terça-feira, 8 de março de 2016

DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES Dia da mulher: ativistas denunciam escalada de ataques na América Lat

Principal alvo são as que atuam como defensoras da terra, como a hondurenha Berta Cáceres
Marcha em protesto pelo assassinato de Berta Cáceres, na quinta-feira, em Honduras.
Berta Cáceres, a ambientalista e líder indígena, assassinada em Honduras na semana passada; Margarida Murillo, hondurenha, ativista das comunidades camponesas, morta a tiros em 2013; Ana Fabricia Córdoba, colombiana, ativista dos direitos das vítimas da violência, assassinada em 2011. Às vesperas do dia internacional da mulher, as organizações de direitos humanos denunciam que as agressões às ativistas mulheres estão crescendo na América Latina nos últimos anos. Em El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Nicarágua houve, só entre 2012 e 2014, 31 assassinatos e 39 tentativas de acabar com a vida de mulheresque lutam pelos direitos humanos, segundo o novo relatório da Iniciativa Mesoamericana de Defensoras dos Direitos Humanos.
A Iniciativa, que mantém um registro dos casos na região, contabilizou também 1.700 agressões diversas a essas mulheres: intimidações e perseguições, ameaças, campanhas de desprestígio, violência, detenção ilegal... As ativistas que defendem a terra e o território são as que mais agressões sofrem, segundo os dados da organização; depois vêm as que trabalham contra a violência de gênero.
“Sabemos que há um sub-registro. Nem todas as agredidas relatam as agressões às organizações que colaboram conosco. Tampouco contabilizamos os casos de países da América do Sul”, diz a mexicana Verónica Vidal, coordenadora do registro, apresentado por várias integrantes da Iniciativa em diversos países da Europa.
“Não são simples agressões a alguém que trabalha pelos direitos; elas têm um claro caráter de gênero. Enfrentamos uma realidade em que nós, além de corrermos os mesmos riscos que enfrentam os ativistas homens, corremos riscos específicos, próprios de sermos mulheres”, diz Alda Facio, especialista independente da ONU em discriminação contra a mulher, que visitou Madri para falar sobre o aumento das agressões. “Quando defendemos os direitos humanos estamos desafiando ao mesmo tempo as normas culturais, religiosas e sociais sobre a feminilidade e o papel passivo que devemos desempenhar em nossas sociedades patriarcais. E isso gera hostilidade”, acrescenta.
A morte de Berta Cáceres, que deveria ter sido protegida pelo Governo de Honduras, voltou a trazer à tona a situação das mulheres que lutam pelos direitos humanos
O documento da Iniciativa acompanha o tom de outras entidades, como aAnistia Internacional, que denunciam não só um aumento dos ataques às ativistas como também da repressão por parte das autoridades. “Os principais agressores das ativistas pertencem a autoridades locais ou nacionais, inclusive a polícia ou o Exército”, afirma Verónica Vidal.
A Anistia denúncia, além disso, que as autoridades não protegem as ativistas. Como no caso de Berta Cáceres, de 45 anos. O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad al Hussein, considerou “inquietante” que a ativista tenha sido assassinada apesar de a Comissão Interamericana de Direitos Humanos ter pedido ao Governo de Honduras que a protegesse.
A morte de Cáceres, uma ativista muito conhecida por sua vitória sobre o Banco Mundial e a estatal chinesa Sinohydro para proteger o rio Gualcarque, voltou a trazer à tona a situação das mulheres que lutam pelos direitos humanos em uma das regiões com maior desigualdade de gênero.

