quinta-feira, 14 de maio de 2015

Chefe do Exército de Burundi reconhece que tentativa de golpe fracassou

Por Patrick Nduwimana
BUJUMBURA (Reuters) - O chefe do Exército de Burundi disse nesta quinta-feira que uma tentativa de golpe fracassou e forças leais ao presidente Pierre Nkurunziza estavam no poder.
O anúncio do general Prime Niyongabo aconteceu um dia após outro general dizer que havia destituído Nkurunziza por tentar um terceiro mandato presidencial, ato considerado inconstitucional. Tiros foram ouvidos na capital, Bjumbura.
O presidente, que estava na Tanzânia para um encontro de líderes africanos na quarta-feira quando a tentativa de golpe foi anunciada, pediu os burundineses que mantivesse a calma em uma mensagem publicada no site presidencial e em sua conta no Twitter.
Não houve confirmação oficial da localização precisa do presidente, que provocou mais de duas semanas de protestos após anunciar que iria tentar mais cinco anos no poder. No entanto, duas fontes tanzanianas disseram que ele ainda estava em Dar es Salaam.
"A tentativa de golpe fracassou, forças leais ainda estão controlando os pontos estratégicos", disse Niyangabo em declaração transmitida pela rádio estatal.
Na guerra civil de Burundi, que terminou em 2005, o Exército era comandado pela minoria tutsi, que lutou contra grupos rebeldes da maioria hutus, incluindo um grupo liderado por Nkurunziza. O Exército foi reformado deste então para absorver facções rivais, mas ainda existem pontos falhos.
 

Polícia Federal investiga Lula por atacar Aécio

PF investiga Lula por ataques a Aécio
Em comício em BH, Lula atacou o senador tucano Aécio Neves
A Polícia Federal (PF) em Minas vai interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio de carta precatória, em uma investigação eleitoral em que o petista é suspeito de ter cometido os crimes de calúnia, injúria e difamação contra o senador Aécio Neves (PSDB) na reta final da campanha de 2014. Os delitos teriam ocorrido num comício em prol da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, em 18 de outubro de 2014. Com o acirramento da campanha, Lula partiu para o ataque contra o tucano naquele dia.

O inquérito foi aberto em 9 de fevereiro em solicitação do procurador regional eleitoral, Patrick Salgado, com base em representação da coligação “Muda Brasil”, do PSDB e aliados. Como o ex-presidente não possui foro privilegiado, Salgado remeteu a investigação à promotora eleitoral Cláudia Ferreira de Souza que, por sua vez, pediu à PF a abertura do inquérito

Violência

No comício, Lula acusou Aécio de usar violência contra as mulheres. “A tática dele é a seguinte: vou partir para a agressão. Meu negócio com mulher é partir para cima agredindo”, discursou o ex-presidente, referindo-se ao tucano. Lula chamou Aécio de “filhinho de papai” e “vingativo”. Insinuou que o tucano tem o hábito de dirigir embriagado, pois teria se recusado a se submeter ao teste do bafômetro em uma blitz no Rio de Janeiro.

“Quando a Dilma perguntou do bafômetro, ele disse que não tinha carteira. Bafômetro não é para medir se tem carteira ou não. Bafômetro não cheira carteira de motorista. Cheira álcool”.

Ainda no palanque, o ex-presidente fez referência ao fato de Aécio ter sido assessor do pai, o ex-deputado federal Aécio Cunha.

Emprego

“Quem sabe qual foi o primeiro emprego do Aécio? O primeiro emprego foi assessor do pai que era deputado eleito por Belo Horizonte. E ele foi assessorar o pai em Minas, em Brasília? Não no Rio de Janeiro”, ressaltou.

Mais cedo, antes de Lula entrar no palanque, o mestre de cerimônias do comício leu uma carta de uma psicóloga que atribui a Aécio a prática de espancar mulheres e de uso de drogas, além de classificá-lo como “ser desprezível”, “cafajeste” e “playboy mimado”.

Depois, o rapper Flávio Renegado, que discursou já na presença de Lula e aliados disse que Aécio costumava fazer festinhas regadas a “pó royal”. Durante o discurso de Lula, grande parte da militância presente emplacou um grito de “Aécio cheirador”.

