domingo, 20 de novembro de 2016

Quem são as referências para as nossas crianças negras


Consciência Negra

Ter exemplos ajuda a fortalecer a autoestima e estimula o surgimento de novas referências. Crianças negras encontram em artistas e atletas o modelo daquilo que pretendem seguir


Por: Roberta Schuler
19/11/2016 - 10h02min | Atualizada em 19/11/2016 - 10h02min


Quem são as referências para as nossas crianças negras Fernando Gomes/Agencia RBS
Ana Luiza (E) admira Neymar, enquanto Sara queria ser LudmillaFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS

Eva Tainara, cinco anos, sonha em ser Maria Júlia Coutinho. A irmã, Gabriele, nove anos, se inspira em Taís Araújo. Igor, oito anos, já quis ter o cabelo de Neymar, assim como Ana Luiza, nove anos, admira e se espelha no jogador. Já Sara Beatriz, sete anos, se divide entre o interesse em ser a mulata Globeleza, o encanto pela nova Miss Brasil e a vontade de ser como a cantora Ludmilla. 

No Dia da Consciência Negra, o Diário Gaúcho ouviu crianças da Capital e de Viamão para saber quem são as suas referências, em quem elas se espelham. 

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— É muito provável que as crianças em geral e não apenas as negras tenham como referência personagens valorizadas na mídia, associadas a ideia de sucesso, poder econômico e prestígio. Temos que ir além dos ícones da sociedade de consumo – observa o professor de História da África e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas e Africanos da Ufrgs, José Rivair Macedo.

A questão da exemplaridade social é extremamente importante na formação de uma identidade positiva de pessoas negras, segundo o professor. Exemplos positivos podem fortalecer a autoestima e estimular o surgimento de representações positivas, não apenas no meio artístico-cultural mas também no meio intelectual, na atividade pública, no meio empresarial.

"Meninas Black Power"
Tainá participa de um coletivo de meninas que incentivam o cabelo crespo natural e outras características da raçaFoto: Rodrigo W. Blum / Divulgação
— Desde adolescente, via minhas amigas acompanhando as revistas de moda e eu não conseguia me identificar com as modelos de cabelos lisos e loiros. Sofria muito com isso — disse Tainá Almeida, 29 anos, coordenadora do coletivo Meninas Black Power, do Rio de Janeiro, em visita a Porto Alegre, no evento TEDxUnisinos, mês passado.

A menina negra do Irajá, bairro da Zona Norte do Rio, alisava os cabelos, a partir das referências da época — em que Xuxa e Mara Maravilha, brancas e de cabelos lisos, eram as estrelas dos programas infantis. Melanie B., do grupo musical britânico Spice Girls surgiu como primeira inspiração para um processo que a levou, anos depois, a decidir deixar os cabelos naturais.

— A gente precisa de modelos afirmativos, mas não só a Miss Brasil, no telejornal, na protagonista da novela, mas também matemáticos, físicos, engenheiros negros brilhantes. Precisamos de quem é como queremos ser — conclui Tainá.

A mini Maju e Taís Araújo advogada

Foi depois de uma aula sobre a cultura afro, ministrada por uma professora cuja imagem a auxiliar de limpeza Maríndia de Moura Gomes Kubiaki, 34 anos, não esquece — uma mulata muito bonita, de cabelos crespos — que a moradora do Bairro Humaitá, na Capital, passou a entender o quanto é importante gostar da própria imagem refletida no espelho. 

E essa lição ela passa de uma maneira muito carinhosa para as filhas Gabriele Machado Moura, nove anos, e Eva Tainara Moura Leotti, cinco anos.

— Depois daquela aula, eu me soltei. Na adolescência, tínhamos que manter o padrão, eram todas as meninas de cabelo liso. Quando tu cria a tua identidade, se aceita e se gosta, as pessoas passam a te perceber. Quando tu segue um padrão, ninguém te vê — ensina.
Maríndia entre as filhas Gabriele (E) e Eva TainaraFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Sempre que começa o Jornal Nacional, a pequena Eva Tainara não tira o olho da jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, que faz a previsão do tempo no telejornal.

