segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Três questões-chave para entender por que o Brasil está no vermelho Adriano Brito Da BBC Brasil em São Paulo

A presidente Dilma Rousseff (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)Image copyrightPR
Image captionGoverno Dilma avalia medidas para ampliar receitas; a presidente já falou em "remédios amargos"
Ao rebaixar a nota do Brasil, que perdeu o status de bom pagador, a agência Standard & Poor's questionou a "habilidade e a vontade" do governo Dilma Rousseff ao submeter ao Congresso um Orçamento deficitário para 2016, espelhando as dificuldades da implementação da política econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em equilibrar as contas públicas.
O plano previa um deficit - a diferença entre gastos e receitas - de R$ 30,5 bilhões. Sem ter "troco", o governo não terá o que poupar para pagar juros e diminuir a dívida pública – o avanço do gasto com juros é apontado por alguns especialistas como o principal motivo para o rebaixamento do país.
Levy já anunciou que o governo estuda cortar despesas e ampliar as receitas – alta nos impostos não é descartada –, para tentar resolver o problema e trocar o deficit por uma meta de superavit de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto). "Remédios amargos", como classificou Dilma em suas últimas declarações públicas.
É aguardado para os próximos dias o detalhamento dos cortes anunciados pela gestão no fim do mês passado, quando prometeu eliminar dez ministérios e cargos comissionados. Programas com o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, também podem perder verbas.
Segundo órgãos da imprensa, é aguardado nesta segunda-feira o anúncio de um corte de R$ 20 a 22 bilhões em despesas do governo.
O jornal Folha de S.Paulo diz que o governo deve "propor aumento de impostos e redução de subsídios e isenções fiscais".
Mas, por que o Brasil está no vermelho? A BBC Brasil aborda três questões-chave para entender os altos gastos e os problemas de seu gerenciamento pelo governo - e ouve especialistas sobre possíveis saídas para a crise nas finanças do país.
O minnistro da Fazenda, Joaquim Levy (Foto: Wilson Dias/Ag. Brasil)Image copyrightAg. Brasil
Image captionPara agência de risco, austeridade sinalizada pelo ministro Joaquim Levy não está se concretizando

Para onde vai o dinheiro?

Segundo o Orçamento, após repasses compulsórios a Estados e municípios, o governo terá R$ 1,18 trilhão para custear suas contas e ações. Desse total, no entanto, 81% estarão comprometidos com as despesas obrigatórias (pagamento dos servidores federais, Previdência etc.).
O que sobra não cobre os R$ 250,4 bilhões previstos para as despesas discricionárias, que incluem investimentos em obras, gastos com Bolsa Família, saúde, educação e com o custeio da máquina pública – telefone, passagens, manutenção dos prédios, etc.
Essas despesas, na prática as únicas sobre as quais o governo tem poder de decisão, também embutem, porém, gastos obrigatórios. Segundo a Constituição, o investimento em saúde, por exemplo, precisa ser no mínimo o mesmo do ano anterior, acrescido do percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
Especialistas criticam o que chamam de engessamento do Orçamento com despesas obrigatórias. Para efeitos de comparação, nos EUA elas somam 64,6% neste ano.

O Estado brasileiro é grande demais?

Para os economistas Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas, e Fernando de Holanda Barbosa, professor da FGV/EPGE e ex-secretário de Política Econômica do governo Itamar Franco, a máquina do Estado é inchada e ineficiente.
"Esses ministérios não foram feitos com o objetivo de prover os serviços para a população. E sim para atender demandas políticas", afirma Barbosa, ao comparar o número de pastas existentes no Brasil – 39 – com o de países da Europa, que operam com menos de 20.
Para Castello Branco, o Estado é presente demais no país. "Nós somos uma das maiores economias do mundo. Essa presença só é necessária ainda nos programas sociais, em distribuir melhor a renda."
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa (Foto: Antonio Cruz/Ag. Brasil)Image copyrightAg. Brasil
Image captionO ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou que governo cortaria ministérios e cargos
Juliana Sakai, pesquisadora da ONG Transparência Brasil, diz que o poder que políticos têm para distribuir cargos de livre nomeação – os comissionados –, reflexo do "patrimonialismo histórico brasileiro", é responsável pela percepção de que a máquina pública é inchada e ineficiente, além de ser peça central para a corrupção.
Ela pondera, porém, que um Estado onipresente, mas eficiente, mudaria essa percepção. "Se o governo atende à demanda dos que querem mais hospitais e médicos, mais escolas e professores, o efeito natural disso seria aumento no peso do setor público, o que não pode ser automaticamente traduzido como algo negativo."
"O Estado pode ser pequeno, mas nem por isso melhor, mais eficiente", retruca Oswaldo Gonçalves Junior, professor do curso de Administração Pública da Unicamp.
"Pensamentos que tratam o Estado brasileiro como um 'enorme elefante branco, lerdo e ineficiente’ são altamente enviesados", afirma. Para ele, países que necessitam de maior organização dos processos sociais precisam de uma ação maior de governo.

