segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Edinho Silva: "A situação do PT é grave. Negar isso é um equívoco" Ao longo de quase 90 minutos, o tesoureiro da campanha em 2014 ainda falou sobre a investigação aberta contra ele no STF para apurar a doação de R$ 7,5 milhões supostamente desviados da Petrobras

 Gustavo Moreno/CB/D.A Press


Edinho Silva, um zagueiro mediano da Ferroviária de Araraquara — posteriormente deslocado para a lateral esquerda por ser mais baixo do que o necessário para o posto — trocou o futebol pela carreira política ainda na década de 1980. Mas não abandonou a antiga característica da época dos gramados: permanece jogando na defesa. Em 2014, no meio do tiroteio da Operação Lava-Jato, foi escalado tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff para “blindar”, segundo ele próprio, a caminhada da reeleição da petista. Passada a eleição, o menino que começou a vida carregando malas no hotel do qual o pai era porteiro, tornou-se ministro da Secretaria de Comunicação de um governo desgastado diante da opinião pública.

Durante entrevista ao Correio, Edinho, de 50 anos completados no último mês de junho, defendeu o modelo de coalizão definido pela reforma ministerial anunciada por Dilma na sexta-feira como o principal passo para a saída da crise política e econômica. “A reforma veio num momento para se criar a estabilidade necessária, a paz necessária, para a retomada do crescimento econômico.” Ao longo de quase 90 minutos, o tesoureiro da campanha em 2014 ainda falou sobre a investigação aberta contra ele no STF para apurar a doação de R$ 7,5 milhões supostamente desviados da Petrobras, admitiu erros do partido e reclamou que muitos dos ataques à presidente Dilma são decorrentes de machismo. “Ela é mulher honesta, íntegra e trabalhadora”, diz ele, no típico papel de zagueiro.

A presidente Dilma não demorou para fazer a reforma ministerial, criando desgaste desnecessário?A reforma ministerial é decorrência de uma reforma administrativa. A presidente Dilma, diante das necessidades de cortes provenientes do ajuste fiscal, não apenas impôs cortes na execução de políticas públicas, mesmo que temporariamente, como impôs restrições ao custeio da máquina. Em decorrência dessa restrição, ela anunciou uma reforma administrativa. A fusão de pastas, de órgãos públicos. A reforma administrativa foi uma sinalização da melhor racionalização do gasto público. A reforma ministerial veio num momento importante para que o governo conseguisse constituir uma nova coalizão, de criar a estabilidade política necessária, a paz política necessária, para que o governo consiga implementar iniciativas importantes para retomada do crescimento econômico, da geração de emprego, de distribuição de renda. (Tudo isso) para executar o programa que efetivamente reelegeu a presidente Dilma.

Espera-se com isso a aprovação da CPMF?
A CPMF é um pedaço de uma série de iniciativas que o governo está tomando de ajuste fiscal, mas a agenda que está colocada como desafio para essa coalizão anunciada — claro, a prioridade é ajuste fiscal — também é importante, afinal temos uma dependência, de retomada do crescimento econômico internacional. Se a economia externa não reagir, hoje com a globalização é muito difícil um país sozinho conseguir enfrentar um período de depressão econômica. Mas, a lição de casa, o governo da presidente Dilma está fazendo. Tem uma outra agenda do Senado, que são medidas estruturantes para que, nesse redesenho da economia internacional, o Brasil se torne um país mais produtivo. O país precisa fazer reformas de Estado para se adequar a essa nova realidade. Tem um redesenho do modelo produtivo, da capacidade de agregar valor, com alta tecnologia. O Estado desenhado pela Constituição de 1988 não dá conta mais desses desafios impostos por esse rearranjo produtivo internacional.

Depois das críticas dos movimentos sociais e da Fundação Perseu  Abramo ao ajuste, como realinhar esses grupos ao governo?
A orientação da presidente Dilma é de que temos de dialogar. É inegável que tem contradições. No momento que faz um ajuste, você sempre acaba afetando setores importantes da sociedade. Agora, ajuste não é a política econômica. A política econômica é o crescimento, é a distribuição de renda, é a capacitação do país para que ele se torne cada vez mais competitivo. O governo da presidente Dilma não foi eleito para fazer ajuste, ele foi eleito para ter uma política econômica. Agora, sem o ajuste fica muito difícil você criar as condições para a política econômica. Nós temos de dialogar nesse sentido com os movimentos sociais. Com setores da sociedade. Mas também com o empresariado. É preciso fazer um ajuste fiscal. Isso é inegável. Nenhuma corrente de economistas do Brasil nega. Agora, desenvolvimento econômico não é ajuste fiscal. O ajuste fiscal é um momento para que você, logo em seguida, retome o crescimento econômico. Não há contradição nenhuma.

O governo vai insistir na reforma da Previdência?
O governo nunca deixou de insistir. Tem uma comissão criada, com todos os setores envolvidos, que continua trabalhando. As próprias entidades representativas dos trabalhadores reconhecem a necessidade de uma reforma na Previdência, porque senão, daqui a 20 anos, a Previdência Social vai se inviabilizar. Isso é consenso. Tem uma questão de democratização política, que é tornar o Estado brasileiro com maior capacidade de interação com a sociedade civil. A agenda de junho de 2013 não foi para casa. Ela está presente. Não só no Brasil, mas também no mundo. E existe um questionamento da sociedade civil, desse distanciamento entre o representante e o representado. Então, tem de ter uma reforma de Estado onde esse “fosso” deixe de existir entre o representante e o representado.

Mas essa tentativa de aproximação até agora não surtiu efeito.
Essa agenda de reforma é importante. Ela tem impacto direto na economia. O Brasil precisa  mudar a nossa estrutura produtiva para ser mais competitivo. Temos de melhorar a nossa capacidade de investimento na nossa formação profissional. Temos de ter trabalhadores mais preparados, mais capacitados. Temos de ter um cuidado crescente de agregar cada vez mais tecnologia ao nosso sistema produtivo, temos de que fazer com que esse desafio seja regionalizado. Isso está presente na proposta que foi encaminhada pelo Senado. Outra parte dessa agenda também está em gestação nas entidades representativas dos trabalhadores, dos empresários, na comunidade científica.

O Congresso parece não muito disposto a tirar de cena a pauta-bomba, de não votar a CPMF.
Essa é agenda conjuntural, ela passa pela estabilidade política. Caso contrário, é impossível ter avanço econômico e retomar as políticas sociais, porque tudo isso precisa de estabilidade política para a aprovação de medidas importantes, para que a gente saia da agenda do ajuste e entre na política de uma pauta econômica que busque o desenvolvimento com justiça social.

O PMDB sempre vai querer mais, ministro?
A política é a arte de juntar. Espalhar é a coisa mais fácil do mundo. A arte da política é de juntar, criar ideias que possam aglutinar forças políticas.