— Eu queria usar as roupas da Maju, as saias, ter o cabelo dela. Às vezes eu brinco: "Boa noite, eu sou a Maju e vai ter sol e chuva em Porto Alegre" — diverte-se a menina.
Maju é inspiração de Eva TainaraFoto: Zé Paulo Cardeal / TV Globo/Divulgação
Vaidosa omo a mana, Gabriee se divide entre a simpatia pela profissão de advogada, "porque defende as pessoas" e a admiração pela atriz Taís Araújo, a personagem Penha, que está no ar na novela Cheias de Charme, que está reprisando na tevê.

— É importante para as crianças ter essa referência. A gente é como é e cada um tem a sua beleza — explica a mãe que cuida dos cabelos das meninas.

Aceitação a partir do exemplo
Eleita Miss Brasil, Raíssa passou a ser referência para meninas como Sara BeatrizFoto: Lucas Ismael / Divulgação Miss BE Emotion
Quando Raíssa Santana foi eleita a mulher mais bonita do Brasil, as irmãs Sara Beatriz, sete anos, e Ana Luiza, nove anos, vibraram diante da tevê, ao lado da mãe Edilaine Rosângela Oliveira, 36 anos.

— A Sara vê as negras na tevê e adora. Diz que vai ser a Globeleza, ficou encantada com a Miss Brasil — conta a mãe, é coordenadora de salão em cafeterias.
Espevitada, a pequena Sara adora dançar. E o repertório musical da menina é eclético:

— Eu gosto de dançar funk, pagode. Quero ser a Ludimilla! — esclarece.
Sara também pensa em ser como a cantora LudmillaFoto: Paulo Belote / TV Globo/Divulgação
Para a mãe, as crianças estão se aceitando mais porque têm em quem se espelhar. Além de artistas e jogadores famosos, as meninas têm referências positivas na própria família, de mulheres negras determinadas e bem-sucedidas.

— Nós somos negros, é a nossa raça e a gente é bonito assim — afirma Edilaine, que recorda entre as próprias referências a jornalista Glória Maria, as atrizes Neuza Borges, Isabel Fillardis, Taís Araújo.
Edilaine entre Sara (E) e Ana LuizaFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Na infância, Edilaine conta que, em suas brincadeiras, costumava colocar um pano na cabeça, para fingir que eram os cabelos longos e lisos.

— Era o perfil da época. Hoje, as meninas querem o black. Também já fiz muita trança nelas — diz a mãe.
Neymar é referência para Ana LuizaFoto: NICOLAS ASFOURI NICOLAS ASFOURI / AFP
Menos expansiva que a irmã, Ana Luiza chama atenção pelo gosto pelo futebol. O primo Rafael Almeida Lima, sete anos, com quem ela costuma jogar no pátio de casa no Bairro Santa Cecília, em Viamão, diz que a menina joga bem, "mas faz umas faltinhas". E é Neymar a referência dela. 

"Vou apoiar aquilo que ele quiser ser"
Vitor, Luísa e IgorFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Para a auxiliar administrativa Lisandra Viana Macedo, 36 anos, do Bairro Humaitá, foi depois da eleição de Barack Obama, cujo governo está chegando ao fim, que os negros passaram a ter mais destaque. No entanto, ela não acha fundamental que o filho Igor Macedo Alves, oito anos, precise espelhar-se em algum negro famoso.

— Eu prefiro que ele tenha a personalidade dele. Gostar de um artista, ser fã, tudo bem, até porque eles se esforçaram para estar ali. Mas acho importante ele estudar. Vou apoiar aquilo que ele quiser ser, mas sem influenciar — explica.
O cabelo estiloso de IgorFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Há um ano, Igor tinha o jogador Neymar Jr., do Barcelona, como inspiração para o visual — e também porque é apaixonado por futebol, sempre que pode está jogando bola. A mãe, no entanto, avaliou que não seria fácil alisar o cabelo do menino. Depois, teve um momento em que Igor queria pintar o cabelo de loiro, ou ainda manter black power. Prevaleceu o cabelo raspado, mas cheio de estilo.