A Lava Jato e pessoas incomuns

Desacreditar investigações sobre corrupção e apontar possíveis golpes da elite contra líderes populares sempre foi uma tática utilizada por partidos de esquerda na América Latina



No dia 17 de junho de 2009, em viagem ao Cazaquistão, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente na época, saiu em defesa de um colega político, então alvo de denúncias de irregularidades. Lula, que no período alcançava um dos mais altos índices de popularidade registrados por políticos em todo o mundo, falava sobreJosé Sarney (PMDB), outro ex-presidente brasileiro e, naquele momento, presidente do Senado – acusado de nomear parentes usando atos legislativos secretos.
Disse Lula: "Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias, porque ele não tem fim e depois não acontece nada (...) Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum."
Após ser obrigado a depor, Lula voltou ao seu lugar predileto – o palanque político – para criticar os responsáveis pela investigação. Os investigadores, em contrapartida, disseram que ninguém está acima da lei. A cortina de fumaça do discurso político colocado pelo ex-presidente esconde, de fato, que faltam esclarecimentos do político sobre propriedades e pagamentos de grandes empreiteiras não declarados.Ao dizer que Sarney não poderia ser tratado como uma “pessoa comum” Lula deixou transparecer sua visão sobre democracia e o Estado de Direito: algumas pessoas são diferentes de outras. Na semana passada, foi Lula quem entrou no alvo de suspeitas de ilegalidades. Ele e sua família foram os principais alvos da Alethea, uma das fases da Operação Lava Jato, considerada uma das maiores investigações de corrupção no Brasil. O nome vem do grego para “a busca da verdade”.
Desacreditar investigações sobre corrupção e apontar possíveis golpes da elite contra líderes populares sempre foi uma tática utilizada por partidos de esquerda na América Latina. Líderes populistas costumam dividir o mundo entre uma elite golpista e líderes populares que, por serem verdadeiros representantes do povo, deveriam ter carta branca. Um desvio de conduta seria aceitável para aqueles que são a verdadeira cara da nação e do povo. É a insistência pela predominância do discurso raso e de senso comum do nós contra eles.
A tática costuma dar certo apenas quando as investigações e acusações contra esses líderes não são consideradas confiáveis pela maior parte da população. Nesse sentido, o grau de profundidade e a clareza das acusações são essenciais para colar nos líderes políticos. Essa transmissão das informações com clareza é fundamental para transformar casos de corrupção em punição pela sociedade civil de políticos apanhados em atos ilícitos.
Quando essas informações são críveis e claras, especialmente a população mais pobre do Brasil e da América Latina passam a punir os políticos pelo voto, como mostram estudos recentes feitos por diferentes acadêmicos. A ideia de que os latino-americanos aceitam corrupção quando estão sendo beneficiados pelo Governo parece não ser suportada por evidências empíricas. Na verdade, a diferença está no grau de confiabilidade e na clareza das informações produzidas.
As investigações sobre o ex-presidente Lula ainda estão em andamento, mas muito do que foi tornado público até o momento mostra que Lula não consegue explicar a origem de bens e pagamentos feitas a ele por empreiteiras investigadas na Lava Jato. Numa verdadeira democracia é preciso investigar com rigor essas acusações, ao mesmo tempo em que o direito de defesa é garantido.
Porém, a população tem o direito de receber a maior quantidade de informações possíveis para formar o seu próprio juízo. Nas últimas semanas o que se tem visto é um ataque cada vez maior à imprensa – o que já chegou a ataques físicos nas ruas. Ao mesmo tempo, sites que receberam dinheiro desviado do próprio esquema da Petrobras fazem campanhas difamatórias contra jornalistas e os responsáveis pelas investigações da Lava Jato.
Em 2005, no auge do esquema do mensalão, pelo menos dois terços da população acreditava que o então presidente Lula não poderia ser responsabilizado por aquele caso (por isso mesmo a ideia de um impeachment não decolou). Em 2016, a situação é a inversa: a maior parte da população responsabiliza diretamente a presidente Dilma Rousseff pelos casos revelados e as informações reveladas pela Lava Jato também são consideradas críveis em relação ao ex-presidente Lula.
Não se trata, portanto, de golpe contra a democracia. Um país será democrático quando suas eleições forem livres e houver competição eleitoral, com espaço para a oposição. Quando esquemas bilionários de corrupção desequilibram a competição eleitoral, isso afeta a qualidade democrática de um país.
A teoria de que as revelações sobre esses grandes esquemas devem ser confiáveis e que, só assim, a população passará a punir políticos corruptos coloca incentivos para que as investigações sejam feitas com cuidados técnicos e com parcimônia. Ao mesmo tempo, pressionam políticos a pesarem com mais cuidado a decisão de se envolver em atos corruptos.
O Estado de Direito está presente quando todos os cidadãos são iguais perante a lei, que é aplicada de forma justa e consistente por todo o Judiciário. Essas leis devem ser claras, publicamente conhecidas, universais, estáveis e não retroativas. Daqui para a frente, o Brasil pode demonstrar que não existem pessoas especiais.
Fernando Mello, é mestre pela Georgetown University e é sócio do site Jota.info
Barbara Lobato é jornalista no site Jota.info

