O empresário Milton Pascowitch, preso durante a 13ª fase da Operação Lava Jato, na manhã desta quinta-feira (21), chegou à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, pouco antes das 18h. De acordo com a PF, ele atuava como elo entre a diretoria de Serviços da Petrobras e o Partido dos Trabalhadores (PT). O contato era feito por meio da JD Consultoria, de propriedade do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, conforme a Polícia Federal.
Ele foi preso em São Paulo e levado de carro para a capital paranaense. A fase mais recente da operação foi deflagrada nesta quinta em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e cumpriu seis mandados judiciais.
Segundo as investigações, Pascowitch era um dos operadores de propina no esquema da Petrobras. Ele atuava junto à Engevix, empreiteira com contratos com a estatal e que é acusada de pagar propinas a diretores. Por meio de empresa própria, Pascowitch pagou R$ 1,4 milhão à consultoria de Dirceu, que nega irregularidades.
"A única ligação entre Pascowitch e o Partido dos Trabalhadores que temos hoje é através do José Dirceu. A empresa de Milton fez pagamentos à JD entre 2011 e 2012", disse o delegado Igor Romário de Paula.
Milton Pascowitch fez o repasse por meio da Jamp Engenheiros Associados LTDA. De acordo com o ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, a Jamp era responsável por repassar propina paga pela construtora Engevix.
O ex-ministro José Dirceu reafirmou, em nota, que o contrato com a Jamp "teve o objetivo de prospectar negócios para a Engevix no Peru e não teve qualquer relação com contratos na Petrobras". O documento diz ainda que, durante a vigência do contrato, Dirceu viajou a Lima para tratar de interesses da Engevix, o que foi confirmado pelo ex-vice-presidente da construtora Gerson Almada em depoimento.
"Em seu depoimento à Justiça, Almada afirmou que nunca falou com o ex-ministro a respeito da Petrobras", diz a nota.
O G1 aguarda o posicionamento do PT sobre o assunto.
A PF sustenta que agora tem um novo foco de investigacão. Isso porque, Pascowitch, que presta serviços à Ecovix, empresa do ramo de construção naval e offshore (empresas de exploração petrolífera que operam com plataformas no mar), ligada à Engevix, atuou em contratos firmados com as diretorias de Exploração e de Serviços da estatal.
O empresário assinou contratos com um estaleiro e a diretoria de Exploração, que agora serão investigados. "Nós não tínhamos nada de concreto de que alguém tivesse atuado nesta diretoria, mas agora Pascowitch nos leva até lá através da Engevix", disse o delegado Igor Romário.
Mandados cumpridos
Milton Pascowitch estava em casa quando foi preso, em São Paulo. O empresário já havia prestado depoimento à PF em São Paulo na 9ª fase da operação. Ele deve chegar à carceragem da PF na tarde desta quinta.
Milton Pascowitch estava em casa quando foi preso, em São Paulo. O empresário já havia prestado depoimento à PF em São Paulo na 9ª fase da operação. Ele deve chegar à carceragem da PF na tarde desta quinta.
A PF ainda informou durante a coletiva que Henry Hoyer de Carvalho foi preso no Rio de Janeiro por portar três armas sem registro durante o cumprimento de um mandado de prisão na casa dele.
Carvalho é ex-assessor do ex-senador Ney Suassuna e é apontado como uma das pessoas que recebeu dinheiro do doleiro Alberto Youssef por intermédio do policial federal afastado Jayme Oliveira Filho. O policial disse que entregou dinheiro "duas ou três vezes" na casa de Carvalho.
Quarenta quadros de artistas renomados foram apreendidos na casa de José Adolfo Pascowitch, irmão de Pascowitch. Outros vinte e mais duas esculturas foram apreendidas na casa do empresário.
As obras de arte serão levadas para Curitiba para possivelmente serem expostas no Museu Oscar Niemeyer, como ocorreu com as demais apreendidas em outras fases da operação.
Ao todo, foram cumpridos seis mandados judiciais, sendo quatro de busca e apreensão, um de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento e um de prisão preventiva.
Esta fase da Lava Jato tem por objetivo apurar fatos criminosos atribuídos a dois operadores financeiros que atuavam junto a contratos firmados por empreiteiras com a Petrobras, segundo a PF. Dezesseis policiais participaram da ação.
Denúncia
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a empresa JD Consultoria, de propriedade do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, recebeu mais de R$ 1,4 milhão em pagamentos da Jamp Engenheiros Associados LTDA, que pertence a Milton Pascowitch.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a empresa JD Consultoria, de propriedade do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, recebeu mais de R$ 1,4 milhão em pagamentos da Jamp Engenheiros Associados LTDA, que pertence a Milton Pascowitch.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse aos investigadores que o empresário recebia propina para o PT vinda da empresa Engevix.
O vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, que cumpre prisão em regime domiciliar, afirmou em depoimento que, além de pedir doação de campanha para o PT, Milton Pascowitch intermediou o pagamento de propina da Engevix com a diretoria de Serviços da Petrobras, que era ocupada por Renato Duque. O ex-diretor está preso no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, no Paraná.