— Sempre procuro fazer uma coisinha diferente no cabelo dele, esses desenhos com navalha — explica a mãe, citando que o garoto também gosta de lutadores de WWE.
Jogador do Inter, Vitinho, é espelho para VitorFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
O primo Vitor, seis anos, que também ama futebol, se inspira no xará, o jogador Vitinho do Inter e também aprecia a atuação do goleiro do clube. 

Já a mana dele, Luísa Reis, oito anos, se espelha em outro tipo de personalidade, encontrada no Youtube: a menina de oito anos que dá nome ao canal Bel para Meninas, que tem mais de 48 milhões de visualizações por mês. Fisicamente, Bel e Luísa não se parecem. Mas a youtuber motivou a menina a pensar em produzir os próprios vídeos, num canal que já tem até nome: Lu Reis.

— A Luísa não está preocupada com o visual, está envolvida com o mundo dela, os vídeos, os livros — resume a mãe Ana Cristina Caetano Reis, 42 anos.

O círculo oculto de amigos que foi pivô da prisão de Cabral


Camilla Costa (@_camillacosta) e Ricardo Senra (@ricksenra)
John O'Donnell, Sergio Cabral e Luiz Carlos Bezerra, em foto com outro amigo enviada em e-mail interceptado pelo MPFImage copyrightREPRODUÇÃO MPF
Image captionQuebra de sigilo de e-mails e conversas telefônicas mostra relações de amizade entre acusados de corrupção
Das mesas de reunião do Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, para as de restaurantes na Europa e de festas infantis.
Na petição de mais de 200 páginas entregue ao juiz Sergio Moro e à Justiça fluminense, o Ministério Público Federal sugere uma complexa rede de troca de favores pessoais e profissionais que envolve, desde assessores e amigos, até tia, filho, mulher e ex-mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
O resultado, segundo a força-tarefa, seria um prejuízo de pelo menos R$ 224 milhões de reais aos cofres estaduais, tudo fruto de desvios na reforma do Maracanã para a Copa de 2014, no Arco Metropolitano do Rio e no PAC Favelas, entre outras grandes obras.
Os pedidos de prisão feitos pelo Ministério Público Federal - que resultaram na Operação Calicute, uma nova fase da Lava Jato - apontam Cabral como "líder da organização criminosa que saqueou o Estado do Rio de Janeiro", que está, na visão dos procuradores, "literalmente falido em boa medida pela atuação desenfreada dessa insidiosa organização".
A partir desta petição, os juízes no Rio e em Curitiba determinaram uma megaoperação que envolveu oito pedidos de prisão preventiva, dois de prisão temporária, 38 mandados de busca e apreensão e 14 de condução coercitiva.
Para a acusação, evidências coletadas na quebra de sigilo de telefones, emails e contas bancárias revelariam pagamento de despesas de Cabral e seus familiares - que vão de vestidos de festa a contas de gás, além de equipamentos para fazendas e blindagem de carros, entre outros serviços.
Procurados pela BBC Brasil durante todo o dia por telefone e email, os escritórios de Cabral e seus advogados não responderam aos chamados até a conclusão desta reportagem.
Em nota enviada ao jornal O Globo, assessores do peemedebista disseram que "a família do ex-governador jamais pautou suas relações pessoais nem tampouco a convivência em sua residência pelos cargos ocupados por seus amigos."
Confira, a seguir, como o círculo íntimo do ex-governador do Rio de Janeiro, de acordo com as investigações da Lava Jato, teria se beneficiado por desvios milionários no Estado - que hoje amarga a pior crise financeira de sua história recente.