'Segredo é dedicação', diz 1ª mulher a pilotar helicóptero de ataque no Brasil Vitória Bernal, de 24 anos, integra Esquadrão Poti, em Rondônia. 'Maior dificuldade foi se adaptar a aeronave russa', diz piloto. Ísis Capistrano Do G1 RO

2ª tenente, Vitória Bernal, tem seis anos de militarismo e pilota helicóptero de guerra (Foto: Ísis Capistrano/ G1)2ª tenente, Vitória  tem seis anos de militarismo e pilota helicóptero de guerra (Foto: Ísis Capistrano/ G1)
Vitória Bernal, de 24 anos , tem muitos motivos para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em todo o mundo nesta terça-feira (8). Piloto no 2º/8º Grupo de Aviação Esquadrão Poti em Porto Velho, Vitória foi a primeira mulher a comandar um helicóptero de ataque no Brasil, um AH-2 Sabre de 12 toneladas. Na Força Aérea Brasileira (FAB) há seis anos, ela revela que determinação e sonho da carreira militar foram os dois segredos para as conquistas profissionais. "As meninas só precisam ter dedicação, que daí elas conseguem qualquer coisa", diz.
Em entrevista ao G1, Vitória diz que a paixão por aviões nunca foi apenas uma vontade passageira da juventude. Assim que fez o aniversário de 18 anos, ela entrou para a Academia da Força Aérea (AFA), uma espécie de curso superior da carreira militar.
Após quatro anos de estudo em uma academia onde muitos são desligados por não conseguir completar os níveis mínimos de pilotagem, a jovem se formou, fez especialização em helicópteros no Rio Grande do Norte e optou por atuar no Esquadrão Poti, em Rondônia. A base abriga 12 helicópteros AH-2 Sabre, que são utilizados na proteção da fronteiras do Brasil.
Vitória entrou na Academia da Força Aérea (AFA) aos 18 anos (Foto: Ísis Capistrano/ G1)Vitória entrou na Academia da Força Aérea (AFA) aos 18 anos (Foto: Ísis Capistrano/ G1)
O esquadrão está sediado em Rondônia devido à posição estratégica dentro da Amazônia, que possibilita às aeronaves chegar a qualquer lugar do território nacional.
Vitória, que fez inúmeras missões durante a especialização no RN, como busca e salvamento, transporte de carga externa, navegação e emprego armado, se identificou com o emprego armado. Ela optou pelo Poti porque é um dos esquadrões da FAB mais especializados em helicóptero.
Chegada
A dificuldade da 2º tenente foi se adaptar à aeronave russa, que ela define como complexa e diferente de todas que ela já estava acostumada. Segundo Vitória, nunca houve estranhamento na Base Aérea pelo fato de ela ser mulher.
"Para mim é uma coisa normal. Cheguei aqui com um colega que foi da mesma turma que eu. Nós fazemos as mesmas missões, estudamos as mesmas coisas. Tem impacto maior porque há poucos pilotos mulheres nas Forças Armadas. De 100 que integravam minha turma, por exemplo, oito eram mulheres", diz.
Para Vitória, as pessoas que não trabalham na Base Aérea são as que mais costumam se assustar pelo fato dela pilotar aeronaves. "Você vai aos lugares da cidade e quando digo que sou piloto, perguntam: Como assim?", detalha.
Equipe de manutenção do esquadrão também conta com seis sargentos mulheres (Foto: Ísis Capistrano/ G1)Equipe de manutenção do esquadrão também tem seis sargentos mulheres (Foto: Ísis Capistrano/ G1)
Com todas as qualificações, Vitória diz que as mulheres não só podem correr atrás dos sonhos, mas devem.
"Se você põe um negócio na cabeça, não há nada que não possa fazer. Não desista, não abaixe a cabeça. Foco e determinação é o segredo para qualquer coisa, não só para o militarismo. As meninas não podem se assustar só porque a maioria é homem. As pessoas me receberam aqui super bem, com profissionalismo. Nunca me trataram mal ou melhor pelo fato de ser mulher. As meninas precisam ter dedicação que elas conseguem qualquer coisa” finaliza.
Apesar do treinamento pesado, Vitória garante que não tem uma história "emocionante" de combate. Até hoje só participou de interceptações simuladas, porém garante que se um dia chegar à missão de participar de um combate, estará a postos para cumprir como qualquer outro tenente.
Cantadas no esquadrão? "Eu tenho um namorado/marido que trabalha no esquadrão ao lado. Aí todo mundo sabe e não tenho nenhum problema", finaliza aos risos.