Antes mesmo do anúncio do peemedebista na Saúde, o partido já negociava o segundo escalão.
Isso faz parte. Essa tensão está sempre presente. Se você pegar qualquer democracia do mundo, no sistema de coalização, que é típico do parlamentarismo, quando você vai constituir o gabinete, é um processo democrático. Se vivêssemos num país ditatorial, você baixaria um decreto, constituiria todo o governo e não teria negociação. Toda a democracia é um longo processo de negociação. Não vejo isso como algo ruim. O que temos de entender é que a negociação política precisa ter um objetivo, que são os interesses da sociedade. 

 Mas tem hora que cede mais.

Tem de ceder, no Brasil, você não governa com um único partido. Ou você tem coalizão que gere estabilidade política ou você não governa o Brasil.

Esse ambiente de hoje é de  instabilidade?

Estamos vivendo um momento de instabilidade, é inegável.

E se consegue ver o risco de  impeachment batendo na porta?

Eu não vejo. O impeachment não é uma questão política, é jurídica. Para que tenha um impeachment, você tem de ter um fundamento jurídico. O governo não se preocupa com essa pauta. A nossa preocupação é ter um desafio imenso pela frente, que é a retomada do crescimento econômico, da geração de empregos, da distribuição de renda, geração de oportunidades.

Por que Dilma não fez essa coesão antes?

Ela fez. 

Mas no começo de mandato?

A construção política se dá na conjuntura. Se a conjuntura muda, você muda também a coesão política. 

Lula é fiador da estabilidade política que vocês estão pensando?

Seria muito injusto com o presidente Lula atribuir essa função, até porque ele é um líder político mundial, importante para o Brasil. A presidente mantém com ele um diálogo constante. É natural, em muitos países, que os ex-presidentes dialoguem com quem está no governo. Temos de criar um ambiente de diálogo, inclusive com outros ex-presidentes. O presidente Lula tem dialogado assim com a presidenta Dilma. Mas dar esse papel para ele é injusto.

O desenho foi definido por Lula?

Não, foi definido pela presidente Dilma. É liderado por ela.

Dilma resistiu muito em tirar o Mercadante. Onde ele errou?

A presidente Dilma escalou os ministros a partir das necessidades que o Brasil está vivenciando hoje. É o ministro no lugar em que ele vai colaborar neste exato momento da vida brasileira. Daqui a um ano, talvez as condições políticas exijam outro desenho de governo. E você desenha um governo para que ele dê conta da realidade que está imposta.

Paga-se muito caro nessas coalizões. O PT saiu muito prejudicado?

Uma coalizão é a construção de grandes objetivos. Só se justifica se nós tivermos objetivos grandiosos pela frente. O PT tem maturidade para entender que, neste momento, ele diminui a sua participação no governo, mas não diminui a sua agenda política. Ou seja, a agenda do partido está presente nos objetivos da coalizão. As bandeiras do PT, como as bandeiras dos partidos da coalizão, estão presentes. A representatividade não pode se dar só no número de cargos que o partido tem.

Não é muito perigoso o governo ficar amarrado a uma agenda de curto prazo?

A agenda é de longo prazo, mas o desenho do governo do início do ano é diferente do de agora. No início do ano, a conjuntura colocava um tipo de desafio ao país. O governo não nega que estamos vivenciando uma crise política e  econômica. O governo reconhece. E, ao reconhecer, tem que construir os instrumentos de superação dessa crise. 

Então ele reconhece parte da culpa pela crise?

Mas ele errou lutando, principalmente pela população que mais precisa. Agora, o governo tanto reconhece que teve um desarranjo fiscal que está tomando as medidas necessárias para a superação. Nenhum governo é infalível. Uma coisa é um governo errar naquilo que é inexplicável. Se o governo errou, errou na luta incansável de defesa dos interesses do povo mais sofrido deste país.

Do ponto de vista político há quem diga que o pecado original do governo foi estimular uma candidatura contra o PMDB para presidente da Câmara.

Claro que tivemos problemas, é inegável, na relação com o PMDB na eleição da Câmara. Seria hipocrisia negar. Tivemos um problema de disputa política. Hoje, com a leitura pós-fato, é fácil, isso pode ter caracterizado um erro e esse erro agravou a relação com o PMDB. Numa democracia, a superação das contradições só se dá com o diálogo. É inegável também que o governo tem feito um esforço imenso de diálogo com os presidentes das duas Casas, de respeito institucional. E tem feito o jogo político legítimo, que é recompor a sua coalizão para que ele forme uma maioria estável dentro do Congresso Nacional. O governo tem que continuar investindo no diálogo, na composição, é isso que interessa ao país. Não interessa ao país uma guerra política, que interesses partidários estejam acima dos interesses da sociedade e do Brasil.

Mas não está em jogo também o futuro do PT? 

Não sou hipócrita. A situação do PT é grave. Negar isso seria um equívoco. Agora, negar o papel histórico do PT também é um equívoco, negar a capilaridade social que o partido tem. Julgarmos o partido por esse contexto histórico que estamos vivendo também é um equívoco. O partido, primeiro, tem uma história de relação com o povo brasileiro. Construiu bandeiras que mudaram as políticas públicas, que instituiu paradigmas administrativos, que criou condições de superação da desigualdade social. É um partido que tem uma contribuição imensa ao povo brasileiro. E essa contribuição histórica é efetivamente o nosso ponto de partida para que a gente tenha a humildade de refazer a nossa organização interna, o nosso diálogo com a sociedade, as nossas bandeiras. Portanto, o partido neste momento, tendo humildade, tem todas as condições de superação das dificuldades  que está enfrentando. 

Faltou essa humildade ali atrás, no período do mensalão?

Não acho que falta humildade. Às vezes, o processo de reconhecimento de erros é difícil, até individualmente. Todos nós somos seres humanos. Mas, se estamos inseridos num processo como esse, é evidente que o partido em algum momento errou. Não dá para dizer que tudo é uma grande conspiração contra o PT. Tem um jogo político que é sórdido, muitas vezes. Um processo de investigação, que deveria fortalecer as instituições, muitas vezes é usado para atingir o partido politicamente, é usado na disputa político-partidária, o que é ruim. Mas é claro que cometemos erros. Existe uma diminuição da força das nossas bandeiras e isso é inegável. Perdemos a força do nosso discurso, de dialogar com a sociedade. O partido cresceu muito e, ao crescer, houve uma pulverização, o que é natural. Uma pulverização dos polos de direção. Temos que pegar o nosso legado histórico, que é fortíssimo, e começar a reconstrução das nossas bandeiras. Esse é o desafio. E não é o desafio de uma pessoa, de um dirigente, de uma executiva, de um diretório. É um desafio coletivo daqueles que acreditam efetivamente no legado histórico do PT para a sociedade brasileira, um legado que é ponto de partida para a reconstrução das nossas bandeiras.