Familiares e códigos secretos

Um dos trechos mais intrigantes da petição da Procuradoria revela e-mails e fotos de papéis rabiscados por Luiz Carlos Bezerra com frases incompreensíveis, repletas de números e códigos.
Papéis rabiscados de Luiz Carlos Bezerra na lista do MPFImage copyrightREPRODUÇÃO MPF
Conhecido como "Bettegão", Bezerra é amigo pessoal de Cabral e foi assessor de orçamento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro exatamente no período em que o peemedebista governou o Estado.
Assim como o ex-governador, ele teve mandado de prisão preventiva cumprido nesta quinta-feira.
"10 ou 11, passar Mimi's House 10 us magal e 2 zidane mansur"; "18 tocha para Maria 5a feira 23 tocha para piscina 50 sony 100 Mimi 60 Sonia falar com Maga cartao us 9. 31 covit, diegues e Maria... saldo ficará 163", dizem algumas das mensagens interceptadas pela Lava Jato.
Por meio da quebra de sigilos de milhares de telefonemas e mensagens eletrônicas, a força-tarefa tenta montar o quebra-cabeça por trás destes e-mails.
Segundo o Ministério Público Federal, eles revelariam uma "distribuição de dinheiro entre participantes da organização criminosa de forma também codificada".
A maioria dos códigos identificados pelos procuradores seriam na verdade apelidos atribuídos a familiares e amigos do ex-governador.
"Covitch" seria Maurício Cabral, irmão de Sergio Cabral. "Susi" seria a ex-esposa do ex-governador, Susana Neves Cabral. Já "Dri" ou "Adri", a atual mulher do político, Adriana Ancelmo. "Ramos", a alcunha de Pedro Ramos, assessor pessoal do peemedebista.
A lista inclui até a mãe de Cabral, Magaly Cabral, vulga "Magal", que teria recebido US$ 10 mil em dinheiro, além de ter as despesas de um "cartão de crédito em dólares" pagas por um dos investigados. Já a ex-esposa Susana teria recebido 10 mil euros.
As menções a familiares incluem ainda uma tia (alvo de um depósito de R$ 6 mil em dinheiro) e o filho de Cabral e Adriana Anselmo - R$ 1.070 teriam sido pagos em cachorros-quentes na festa de aniversário do menino.
Para o juiz Marcelo da Costa Bretas, um dos responsáveis pela investigação, as citações levantam a "suspeita de que se tratem de repasses ilícitos de valores a título de distribuição de propinas entre membros de organização criminosa, invariavelmente em benefício do investigado Sérgio Cabral e seus familiares".

'Amigos de infância'

E-mail de Luiz Carlos BezerraImage copyrightREPRODUÇÃO MPF
"Lembra desta, meu irmão?... Estar com você é sempre lembrar coisas boas!", diz o mesmo Luiz Carlos Bezerra, em outra troca de emails.
A lembrança traz uma foto de uma reportagem do jornal O Globo, de 1996, que fala sobre a relação próxima dos dois e chama Bezerra de "amigo de infância" de Cabral.
Em uma fotografia reproduzida na petição, eles aparecem juntos na Europa, com suas respectivas mulheres, ao lado de Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, preso em julho pela Lava Jato.
Segundo o Ministério Público Federal, Bezerra é apontado pela PF como "operador financeiro de Sérgio Cabral, tendo como função a contabilidade informal da organização criminosa por ele chefiada e a distribuição do dinheiro entre os seus membros e seus parentes".
Outros emails e ligações interceptados pelos procuradores revelam o que parece ser uma relação íntima entre Bezerra e a família Cabral.
Para falar com a atual mulher do ex-governador, Adriana Ancelmo, ele usava o apelido "Lindona".
Foto de casais de amigos na Europa destacada pelo MPFImage copyrightREPRODUÇÃO MPF

'Homem da mala'