O governo gasta demais com servidores?

O Orçamento prevê que o pagamento de servidores federais consumirá R$ 252,6 bilhões, superando todo o valor disponível para investimentos.
Segundo a Transparência Brasil, porém, a taxa de servidores públicos no Brasil – 16% da população –, é inferior à de países europeus desenvolvidos, como Reino Unido (23%) e França (20%). O país, de acordo com a ONG, se encaixa na tendência da América Latina, que tem taxas variando entre 10% e 20%.
A organização chama a atenção para o número de comissionados – cerca de 20 mil no plano federal. A questão também é alvo de críticas da Contas Abertas, cujos cálculos apontam mais de 30 mil novos cargos, funções de confiança e gratificações desde 2002.
Conjunto habitacional do Minha, Casa Minha Vida em Boa Vista (RO) (Foto: Rodrigo de Oliveira/Ag. Caixa)Image copyrightAg. Caixa
Image captionGoverno sinalizou que poderá cortar recursos do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida
A ONG ressalta que hoje são mais de 615 mil servidores federais, quase 130 mil a mais que no início da década passada. Mas vê um efeito negativo disso muito maior sobre a eficácia do Estado que nos gastos.
Para Gonçalves Junior, da Unicamp, a discussão deveria abordar muito mais a qualidade do que a quantidade: "Um gasto dessa monta com pessoal, se bem utilizado, pode se tornar investimento. Poderia, por exemplo, gerar um outro padrão de desenvolvimento", afirma. "Algo que impulsionasse, inclusive, uma maior disponibilidade de receitas."
"O desafio é pensar como tornar o Estado melhor, qualificando e/ou trazendo pessoas qualificadas", diz. "Muito mais complexo do que simplesmente cortar, reduzir."

Quais são as soluções?

Para Castello Branco, é preciso rediscutir a estrutura do Orçamento, seu engessamento, com o Congresso – tratando, principalmente, da Previdência. "Não dá para ficar cortando investimento a vida inteira, nem criando, todo ano, um imposto novo", diz.
Enquanto o governo espera ter 6% a mais de recursos em 2016, os gastos com a Previdência, responsáveis pela maior mordida na carteira, devem avançar 11,9% – serão R$ 491 bilhões, cerca de 40% do total de despesas, para pagar aposentadorias, pensões e outros benefícios.
"Essa aberração de o Executivo enviar um Orçamento com deficit tem pelo menos um aspecto favorável: forçar essa discussão. Você quer custear a aposentadoria de pessoas com 50 e poucos anos de idade e para isso aumentar cada vez mais os impostos? Esse debate tem de ser colocado às claras."
Servidores federais protestam no Ministério do Planejamento (Foto: Elza Fiúza/Ag. Brasil)Image copyrightAg. Brasil
Image captionSetores do funcionalismo conseguiram aumento neste ano, em derrotas do governo no Congresso
Segundo a Previdência, a média de idade de aposentadoria por tempo de contribuição é de 55,1 anos para homens e 52,2 para mulheres.
Gonçalves Junior, da Unicamp, lembra que "se aposentar, receber pensões etc. são direitos, conquistas que acompanham o desenvolvimento do Estado moderno". Mas concorda que é preciso adotar medidas como "repensar a cultura que desperdiça o prolongamento da vida laboral", citando a aposentadoria compulsória de servidores, e vê margens para revisão da contribuição da parcela mais rica da população.
"A gestão desse sistema importa muito para seu equilíbrio e promoção da Justiça social", afirma ele, que ressalta a importância de um planejamento que permita "equilibrar essas variáveis, que mudam ao longo do tempo, conforme a sociedade se transforma".
Para Holanda Barbosa, da FGV, o país precisa de uma profunda reforma administrativa com objetivo de racionalizar custos e melhorar a gestão em todas as áreas, inclusive saúde e educação. Mas isso não teria efeito imediato.
"O melhor agora seria o governo sinalizar com um plano de corte de gastos ao longo nos próximos anos. E, ao mesmo tempo, anunciar um aumento de impostos para financiar o buraco em curtíssimo prazo."