Num dado momento, houve grupos dentro do PT que esticaram a corda. Isso pode ter sido um erro, ir muito para linha de frente?
Não consigo avaliar o governo quando  não estava nele. Não participava dos fóruns de discussão. Claro que o governo tentou o tempo todo se posicionar diante dos fatos. E também a gente fazer análise hoje é muito fácil. O que vejo hoje é um governo liderado por uma mulher íntegra, honesta, correta, que tem uma história de vida que dignifica a política brasileira. E essa mulher lidera com  garra e força um processo que, certamente, muitos homens sucumbiriam. E ela lidera com muita força, a força de quem carrega a luta pela verdade. Certamente o que mais a inspira é a luta pela verdade para que, lá na frente, no processo histórico possa julgar os seus governos à luz da verdade. Ela tem muita convicção disso. Ela enfrenta, supera. Tem liderado um governo de forma exemplar. E, ao contrário, do que muitas vezes a sociedade diz, ela lidera orientando seus ministros ao diálogo, à construção e ao fortalecimento dos laços com a sociedade, para que a gente não abra mão em momento algum dos objetivos maiores, que são a construção de um país mais justo e mais igualitário. Tanto é que, no ajuste, eu presenciei muitas vezes a luta dela para que nenhum programa deixasse de existir. 

Por exemplo?
Por exemplo, que se diminuísse investimento aqui e ali, neste momento de travessia como Dilma diz, mas que nenhum programa fundamental para o povo brasileiro deixasse de existir. E é uma mulher que é vítima de preconceito. Não tenho nenhuma dúvida de que, se fosse um homem sentado na cadeira da Presidência, boa parte do que a gente lê, do que a gente vê, do que existe de posicionamento, não existiria. Tem muito preconceito. Tem muito machismo. Neste momento de crise política inegável, e o governo não nega, esse machismo, esse preconceito emerge com uma força, com uma intolerância. A intolerância daqueles que não aceitam que uma mulher ocupe o cargo mais importante da política brasileira. Não estou dizendo que a gente não tenha cometido erros, que a gente não tenha cometido equívocos. Só se não fôssemos humanos para não errar e não ter equívocos. É um governo que enfrenta dificuldades, reconhece as dificuldades, está trabalhando para superação dessas dificuldades. Mas uma parte dessa intolerância não é de divergência política, de divergência de ponto de vista de concepção. Uma parte dessa intolerância é fincada no machismo e no preconceito.

A popularidade da presidente está muito baixa. O senhor atribui isso a que, além do machismo?
Não estou simplificando. Há um problema de desgaste de imagem da presidenta Dilma. Forte, porque ela é catalisadora de um descontentamento com o governo dela e também de um sentimento de esgotamento do modelo político. Em junho de 2013, tínhamos nas manifestações das ruas indícios fortes de esgotamento do modelo político. Ela hoje é catalisadora desse esgotamento. Então, junta o desgaste do governo, mais esse esgotamento, tem efetivamente um desgaste de imagem. É irreversível? Evidentemente que não. Se nós tivermos estabilidade política, uma pacificação política, tenho certeza de que a sociedade vai se abrir para ouvir essa mulher íntegra, honesta e que tem uma história de vida exemplar. O que precisamos é ter estabilidade política para que a gente possa ter condições de dialogo com a sociedade.

Mas esse tempo é curto…
Por isso a emergência da remontagem do governo. 

A presidente está isolada?
Ela não está isolada. Uma mulher que está redesenhando uma coalizão que envolve importantes partidos da política brasileira não está isolada. Tirando os da oposição, todos os grandes partidos estão na coalizão dela. Como essa mulher pode estar isolada? Aí tem também, às vezes, um exagero na interpretação. Estamos vivendo uma crise política que outros países do mundo já enfrentaram e estão enfrentando. Aqui, vivenciamos a eleição polarizada, talvez a mais polarizada da história da redemocratização do Brasil. Saímos da eleição muito polarizados e essa polarização se estendeu. Estamos vivendo uma crise política em decorrência de um processo de investigação que atinge lideranças importantes da política brasileira e isso também gera instabilidade. Você vai fazendo uma junção de ingredientes que caracterizam uma crise importante. O governo não nega que essa crise é importante. E ainda tem o ingrediente da crise econômica. É uma cesta de fatores consideráveis, e é por isso que só vamos superar essas dificuldades com a força dessa mulher que está nos liderando. Não tenho nenhuma dúvida disso. 

Quando se destaca a questão do temperamento da presidente, isso é um viés de preconceito também?
Essa questão de temperamento é interessante. O homem da tapa na mesa, grita. Nunca vi a presidenta dar um tapa na mesa, desde que estou aqui.

Mas ela é brava…
Ela é exigente. Muito exigente. E aí só as mulheres podem dizer isso: os homens são educados para o exercício do poder. As mulheres, e eu espero que a eleição da presidente Dilma mude isso, não são educadas para o exercício do poder. E aí só as mulheres podem responder quando elas têm tarefas, ou função de chefia, das dificuldades que têm para se impor no exercício do poder. Se não se impõem, são frágeis e despreparadas. Se se impõem, é porque são mandonas e autoritárias. Então é difícil, por isso eu digo que tem um ranço preconceituoso. 

Essa imagem de intransigente da presidente…
Ela não é intransigente.

Quanto que o país perde sem ministros mais técnicos, como no caso da Saúde?
O tempo que vai dizer o que o país ganha e o que o país perde. Espero que o país ganhe, porque a saúde é uma pasta fundamental, como a educação é. O que tenho certeza é que, sem estabilidade política, nenhuma pasta consegue desenvolver trabalho. Nenhuma. Seja a pasta mais importante de um governo, seja a que tem menor interação com a sociedade.

Na Operação Lavo-Jato, uma das coisas que mais assusta é a campanha de 2014, em que o senhor era tesoureiro. Esse é um dos motivos que o senhor já mencionou isso na entrevista?
Ela gera instabilidade política porque atinge lideranças importantes.

Inclusive o senhor.
O que tem contra mim é uma delação premiada de alguém que, portanto, negociou redução de pena. Eu li integralmente a delação do empresário (Ricardo Pessoa). Ele diz que eu o pressionei elegantemente e no parágrafo abaixo diz que nunca se sentiu pressionado. Na mesma delação. Respeito o pedido de abertura de inquérito do procurador. Ele deve ter visto na delação coisas que eu leigo, não vi. Prefiro, inclusive, que haja inquérito porque não quero dúvidas sobre o meu trabalho à frente da coordenação financeira da campanha da presidenta Dilma. Assumi a coordenação financeira já com o processo de investigação em andamento. Fui chamado para ocupar essa função em junho. Relutei. Todos sabem e humildemente digo, eu seria certamente um dos deputados mais votados do PT de São Paulo. 

Para deputado federal?
Federal. Tive para estadual 185 mil votos em 2010, já fui o mais votado de toda a coligação. E era uma avaliação interna do partido, de que eu seria um dos puxadores de voto. É claro, foi uma opção minha. Várias lideranças dialogaram comigo falando da importância para que eu assumisse essa tarefa no meio desse processo todo. Assumi sabendo dos riscos que corria, seguindo a orientação da presidenta para que eu blindasse a sua campanha, porque o processo de investigação já estava em andamento. Inclusive, nunca cheguei perto de nada da Petrobras, porque o processo já estava em andamento.