Entre os códigos de Bezerra também aparece "Mimi", codinome, segundo a força-tarefa, do consultor Carlos Miranda, um dos presos pela Polícia Federal.
Miranda é apontado pelos procuradores, citando delações premiadas de executivos das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, como o "homem da mala" do ex-governador - a pessoa que recebia os valores das propinas pagas por empreiteiras.
De acordo com a Procuradoria, ele teria começado a carreira como "funcionário público comissionado" por indicação política de Cabral e, desde então, seria seu amigo pessoal.
E-mail de Carlos MirandaImage copyrightREPRODUÇÃO MPF
Image captionEm e-mail a funcionária da Carioca Engenharia, Miranda informa dados bancários de Comitê Financeiro do PMDB
Mas em 2007, quando Cabral foi eleito governador do Rio, Miranda abriu sua própria empresa de consultoria, que teve "uma inusitada e rápida ascendência financeira".
Segundo os procuradores, a empresa teve apenas um empregado fixo durante seus primeiros anos, mas imediatamente depois de criada passou a receber pagamentos de milhares de reais. Em 2013, chegou a faturar mais de R$ 2 milhões.
Assim que Cabral encerrou seu mandato, no entanto, o faturamento da empresa de Miranda caiu para R$ 7 mil. Logo em seguida, ele encerrou o negócio e passou a atuar como fazendeiro no interior do Estado.

'Caixinha'

A mais flagrante das trocas de emails destacadas pelo Ministério Público Federal como indício de propina chama-se, oportunamente, "Caixinha".
Ela partiu de Hudson Braga, ex-secretário de obras de Sérgio Cabral e coordenador de campanha de seu sucessor, Luiz Fernando Pezão (PMDB), ao governo do Estado.
Braga também foi alvo de prisão preventiva ao lado de Cabral na operação desta quinta-feira.
"O prazo dos senhores esgotou hoje e nenhum de vocês dois me trouxeram (sic) nada!!!!", exclama o ex-secretário, em email destinado a José Orlando Rabelo, citado por dois executivos da Carioca Engenharia como outro dos encarregados a repassar valores de propina.
E-mail de Carlos MirandaImage copyrightREPRODUÇÃO MPF
"É lamentável eu ficar cobrando!!!", prossegue o ex-secretário de obras. "Gostaria de inverter essa lógica!!!".
Braga então faz um ultimato: "Não estou conseguindo mais ficar cobrando, minha pressão não está ajudando!!! Foi a minha última cobrança!!".
A mensagem é respondida no dia seguinte por José Orlando: "Secretário, falo na segunda pessoalmente com você sobre este item."
Preso nesta quinta-feira, Hudson Braga era, segundo os procuradores, o principal responsável pela cobrança da chamada "taxa de oxigênio" - que corresponderia a 1% dos contratos com as empreiteiras e iria para a Secretaria de Obras do Estado.

Roupas, gás, empresas

Alvo de um mandado de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento) da PF, a mulher de Cabral supostamente teve contas de gás, vestidos de festa e outros bens de luxo pagos pelos amigos do marido - apontados pelos procuradores como operadores do esquema.
A maior parte dos pagamentos foi feito em dinheiro vivo, segundo as apurações.
Para o juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, em Curitiba, "causa certa estranheza, por exemplo, a frequência de aquisições vultosas de bens móveis em espécie, como as feitas por Adriana Ancelmo, esposa do então Governador, v.g., de móveis com pagamento de R$ 33.602,43 em espécie em 05/2014, ou de dois mini bugs com pagamento de R$ 25.000,00 em espécie em 08/2015, ou de equipamentos gastronômicos com pagamento de R$ 72.009,31 em espécie em 03/2012".
O trecho destacado é parte do despacho assinado pelo juiz nesta 37ª fase da operação.
Sérgio Cabral e Adriana AncelmoImage copyrightBRUNO ITAN | GOVERNO DO RIO
A investigação também levanta suspeita sobre o que chama de "crescimento vertiginoso" do escritório de advocacia da ex-primeira-dama durante os mandatos de seu marido no Rio.
No faturamento do escritório, estão pagamentos de empresas responsáveis por serviços públicos no Estado durante o governo de Cabral, como a Metrô Rio, a Oi/Telemar, a Light e a CEG.
Além delas, aparecem nomes de outras empresas suspeitas de terem realizado lavagem de dinheiro no esquema de propina envolvendo Cabral e seus amigos.