No RJ, 'casa do futuro' de R$ 5 mi terá chão que produz energia e ar condicionado que vem do solo Guilherme Aquino De Milão para a BBC Brasil

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Image captionProjeto da casa do futuro custa R$ 5 milhões
É a chamada casa do futuro: terá chão cinético, capaz de transformar os passos em luz. Será autossuficiente em energia elétrica e no abastecimento de água, com uso de chuva recolhida e filtrada. Os ambientes serão climatizados naturalmente, sem ar condicionado. Construída com pré-moldados, não terá nenhum material químico.
Ela será construída em Niterói, no Rio de Janeiro, às margens da Baía de Guanabara, numa praça pública. O projeto completo custa R$ 5 milhões, e é resultado de um "crowdsourcing", financiamento coletivo pela internet, implantado pela empresa Enel Brasil, filial da gigante energética italiana.
O objetivo do experimento é colher informações sobre como as pessoas imaginam a vida doméstica no futuro. A casa faz parte do projeto N.O.V.A (Nós Vivemos o Amanhã), e foi a primeira a receber um dos mais importantes certificados ambientais na América do Sul, o Living Building Challenge.
"Se trata de uma experiência inédita, tecnológica, sim, mas, principalmente, sociológica, no campo do comportamento e dos desejos. Algumas soluções, como a fonte de energia solar, forneceremos nós mesmos, outras iremos buscar nas start-ups envolvidas", disse à BBC Brasil o presidente da Enel Brasil, Marcelo Liévenes, durante a apresentação do projeto em Milão.
A construção integra o programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As obras começarão em novembro, e a conclusão está prevista para antes dos Jogos Olímpicos, em agosto de 2016.
"Usaremos antigas técnicas de arquitetura no Brasil com mais de 500 anos, como o cruzamento da ventilação, a fonte geotérmica, pois escavando 20 m no solo conseguimos climatizar os ambientes naturalmente, substituindo o ar condicionado. Temos ainda o ensinamento do modernismo, com a paisagem entrando na residência", disse o arquiteto responsável pelo projeto, Arthur Casas.

Como será?

A construção terá 375 m² e será feita num terreno de 1000 m². As águas cinzas serão recicladas, assim como os dejetos e o lixo orgânico, que serão transformados em gás metano. Vidraças inteligentes dispensarão limpeza e irão alterar transparência em função da luminosidade externa.
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Image captionPesquisadores querem saber quais serão as mudanças de ritmos e hábitos no consumo de moradores
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Image captionMonitores ligados à internet informarão consumo de luz, água e gás e dados de saúde dos moradores
O pavimento da casa será de concreto modulado, que pode ser facilmente retirado e substituído. As tubulações e fiações passarão por baixo dele. Já a quadra de esportes terá piso cinético, que produzirá energia para iluminar o campo.
A casa não precisará de eletricidade durante o dia. Monitores ligados à internet informarão o consumo de luz, água e gás em tempo real, além de dados de saúde dos moradores.
Um concurso pela internet vai escolher a família que irá ocupá-la e os moradores serão, de certa forma, cobaias das novas tecnologias: os pesquisadores querem saber quais serão as mudanças de ritmos e hábitos no consumo, e em quanto tempo irão ocorrer.
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Image captionProjeto foi lançado há seis meses e 4 mil ideias feitas pela internet foram selecionadas
Eles irão acompanhar o comportamento dos habitantes na casa, através do fluxo de informações.
"Queremos saber como as pessoas irão morar ali, como irão se adaptar às novidades. Isso é o que importa porque o futuro tecnológico é já obsoleto", disse Liévenes.
A casa terá, ainda, um espaço para hóspedes, que pagarão pela estadia, como "bed & breakfast" ou "airbnb".