Inquérito foi aberto em 9 de fevereiro em solicitação do procurador regional eleitoral, Patrick Salgado

Procurador classifica como ‘grave’ denúncia contra petista

O procurador regional eleitoral, Patrick Salgado, do Ministério Público Federal (MPF) em Minas, classificou como séria a denúncia de crime eleitoral contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em comício, em BH, na reta final da campanha eleitoral do ano passado, Lula atacou duramente o senador tucano. Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) não estava presente naquele dia.

“Durante esse comício, segundo consta na representação, Luiz Inácio Lula da Silva teria imputado fatos ofensivos à reputação do então candidato à Presidência da República Aécio Neves, além de ter-lhe ofendido a dignidade e o decoro, situação que lhe causou danos à honra objetivo e subjetiva”, considerou Salgado.

Por fim, complementou: “os elementos constantes dos autos deveras sugerem a prática dos crimes de calúnia, difamação e injúria com finalidade eleitoral. O cenário alinhavado está a indicar a utilização de um evento público para ofender a honra do candidato adversário, visando realizar propaganda eleitoral negativa, prática que é altamente reprovável por ferir também a higidez do processo eleitoral”, escreveu o procurador.

Até a disputa presidencial de 2014, uma das mais acirradas do país, Lula e Aécio mantinham um relacionamento amistoso. No primeiro mandato de Lula, foram fotografados juntos em diversas oportunidades. No campo político, Aécio teria sido sondado por Lula para ser candidato a presidente, caso o tucano mudasse de partido.

Procurados nesta terça-feira (12), nenhum dos dois quis se posicionar sobre a investigação eleitoral.

Lula critica Dilma por condução do ajuste fiscal O ex-presidente disse a jovens sindicalistas considerar "um erro" o fato de a proposta que restringe o acesso ao seguro-desemprego ter sido incluída numa medida provisória, sem prévia negociação com as centrais sindicais

Em um evento fechado nessa terça-feira, 12, com jovens sindicalistas em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o modo como a presidente Dilma Rousseff está conduzindo a articulação do ajuste fiscal no Congresso.

Embora tenha defendido o pacote de reequilíbrio financeiro do governo, considerado por ele necessário, o ex-presidente classificou como "um erro" o fato de a proposta que restringe o acesso ao seguro-desemprego ter sido incluída numa medida provisória, sem prévia negociação com as centrais sindicais.

"Foi um erro ter feito isso (a mudança no seguro-desemprego) por medida provisória. Devia ter chamado o movimento sindical e feito um acordo", disse Lula após ser questionado sobre o assunto por um sindicalista.

No evento, que fechou o 8° Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula foi sabatinado durante duas horas e meia por jovens de até 32 anos.


A fala do ex-presidente ocorre pouco menos de uma semana após a aprovação pela Câmara dos Deputados da Medida Provisória 665 e às vésperas da votação da MP 664, que também faz parte do pacote do ajuste fiscal de Dilma e altera regras para acesso à pensão por morte e ao auxílio-doença. Alvo de críticas dos movimentos sindicais, tradicionalmente aliados ao PT, as medidas do ajuste fiscal têm causado desgaste do governo Dilma com sindicalistas.


A MP 665 estabelece que o seguro-desemprego só poderá ser solicitado pela primeira vez após 12 meses de trabalho. Pela segunda vez, a partir de nove meses, e pela terceira vez, com seis meses de trabalho. Antes, a primeira solicitação podia ser feita após seis meses de trabalho.

Votação

A coordenação política da presidente Dilma Rousseff aproveitou os holofotes voltados para a sabatina no Senado do advogado Luiz Edson Fachin, indicado para o Supremo Tribunal Federal, para tentar reverter defecções na base e costurar o apoio necessário para a aprovação, na Câmara, da MP 664 que endurece o acesso a benefícios previdenciários.

O governo centrou esforços nas bancadas do PP, PTB e PRB. O ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, se reuniu ontem com 29 integrantes do PP para tentar convencê-los a votar favoravelmente à medida provisória, que deve ser analisada hoje. Gabas disse que as mudanças já realizadas na proposta devem levar a uma redução de R$ 100 bilhões na economia que o governo pretendia ter com as novas regras em 15 anos.