Mas o senhor procurou o Ricardo Pessoa?
Claro, isso é público. Está público desde sempre. Desde o ano passado. Eu enumerei as vezes que estive com Ricardo Pessoa. Antes mesmo da delação premiada, enumerei os dias, os valores, porque não tenho nada a esconder. Como não tenho nada a esconder de outros doadores. Eu conversei com dezenas de empresários. Nenhum empresário veio dizer que se sentiu coagido por mim. Minha história política é história de alguém que faz coação? Eu não surgi ontem na política brasileira, eu tenho uma história que é reconhecida pela imprensa. Onde na minha história política tem alguma coisa que justifique uma acusação desta?

Por que ele disse isso então?
Tem que perguntar a ele porque elencou isso no rol de acusações feitas na delação. Inclusive,  disse lá atrás que tenho todas as condições de provar que ele está mentindo. Ou ele fez uma interpretação equivocada ou ele está mentindo, não tem outra saída. E se ele está mentindo, eu tenho como provar que ele está mentindo. As minhas testemunhas são os demais empresários brasileiros com quem eu conversei. Eu jamais tive essa postura elencada naquela delação. Eu faço questão de que o inquérito investigue, que ele seja concluído, porque eu não quero que tenha dúvidas sobre a minha trajetória política. O que é interessante é que vejo, às vezes, matérias em jornais de que nós arrecadamos R$ 7,5 milhões desta empresa. Ele doou mais para outros partidos, o que não me interessa. Cada partido que explique as suas doações. O dinheiro está dentro do caixa da empresa, contabilizado. Poderia ter pago despesas A, B, C, D e E. Deste caixa, ele doa para nós e para outros partidos. E só a nossa doação é colocada em xeque? Qualquer despesa que sair daquela conta pode ser colocada em xeque. No cofre do banco tem um carimbo dizendo que este dinheiro depositado aqui é legal e este depositado aqui é ilegal. Tem uma classificação na conta dizendo o que é dinheiro legal e o que é dinheiro ilegal?

Alguns ministros estão entendendo que sim. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo.
Então vamos materializar. Você tem uma conta-corrente, como se fosse a sua conta-corrente no banco. Lá você tem R$ 100 depositados. Portanto, é legal. Desses R$ 100 depositados, você paga uma despesa de R$ 30, outra de R$ 30, mais uma de R$ 30 e uma de R$ 10. Você vai e diz que essa aqui é legal, essa também e as outras duas são ilegais. Como você classifica isso? Que maluquice é essa? Dos outros candidatos é tudo legal, o nosso é ilegal? Inclusive porque a doação maior foi para outro partido e isso eles não falam.

No caso do PT, tinha a máquina naquele momento atuando.
Mas quem vai dizer que esse dinheiro que foi pago, que foi contabilizado?

Mas eles dizem que quem comandava a Petrobras era o PT.
Mas eu nunca pedi dinheiro para Petrobras. E como eu vou saber que o dinheiro depositado na conta da presidente Dilma era ilegal? Como o outro tesoureiro também não adivinharia. Eu fiz uma auditoria. A gente fez uma auditoria tanto das contribuições quanto das despesas. Eu auditei. Se você pegar no TSE, quem apresentou toda documentação, inclusive para tirar dúvidas, foi o sistema de auditoria que montamos na campanha. Não tem um papel de gráfica que tenha saído sem ter sido auditado. Eu me interessava, enquanto tesoureiro de campanha, saber que se eu tirei 100 milhões de jornais, foram entregues 100 milhões de jornais e não 80, não 50, não 70. Nós tínhamos pesagens nas gráficas. Nós auditávamos na saída das gráficas e na entrada do estoque. E ainda tinha que fechar com o recebimento nos estados. Eu criei esse sistema. E criei um sistema em que cada doador passava por um pente fino. Por quê? Eu não queria doação que colocasse em risco a campanha da presidente Dilma porque, repito, nós já estávamos em um processo de investigação. E fui chamado para ser tesoureiro para blindar a campanha. Tudo o que podia fazer eu fiz.

O senhor tinha experiência anterior de tesoureiro?
Eu fui presidente do PT de São Paulo, seis anos. Mas nunca tinha sido tesoureiro. Mas fui candidato a vereador, a prefeito, a deputado estadual.

Quando o senhor conheceu Lula?
A primeira vez em que vi o Lula foi em um encontro do PT em 1986. Fui ter relação pessoal, mais próxima com o Lula, quando era vereador, em 1992. Eu era da Igreja, era muito basista. E o que me levou a olhar para o PT era o Lula. O líder operário.

Lula tem esse lado messiânico?
O Lula foi minha maior inspiração política e acho que é até hoje, porque eu digo assim. A política brasileira vai demorar talvez um século para parir outra liderança como o Lula. Às vezes me choca profundamente as tentativas de destruição da imagem dele. Ninguém tem dúvida de que ele vai lutar bravamente pela sua biografia. E não é só ele. Eu penso que muita gente neste país vai lutar bravamente pela biografia do Lula.

Ele volta como candidato em 2018?
Eu não sei. Ele tem uma história política insuperável. Ele fica muito confortável para escolher o que vai ser o futuro dele. Ou vai ser a história que ele escreveu à frente da Presidência ou vai ser essa que ele está escrevendo fora da Presidência. Porque ele está escrevendo a história. E se grandes embates forem colocados pela frente ele vai liderar o país na construção.

Do campo ao Planalto 
Nasci em uma cidade que é divisa com Minas, chamada Ponte Gestal (SP). Sou filho de trabalhadores rurais. Quando a CLT chegou ao campo, quem tinha 10 anos de emprego ganhava estabilidade. Então, as fazendas demitiam todo mundo com 9 anos e 8 meses. Meu pai foi demitido. Depois, de lá, eu mudei para a região de Araraquara, onde meu pai foi trabalhar em uma fazenda. Fui o primeiro integrante da minha família a ter curso superior. Minha família é muito humilde, eu tenho muito orgulho. Depois meu pai foi trabalhar como porteiro de um hotel e minha mãe na lavanderia. Minha família sempre foi muito católica e eu me inseri nos movimentos da Igreja. Primeiro na Pastoral da Juventude. Peguei o auge da Teologia da Libertação, com Frei Betto, Leonardo Boff e Jorge Boran. Fui da Pastoral Operária quando me tornei operário das fábricas de meias Lupo.

Tem uma fase de jogador de futebol também. Acho que o futebol não perdeu nada, talvez a política tenha ganhado alguma coisa. Fui trabalhar de empacotador e balconista em uma livraria e entrei na Unesp para fazer Ciências Sociais, que era gratuita.

Executivo da Air France sai 'escoltado' de reunião sobre demissões Companhia pretende cortar 2,9 mil postos de trabalho até 2017. Funcionários invadiram reunião onde ele explicava planos.