 

Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Indivíduo que pratica atividades criminosas com legitimidade de poder público deveria devolver em dobro tudo que recebeu, sem dó e sem piedade, inclusive os salários.

A verticalização do crime gera criminalidade com recursos públicos e todo tipo de problema como estamos vendo. Sou de uma época que o crime era horizontal, para sair do nada e chegar ao topo não era qualquer um? Hoje políticos apequenados negociam direto com o poder, ameaçam, roubam, envolvem pessoas inocentes e graças a Deus temos uma Lava Jato!

O mais importante é: Acabar com “incubadora de bandidos” Reforma do Artigo 17 da Constituição Federal de 1988 Já! Urgente!

Se o STF acatar a tese da Lava Jato, que considera propina qualquer dinheiro de empresas para políticos, não vai sobrar ninguém mesmo e fica caracterizado o verdadeiro prostíbulo.



Negócios fajutos com países apequenados sem expressão nenhuma no cenário político internacional em nome da sobrevivência de uma plataforma política falida que não congrega a natureza da sociedade. Não existe ideologia no Brasil.

'Quando cheguei, descobri o que era ser negra': como africanos veem o preconceito no Brasil



Nádia Ferreira, de Guiné Bissau, diz que a questão racial despertou nela no BrasilImage copyrightGRINGO ©
Image captionNádia Ferreira, de Guiné Bissau, diz que a questão racial despertou nela no Brasil
Formada em Letras, a africana de Guiné-Bissau Nádia Ferreira, de 37 anos, conta que cresceu sem pensar sobre a questão racial.
"Lá eu era uma menina como qualquer outra. Foi no Brasil que a questão da raça despertou em mim. Descobri isso na pele, mas foi bom porque isso só me fortaleceu."
Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, data que evoca a memória do líder negro Zumbi dos Palmares (1655-1695), a BBC Brasil apresenta a visão de imigrantes de países majoritariamente negros sobre identidade racial e preconceito no Brasil.
Ferreira, há 15 anos no Brasil, afirma que a sensação de "estar no lugar errado" - e a posterior "tomada de consciência" - surgiu quando cursava a faculdade na USP (Universidade de São Paulo).
"Eu me sentava ao lado de alguém e a pessoa mudava de lugar. Numa sala com 200 alunos, só dois eram negros. Mas foi lá também onde conheci o grupo de consciência negra", diz ela, que criou o coletivo Iada Africa (Mãe África) para discutir questões de raça.
A guineense foi estudar no Brasil por incentivo do pai, que acreditava que haveria menos preconceito no país. "Ele falava que as pessoas aqui já estavam acostumadas com os negros, mas quando conto que há racismo ele não acredita até hoje."
Ela enumera episódios em que diz ter sido alvo de preconceito no país - já foi barrada na porta de um banco mesmo tendo guardado a mochila, por exemplo, e teve que esperar do lado de fora de uma sala onde iria fazer uma entrevista de emprego enquanto outras candidatas, brancas, passavam.
"Não te agridem porque a lei não permite, mas você é olhado de um jeito que diz: aqui não é o seu lugar", afirma.
Para Ferreira, o negro imigrante é alvo de duplo preconceito. "Quando você é negro brasileiro te olham como incapaz. O imigrante africano já é visto como exótico, mas carregamos o peso do estereótipo de que africanos são agressivos ou preguiçosos."