O vice-presidente Michel Temer convocou líderes da base e ministros envolvidos no ajuste fiscal para uma reunião na manhã desta quarta-feira, 14, para tentar construir a maioria necessária. Em outra frente, o Palácio do Planalto avançou nas negociações para o loteamento dos cargos de segundo escalão
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Desconfianças dentro de governos dificulta execução de integração, diz Lula.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 13, que os países sul-americanos precisam superar divergências políticas e desconfianças para tornar o discurso integracionista em prática. "Precisamos transformar a retórica integracionista em coisas práticas. Nós somos muito mais otimistas em nossos discursos, muito mais esquerdistas e progressistas, e mais conservadores na execução dos nossos discursos no dia a dia", disse Lula em um evento realizado pelo instituto que leva seu nome em parceria com a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Lula relatou o caso da possível entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU como um exemplo em que as divergências regionais foram contraproducentes. Ele argumentou que a entrada do Brasil no conselho já era praticamente uma unanimidade e que a desconfiança de outros países sobre uma possível hegemonia do Brasil contribuiu para que a negociação não evoluísse. "Há essa disputa entre nós, um achando que o outro vai ter hegemonia sobre o outro. Enquanto a gente pensar assim, a gente vai andar muito pouco", avaliou.
O ex-presidente lembrou ainda episódios em décadas passadas que comprovariam a tese de desconfiança mútua e até de um racha entre Brasil e outros países da América Latina. Para Lula, o Brasil era visto como "inimigo" e por isso passou de costas para a região por 500 anos, assim como a região ficou de costas para o Brasil. Ele citou a construção da usina de Itaipu na década de 1970, que teve oposição da Argentina. "A Argentina argumentou que Itaipu era perigoso, que podia alagar Buenos Aires, ameaçaram o Brasil até com bomba atômica."
Lula disse que esses fatores culturais somados ao "complexo de vira-lata" de parte da direita ainda geram obstáculos à integração comercial na América do Sul. Para ele, essa parte da direita ainda "teima em dizer" que não vale a pena a relação com o Mercosul e com outros blocos regionais. "No Brasil, tem pessoas de direita que se consideram avançadas e dizem que a exportação de serviços para (a construção do) porto de Mariel em Cuba ou para o metrô em Caracas é dar dinheiro para os outros", disse.
Integração de Legislativos
O ex-presidente Lula criticou em seu discurso os entraves burocráticos a acordos internacionais entre países sul-americanos. Disse que certa vez o Brasil ia fechar um acordo para importar bananas do Equador, mas que houve um problema de regulação sanitária. "No Brasil a gente sempre tem um problema fitossanitário", reclamou, cobrando uma postura mais aberta. "Se todos os países quiserem só vender, a gente não tem integração de cadeia produtiva coisíssima nenhuma". Segundo o ex-presidente, a região já poderia ter avançado mais na cadeia produtiva de alimentos não fossem esses impasses. Ele citou também os setores naval e de aviação como alvos de acordos que poderiam estar mais adiantados.
Lula prometeu buscar os líderes legislativos no Brasil, presidente do Senado (Renan Calheiros) e da Câmara (Eduardo Cunha), para propor um encontro com lideranças das casas legislativas e partidárias de todos os países da região. Lula argumentou não ser possível que os acordos internacionais entrem "na fila normal dos projetos internos", o que leva a aprovação de um acordo bilateral, por exemplo, demorar anos para ser aprovada no Congresso. "Estou convencido que nossa preocupação com integração passa por maior integração política dos nossos dirigentes."
O ex-presidente disse considerar "lamentável" que disputas internas na região levem a um comportamento "de quem vai agradar mais aos Estados Unidos". Ele defendeu que se lute por uma maior integração no desenvolvimento tecnológico e nas trocas comerciais. "Temos que ficar menos na dependência do agrado que americanos podem fazer para gente." Ele abriu uma concessão para um país fora da região: a China.
Disse que gosta da ideia de países sul-americanos buscarem parcerias com o gigante asiático e afirmou não ver mal em conseguir investimento chinês via acordos bilaterais que cada país pode fazer de maneira independente com a China, mas ressalvou em tom de brincadeira que o País não precisa de importação de mão de obra. "Os chineses podem ajudar a resolver nossos problemas se cada país fizer acordo com eles. A única coisa que não precisa aqui é mais 'chinezinho', porque aqui já tem muito pobre para trabalhar."