Ex-senador Luiz Estevão se entrega na Polícia Civil para cumprir pena Justiça Federal determinou nesta segunda a expedição da ordem de prisão. Político passou a noite com mulher e filhos; 'Estou tranquilo', afirmou.

08/03/2016 07h49 - Atualizado em 08/03/2016 08h29   

Raquel MoraisDo G1 DF

Estou tranquilo"
Luiz Estevão,
ex-senador
O ex-senador Luiz Estevão se apresentou no início da manhã desta terça-feira (8) ao Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil do Distrito Federal. Ele havia dito pouco antes ao G1 que se entregaria até as 9h por "achar muito mais prático" do que esperar que policiais federais o buscassem em casa. O político afirmou que passou a última noite em casa, na companhia da mulher e dos filhos.
Ele cumprirá pena pela condenação, de 2006, imposta pela Justiça de São Paulo a 31 anos de prisão pelos crimes de corrupção ativa, estelionato, peculato, formação de quadrilha e uso de documento falso nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Dois dos crimes, quadrilha e uso de documento falso, podem estar prescritos e a pena final deve ser de 26 anos.
Estevão disse que recebeu às 7h30 orientação da Justiça sobre onde se entregar – na superintendência da PF em Brasília ou em alguma unidade da Polícia Civil. Ele já havia saído de casa às 5h. O político passará por exames no Instituto Médico Legal e depois será levado para o Complexo Penitenciário da Papuda. "Estou tranquilo", disse ao G1.
O ex-senador afirmou que já andava com um pacote de roupas no carro para o caso de ser preso sem que tivesse tempo de passar em casa. "Todo dia, desde que o Supremo [Tribunal Federal] pediu minha prisão, eu já saia com uma mala no carro, com as minhas roupas, para caso eu fosse preso de dia", afirmou o empresário e ex-politico
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Estevão disse que recebeu às 7h30 orientação da Justiça sobre onde se entregar – na superintendência da PF em Brasília ou em alguma unidade da Polícia Civil. Ele já havia saído de casa às 5h. O político passará por exames no Instituto Médico Legal e depois será levado para o Complexo Penitenciário da Papuda. "Estou tranquilo", disse ao G1.
O ex-senador afirmou que já andava com um pacote de roupas no carro para o caso de ser preso sem que tivesse tempo de passar em casa. "Todo dia, desde que o Supremo [Tribunal Federal] pediu minha prisão, eu já saia com uma mala no carro, com as minhas roupas, para caso eu fosse preso de dia", afirmou o empresário e ex-politico.

O juiz entendeu que apesar da execução da pena ser iniciado, os dois ainda podem recorrer, mantendo "preservado o núcleo essencial da garantia de presunção de inocência, ao passo em que também prestigia o interesse público em um processo penal justo, equânime e eficiente", completou.