Curiosidade e preconceito

Egide, do Burundi, diz que antes de chegar no Brasil não se preocupava com preconceitoImage copyrightGRINGO ©
Image captionEgide, do Burundi, diz que antes de chegar no Brasil não se preocupava com preconceito
Natural do Burundi, pequeno país do centro-leste africano, o estudante Egide Nishimirimana, de 27 anos, também "despertou" para a existência do preconceito após chegar ao Brasil.
"Antes de chegar eu não me preocupava com preconceito de raça. No Burundi todo mundo é negro, e o que existia lá era o preconceito de etnia, usado politicamente para tomar o poder", conta.
Ele diz acreditar que o negro imigrante ainda sofra menos do que o negro brasileiro no cotidiano. "Normalmente quando começam a conversar com você e veem que é estrangeiro isso gera simpatia pela curiosidade."
Nishimirimana se diz satisfeito com a vida no Brasil, mesmo diante de situações difíceis.
"Percebi aqui é que esse preconceito racial é muito verdadeiro. Não vou generalizar, mas algumas pessoas quando veem um negro acham que é ladrão ou mal educado", afirma ele, que vê o transporte público como cenário cotidiano de preconceito.
"As pessoas trocam de lugar ou colocam a mochila para frente quando me veem."

Conscientização

Ephata Tshiaba, do Congo, percebe o racismo em situações corriqueiras, como quando usa o metrôImage copyrightGRINGO ©
Image captionEphata Tshiaba, do Congo, percebe o racismo em situações corriqueiras, como quando usa o metrô
Há seis meses no Brasil, o músico congolês Ephata Tshiaba, de 31 anos, também diz notar o tratamento diferente ao usar o metrô. "Vejo as pessoas se afastando, ficam me olhando de modo estranho, mas cada um é livre para pensar como quer."
Em geral, Tshiaba diz ser bem tratado por aqui - para ele, o preconceito aparece em outras situações corriqueiras, como abrir uma conta no banco. "Já fui a vários e nenhum aceitou, mesmo já tendo o documento da Polícia Federal e o CPF."
Como os outros colegas africanos, ele diz que sua conscientização sobre a identidade negra se consolidou mesmo no Brasil. "Lá (no Congo) eu não tratava sobre preconceito, mas aqui quero trabalhar na conscientização das pessoas", conta ele.
Senegalês Papa Ba estudou passado escravagista do Brasil antes de se mudar para o paísImage copyrightGRINGO ©
Image captionSenegalês Papa Ba estudou passado escravagista do Brasil antes de se mudar para o país
Em uma mesquita no centro da capital paulista, o senegalês Papa Ba, de 28 anos, diz que estudou sobre o passado escravagista do Brasil ainda na África, mas desconhecia a história de Zumbi - o líder negro que combateu autoridades e fazendeiros nos primeiros tempos de ocupação colonial - e a própria origem do feriado de 20 de novembro.
"Aprendi muita coisa sobre o Brasil antes de vir, e acho o histórico daqui um pouco triste", diz.
No Brasil, país majoritariamente negro (53,6% da população se classificam como pretos e pardos) em que negros ocupam 18% dos cargos de liderança e ganham, em média, apenas 59% do que recebem os brancos, é importante que o imigrante conheça o tema da escravidão na América Latina, diz a guineense Nádia Ferreira.
"Os imigrantes, e principalmente os que estão chegando agora, têm que escutar e aprender sobre essa história."

Aécio defende anistia ao caixa 2 e comenta sobre Lava Jato


Sobre o fato de ter sido delatado pelo ex-senador Delcídio Amaral, Aécio questionou o teor das acusações



POLÍTICA ENTREVISTAHÁ 4 HORASPOR NOTÍCIAS AO MINUTO


Mesmo sendo um dos políticos mais citados por delatores da Lava Jato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se sentiu à vontade para falar sobre a operação, numa entrevista ao Estado de S. Paulo, em que defendeu a anistia ao caixa dois pretérito, se disse inocente das acusações que sofre e sugeriu, nas entrelinhas, a prisão do ex-presidente Lula.


