sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Facebook Lu Niederauer Camas e almofadas feitas a Mão! — em Banho E Tosa Luciana Niederauer. Vamos ajudar comprando.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

“Futuro da Lava Jato não está garantido”, diz juiz Sérgio Moro Magistrado fez analogia entre operação brasileira e a italiana Mãos Limpas

O juiz federal Sérgio Moro. / LULA MARQUES/AGÊNCIA PT
Um dia após sofrer derrota no Supremo Tribunal Federal, que tirou de suas mãos parte dos inquéritos da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro se reuniu com empresários em São Paulo. Sem comentar diretamente a decisão da corte, o magistrado afirmou que existe o risco de que a operação “caia no esquecimento”. A decisão do STF, criticada pela Procuradoria da República e pelo próprio Moro em um de seus despachos, transferiu para São Paulo um dos processos da operação, o que abriu precedente para que advogados tentem tirar outros inquéritos de Curitiba – e de Moro. Ele participou nesta quinta-feira de um almoço organizado pelo Lide, o grupo empresarial presidido por João Dória Júnior, um dos pré-candidatos do PSDB à Prefeitura de São Paulo. Foi ovacionado mais de uma vez pelos mais de 500 presentes. As grandes construtoras agora alvo da Lava Jato, que no passado já foram  homenageadas por eventos do grupo, estavam ausentes.
O exemplo, segundo ele, “é importante para mostrar que o futuro [da Lava Jato] não está garantido”. Moro disse ainda que muita gente o parabeniza nas ruas pelo trabalho feito no caso, e falam que a Lava Jato vai mudar o país. “Não acredito nisso, só mudará o país se houver mudanças reais no âmbito da iniciativa privada e das instituições públicas”, disse, defendendo em seguida o projeto de lei do Ministério Público Federal intitulado Dez Medidas Contra a Corrupção. Ainda em fase de coleta de assinaturas para ser enviado ao Congresso, o texto facilita repatriação de recursos de investigados por corrupção, além de dificultar a prescrição dos crimes. “O empresariado precisa apoiar essas medidas, até porque não acarretam aumento do gasto público”, afirmou.Moro usou como analogia sua grande inspiração, a operação Mãos Limpas, desencadeada pela procuradoria de Milão nos anos de 1990 para combater a corrupção no Governo italiano, para afirmar que o futuro da Lava Jato corre perigo. “De 1992 a 1994, a Mãos Limpas teve uma importância tremenda, mais do que a Lava Jato tem hoje em dia”, afirmou, citando os mais de 4.500 investigados e 800 presos na ação italiana. No entanto, continuou o juiz, “depois de 1995 houve uma reação significativa do poder político, que eliminou ganhos da operação”. De acordo com ele, foram aprovadas leis que favoreceram os suspeitos: “O resultado foi que 40% dos 4.500 investigados foram beneficiados por leis de anistia ou com a prescrição do caso”, diz.
Questionado sobre a proibição das doações de empresas a partidos políticos, aprovada no STF recentemente, Moro ficou em cima do muro. “Para admitir doações privadas é preciso que haja regras e transparência”, disse, para em seguida afirmar que “há uma série de indefinições quanto ao financiamento público de campanha (...) não sei se essa forma resolve problemas de caixa 2”. Ele também criticou a morosidade do Judiciário, e defendeu que um condenado em primeira instância comece a cumprir pena após sua primeira apelação.
É importante para mostrar que o futuro [da Lava Jato] não está garantido"
Moro criticou também o foro privilegiado para parlamentares e políticos, dizendo que isso contraria “o senso básico de Justiça, segundo o qual todos devem ser tratados da mesma forma perante a lei”. Ele afirmou, porém, que atualmente “foro privilegiado não é mais sinônimo de impunidade, e o caso do mensalão é um exemplo disso”.
O paladino da Lava Jato disse buscar inspiração em um juiz italiano nos momentos difíceis da operação. Trata-se de Giovanni Falcone, um precursor da Mãos Limpas morto pela Cosa Nostra em 1992. Antes de ser assassinado ele comandou um processo que culminou com a prisão de centenas de mafiosos. “Em situações de dificuldade, leio livros sobre ele, e penso: ‘bom, o buraco dele era bem mais fundo do que o meu’. E vamos para frente.”
No final, Moro mandou um recado ao empresariado: "A corrupção não é um problema só do poder público. Ele  não age sozinho: há sempre alguém disposto a fazer pagamento de propina".

