de Vida, Taís, falou ao jornal Hora 1 sobre o legado da mãe. "Vida foi uma inovadora, uma beijoqueira, e eu ainda brincava: 'Vidinha, ainda bem que você não deu o segundo beijo [da história da TV], porque do segundo beijo ninguém fala. Ela foi a primeira beijoqueira".

Tiê escreveu sobre a morte de sua avó em sua página oficial no Facebook: "Dona Vida Alves fez a passagem. Minha amiga, minha avó, minha parceira, minha musa beijoqueira. 88 anos de muita luz, amor, arte e vida. Vire estrela e descanse em paz. Te amo pra sempre e vou sentir saudades todos os dias", escreveu a cantora.
A Pró-TV divulgou nota sobre a morte de Vida Alves, a quem chamou de "símbolo da televisão". A atriz presidia a ONG até hoje. "Incansavelmente, ao lado dos colegas de profissão, lutou pela criação de oficial do Museu da Televisão Brasileira, que por 13 anos abrigou dentro de sua casa, e pela preservação da memória da radiodifusão", diz a nota. "Nesse momento difícil, nos solidarizamos com a família de Vida Alves, com seus amigos e colegas da área, que ela sempre fez questão de representar".

Primeiros beijos

Vida foi entrevistada pelo G1 em 2014, devido ao capítulo final da novela "Amor à vida", em que Niko (Thiago Fragoso) e Félix (Mateus Solano) protagonizaram o primeiro beijo gay em novelas da Globo. Ela se disse orgulhosa de ter seu trabalho lembrado após a novela e ter ficado emocionada ao saber que pessoas comemorarm a cena nos bares. "Foi suave, romântica e leve".
O primeiro beijo da TV brasileira foi na novela "Sua vida me pertence", de 1951, na emissora Tupi. O par romântico dela era Walter Forster, que também era diretor. O pudor era tão grande, lembra Vida, que o fotógrafo da Tupi não registrou o momento do beijo - ela diz que o profissional considerou que, de qualquer forma, a imagem não seria publicada na imprensa da época.
Vida Alves foi pioneira novamente no teleteatro "A calúnia", em que protagonizou um beijo gay com a atriz Geórgia Gomide em 1963. "São coisas que existem, e se bem focadas e realizadas, contribuem para uma sociedade mais aberta e mais consciente", afirmou ao G1. EM entrevista à TV Globo, afirmou: "sinto orgulho de ser elemento formador da televisão".

Para analistas, dinheiro liberado por Temer não previne rebeliões em presídios


Governo federal liberou na semana passada R$ 1,2 bilhão para estados construírem e modernizarem penitenciárias; especialistas defendem diminuir encarceramento.


Rebelião em presídio do Amazonas deixa ao menos 60 mortos


Especialistas na questão penitenciária ouvidos pelo G1 avaliaram que os recursos liberados pelo governo federal para ampliação e construção de novos presídios não são suficientes para prevenir rebeliões como as que causaram a morte de, pelo menos, 56 pessoas entre domingo (1º) e segunda-feira (2) em Manaus (AM) (relembre a rebelião no vídeo acima).
Na semana passada, o presidente Michel Temer liberou R$ 1,2 bilhão para os estados erguerem novas penitenciárias e modernizarem os atuais presídios com equipamentos de segurança. Ao anunciar o repasse, o governo federal afirmou que objetivo era amenizar a superlotação das prisões, que hoje têm capacidade somente para cerca de 360 mil pessoas.
De acordo com o Ministério da Justiça, cada unidade da federação vai receber o mesmo valor do governo federal: R$ 44,8 milhões. Os únicos estados que não terão direito ao dinheiro extra são Bahia e Ceará, que não têm fundos penitenciários.
Para os analistas ouvidos pelo G1, a solução para o sistema prisional passa por mudanças nas leis penais e nas políticas públicas que possam levar à diminuição do encarceramento.
Segundo dados oficiais, atualmente, há cerca de 620 mil homens e mulheres presos no Brasil, sendo 240 mil (40%) de forma provisória (sem condenação, mas por período indefinido na cadeia).
"O problema é muito mais complexo que a questão exclusivamente orçamentária. Vamos enxugar gelo. Se construirmos 220 mil vagas, vamos zerar o déficit, mas é uma quimera, porque o número cresce exponencialmente desde os últimos 15 anos. Investir dinheiro na construção de cadeia não vai levar a lugar nenhum, porque ficaremos correndo atrás de zerar o déficit, o que nunca vai chegar", diz o professor da Universidade de São Paulo Alamiro Velludo Salvador Netto.


Coordenador Nacional da Pastoral Carcerária, o padre Valdir João Silveira também considera que aumentar o número de presídios levará ao aumento da violência, dentro e fora das penitenciárias.
"Presídio é lugar de violência. Você prende alguém para punir e castigar. Você não melhora alguém punindo e castigando", resume o padre.
Para Marcos Fuchs, da ONG Conectas Direitos Humanos, o investimento do governo é bem-vindo, mas "tardio".
"O pior investimento é não investir num sistema decente. O Brasil, desde o Império, nunca tratou desse tema com o respeito que merece, em todos os estados. A partir de agora, colocar dinheiro para construir novas unidades para o regime semiaberto, scanners, viaturas, pessoal adequado, é completamente tardio, porque o Brasil já tem mais de 600 mil presos. Então, o dinheiro jamais é suficiente para essa demanda", enfatizou.