Banco do Brasil tem lucro líquido de R$ 5,8 bilhões no 1º trimestre Aumento foi de 117,3% em relação ao mesmo período de 2014. Lucro no primeiro trimestre deste ano é recorde para o período.

O Banco do Brasil, maior banco do país em ativos, anunciou nesta quinta-feira (14) que teve lucro líquido de R$ 5,818 bilhões no primeiro trimestre, alta de 117,3% ante igual período de 2014.
Homem em frente filial do Banco do Brasil no Rio de Janeiro.  (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)Homem em frente filial do Banco do Brasil no
Rio de Janeiro. (Foto: REUTERS/Pilar Olivares)
Em bases recorrentes, o lucro do banco estatal somou R$ 3,025 bilhões no período, alta de 24,2% sobre um ano antes e praticamente em linha com a previsão média de analistas ouvidos pela agência Reuters de R$ 3,033 bilhões.
O lucro no primeiro trimestre deste ano é recorde para o período levando em conta o resultado dos bancos brasileiros, segundo pesquisa da consultoria Economatica.
O lucro do Banco do Brasil foi ainda maior do que o do Itaú Unibanco, que registrou ganhos de R$ 5,733 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Nos três últimos meses de 2014, o lucro havia sido de R$ 5,52 bilhões e no primeiro trimestre do ano passado, de R$ 4,419 bilhões.

Condenado outras vezes, Beira-Mar pega mais 120 anos de prisão Traficante foi julgado por comandar rebelião com mortes em Bangu. Ele acumula penas que somam agora quase 320 anos de prisão.

Traficante Fernandinho Beira-Mar dentro do tribunal (Foto: Erbs Jr. / Frame / Estadão Conteúdo)Traficante Fernandinho Beira-Mar à frente do advogado e das assistentes de defesa (Foto: Erbs Jr. / Frame / Estadão Conteúdo)
O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi condenado a 120 anos de prisão na madrugada desta quinta-feira (14) no Rio. Ele era acusado de ter liderado uma guerra de facções, em 2002, dentro do presídio de segurança máxima Bangu I, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, e respondia pelo assassinato de quatro pessoas.
Beira-Mar acumula agora penas que somam quase 320 anos de prisão - condenações anteriores de quase 200 anos de prisão, mais os 120 anos da sentença desta madrugada.
Após mais de 10 horas de julgamento, a  sentença foi lida na madrugada desta quinta pelo juiz Fábio Uchoa. O traficante foi condenado por quatro homicídios duplamente qualificados, por motivo torpe e sem dar chance de defesa às vítimas, que são os detentos Ernaldo Pinto Medeiros (Uê), Carlos Alberto da Costa (Robertinho do Adeus), Wanderlei Soares (Orelha) e Elpídio Rodrigues Sabino (Pidi). Para cada crime pegou 30 anos de cadeia.
Ao ser interrogado, Beira-Mar declarou inocência. “Eu cometi vários crimes. Nesse, eu sou inocente”, afirmou.
Eu cometi vários crimes. Nesse, eu sou inocente"
Fernandinho Beira-Mar
Segundo a acusação, Beira-Mar teria conseguido abrir caminho dentro do presídio para invadir a ala. O réu negou e disse que ouviu a confusão de longe e foi chamado depois pelos agentes penitenciários para "negociar" a paz dentro da cadeia, por ser considerado "tranquilo".
Ainda segundo o réu, ele ficava na ala A, junto com uma facção que também era distribuída pela ala C, de onde teria partido o ataque executado por 20 criminosos. Os quatro mortos, incluindo o traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, eram da segunda quadrilha, situada na ala D.
"O problema era entre as galerias C e D. Ouvimos tiros e pensamos que era fuga. Sabíamos que tinham tomado a cadeia. Nisso, todos correram. Só entrei na galeria depois do fato. Os inspetores chegaram a me pedir ajuda porque sabiam que eu era um cara tranquilo. Nem cheguei a entrar e o Celsinho [da Vila Vintém] já estava saindo [da galeria]", contou.
Acusação X defesa
A ausência de provas que comprovassem ser Beira-Mar o mandante da rebelião e dos assassinatos permeou todo o debate. O promotor Braúlio e a assistente de acusação Fabíola Lima se esforçaram para convencer os jurados de que o fato de o traficante ter sido o mediador que deu fim ao motim era o indício que o incriminava.
Seria surpreendente que aqui [tribunal] tivesse uma testemunha que depusesse contra ele [Beira-Mar]. Isso seria suicídio""
Fabíola Leite, assistente de acusação
Fabíola Lima chegou a dizer aos jurados que “seria surpreendente que aqui tivesse uma testemunha que depusesse contra ele. Isso seria suicídio”, enfatizou a promotora, destacando o perfil violento do traficante.