Fama de ‘marxista’ persegue o papa durante visita aos EUA

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Image captionO papa Francisco foi recebido na Casa Branca por Barack Obama
O papa Francisco se tornou nesta quinta-feira no primeiro pontífice a discursar em uma sessão do Congresso dos Estados Unidos.
E, apesar das boas-vindas de milhares de pessoas na quarta-feira em Washington - com uma cerimônia na Casa Branca e a canonização do missionário franciscano Junipero Serra - muitos políticos e comentaristas americanos o criticam por suas posições supostamente "marxistas".
Para o conhecido apresentador de rádio conservador Rush Limbaugh, as crenças de Francisco são "marxismo puro". O programa diário de rádio de Limbaugh tem uma audiência de milhões.
Muitos políticos reagiram com indignação a comentários feitos pelo pontífice em uma recente viagem à Bolívia, onde fez duras críticas ao capitalismo.
"Uma vez que o capital se transforma em um ídolo e guia as decisões das pessoas, uma vez que a ganância pelo dinheiro governa todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena e escraviza homens e mulheres, destrói a fraternidade humana", disse ele.
O senador Mike Rounds, ex-governador do Estado de Dakota do Sul e também católico, rebateu a visão do papa: "Se você acredita que a qualidade de vida que foi disponibilizada para milhões de pessoas no mundo todo e liberdades para as pessoas no mundo todo, a maior parte disso aconteceu por causa da inovação gerada pelo capitalismo, e porque os Estados Unidos da América existem".
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Image captionRush Limbaugh afirmou que as palavras de Francisco são 'marxismo puro'
Outros americanos católicos chegaram a ameaçar suspender o apoio financeiro à Igreja se o papa insistir na suposta cruzada contra excessos e liberdade dos mercados.
O biógrafo Paul Vallely, explicou, na revista americana especializada Politico, que"a aversão do papa ao capitalismo vigoroso é simplesmente apocalíptica demais para os magnatas americanos - negligenciando os poderes de cura da tecnologia, ignorando a forma como o livre mercado tirou milhões da pobreza e se recusando a considerar que a posição católica em relação à contracepção é, em parte, culpada pela superpopulação em nosso planeta".
Estrelas do movimento ultraconservador americano conhecido como Tea Party, como a ex-candidata republicana à vice-presidência Sarah Palin ou o ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, também demonstraram fortes reticências à "agenda liberal" do papa Francisco.
Santorum, pai de uma família numerosa, chegou a dizer que "às vezes é difícil escutar" o papa Francisco, devido ao fato de o pontífice já ter falado que "ser um bom católico não significa ter filhos como coelhos".
Image captionO movimento Tea Party tem suas dúvidas em relação a Francisco
Adam Shaw, da Fox News, comparou a popularidade de Francisco com a desfrutada pelo presidente Barack Obama em seus primeiros dias no cargo.
"Assim como o presidente Obama foi uma decepção para os EUA, o papa Francisco demonstrará ser um desastre para a Igreja Católica", escreveu o jornalista.

Francisco x Bento x João Paulo

James Pethokoukis, jornalista e analista do Instituto de Empreendedorismo Americano (AEI, na sigla em inglês), organização de tendência conservadora, acredita que será mais difícil para Francisco ter nos Estados Unidos a mesma boa imagem que seus antecessores, João Paulo 2º e Bento 16.
João Paulo 2º e Bento 16 tinham opiniões em questões morais que coincidiam plenamente com a dos conservadores americanos, apesar de os dois pontífices também terem feito críticas ao capitalismo e ao livre mercado - mas mais veladas que as de Francisco.
Image captionJoão Paulo 2º e Bento 16 (na foto com George W. Bush) tinham maior aprovação entre os conservadores americanos
"Seus comentários sobre o capitalismo são surpreendentes porque, com eles, (Francisco) parece não dar valor ao fato de que o capitalismo foi uma força incrível nos últimos 200 anos para aumentar os níveis de vida de milhões de pessoas em todo o mundo e continua sendo", disse Pethoukis em entrevista à BBC Mundo.
Já William Doyle, professor de economia da Universidade de Dallas, no Texas, disse estar surpreso com as críticas de conservadores por considerar que "muitas de suas ideias se encontram implícita ou explicitamente nos evangelhos".
"A razão de os conservadores terem visto com melhores olhos João Paulo 2º e Bento 16 é que estes passaram muito mais tempo falando dos dogmas do catolicismo, sobretudo o que está relacionado à moral sexual", disse Doyle.
Apesar das duras críticas recebidas pelo papa por parte da direita americana, Doyle acredita que os "liberais dos EUA continuam sendo mais hostis em relação à Igreja Católica" do que os conservadores, especialmente devido aos escândalos de abusos nos quais se viu envolvida e por suas posturas em questões de moral.