Possíveis soluções

Os três especialistas sugerem como possíveis soluções para o caos nos presídios brasileiros mudanças nas leis e nas políticas públicas que sejam capazes de diminuir o aumento de prisões.
Os analistas ouvidos pelo G1 concordam com a descriminalização do porte e uso de drogas, além de punições menos severas para condutas de menor gravidade.
"Presídio não é hospital. E todos os presídios têm droga dentro", diz o padre Valdir João Silveira.
No curto prazo, o religioso também defende reforço nas defensorias públicas, que prestam assessoria jurídica gratuita para a população de baixa renda.
Uma de suas principais atividades consiste na liberação, junto à Justiça, de presos que continuam encarcerados mesmo após o fim da pena ou que estão detidos por tempo indefinido antes de uma condenação.
"Em estados de fronteira, por exemplo no Amazonas, tínhamos cinco defensores para todo o estado", observa Silveira.
Fuchs, por sua vez, também defende a chamada "justiça restaurativa", por meio da qual, diz, haverá punições menos severas para crimes menores, em que o culpado é obrigado a reparar o mal causado.
"Pode ocorrer, por exemplo, obrigando um ladrão a trabalhar no supermercado onde furtou; ou um pichador a pintar o muro que depredou", exemplifica.
Em alguns países, já há experiências onde a própria comunidade se organiza para vigiar e punir delitos desse tipo, sem passar pelo Judiciário.
Para Alamiro Velludo Salvador Netto, a solução dentro dos presídios passa por melhores condições para os presos, de modo a evitar que recorram a facções.
"Do muro para dentro, é problema de política pública. Conceder dignidade mínima e não tratar que nem animais dentro do zoológico. É preciso que a família possa participar, fazer visita e não ser exposta a constrangimento. É tratar o preso como próximo", avalia Netto.

Rebeliões

Sobre as rebeliões nas penitenciárias brasileiras, o diretor da Conectas Marcos Fuchs aposta em mais inteligência das forças de segurança e organização de modo a separar membros das facções criminosas.
"Precisa ter investimento em investigação, pesquisa, cruzamento de dados, estados conversando com respectivos secretários e inteligência. Começar a entender e mapear quem são esses grupos, como estão agindo fora para não refletir dentro do presídio. Não me parece eficiente colocar dois grupos separados por portão, e um sai totalmente descontrolado", diz Fuchs.
O padre Valdir Silveira acrescenta que uma solução de médio e longo prazo passa pela garantia de direitos sociais. Para ele, assim como nas periferias, a ausência de uma assistência social adequada pelo Estado nas prisões leva as pessoas a recorrerem a grupos criminosos.
"Como surgiram as facções? Pela ausência do Estado dentro do sistema prisional. Preso cuida de preso. Quando o governo e a família não fornecem o kit básico dos presos – papel higiênico, sabonete, absorvente –, é o grupo organizado que fornece", conclui.
Alamiro Velludo Salvador Netto aponta o que considera outro erro no tratamento da questão: a concessão da gestão dos presídios para a iniciativa privada, como ocorreu em 2014 no Complexo Anísio Jobim, onde ocorreram as mortes em Manaus, consideradas pelo governo local "o maior massacre" do sistema prisional do estado.
"O abandono da questão penitenciária pelo Estado chega a tal ponto em que ele quer se despir dessa obrigação. O poder de punir é elemento essencial do Estado, assim como não se pode privatizar a Justiça [...] Na medida em que o Estado perdeu o controle do cárcere, o problema surge com a disputa interna pelo controle pelas facções", opina o professor.

Opinião de juízes

Nesta terça, após as rebeliões, entidades que representam os juízes – que dão a palavra final sobre quem vai preso – também manifestaram críticas à forma como as prisões são ocupadas atualmente.
A Associação Juízes para a Democracia (AJD) atacou a "política punitivista" do país que, conforme a entidade, trata problemas sociais como "caso de polícia".
A AJD diz que a população carcerária do Brasil, quarta maior do mundo, "é formada basicamente pelos excluídos dos mercados de trabalho e de consumo, jogados, em abandono, para as redes de organizações criminosas que comandam estabelecimentos penitenciários que se assemelham a masmorras medievais".
Conforme o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, o presidente da Associação de Juízes Federais (Ajufe), Roberto Veloso, avalia que o sistema prisional está "falido" porque "nem pune e nem recupera" os presos. Para Veloso, é preciso isolar os líderes das facções.
"O sistema penitenciário brasileiro vive momentos de intensa ineficiência, quando facções criminosas dominam os presídios estaduais. Nesse contexto, as penitenciárias federais de segurança máxima têm se mostrado uma experiência exitosa, verdadeiras ilhas de excelência em um sistema falido que nem pune e nem recupera", afirma Veloso.