O vice-presidente executivo de recursos humanos da companhia aérea Air France, Xavier Broseta, precisou ser retirado por seguranças de uma reunião com representantes dos funcionários nesta segunda-feira (5). Broseta explicava os planos de corte de despesas da companhia, quando a reunião foi invadida por trabalhadores.
Sem camisa, Xavier Broseta é retirado de reunião por seguranças (Foto: Jacky Naegelen/Reuters)Sem camisa, Xavier Broseta é retirado de reunião por seguranças (Foto: Jacky Naegelen/Reuters)
A Air France pretende cortar 2,9 mil postos de trabalho até 2017 e reduzir em 14 o número de aeronaves em voos de longo alcance em um esforço para reduzir custos, segundo fontes sindicais ouvidas pela Reuters e pela EFE. As medidas incluiriam ainda acabar com cinco rotas e reduzir 37 percursos deficitários.
A companhia já havia indicado na quinta-feira a intenção de suprimir rotas, adiar a compra de aviões e realizar demissões, depois que os pilotos se negaram a aceitar um aumento das horas de voo com o mesmo salário.
  •  
Xavier Broseta, da Air France, sai da reunião com as roupas rasgadas após anunciar cortes (Foto: Jacques Brinon/AP)Xavier Broseta, da Air France, sai da reunião com as roupas rasgadas após anunciar cortes (Foto: Jacques Brinon/AP)
Caso isso seja confirmado, será a primeira vez que a Air France-KLM procederá a demissões, decisão que seria adotada com a aprovação do governo francês, que possui 17,6% das ações da companhia.
O ministro da Economia, Emmanuel Macron, culpou os sindicatos de pilotos pelo fracasso das negociações, o que segundo sua opinião obrigou a Air France-KLM a "adotar medidas mais duras" em termos de emprego.
O ministro considerou "imprescindível" que a companhia passe por reformas para melhorar sua competitividade diante da crescente concorrência e com o objetivo de "seguir como líder mundial do setor".
"A porta da negociação não está fechada", disse Macron, que declarou que após a apresentação do novo plano da direção na próxima segunda-feira espera "propostas concretas" dos sindicatos, "em particular dos pilotos".
O presidente da companhia aérea afirmou à emissora "Europe 1" que as demissões forçadas só serão feitas "em último caso", caso a cota de demissões voluntárias seja muito baixa.

domingo, 4 de outubro de 2015

A crise migratória divide a Alemanha no 25º aniversário da reunificação “Nosso coração é grande, mas as possibilidades são finitas”, disse o presidente Gauck Alemanha celebra o sucesso dos 25 anos de reunificação LUIS DONCEL Leipzig 3 OCT 2015 - 18:40 BRT

Angela Merkel e o presidente alemão Joachim Gauck, durante a celebração em Frankfurt do 25º aniversário da reunificação alemã. / KAI PFAFFENBACH (REUTERS)



A igreja de San Nicolau, no centro de Leipzig, foi testemunha das manifestações que começaram por volta do verão de 1989. O protesto cresceu a ponto de derrubar o Muro de Berlim em apenas dois meses; e resultou, em 3 de outubro de 1990, na dissolução da Alemanha Oriental. A Alemanha celebrou, neste sábado, o aniversário de 25 anos da reunificação escondida em um debate apaixonado sobre a melhor forma de responder à maior crise de imigração desde a Segunda Guerra Mundial. As pesquisas mostram um país dividido em dois: os que não sentem medo da chegada de refugiados e os que sentem. “Nosso coração é grande, mas nossas possibilidades são finitas”, alertou o presidente Joachim Gauck.
Mas não é isso que vem preocupando os 500.000 habitantes de Leipzig nos últimos dias. O tema principal são os 20 novos centros de refugiados que a Prefeitura planeja habilitar com pressa. As autoridades estão modificando suas estimativas de pessoas chegando a cidade, e já multiplicou esse número por cinco em apenas alguns meses. É exatamente o mesmo que aconteceu no governo central, cuja última previsão para 2015, que previa 800.000 pessoas pedindo abrigos, já parece ter ficado velha. “Aposto uma caixa de bom vinho espanhol que o número final será bastante maior, próximo de um milhão”, assegura Thomas Fabian, vice-prefeito de Lepzig, responsável pelos Assuntos Sociais.Leipzig é um bom exemplo de como o país mudou no último quarto de século; e também dos desafios que tem pela frente. A vitalidade recuperada nos últimos anos, claramente percebida nos arredores da igreja de San Nicolau, não impede, no entanto, que sua renda continue sendo inferior à dos irmãos do oeste.
O aniversário da reunificação – que, segundo o historiador Henrich A. Winkler essa semana, conseguiu resolver definitivamente a “questão alemã” que durante tanto tempo fez a Europa sangrar – chega em um momento de definição para a Alemanha. Não há dúvida de que as centenas de milhares de refugiados vão transformar profundamente o país. Apenas em setembro, chegaram mais pessoas que ao longo de 2014. Aos pedidos de asilo, unem-se outras crises, como as da Volkswagen e da Grécia — agora adormecida, mas que promete despertar —, ambas com grande potencial destrutivo. “Em curto prazo, significará uma carga muito pesada para o orçamento público, por volta de 10 bilhões de euros. Mas se a integração dos imigrantes no mercado de trabalho for boa, será benéfico para a economia”, afirma Clemens Fuest, presidente do Centro para a Investigação Econômica Europeia.

Festas após um quarto de século juntos

  • Joachim Gauck, presidente federal alemão, apresentou a integração dos refugiados como um desafio maior que o da reunificação. “A diferença é que agora temos que crescer juntos, mas nunca estivemos unidos”, disse.
  • O chefe de Estado também pediu uma solução europeia à crise dos refugiados. “Não podemos manter a abertura atual se não decidirmos melhorar a segurança das fronteiras exteriores da Europa”, acrescentou Gauck.

Campeã de valores?

O debate sobre a imigração divide a Alemanha em dois grupos: os que têm cada vez mais receios sobre a chegada contínua de pessoas pedindo abrigo e os que apelam à responsabilidade moral do país mais forte da União Europeia para acolhê-los. “A Alemanha não pode prometer mais do que é capaz de cumprir. Não podemos ter a pretensão de nos converter nos campeões mundiais dos valores”, assegura o historiador Winkler. “Em um momento de necessidade, a Alemanha ofereceu uma resposta humanitária. Mas a situação é muito frágil, e está piorando com as declarações populistas de alguns políticos conservadores nos últimos dias”, responde Karl Kopp, da associação a favor dos refugiados Pro Asyl.
“Se eu tiver que me desculpar por mostrar um rosto amável em uma situação de emergência, este não é mais o meu país”, disse a seus críticos a cada vez mais questionada Angela Merkel. Apesar da queda de popularidade nas pesquisas e as cada vez mais comuns críticas que chegam do seu próprio partido, a chanceler joga com algo a favor: nem entre os social-democratas, nem entre os democristãos, surgiu alguém que canalizasse o descontentamento e que pudesse aspirar a lhe tomar o poder nas eleições de 2017. O presidente Gauck, que semana passada entrou no debate afirmando que a capacidade de acolher refugiados tem um limite, insistiu neste sábado nessa mesma ideia.
Enquanto o governo federal aprova às pressas um pacote legal para endurecer as normas de asilo, prefeituras como a de Leipzig buscam alojamentos de emergência antes de o inverno chegar. “Não prevíamos este problema. Temos que reduzir nossos critérios, como por exemplo, permitir durmam mais que duas pessoas nas habitações. Ainda não decidimos confiscar terrenos, mas não descartamos nada”, conclui o vice-prefeiteo de Leipzig.