'Tenho horror de quem pensa como eu pensava. Evoluí', diz carioca que chamou pobres de sub-raça nos anos 1980 Rafael Barifouse Da BBC Brasil em São Paulo

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Image captionTrecho de reportagem com Angela Moss, então com 18 anos, foi visto mais de 2 milhões de vezes
Quase três décadas separam a Angela Moss que foi entrevistada na TV sobre pobres que frequentam a praia e a Angela Moss que veio a público em uma rede social para esclarecer o episódio.
A primeira Angela, então com 18 anos, tinha "horror de olhar para estas pessoas", os pobres, que "não eram brasileiros", mas uma "sub-raça".
Aos 47 anos, ela diz ainda ter horror, mas de quem tem hoje um discurso igual ao seu ou quem a parabeniza por suas declarações carregadas de preconceito.
"Mudei de opinião. Evoluí. Não sou mais essa pessoa. Por isso resolvi colocar minha cara a tapa, em vez de pedir para tirarem o vídeo do ar", diz Moss à BBC Brasil.
"O vídeo é um tapa na cara da sociedade, que não evoluiu. É compreensível que alguém fique com ódio do ladrão quando é assaltado. Mas tem de pensar o que faria se estivesse no lugar dele. E, principalmente, não generalizar esse ódio contra todo um conjunto de pessoas."
Para Moss, "estes garotos pobres têm um ódio justificável porque se ferraram a vida inteira".
"O difícil é aceitar o ódio de quem teve tudo na vida, é privilegiado. Essas pessoas têm obrigação de serem mais compreensivas. Se fosse o inverso, elas poderiam estar fazendo coisas ainda piores."

Repercussão

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Image captionDiante da repercussão de suas declarações quando jovem, Moss publicou um esclarecimento
Publicada no YouTube em 27 de agosto, a reportagem "Os Pobres Vão à Praia", da extinta TV Manchete, praticamente passou despercebida, com 77 mil visualizações.
Isso mudou ao ser compartilhado pelo site Mariachi em seu perfil no Facebook, poucos dias após arrastões, roubos e furtos gerarem retaliações por moradores da Zona Sul do Rio.
O vídeo causou, então, um grande alvoroço, sendo visto mais de 2,2 milhões de vezes, além de ter 37,7 mil compartilhamentos e 4,3 mil comentários, em apenas três dias.
"Hoje, um discurso desse seria inimaginável e quem o fizesse (...) sofreria uma perseguição tão dolorosa nas redes sociais que seria ela quem iria ter vontade de mudar de planeta", dizia um dos comentários mais populares, com 1.080 curtidas.
"Incrível saber que não evoluímos como seres humanos", dizia outro comentário, curtido 360 vezes.
O que não se esperava é que a adolescente do vídeo, hoje uma advogada e sócia de uma editora, escrevesse não só assumindo a autoria da fala polêmica, mas dizendo que não pensa mais da mesma forma.
"Meu depoimento foi editado e parece ser pior do que realmente foi. Em alguns momentos, eu citava o que outras pessoas diziam, e ficou parecendo como se tudo que disse fosse a minha própria opinião", diz Moss.
"Mas eu era de fato muito conservadora, egoísta e idiota. Fui criada em um ambiente privilegiado. Nunca tinha andado de ônibus. Via a galera fazendo confusão na praia e não entendia. Foi só depois que minha vida mudou, fui trabalhar como garçonete e me aprofundei nos estudos que tive outra visão."

'Não sou covarde'

Arquivo PessoalImage copyrightArquivo Pessoal
Image captionMoss diz ter mudado de opinião e que antes era 'egoísta'
Moss relembra que, na época em que a reportagem foi veiculada, a repercussão pública foi bem diferente.
"Na minha bolha social, só recebi parabéns e tapinha nas costas. Hoje, tudo é amplificado pela internet", conta ela.
"Desta vez, as reações se dividiram. Houve quem veio me parabenizar por ter mudado de opinião. Outras ficaram bravas pelo mesmo motivo."
Moss conta que teve ainda quem não acreditou que realmente sua visão sobre o assunto havia se transformado, pensando que ela havia publicado o comentário no Facebook por medo da repercussão.
"Não tenho medo. Não sou covarde. Sou corajosa, de esquerda, feminista e ‘da luta’", afirma ela. "Tinha duas opções: fugir ou enfrentar. Resolvi enfrentar."