Após a prisão, a nova pena de Luiz Estevão será acompanhada pela Vara de Execuções Penais de Brasília.
Estevão era senador pelo PMDB quando foi cassado, em 28 de junho de 2000, por 52 votos a 18. Dez senadores se abstiveram no dia. Quando os desvios apontados pelo Ministério Público ocorreram, o político era filiado ao PP.
Questionado nesta segunda à noite sobre a determinação da Justiça de que seja preso imediatamente, Estevão declarou que ele e a família já esperavam o início do cumprimento da pena em regime fechado. "Um dia ela viria. Podia ser hoje, daqui um mês ou amanhã."
Perguntado se se arrependia dos desvios de verbas durante a construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, ele disse que espera um dia contar sua versão do caso. "A história do TRT é muito mal contada. Espero ter tempo e saúde para um dia esclarecer". Ele não quis dar detalhes sobre o assunto.

A Primeira Vara da Justiça Federal em São Paulo determinou a expedição de mandado de prisão para o ex-senador Luiz Estevão. A ordem de prisão foi encaminhada para a Polícia Federal, que repassará para a PF em Brasília cumprir o mandato.
Apesar de ainda haver recurso pendente, a prisão foi determinada porque o Supremo Tribunal Federal entendeu que as punições já podem ser executadas se forem mantidas pela segunda instância.
A prisão foi expedida no mesmo dia em que Luiz Estevão tinha obtido uma decisão favorável, um indulto perdoando a pena de 3 anos e 6 meses de prisão por falsificação de documento público, com base em decreto presidencial natalino. Estevão chegou a cumprir parte da pena na cadeia, mas depois foi liberado para prisão domiciliar, na qual estava até então.
Nesse caso, Estevão foi acusado de alterar livros contábeis para justificar dinheiro de obras superfaturadas para construir o prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, da qual teria sido desviado R$ 1 bilhão.
Horas após ser divulgada a determinação da Justiça Federal, havia pouca movimentação em frente à casa de Estevão. O G1 presenciou um carro entrando e saindo da casa em menos de dez minutos, e um grupo de cinco fotógrafos e cinegrafistas de plantão.
A prisão atinge ainda o empresário Fábio Monteiro de Barros, também acusado de fraudes no TRT paulista (veja vídeo). A pena será cumprida em regime fechado, em cadeia de segurança média ou máxima.

Para o juiz federal Alessandro Diaferia, os crimes foram cometidos em 1992. Segundo ele, Luiz Estevão e Fábio Monteiro de Barros "possuem contra si decisão condenatória que aguarda trânsito em julgado". O magistrado citou ao menos 35 recursos apresentados pela defesa de ambos desde a condenação.
Não há mais cabimento em discutir presunção de inocência dos acusados deste processo e nada mais há a justificar a protelação do início do cumprimento da condenação proferida: todas as garantias individuais e processuais dos réus foram respeitadas"
Trecho da decisão do juiz federal Alessandro Diaferia
"É plenamente viável afirmar que nada mais há de ser dirimido que possa verdadeiramente alterar a situação jurídica dos acusados Luiz Estevão de Oliveira Neto e Fábio Monteiro de Barros Filho, diante da quantidade de recursos, embargos e impugnações apresentadas. [...] Não há mais cabimento em discutir presunção de inocência dos acusados deste processo e nada mais há a justificar a protelação do início do cumprimento da condenação proferida: todas as garantias individuais e processuais dos réus foram respeitadas", afirmou o magistrado.

Na decisão, o juiz lembrou que a Procuradoria Geral da República pediu o início do cumprimento da pena em razão da decisão do Supremo que autorizou prisões em caso de condenações confirmadas na 2ª instância.