A ambivalência de Temer aumenta diante da crise de Dilma Rousseff O ex-presidente tem sido elogiado pela oposição, enquanto é abraçado pela presidenta


Temer ao lado de Rousseff no desfile de 7 de setembro. / EVARISTO SA (AFP)
Um vice-presidente calejado pela política. Os seis mandatos de deputado federal, as três vezes em que foi presidente da Câmara e os 42 anos de advocacia fizeram de Michel Temer um expert em analisar com frieza as movimentações nos cenários político e econômico brasileiro. Ocupando pela segunda vez consecutiva o segundo principal cargo da República, suas movimentações têm chamado a atenção tanto do Governo como da oposição, fazendo com que todos queiram estar ao seu lado para tê-lo como aliado ou, ao menos, para não tê-lo como inimigo.
A medida em que as crises política e econômica vividas por Dilma Rousseff (PT) se ampliam, o papel ambivalente de Temer se aprofunda, aproveitando as divisões existentes dentro do próprio Governo. Nas últimas semanas, por exemplo, ele entrou em rota de colisão com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, um dos preferidos de Rousseff, para defender o chefe da Fazenda, Joaquim Levy, nome escolhido por ela à contragosto do PT para agradar o mercado e que é mais próximo ao PMDB. Levy não concordava com a decisão de Barbosa de apresentar ao Congresso Nacional umOrçamento deficitário, ainda que fosse algo mais transparente. Após a apresentação, a nota de risco do Brasil acabou rebaixada pela agência Standard & Poor's e Rousseff teve de concordar com sugestões de cortes feitas por Levy, que contaram com o apoio dos peemedebistas.

“Entendemos que não somos nós, do PMDB, que devemos sugerir novos impostos. Mas se o Governo apresentar as propostas para acabar com o déficit do Orçamento [de 30,5 bilhões de reais] e entender que mais tributos são necessários, nós vamos apoiar porque somos da base. Foi por essa razão que o vice-presidente decidiu não apresentar ele mesmo a sugestão de aumento da CIDE”, explica o líder do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani.Um outro sinal dado por Temer que preocupou os petistas foi o vai-e-vem sobre um possível aumento de impostos. Primeiro, ele avisou que sugeriria aos governadores peemedebistas a entrega ao Governo de um projeto para subir o imposto dos combustíveis (a CIDE). Na hora de apresentar a proposta, contudo, voltou atrás. Deixou a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, fazer oficialmente a sugestão, afirmou que vários governadores concordavam com a medida, mas que ele mesmo achava que reajustes tributários só deveriam ocorrer em último caso.

Dos dois lados

Foi nos últimos dois meses que o então discreto Temer, apelidado pelo finado ex-senador e oligarca baiano Antônio Carlos Magalhães de “mordomo de filme de terror”, abriu as portas para os dois lados. À Rousseff diz ser leal. Tenta ajudá-la no Congresso Nacional, reúne-se com lideranças partidárias e participa de seu seleto grupo de Coordenação Política, formado por uma dezena de ministros. Aos opositores dá sinais indiretos. Profere palestras para milionários empresários da sociedade paulistana que são a favor da destituição presidencial, convence representantes de federações de industriais e confederações de trabalhadores a se aproximarem do PMDB e faz declarações dúbias que mostram a debilidade da gestão da qual, por enquanto, ainda faz parte.
As especulações de que Temer estaria se posicionando para ocupar a cadeira de Rousseff ganharam força no início de setembro ao ponto de a sua assessoria de comunicação ter de divulgar uma nota à imprensa negando que ele estivesse conspirando contra a presidenta. “[O vice-presidente] advoga que a divisão e a intriga são hoje grandes adversários do Brasil e agravam a crise política e econômica que enfrentamos”, diz trecho do comunicado.
O documento foi publicado três dias depois de Temer dizer a empresários e socialites de São Paulo, a maioria opositores de Rousseff, que se a popularidade do Governo continuasse tão baixa (hoje não chega aos 8%), dificilmente a presidenta terminaria o seu mandato. “O vice-presidente precisa medir onde e o que falar. Ele não deveria ter ido dar palestra para um grupo de ricos que quer derrubar o Governo. Isso que dá atender a pedidos da esposa que quer agradar a high society”, disparou um parlamentar da base aliada.
“O Temer em si não conspira, ele tem quem faça por ele”, avaliou um parlamentar aliado do vice-presidente se referindo a figuras como o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e aos ex-ministros Geddel Vieira Lima e Moreira Franco.
Rousseff sabe que, apesar da ambiguidade de seu vice, precisa dele e do partido que ele preside há 15 anos para seguir no cargo. De cada dez deputados da base governista, dois são do PMDB e, entre os senadores, a proporção é de quatro para cada dez. Além disso seis dos 39 ministérios de Rousseff estão sob o comando dos correligionários do vice-presidente. Ou seja, sem os peemedebistas, o governo teria dificuldade em aprovar até projetos de sessões solenes de homenagens. 
“Desde a presidência do Lula, o PMDB apoia o Governo em troca de favores. Quando o Governo Dilma entra na crise atual, a fatura cobrada pelo PMDB passou a ser mais cara. Está se tornando impagável”, analisa o cientista político Luís Felipe Miguel, professor da Universidade de Brasília.  Nessa linha, Miguel entende que a posição do vice-presidente tem sido “deliberadamente ambígua”. “O Temer está fazendo movimentos de zigue-zague, dá uma no cravo e outra na ferradura, dá um aceno à oposição e jura lealdade ao Governo no outro dia. Mas acho que ele e o PMDB estão esperando ver para onde o vento vai soprando e ficar ou como os fiadores de um Governo, que eles vão tutelando cada vez mais, ou como um plano B para, caso haja o impedimento da presidente”, avalia o professor da UnB.
No meio político, alguns avaliam da mesma maneira. “O Temer está igual caçador na floresta, só na espreita”, disse um congressista petista. “Se ele falar a que veio, de verdade, pode perder apoio de um ou de outro lado. Como é muito esperto, não vai fazer isso tão cedo”, afirmou um outro parlamentar do oposicionista PSDB.

