Venezuelanos se empurram ao tentar cruzar a fronteira com a Colômbia em San Antonio del Táchira, neste domingo (10) (Foto: Reuters/Carlos Eduardo Ramirez)
não temos nada de comida para dar aos nossos filhos, então não me parece justo que a fronteira fique fechada"
Moradora de San Antonio
Longas filas se formaram diante das alfândegas desde as 5h (6h em Brasília), à espera da abertura da passagem, às 6h. Muitas pessoas tinham dormido em veículos estacionados nas ruas próximas ao local, segundo a France Presse.
Houve tumulto para atravessar a ponte internacional Simón Bolívar, que liga a cidade venezuelana de San Antonio del Táchira com o município colombiano de Cúcuta, com grande número de pessoas em busca de produtos em meio à escassez vivida na Venezuela.
"Somos daqui de San Antonio, não temos nada de comida para dar aos nossos filhos, então não me parece justo que a fronteira fique fechada", disse à agência EFE em Cúcuta uma mulher que acabava de atravessar a ponte com o marido e dois filhos, de 5 e 2 anos de idade, e que preferiu não revelar o nome.
"Viemos comprar comida, porque não estamos conseguindo o básico" na Venezuela, disse à France Presse Claudia Durán, uma das moradoras que cruzou a pé cerca de 700 metros para alcançar o território colombiano.
Houve momentos de desespero durante o cruzamento da fronteira. Por volta das 7h, se formou uma aglomeração em frente aos postos alfandegários e a multidão se esquivou, em debandada, dos controles militares para avançar. As autoridades retomaram rapidamente o controle da situação, informou a France Presse.
Multidão atravessa ponte rumo a Cucutá, na fronteira entre Venezuela e Colômbia, neste domingo (10) (Foto: GEORGE CASTELLANOS/AFP)
O governador de Táchira, José Gregorio Vielma Mora, anunciou no sábado que a fronteira seria aberta neste domingo por ordem de Maduro, pois "foi planejada uma segunda entrada de venezuelanos à Colômbia organizada pela direita venezuelana, com o pretexto de comprar comida e remédios".
Venezuelanos compram alimentos e remédio na Colômbia neste domingo (10); fronteira foi aberta por 12 horas (Foto: Manuel Hernandez/Reuters)
O comentário aparentemente fazia referência à situação ocorrida na terça-feira passada, quando 500 mulheres venezuelanas forçaram o cruzamento da fronteira para adquirir comida e produtos básicos na cidade de Cúcuta.
Após o anúncio feito na madrugada, centenas de venezuelanos fizeram fila na ponte Simón Bolívar para atravessar ao lado colombiano.
Abertura da fronteiraNa quarta-feira passada, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, visitou Cúcuta junto com a chanceler, María Ángela Holguín, e anunciou que tentará dialogar com Maduro para conseguir a reabertura das fronteiras.
A Venezuela trabalha para "que se deem as condições necessárias e se reabra" definitivamente a fronteira, de 2.200 km, publicou o governador no Twitter neste sábado (9). Vielma Mora disse, ainda, que o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, "reconhece" que a medida tomada por Maduro em agosto de 2015 "gerou uma maior segurança".
A oposição denuncia, porém, que o fechamento da fronteira agravou a escassez de alimentos e remédios na zona.
Na semana passada, os ministros da Defesa da
Colômbia, Luis Carlos Villegas, e da Venezuela, Vladimir Padrino, retomaram as conversas sobre a segurança na área limítrofe, com a possibilidade de restabelecer a passagem.
Maduro ordenou o fechamento da fronteira no ano passado, após um ataque de supostos paramilitares colombianos contra uma patrulha militar venezuelana. Três ficaram feridos na cidade de San Antonio del Táchira.
Venezuelanos compram alimentos e remédio na Colômbia neste domingo (10); fronteira foi aberta por 12 horas (Foto: Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)