Quem é Krzysztof Charamsa, o padre que se declarou gay às vésperas de sínodo católico

APImage copyrightAP
Image captionCharamsa com namorado; ele foi suspenso de seus cargos
Ele queria provocar um alvoroço - e conseguiu. Krzysztof Charamsa virou o primeiro padre que trabalhava no Vaticano a se declarar abertamente gay.
E ele fez isso em um momento crítico: na véspera do Sínodo da Família, que o papa Francisco abriu neste domingo, e em que prelados de todos o mundo irão debater temas como o tratamento a divorciados e homossexuais.
Ao celebrar a missa de abertura do evento neste domingo, o papa Francisco pediu que a Igreja fosse mais aberta àqueles que não conseguem cumprir seus ensinamentos, mas destacou a centralidade do casamento heterossexual.
Ao sair do armário, Charamsa não tentou ser discreto: concedeu longa entrevista publicada neste sábado no Il Corriere della Sera, jornal de maior circulação na Itália, em que convida a Igreja a aceitar plenamente os fieis homossexuais.
"Quero que a Igreja e minha comunidade saibam quem sou: um padre homossexual, feliz e orgulhoso de sua identidade. Estou disposta a pagar as consequências, mas é hora de a Igreja abrir seus olhos para os fieis homossexuais e entender que a solução oferecida, a abstinência total da vida amorosa, é desumana", disse.

Coração do Vaticano

Charamsa não é um padre qualquer. Passou 17 anos de seus 43 morando em Roma, onde desde 2003 é oficial da Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada precisamente de defender a doutrina da Igreja.
Além disso, é secretário da Comissão Teológica Internacional do Vaticano e professor de Teologia da Universidade Pontifícia Gregoriana e da Universidade Pontifícia Regina Apostolorum em Roma.
AFPImage copyrightAFP
Image captionPapa Francisco destacou casamento heterossexual em abertura de sínodo
Como punição por sua declaração, o Vaticano anunciou que ele não poderá continuar em seus cargos.

Debate sobre pressão

As palavras de Charamsa caíram como uma bomba na Igreja e foram classificadas de "irresponsáveis" pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, sobretudo por terem sido feita às vésperas do Sínodo Ordinário para a Família, que será celebrado até o dia 25 de outubro.
"Apesar do respeito que merecem os feitos e circunstâncias pessoais e as reflexões sobre elas, a escolha de declarar algo tão clamoroso na véspera da abertura do Sínodo é muito grave e irresponsável", disse Lombardi em um comunicado.
O porta-voz afirmou que as declarações de Charamsa buscavam "submeter a assembleia sinodal a uma pressão midiática injustificada".
Charamsa não nega isso. Pelo contrário, disse que a revelação pública busca levar uma mensagem à Igreja. "Quero, com minha história, sacudir um pouco a consciência da Igreja", afirmou.
"Gostaria de dizer ao Sínodo que o amor homossexual é um amor familiar, que necessita da família. Todas as pessoas, incluindo os gays, lésbicas e transexuais, têm no coração o desejo de amar e de ter relações familiares", acrescentou.
AFPImage copyrightAFP
Image captionVaticano classificou declarações de padre de 'irresponsáveis'

Significado

Além da entrevista ao jornal, Charamsa concedeu uma entrevista coletiva acompanhado de seu parceiro. Ele também planejava participar da primeiro reunião internacional de homossexuais católicos, organizada na véspera do Sínodo da Família.
O correspondente da BBC em Roma, David Willey, explica que o Sínodo vai discutir como assegurar que famílias católicas sigam os ensinamentos da Igreja. A proibição ao uso de anticoncepcionais, por exemplo, é hoje mais descumprida do que seguida.
Mas, para ele, a revelação do padre polonês leva a outra discussão: será que a Igreja poderia iniciar um relaxamento da tradicional hostilidade em relação a gays em uma época em que o próprio papa afirma "quem sou eu para julgar"?

Ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra morre aos 58 anos Natural do Rio, petista lutava contra um câncer; Ele morreu em Belo Horizonte. Ex-presidente do PT, ele coordenou a campanha de Dilma em 2010.


Do G1, em Brasília
Presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, durante entrevista nesta quarta-feira (10). (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)José Eduardo Dutra será cremado em BH.
(Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)
O ex-presidente do PT e da Petrobras José Eduardo Dutra morreu na madrugada deste domingo (4), em Belo Horizonte, aos 58 anos, informou a assessoria do partido. O petista lutava contra um câncer.
Segundo a assessoria do PT, Dutra será velado em Belo Horizonte, a partir das 10h desta segunda-feira (5), no Funeral House. No mesmo dia, o corpo será cremado na capital mineira.
O ex-dirigente petista foi um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff na eleição de 2010, ao lado do ex-ministro Antonio Palocci e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
O último cargo que ele ocupou foi o de diretor Corporativo e de Serviços da Petrobras, o qual se afastou já por conta da doença. Em fevereiro, o conselho de administração da estatal aprovou uma licença de saúde para Dutra.
O ex-presidente da petroleira havia sido um dos dois diretores da empresa que permaneceram no cargo de alto escalão após a renúncia de Graça Foster da presidência da companhia por conta da crise gerada pelas investigações da Operação Lava Jato.
Natural do Rio de Janeiro, José Eduardo Dutra fez carreira política em Sergipe e se formou em Geologia. Após presidir o sindicato dos mineiros sergipano e atuar como dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ele se elegeu senador por Sergipe em 1994. Atualmente, ele era o primeiro suplente do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).
Dutra assumiu o comando da Petrobras em janeiro de 2003, assim que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a chefia do Palácio do Planalto. Ele permaneceu à frente da estatal  do petróleo até julho de 2005, sendo substituído por José Sérgio Gabrielli.
Três anos mais tarde, Dutra retornou à empresa para presidir a Petrobras Distribuidora, uma das subsidiárias da petroleira. Ele deixou a companhia em agosto de 2009 para disputar a presidência do PT.
Dutra presidiu o Partido dos Trabalhadores entre 2010 e 2011. Apesar de seu mandato se encerrar somente em 2012, o petista decidiu renunciar e entregar o comando da legenda antecipadamente,em abril de 2011, em razão de problemas médicos.
À época, os médicos do então presidente do PT o advertiram que seu quadro clínico e laboratorial exigia mudanças de seus hábitos de vida, com reeducação alimentar e prática de exercícios. Na ocasião, Dutra já havia se licenciado da presidência da sigla por conta dos problemas de saúde.
Com seu afastamento definitivo da presidência do PT, seu vice, Rui Falcão, assumiu o comando da legenda.
Lava Jato
Na última semana, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia autorizado a Polícia Federal a tomar odepoimento de José Eduardo Dutra nas investigações da Lava Jato.
Além de Dutra, o magistrado também deu aval para que os delegados federais ouçam o ex-presidente Lula, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, o atual presidente do PT, Rui Falcão, o tesoureiro da campanha de Dilma em 2010, José de Filippi Junior, a ex-ministra da Secretaria de Relações Institucionais Ideli Salvatti, o ex-ministro da Secretaria-Geral da PresidênciaGilberto Carvalho e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que está preso em Curitiba.
Confira a repercussão política da morte de José Eduardo Dutra:
Delcídio do Amaral (MS), senador e líder do governo no Senado
"Foi uma liderança que pautou sua vida política pela clareza de suas posições, diálogo e espírito público. Como executivo da Petrobras e da BR [Distribuidora], com serenidade e bom senso enfrentou e venceu grandes desafios. Deixa grandes amigos. Honrou nosso partido e nosso país."
Humberto Costa (PE), senador e líder do PT no Senado
"Eu era muito amigo dele. Nós fomos parlamentares juntos entre 1995 e 1998. Ele era senador e líder do PT no Senado e eu era deputado federal. Nós passamos a ter relação de amizade. Depois, eu fui uma das pessoas que apoiou o nome dele para ser presidente do partido. É uma pessoa extremamente leal, muito partidário, absolutamente honesto. É uma perda muito grande."
Rui Falcão, presidente do PT, por meio de nota
"José Eduardo Dutra foi um homem público de primeira qualidade, um batalhador da causa da justiça social e um exemplo de dedicação ao Partido dos Trabalhadores. Nesse momento de dor, gostaríamos de nos solidarizar com sua família e com todos os companheiros do PT, em particular aqueles de Sergipe, estado que Dutra sempre amou e onde deu o melhor de sua vida pelos mais carentes e excluídos da sociedade."
Sibá Machado (AC), deputado e líder do PT na Câmara
"Em primeiro lugar, é importante lembrar que Sergipe produziu dois grandes quadros, Marcelo Déda e José Eduardo Dutra. Duas personalidades muito fortes para todos nós. Em segundo lugar, Eduardo Dutra cumpriu uma missão muito honrosa para todos nós à frente da presidência da Petrobras. Ele foi presidente do partido e, quando pediu renúncia, acredito que já era pela causa que o levou ao falecimento. Ele unificou o PT depois do processo do mensalão."