Tanto Luiz Estevão quando Fábio Monteiro de Barros argumentaram no processo que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região entendeu que eles poderiam continuar em liberdade até o trânsito em julgado, ou seja, até não caber mais recursos. Para eles, a determinação de prisão poderia ferir a chamada "coisa julgada".
Fachada da casa do ex-senador Luiz Estevão, no Lago Sul (Foto: Gabriel Luiz/G1)Fachada da casa do ex-senador Luiz Estevão, no Lago Sul (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Ao determinar a prisão, o juiz Alessandro Diaferia considerou que duas penas já estão tecnicamente prescritas e há risco de prescrição a partir de 2018 da punição por peculato e estelionato. "Diante de tais circunstâncias, é mais do que imperioso o início do cumprimento das penas a que foram condenados os acusados, ainda que em caráter provisório, de modo a evitar-se a prescrição."

O juiz entendeu que apesar da execução da pena ser iniciado, os dois ainda podem recorrer, mantendo "preservado o núcleo essencial da garantia de presunção de inocência, ao passo em que também prestigia o interesse público em um processo penal justo, equânime e eficiente", completou.

Após a prisão, a nova pena de Luiz Estevão será acompanhada pela Vara de Execuções Penais de Brasília.
Estevão era senador pelo PMDB quando foi cassado, em 28 de junho de 2000, por 52 votos a 18. Dez senadores se abstiveram no dia. Quando os desvios apontados pelo Ministério Público ocorreram, o político era filiado ao PP.
 Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira
Todo esse mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.

segunda-feira, 7 de março de 2016

'Corrupção é institucionalizada na Receita', afirma delator da Publicano Auditor disse que entre 80% e 90% dos auditores participavam do esquema. Ele também garantiu que parente de Beto Richa influenciava o grupo.

07/03/2016 20h12 - Atualizado em 07/03/2016 20h15
Do G1 PR, com informações da RPC

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O delator Luiz Antônio de Souza, réu na Operação Publicano, afirmou, em depoimento à Justiça, que a corrupção na Receita Estadual do Paraná era "institucionalizada". Ele prestou depoimento nesta segunda-feira (7), no Fórum de Londrina, no norte do estado.
"A corrupção na Receita é institucionalizada. Não é um ou dois. É de 80% a 90% da Receita. E todo mundo sabe quem faz e quem não faz", afirmou o auditor.
O réu confirmou quase tudo o que disse aos promotores do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em quase 200 horas de gravações.
Segundo ele, as delegacias de cidades menores recebiam pequenas partes do valor cobrado no esquema. A maior quantia era divididas entre auditores de Londrina e de Curitiba.
O auditor afirmou que o grupo em Londrina arrecadava cerca de R$ 100 mil por mês. Segundo ele, o dinheiro era dividido entre o fiscal que fazia a cobrança, o delegado regional e a cúpula da Receita em Curitiba, que ficava com 10% do total.
Souza também confirmou que Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa (PSDB), tinha influência na Receita Estadual. De acordo com o auditor, foi Abi que nomeou Márcio de Albuquerque Lima para o cargo de inspetor-geral da Receita Estadual, em Curitiba. Lima é considerado o chefe do esquema de corrupção pelo Ministério Público (MP-PR).
Ainda segundo o delator, Luiz Abi também alertava os integrantes do esquema sobre possíveis fiscalizações da polícia na Receita.
"Ele já tinha colaborado anteriormente, falando que Luiz Abi era a proteção política desse grupo, que fez nomear Márcio de Albuquerque Lima como delegado local. Também revelou em depoimento, agora, que Luiz Abi recebia da polícia informações importantes a respeito de investigações em curso contra essa organização criminosa e compartilhava essas informações em uma forma de proteger para que não houvesse qualquer escândalo a respeito", disse o advogado de Luiz Antônio de Souza, Eduardo Duarte.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Luiz Abi Antoun. Já o advogado de Márcio de Albuquerque Lima participava do interrogatório e, por isso, não pôde se pronunciar. Em outras ocasiões, ele preferiu não comentar o caso.
O governo estadual informou que pediu a investigação na Receita Estadual, puniu servidores envolvidos no esquema e aplicou multas nas empresas que teriam participado pagando propina.
O auditor ainda é interrogado pelo advogado de defesa e pelos advogados dos outros réus. A audiência deve avançar a madrugada e pode terminar na terça-feira (8), se o juiz achar necessário.

Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira!

Todo esse mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.