"Em relação especificamente ao caixa 2, eu defendo a criminalização. O equívoco lá atrás foi tentarem aprovar algo sem uma discussão mais ampla. Os casos passados vão acabar sendo diluídos pelos tribunais", disse ele.
Como criminalizar para frente significa anistiar o passado, Aécio foi questionado pelo jornalista e saiu pela tangente. "Isso não chegou ainda na Câmara. Só quando conhecermos o texto é que veremos se houve excessos."
Sobre o fato de ter sido delatado pelo ex-senador Delcídio Amaral, Aécio questionou o teor das acusações. "As citações feitas pelo senador Delcídio estão sendo investigadas e, estou certo, serão arquivadas por serem absurdas e sem o mínimo indício que possa comprová-las", disse o presidente nacional do PSDB.
Ele também negou que o empresário Oswaldo Borges, seu tesoureiro informal, acusado por empresários, como Léo Pinheiro, da OAS, de cobrar propina de 3% nas obras da Cidade Administrativa de Belo Horizonte, tenha cometido ilícitos.
"O sr. Oswaldo Borges é um conhecido empresário mineiro que atuou formalmente na captação de recursos de várias campanhas do PSDB, inclusive na última campanha presidencial, o que é de conhecimento público e, como afirmou o próprio ex-presidente da Andrade, a relação se deu de forma absolutamente legal e sem qualquer contrapartida, como ele próprio disse", afirmou Aécio, sem comentar as acusações da OAS.
Aécio também defendeu a volta do financiamento privado de campanhas, raiz de todos os escândalos de corrupção recentes, e disse que, do jeito que está, não dá pra continuar.
Sobre o processo no TSE, aberto pelo PSDB, para pedir a cassação da chapa Dilma-Temer, ele deu a entender que defende a separação dos casos, para que Temer continue no poder até 2018. "Eu, pessoalmente, penso que a responsabilidade do presidente Temer não é a mesma da Dilma", disse.

Cabral tinha banco paralelo para movimentar dinheiro sujo


A transportadora Trans-Expert Vigilância e Transporte de Valores, era usado para guardar e distribuir o dinheiro do grupo




POLÍTICA OPERAÇÃO CALICUTEHÁ 2 HORASPOR NOTÍCIAS AO MINUTO

O grau de sofisticação do esquema de corrupção encabeçado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB), preso na operação Calicute, incluía até uma espécie de banco paralelo para tocar o dinheiro oriundo dos esquemas de corrupção.


De acordo com o jornal O Globo, para investigadores, a transportadora Trans-Expert Vigilância e Transporte de Valores, que tinha um cofre no bairro de Santo Cristo, no Rio, usado para guardar e distribuir o dinheiro do grupo, mas de forma irregular e livre do sistema público de controle das atividades bancárias.
Os investigadores desconfiam que o “banco paralelo” funcionava desde o primeiro governo Cabral, recolhendo propina e a distribuindo aos favorecidos, a maioria políticos do PMDB fluminense. O achado surpreendeu até os já escaldados agentes da Delegacia de Repressão à Corrupção e a Crimes Financeiros (Delecor).
"Para desvendá-lo, a PF criou uma operação específica, a Farejador, que encontrou pelo menos três indícios que vinculam a transportadora a Cabral: um total de R$ 25 milhões em repasses da Trans-Expert para uma empresa ligada a Cabral; a apreensão de declarações de renda da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo na empresa; e uma possível guarda de dinheiro para o ex-secretário de Obras Hudson Braga, um dos nove presos ao lado de Cabral.
Antes mesmo de ser investigada por movimentar dinheiro para o ex-governador, a Trans-Expert já estava na mira da Polícia Federal. A denúncia de que a empresa havia desaparecido com um total de R$ 35 milhões do Banco do Brasil, dinheiro recolhido das agências bancárias que não chegava ao destino final, somada a um misterioso incêndio ano passado, que teria transformado em pó milhões de reais (R$ 28 milhões só da Caixa Econômica Federal) supostamente guardados em seu cofre-forte, fizeram a PF suspender recentemente a autorização de funcionamento da transportadora.


JUÍZ magistrado que administra a justiça, tendo como função aplicar a lei

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