A derrocada do Brasil e outros nove efeitos da estagnação chinesa Do México à Argentina, ninguém está imune à queda da demanda asiática América Latina enfrenta o desafio de superar a crise de matérias-primas

Um agente da bolsa trabalha em uma corretora em Hong Kong (China). / EFE
Em toda a América Latina se notam as consequências da desaceleração da China. Não é que a economia do gigante asiático esteja estancada, mas desde 2012 parou de crescer 9% ao ano, como nas últimas décadas, e agora se expande a 7%. E cada ponto percentual tem seu impacto. A desaceleração chinesa é um dos fatores que explica a queda das cotações das matérias-primas desde 2014, assim como sua expansão acelerada foi um dos motivos dos altos preços desses bens de exportação no México e América do Sul nos 11 anos anteriores.
1. Um gigante afunda o outroMas não só as exportações latino-americanas se prejudicam com a freada da China. Também acontece que o gigante asiático está tentando liquidar na América Latina e em outras regiões os produtos que não consegue mais colocar em seu mercado interno, como acontece com o aço. Assim como a China foi um dos motores do crescimento latino-americano nos primeiros anos do século XXI, agora é um mas não é o único motivo da paralisação regional. Dez casos concretos ilustram a situação:
A China é o principal comprador do Brasil e sua desaceleração impacta a balança comercial brasileira. De janeiro a junho, as exportações brasileiras para a China caíram 22,6%. “A produção da China se reduzirá e diminuirá a demanda por commodities em países exportadores, como o Brasil”, explica o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. O Brasil já sofre com a queda do preço do minério de ferro, da soja e do petróleo enviados a Pequim.

2. A siderurgia mexicana sofre

O gigante asiático produz a metade do aço do mundo e agora está inundando-o, o que derruba os preços. O México, segundo produtor da América Latina, atrás do Brasil, é um dos afetados. A indústria mexicana pediu a seu Governo que a proteja com tarifas. Altos Hornos de México (Ahmsa) e ArcelorMittal anunciaram cortes que somados ultrapassam os 8.000 postos de trabalho, assim como o cancelamento de investimentos.

3. Desvalorização da soja

“Com a produção de alimentos não se brinca”, diz um cartaz na entrada de Suipacha (121 quilômetros a oeste de Buenos Aires), como símbolo do enfrentamento entre os produtores agrícolas e a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner. Em 2008, ela chamou de “yuyo [erva daninha]” a soja, responsável por um quinto das exportações argentinas. Na época, valia o dobro de hoje. “A China me preocupa, porque era o motivo pelo qual a tonelada chegou a valer mais de 600 dólares”, diz o presidente da Sociedade Rural de Suipacha, Eduardo Lawler.

4. O petróleo onera a Colômbia

As exportações da Colômbia para a China caíram 72% no primeiro semestre de 2015. Mas o principal sócio comercial do país sul-americano são os EUA, para quem vão 26,4% de suas exportações, enquanto a China caiu para o terceiro lugar, com 4,9%, a maioria de petróleo e ferro-níquel. “Com o país asiático temos uma balança comercial deficitária, então o impacto não será tão forte”, confia David Barriga, presidente da Asia B Consulting.

5. As coisas estão difíceis na Venezuela

A desaceleração da economia do gigante asiático moderou as previsões sobre a demanda de petróleo cru e constitui uma das causas por que o preço deste combustível caiu a menos da metade em um ano. Como as vendas de petróleo representam 95% da entrada em divisas da Venezuela, parte da culpa dos apuros orçamentárias que enfrenta o Governo de Nicolás Maduro recai sobre a China. O gigante asiático é o segundo sócio comercial da Venezuela, superado apenas pelos EUA. Mas, diferentemente da superpotências de Norte, a asiática quase não paga em dinheiro pelo petróleo, mas desconta os valores de empréstimos oferecidos a Caracas.

6. Pequenas e médias empresas chilenas em apuros

As exportações chilenas de cobre refinado para a China caíram 8,8% nos primeiros sete meses de 2015. “Uma vez que a relação entre Chilee China é determinada pelas compras de cobre, porque China é o principal comprador e o Chile é o principal produtor mundial, esta é uma informação que traz muita preocupação estratégica no país”, explica Fernando Reyes Matta, diretor do Centro de Estudos Latino-americanos sobre a China da Universidade Andrés Bello. Em um ano, o valor do cobre caiu 21%. As grandes corporações ainda têm forças para se virar, mas os problemas imediatos atingem as pequenas e médias empresas. A Empresa Nacional de Mineração (ENAMI), que compra o metal dos produtores menores, decidiu oferecer empréstimos a oito delas.

7. Mineração em conflito aberto

O banco Morgan Stanley incluiu o Peru entre os 10 países cujas moedas enfrentam problemas porque a China é o principal destino de suas exportações, sobretudo de minérios. Oito empresas chinesas concentram 36% do investimento em mineração no Peru e, ainda que em meio à queda da Bolsa de Xangai em agosto passado a Chinalco tenha anunciado que o projeto Toromocho se concretizaria com uma demorada ampliação de operações por 1,16 bilhão de euros, El Galeno, outro empreendimento de Minmetals e Jianxi Copper que exige 2,23 bilhões de investimento, continua paralisado.