Tensão

A reportagem com seu depoimento voltou a gerar bastante polêmica em parte pelo momento de tensão pelo qual passa o Rio.
Arrastões começaram a acontecer na orla carioca em meados dos anos 1990, com grupos roubando e agredindo banhistas.
Esse tipo de crime voltou a ocorrer com mais frequência em janeiro deste ano. Desde então, o governo e a Polícia Militar do Estado passaram a realizar blitz em ônibus vindos da Zona Norte da cidade, onde ficam bairros mais pobres e municípios da periferia da capital fluminense.
No entanto, uma decisão da Justiça determinou que jovens considerados suspeitos só poderiam ser detidos se fossem pegos em flagrante.
Ao mesmo tempo, a Prefeitura do Rio anunciou que extinguiria linhas de ônibus que ligavam essa região à Zona Sul, onde ficam as praias mais populares, como Copacabana e Leblon.
A Prefeitura afirmou que a medida visa reorganizar o sistema de ônibus da cidade e evitar a sobreposição de trajetos. Mas foi acusada de fazer isso para dificultar o acesso de moradores do subúrbio à orla.
No último final de semana, a situação se agravou quando novos roubos, furtos e agressões foram registrados nas praias e ruas da Zona Sul e moradores locais se reuniram por meio das redes sociais para atacar jovens tidos como suspeitos que circulavam em ônibus pela região.
Moss critica esse tipo de reação popular organizada contra jovens da periferia.
"Este tipo de retaliação é quase como um grupo de extermínio, é estar a um passo de um Estado de exceção."

Estatuto da Família, que retira direitos da união gay, avança na Câmara Projeto define como família só união entre homem e mulher. Deputados tentam barrar texto

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Militantes protestam durante votação do estatuto. / G. F./ CÂMARA
Entre protestos e discussões, o Estatuto da Família foi aprovado por uma comissão especial de deputados na Câmara na tarde desta quinta-feira. O texto define como família apenas a união entre homem e mulher, o que exclui a união homoafetiva de direitos como herança, guarda dos filhos e a inclusão do(a) parceiro(a) em planos de saúde, dentre outros direitos.
O próximo passo agora será a votação de quatro destaques (pontos mais sensíveis do texto) que não foram votados  por falta de tempo. Como a proposta tramita em comissão especial em caráter terminativo, ela, quando terminada, poderia ir direto ao Senado, sem precisar passar pela votação na Câmara. Mas os deputados prometem fazer o possível para barrar esse projeto ou adiar a sua votação
Os deputados que votaram contra o projeto - a votação foi de 17 a favor e cinco contra - prometem entrar com um recurso para que o texto ainda seja votado no plenário, antes de seguir para o Senado. Esse recurso depende da assinatura de 10% do total de deputados (513). "Não creio que teremos problema para colher essas assinaturas", afirmou a deputada Érika Kokay (PT-DF). "Mas só podemos apresentar o recurso depois que os destaques forem votados".
Segundo Kokay, todos os recursos para o adiamento dessa votação foram utilizados. "Utilizamos o processo de obstrução regimental", diz ela. A intenção era que a votação não fosse realizada antes do meio dia, horário de início da ordem do dia, quando todas as votações das comissões devem ser encerradas. "Mas o início da ordem do dia foi atrasando e eu penso que isso foi feito até de maneira articulada", diz Kokay. Com isso, os opositores ao projeto conseguiram deixar apenas os destaques de fora da votação, pela falta de tempo.Já a bancada evangélica comemoraessa vitória e já planeja que o Estatuto da Família seja votado num dia simbólico, em 21 de outubro, Dia nacional da família.

Estupro

Não foi o único embate da semana entre deputados conservadores e a bancada ligada à defesa dos direitos humanos e de minorias. Na terça-feira, seria votada em outra comissão, a de Constituição de Justiça e de Cidadania, mais um projeto de lei impulsionado pela ala conservadora da Câmara dos Deputados: O PL 5069/2013, querestringe drasticamente o atendimento pelo Sistema Único de Saúde às vítimas de estupro.
"Conseguimos tirar da pauta esse projeto monstruoso de Eduardo Cunha", diz Erika Kokay. "Aprovamos uma audiência pública que, enquanto não for realizada, o PL não pode voltar para votação". Segundo a deputada, a audiência deve ser realizada na próxima semana.