A defesa buscou desqualificar a acusação e chegou a debochar da atuação dos promotores. O advogado advertiu os jurados de que o Ministério Público se valia da “imagem construída pela mídia” sobre Beira-Mar. O defensor chegou a repetir que seu cliente é traficante assumido, mas que não teve participação no episódio ocorrido em Bangu.
“Este homem não vai sair daqui e ir pra casa não. Ele vai voltar para a prisão e ficar lá mais 30 anos. Mas vocês vão condená-lo a mais 120 anos de prisão só porque ele é o Fernandinho Beira-Mar?”, indagou o advogado aos jurados.
Testemunha é ex-rival
Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho, então traficante de uma facção dissidente à de Beira-Mar, foi interrogado como testemunha de defesa, antes de o réu ser chamado. Ele foi a única testemunha no júri. Ao ser inquirido, ele disse que tentou se proteger do ataque dos presos e que o Beira-Mar não estava junto. Ao ser encontrado, ouviu de traficantes rivais que não seria assassinado.
Celsinho da Vila Vintém provocou risos da plateia no jugamento (Foto: Brunno Dantas / TJ-RJ)Celsinho da Vila Vintém provocou risos da plateia
no jugamento (Foto: Brunno Dantas / TJ-RJ)
“Vim aqui, como testemunha dele, para pagar a dívida, por terem me deixado vivo”, afirmou, sob olhar e sinais de concordância de Beira-Mar.
Além de Uê, foram mortos na rebelião Carlos Alberto da Costa, o Robertinho do Adeus; Wanderlei Soares, o Orelha, e Elpídio Rodrigues Sabino, o Pidi.
Celsinho ironizou a qualidade da penitenciária durante uma das perguntas, em que Bangu 1 foi citado como "presídio de segurança máxima". "Segurança máxima é brincadeira, né?”, debochou, provocando risos.
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, manda beijo para familiares no 1º Tribunal do Júri no Fórum do Rio, no Centro da cidade. Ele afirmou ao júri que não ordenou as 4 mortes de traficantes rivais, ocorridas durante a rebelião em 2002 (Foto: Fernando Souza/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)Beira-Mar acenou e mandou beijos para familiares que acompanharam o julgmaneto no 1º Tribunal do Júri no Fórum do Rio, no Centro da cidade. (Foto: Fernando Souza/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Traficante 'autônomo'
Beira-Mar, que sempre foi apontado como líder da facção que comandou a rebelião, afirmou ao júri não pertencer a facção alguma. No depoimento, disse que era "autônomo" e que vendia drogas para várias quadrilhas, inclusive para a que foi atacada.
Sempre que a promotoria enfatizava que ele orquestrou a rebelião, ele balançava a cabeça negativamente de forma enfática. Com semblante sempre compenetrado, ele acompanhou atentamente cada fala da acusação. Por vezes, consultou o código penal, para conferir artigos citados pela acusação.

Júri de 5 mulheres e 2 homens
Já condenado a cerca de 200 anos de prisão por crimes diversos, o traficante voltou ao banco dos réus nesta quarta para enfrentar o júri popular composto por cinco mulheres e dois homens.