8. Quem com ferro fere...

O minério de ferro é um dos produtos que vem se ajustando à nova realidade chinesa. Além de seu preço ter baixado muito, sofreu uma queda da demanda por parte da China. De janeiro a julho deste ano, o Brasil vendeu ao país 88,7 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 7,4%. As quantidades de outros produtos importados pela China continuam em alta. O Brasil vendeu a ela mais de 27 milhões de toneladas de soja, 28,5% a mais. “A demanda aumenta. No entanto, o valor da soja caiu 29,4% em um ano. Então o que percebemos é uma queda da receita”, explica Castro, da AEB.

9. Infraestrutura em suspense

As reformas empreendidas pelo Governo mexicano em 2013 para desregulamentar setores de sua economia despertaram a atenção da China. Três grandes projetos de investimento com um total de 12,4 bilhões apareceram: a licitação de um trem de alta velocidade, a construção de um complexo imobiliário e a instalação de uma rede estatal de telecomunicações. Os dois primeiros foram cancelados e o terceiro está hibernando. Os dois países criaram em janeiro um fundo de investimento em infraestrutura com uma cota limite de 8,015 bilhões, mas só foram designados 1,07 bilhão.

10. Austeridade no vinho

A China é o sétimo destino da exportação de vinhos da Argentina, quinto produtor mundial, mas em 2013 e 2014 as vendas do país sul-americano para lá caíram 9,1% e 5,2% respectivamente, devido à campanha anticorrupção e de austeridade imposta pelo presidente chinês, Xi Jinping, a seus funcionários. “Em 2011, abrimos um escritório na China e tivemos um começo muito auspicioso, porque eram vendidos vinhos de alto nível”, relembra Guillemo Barzi, presidente da Wines of Argentina (associação de bodegas). “Com a mudança de Governo, isso acabou”, acrescenta Barzi. Alberto Arizu, diretor da bodega Luigi Bosca, destaca que a austeridade prejudicou sobretudo a França, mas “beneficiou países com boa relação qualidade-preço, como a Argentina”. As exportações de seu país para a China se recuperaram 35,7% no primeiro semestre de 2015. É que o gigante asiático, apesar de tudo, continua sendo uma esperança para os negócios latino-americanos.
Com a colaboração de Heloísa Mendonça em São Paulo, David Marcial Pérez no México, Elizabeth Reyes em Bogotá, Ewald Scharfenberg em Caracas, Rocío Montes em Santiago do Chile, e Jacqueline Fowks em Lima.
  • Enviar para LinkedIn0

Assad diz que fracasso de coalizão russa destruiria o Oriente Médio Presidente sírio disse que ação de Rússia, Síria, Irã e Iraque deve triunfar. Moscou iniciou nos últimos dias bombardeios contra o Estado Islâmico.

produção/YouTube/Syrian Presidency)
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, durante entrevista a canal de TV iraniano (Foto: Reprodução/YouTube/Syrian Presidency)
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse que a Síria, Rússia, Irã e Iraque estão unidos para combater o terrorismo e que devem ter sucesso, mas alertou que o custo de uma possível derrota seria devastador para o Oriente Médio. A declaração foi feita uma emissora de TV iraniana, que transmitiu a entrevista neste domingo (4).
As quatro nações vão alcançar “resultados práticos”, ao contrário da coalizão liderada pelos Estados Unidos, cuja campanha de ataques aéreos que já dura um ano contra os militantes do Estado islâmico na síria e no Iraque viu uma expansão da violência.
Na quarta-feira (30), a Rússia, aliada do regime de Assad, iniciou uma campanha de bombardeios no território sírio contra o Estado IsIâmico, embora ativistas e opositores tenham denunciado que os aviões russos estão atacando também zonas residenciais e bases de brigadas rebeldes.A Síria e seus aliados devem ter sucesso “ou nós enfrentaremos a destruição de toda a região”, disse o presidente, segundo sua conta oficial no Twitter, que divulgou as declarações feitas por Assad na entrevista.
Assad também afirmou na entrevista que a Rússia nunca tentou impor nada à Síria, especialmente durante esta crise, e aproveitou para criticar os ataques feitos pela coalizão liderada pelos Estados Unidos – que apoia os rebeldes contrários a Assad.
“Desde que a coalizão liderada pelos EUA foi formada, o Estado Islâmico se expandiu geograficamente e seus recrutas se multiplicaram”, disse.
Luta contra terroristas
O presidente sírio garantiu que a “destruição do terrorismo” é a base de qualquer ação no país, e que “apoia qualquer movimento político em paralelo para combater o terrorismo.”
Entretanto, Assad também afirmou que “o terrorismo é o novo instrumento usado pelo Ocidente para subjugar a região”, e que “não pode haver uma solução política enquanto os Estados continuarem a apoiar os terroristas”. “Queremos que os líderes ocidentais digam à verdade às pessoas”, disse Assad.
“A guerra continuará enquanto houver aqueles que apoiem o terrorismo. Estamos lutando contra grupos terroristas que chegam de todo o mundo. Os mais importantes líderes terroristas na Síria e no Iraque são europeus”, disse Assad na entrevista, segundo seu gabinete.
O presidente sírio também criticou a polícia europeia em relação aos refugiados, principalmente de seu país, que têm chegado ao continente. “Os ocidentais atiram nos refugiados sírios com uma mão e lhes dão comida com a outra”, afirmou.
Saída do poder
O presidente sírio também afirmou que apenas os cidadãos de seu país podem decidir sobre as mudanças do sistema político local ou de seus líderes, afirmando que o tema é um “assunto interno”. “Se minha saída for a solução, eu nunca vou hesitar em fazê-lo”, disse.
Seus opositores internacionais afirmam que qualquer solução política para a guerra da Síria deve envolver a saída de Assad do poder, apesar de que alguns Estados ocidentais já suavizaram essa exigência, afirmando que ele poderia se manter na presidência durante um período de transição.
Mortes de civis
Os ataques deste domingo na província de Homs e em área sob controle do grupo terrorista Estado Islâmico na vizinha Hama mataram civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
Alguns dos bombardeios tiveram como alvo as aldeias de Al Gayar e Sharshuh, no norte de Homs, onde até agora há informações sobre a morte de um civil e vários feridos.
Duas crianças morreram em outro ataque russo na próxima cidade de Garnata, segundo a ONG.
Outros dois ataques, que provavelmente foram lançados por aviões russos, causaram a morte de quatro civis na região de Aqeirbat, no leste de Hama e sob o controle do EI.
Os aviões de combates russos bombardearam também a região de Aqrab, no sul de Hama, que ontem foi cenário de intensos combates entre forças leais ao regime sírio, por uma parte, e rebeldes islamitas e grupos insurgentes.
O porta-voz das Forças Aéreas russas, Igor Klimov, garantiu hoje que seu país utiliza bombas guiadas de alta precisão em sua campanha de bombardeios contra as posições de EI e de outras organizações jihadistas na Síria.