Teses conspiratórias

Apesar das teorias conspiratórias, há quem acredite que Temer está apenas fazendo uma análise correta do momento político brasileiro. “Não vejo conspiração. Quando ele diz que alguém precisa unificar o país, ele está fazendo um alerta. Quando fala da dificuldade da Dilma cumprir o mandato, está falando a verdade. O Governo dela tem sido boicotado pela ‘cozinha’ do Palácio do Planalto. E o Temer enxerga isso”, pondera o cientista político e professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo Aldo Fornazieri.
Como diz o professor Miguel, da UnB, o que Temer quer mesmo é parecer contraditório. “É um político muito experiente e frio para fazer esses movimentos sem ser de maneira calculada”, conclui o especialista.

14/09/2015 07h10 - Atualizado em 14/09/2015 07h32 Atriz Betty Lago dispensou velório, segundo amigos Eles dizem que a atriz não queria que chorassem por ela. Atriz tinha 60 anos e morreu de câncer na madrugada deste domingo (13).

Amigos da atriz Betty Lago, que morreu aos 60 anos neste domingo, contam que ela dispensou o velório. Como mostrou o Bom Dia Rio desta segunda-feira (14), o pedido aconteceu porque Betty não gostaria que chorassem por ela. A ex-modelo lutava contra a doença desde março de 2012, quando foi diagnosticada com câncer na vesícula, após sentir fortes dores abdominais. 
Depois de uma cirurgia, Betty começou o tratamento com quimioterapia mas, em abril deste ano, a doença voltou. Ela morreu em casa, à 1h30. O corpo da atriz e ex-modelo será cremado nesta segunda-feira (14), às 17h, no Memorial do Carmo, Zona Norte do Rio.
Betty Lago começou a carreira trabalhando como modelo e fez carreira internacional por mais de 15 anos. Seu primeiro papel na TV foi na minissérie "Anos Rebeldes", de Gilberto Braga, em 1992. Na emissora, Betty também foi protagonista da novela "Quatro por Quatro".
Atriz betty Lago lutava contra um câncer na vesícula (Foto: Reprodução/Facebook)Betty Lago, em foto recente
(Foto: Reprodução/Facebook)
Na TV fechada, Betty estreou como apresentadora no programa GNT Fashion em 1995, no canal de mesmo nome. No GNT, ela também participou como debatedora dos programas "Saia Justa" e "Pirei – Com Betty Lago".
Atualmente, Betty estava participando da quarta temporada do programa "Desafio da Beleza, no Canal GNT, ao lado da modelo Mari Weickert e do maquiador Daniel Hernandez.
O trabalho mais recente da atriz em dramaturgia foi na novela "Pecado Mortal", da TV Record.
"E o dia amanheceu assim, triste e lindo ao mesmo tempo", postou Patty Lago, filha da atriz e ex-modelo no Instagram, na manhã deste domingo (13).
Já a apresentadora Lilian Pacce, do "GNT Fashion", escreveu: "Betty Lago querida, encontros, desencontros e reencontros. Fica em paz!".
Mariana Weickert lamentou a morte da companheira de programa e amiga: "Com o coração despedaçado pela despedida da minha amiga, minha parceira... A tua história, tua garra, teu astral e força de viver foram e sempre serão inspiradores. Descanse em paz, minha amiga!!!! Tudo muito triste, muito frágil, que loucura, né?! Lembrando aqui da tua risada fácil, das tuas brincadeiras e do teu coração doce. Feliz de mim que terei um pedacinho teu pra sempre aqui comigo.. Ao amigos e familiares, todo meu amor!".
"Foi um baque. Meu coração ainda está aos pulos. Betty o tempo todo tinha uma personalidade tão forte, tão transparente que impregnava o ambiente. A presença dela era um sol. Um calor e um desconforto. Era forte no humor, nas opiniões, na presença física. Foi uma experiência riquíssima no 'Saia Justa'", disse em entrevista à Globonews, a jornalista Monica Waldvogel, que trabalhou ao lado de Betty.
Betty Lago na novela 'Quatro por Quatro' (1994) (Foto: Divulgação/TV Globo)Betty Lago na novela 'Quatro por Quatro' (1994) (Foto: Divulgação/TV Globo)