Parabéns, senhor Alckmin!


Estudantes fazem 'pegadinha' em foto com o governador
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, receberá da Câmara dos Deputados um reconhecimento pela sua gestão na crise hídrica.O Prêmio Lúcio Costa de Mobilidade, Saneamento e Habitaçãoreconhece as "iniciativas que buscam a melhoria da vida dos cidadãos". Indicado pelo deputado federal João Paulo Papa (PSDB-SP), ex-diretor da Sabesp, o governador recebeu a nota, "modéstia a parte", que ele merece. Há quem achou que era piada, mas é sério mesmo, embora a premiação não tenha considerado alguns fatos:
Falta água, sim. Enquanto o governador declara que “ninguém ficou sem água em São Paulo”, o número de reclamações por torneiras secas aumentou 62,5% entre o primeiro semestre de 2014 e o mesmo período deste ano. São oficialmente 140.752 pessoas sofrendo com cortes no abastecimento, isso sem contar os que não reclamam. Segundo o Datafolha, 71% dos paulistanos já sofreram cortes no fornecimento. Moradores de bairros da periferia acordam de madrugada para encher baldes e lavar roupas.
Os casos de diarreia se multiplicaram durante a crise hídrica. O Centro de Vigilância Epidemiológica, órgão da Secretaria Estadual de Saúde, ligado ao Governo Geraldo Alckmin, considerou 2014 um ano hiperepidêmico pela quantidade de casos de diarreia aguda registrados. O estudo ainda não foi concluído, mas o órgão associou o evidente aumento de casos comunicados – quase 35.000 em algumas semanas de fevereiro, março e setembro – aos problemas de abastecimento de água que ainda afetam toda a região metropolitana e várias cidades do interior. A qualidade da água na capital, segundo as análises da Prefeitura, diminui durante a crise hídrica. A média de amostras “insatisfatórias” recolhidas na rede de abastecimento público passou de 3,49% há dois anos, antes de desencadear os problemas de desabastecimento, a 12,32% em maio de 2015.Os dois principais reservatórios de São Paulo beiram o colapso. O Cantareira, que abastece 5,3 milhões de pessoas, opera com 12,5% da capacidade, contando as duas cotas de volume morto. Já o Alto Tietê, sem cotas de reserva emergenciais e do qual dependem 4,5 milhões de moradores, armazena 15,2% da sua capacidade.
Os prazos das obras prometidas não foram cumpridos. Os responsáveis pelas obras de transposição do Rio Grande, braço limpo da represa Billings, para o esvaziado Alto Tietê, correm contra o relógio para não descumprir, por terceira vez, o prazo que o governador deu para concluir a principal aposta para evitar um rodízio drástico. Os trabalhos deviam ficar prontos, primeiro em maio, depois em agosto e agora antes de outubro. Faltam seis dias. A segunda obra mais importante para garantir o abastecimento na Grande São Paulo, a transposição de água do rio Guaió para o Sistema Alto Tietê, estava prometida para maio, mas só chegou em junho. A conclusão dessa obra, no entanto, não fez muita diferencia no cenário atual de crise, pois o rio Guaió corre quase seco.
A crise não foi reconhecida até depois das eleições. A primeira vez que Alckmin assumiu um problema de abastecimento foi no dia 14 de janeiro, mais de dois meses depois de vencer as eleições com mais de 57% dos votos. Aquele dia, quando sobravam os relatos de moradores sem água nas torneiras por causa da redução de pressão noturna e não oficializada, ele disse “o racionamento já existe” e admitiu que estava saindo a metade de água do Cantareira do habitual. As medidas restritivas, como a sobretaxa para os que aumentaram seu consumo a pesar da crise, também foram adiadas até depois da sua vitória e vieram acompanhadas de cortes mais severos no fornecimento durante a maior parte do dia em todos os bairros da capital.
Os maiores consumidores de água continuam pagando menos. A política de premiar mais de 500 grandes consumidores de água, como shoppings, indústrias, prédios comerciais e grandes empresas, foi mantida apesar das críticas pela gravidade da crise. Esses grandes consumidores se beneficiam de contratos com suculentos descontos que crescem conforme aumenta seu consumo. As tarifas são menores que as aplicadas a clientes industriais e comerciais convencionais e que não assinaram esse tipo de contratos.
O plano de emergência não foi divulgado. Geraldo Alckmin definiu o plano de emergência que ele mesmo mandou elaborar como um "papelório inútil". "Pra quê? Só pra gastar dinheiro público porque não vai ser aplicada contingência nenhuma. O Brasil é um grande cartório", afirmou no início de julho. O professor Richard Palmer, que participou das ações emergenciais nas crises hídricas de diferentes cidades dos EUA, afirmou que isso "não seria aceitável nos Estados Unidos.” O plano, pronto desde julho, segundo Alckmin, não foi divulgado ainda e o pouco que sabemos dele é que as autoridades trabalhavam com a hipótese de um rodízio drástico de cinco dias sem água por um com. Extremo que o governador apressou-se a negar. Nesse cenário, a Sabesp reconhecia suas limitações logísticas para garantir o abastecimento de água, para além dos grandes hospitais, presídios ou pronto-socorros, deixando de fora, entre outros, as 4.562 escolas municipais e estatais.
A crise hídrica não foi uma surpresa. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo atribuiu a gravidade da crise hídrica à falta de planejamento da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos. Os alertas vêm se repetindo há mais de uma década. Se existia alguma dúvida da capacidade limitada dos reservatórios de São Paulo, em 2009 o Governo de José Serra (PSDB) foi informado detalhadamente das fragilidades dos sistemas e de o risco real de uma “guerra de água” entre algumas regiões, “motivada pelo aumento da demanda em um ano atípico de chuvas”. Em um relatório encomendado pela Secretaria de Meio Ambiente, a contribuição de mais de 200 especialistas perfilou um cenário de crise de abastecimento na bacia do Alto Tietê na primeira década do século XXI que em 2015 atingiria a Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a doadora do Sistema Cantareira.
Os rios de São Paulo continuam sujos. Desde 1992, a Sabesp, com 51% do seu capital nas mãos do Estado, administra o Projeto Tietê, cujo objetivo é ampliar a coleta e o tratamento de esgoto na Grande São Paulo e, assim, despoluir o rio. A conta do projeto não é exata, mas pelo menos 3,6 bilhões de dólares já foram direcionados para as obras. O rio, no entanto, continua premiando os cidadãos com festas espetaculares de espuma podre, milhares de peixes mortos ou desfiles flutuantes de lixo. Tentativas de despoluir o rio Pinheiros também fracassaram.

Temer diz ser contaminado por 'visão pessimista' do país Vice de Dilma afirmou, no entanto, que dificuldades são superáveis. Ele falou a uma plateia de empresários em premiação em São Paulo.

Michel Temer discursa para plateia de empresários em São Paulo (Foto: Karina Trevisan/G1)Michel Temer discursa para plateia de empresários em São Paulo (Foto: Karina Trevisan/G1)
O vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, disse nesta quinta-feira (24) em São Paulo que às vezes fica "contaminado" por "visão pessimista" diante das reclamações de pessoas em meio à crise. O peemedebista, no entanto, afirmou em seguida que as dificuldades na economia são superáveis pela braveza do empresariado.

Temer participou, ao lado do ministro da Fazenda, Joaquim Levy,  de uma premiação a empresas promovido por uma revista, na Zona Sul de São Paulo. Eles falaram para uma plateia que reúne centenas de empresários.
"Muitas vezes eu vejo as pessoas dizendo que as coisas vão mal e eu mesmo sou um pouco, digamos assim, contaminado por uma visão às vezes um pouco pessimista do nosso país", afirmou.
Logo em seguida, o vice-presidente elogiou a iniciativa privada e disse que a há dificuldade na economia superadas pela braveza e pelo empreendedorismo da iniciativa privada. "Há dificuldades na economia, mas dificuldades superáveis pela braveza e pelo empreendedorismo da iniciativa privada, declarou.

"Saio animado com a certeza de que as dificuldades que passamos são transitórias e mais adiante, se Deus quiser, no ano que vem, nos viremos aqui para comemorar o redesenvolvimento", completou.

Em programa do PMDB exibido na noite desta quinta-feira em cadeia nacional de TV, Temer afirmou que é preciso deixar o país acima de interesses partidários.

"O Brasil passa por um período difícil da economia, assim como por dificuldades políticas - todas superáveis. É imprescindível unir forças, colocar o Brasil acima de qualquer interesse partidário ou motivações pessoais. Crise se enfrenta com união, com coragem, com determinação e retidãol", disse no programa.