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Mariana Weickert faz homenagem a Betty Lago (Foto: Reprodução/Instagram)Mariana Weickert faz homenagem a Betty Lago (Foto: Reprodução/Instagram)

Mercado prevê contração maior do PIB em 2015 e 2016 Analistas dos bancos reduziram estimativa de inflação para este ano. Para 2016, porém, previsão para o IPCA voltou a registrar aumento.

As previsões do mercado financeiro para o nível de atividade da economia brasileira pioraram para este ano e para 2016, segundo relatório de mercado do Banco Central, que é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Para inflação, a estimativa melhorou para 2015, mas registrou aumento para o ano que vem. O relatório focus foi divulgado nesta segunda-feira (14).
PREVISÕES PARA O PIB 2015
Em %
-1,27-1,3-1,35-1,45-1,49-1,5-1,5-1,7-1,76-1,8-1,97-2,01-2,06-2,26-2,44-2,55em %29/0505/0612/0619/0626/0603/0713/0717/0724/0731/0707/0814/0821/0828/0804/0911/09-2,75-2,5-2,25-2-1,75-1,5-1,25-1
Fonte: BCB
Para o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, os analistas passaram a estimar, na semana passada, uma retração de 2,55%. Foi a nona queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 2,44% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras passaram a prever uma contração de 0,60% na economia do país – na sexta revisão para baixo seguida. Na semana anterior, os analistas haviam estimado uma retração de 0,50% para a economia no próximo ano. Para se ter uma ideia, no início de 2015, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem.
Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948. O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou retração 1,9% no segundo trimestre de 2015, em relação aos três meses anteriores, e o país entrou na chamada "recessão técnica", que ocorre quando a economia registra dois trimestres seguidos de queda. De janeiro a março deste ano, o PIB teve baixa de 0,7% (dado revisado).
Inflação
A estimativa dos economistas dos bancos é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano de 2015 em 9,28% – na semana anterior, a taxa esperada era de 9,29%. Mesmo com a queda na previsão, se confirmada, representará o maior índice em 12 anos, ou seja, desde 2003 – quando somou 9,30%.
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PREVISÕES PARA O IPCA 2015
Em %
8,468,798,9799,049,129,159,239,259,329,329,299,289,299,28em %05/0612/0619/0626/0603/0713/0717/0724/0731/0707/0814/0821/0828/0804/0911/098,48,68,899,29,4
Fonte: BCB
Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras elevaram sua expectativa de inflação de 5,58% para 5,64% na última semana. Foi a sexta alta seguida do indicador – que continua se distanciando da meta central de 4,5% fixada para o ano que vem.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.
Taxa de juros
Após o Banco Central ter mantido os juros estáveis em 14,25% ao ano no começo de setembro, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa ficou estável em 12% ao ano - o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 avançou de R$ 3,60 para R$ 3,70 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio subiu de R$ 3,70 para R$ 3,80.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 8,9 bilhões para US$ 10 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit ficou estável em US$ 20 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 65 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte subiu de US$ 63,95 bilhões para US$ 64,90 bilhões.