A sessão começou com mais de duas horas de atraso, às 15h20, devido à ausência de uma das testemunhas de defesa, que acabou dispensada. Outras oito testemunhas, todas de acusação, foram dispensadas pelo Ministério Público.
Por volta das 13h, horário previsto para o início da sessão, houve tumulto devido ao grande número de pessoas que desejava entrar no tribunal. Estagiários de direito, advogados, jornalistas e parentes do réu – para os quais Beira-Mar mandou beijos – estavam entre os que queriam acompanhar o julgamento (veja no vídeo ao lado).
Segurança custou R$ 120 mil
O traficante chegou ao Fórum ainda pela manhã, às 10h15, de helicóptero. Por motivos de segurança, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e as polícias Federal e Militar não divulgaram o efetivo usado no esquema, que custou R$ 120 mil.
Em nota, o Depen informou que "não se pronuncia sobre questões referentes a operações antes do término da missão". Dentro do tribunal ficaram dois PMs e cinco agentes do Depen.
Luiz Fernando da Costa, o traficante Fernandinho Beira-Mar, chega ao 1º Tribunal do Júri no Fórum do Rio de Janeiro. Pelo menos 200 agentes penitenciários e policiais trabalham na segurança do julgamento. Beira-Mar é acusado do homicídio de membros rivais (Foto: Severino Silva/Agência o Dia/Estadão Conteúdo)Fernandinho Beira-Mar foi levado ao Fórum do Rio em um helicóptero blindado (Foto: Severino Silva/Agência o Dia/Estadão Conteúdo)

Quase 200 anos de condenação
A última vez em que Beira-Mar se viu diante de um júri popular foi em 2013, quando foi condenado a 80 anos de prisão pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio.

De acordo com o Tribunal de Justiça, só no Rio de Janeiro Beira-Mar já tinha tem nove condenações em execução antes do júri desta quarta, somando 133 anos e 6 meses de prisão. Há ainda outros processos em andamento, inclusive na Justiça Federal, por lavagem de dinheiro, contrabando e associação para o tráfico internacional de drogas.

O traficante possui ainda condenações em outros estados, como no Paraná, com 29 anos e 8 meses, no Mato Grosso, com 15 anos, e em Minas Gerais, 11 anos. Com isso, a pena total, em todo o país chega a 189 anos e 2 meses.

O traficante está preso desde 2002. Ele passou pelo presídio de Catanduvas, no Paraná e, desde 2012, está em um presídio federal em Porto Velho (RO), de onde foi trazido ao Rio para o júri desta quarta.
Beira-Mar se declarou8 inocente no julgamento (Foto: Brunno Dantas / TJ-RJ)Beira-Mar se declarou inocente no julgamento (Foto: Brunno Dantas / TJ-RJ)

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Quem será que está procurando a família e convencendo a delatar " denunciar alguém por sua culpabilidade em algum crime" ? " Ela." Não é normal tanta delação!

O Dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, viajou para Brasília nesta quarta-feira (13) para assinar acordo de delação premiada com o Ministério Público na Operação Lava Jato. O empresário é apontado pelo MP como chefe de um cartel de empresas que pagava propina para fraudar licitações e obter contratos superfaturados na Petrobras (veja ao final desta reportagem a lista de quem já fechou acordo de delação premiada na Lava Jato).
Pessoa deixou o aeroporto e foi para o prédio da Procuradoria-Geral da República. Ele foi preso em novembro do ano passado, junto com executivos e empresários, na sétima fase da Lava Jato. Desde o mês passado, cumpre prisão domiciliar em São Paulo e é monitorado por tornozeleira eletrônica.
A colaboração do empresário com as investigações vinha sendo negociada há meses. Após a assinatura, o acordo de delação premiada deverá ser submetido ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, para homologação.
A delação premiada está sendo negociada diretamente com a Procuradoria-Geral da República porque envolve autoridades com foro privilegiado, como ministros e parlamentares, que só podem ser investigados pelo STF.
Na noite desta terça-feira (12), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ofício ao juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato na primeira instância, solicitando autorização para o deslocamento do executivo a Brasília. No pedido, Janot diz que Pessoa iria à capital federal para "a prática de atos instrumentais aos inquéritos” relacionados ao caso.
"Não reputo necessário o aporte de escolta policial, nem tampouco providência correlata me foi solicitada pelos advogados. Limito-me a solicitar as providências necessárias para o monitoramento eletrônico do deslocamento”, escreveu Janot no documento.
Ainda na noite desta terça, Sergio Moro informou estar ciente do deslocamento de Pessoa para Brasília.
"Sobreveio comunicação a este Juízo de que a Procuradoria-Geral da República ouvirá Ricardo Ribeiro Pessoa na sede da PGR/MPF, em Brasília/DF, na data de amanhã, 13/05/2015”, registrou.

Segundo o MPF, as empresas ajustavam previamente qual delas iria sagrar-se vencedora das licitações, manipulando os preços apresentados no certame.
Acusação

De acordo com a denúncia do MPF, a UTC fazia parte do "clube" de empreiteiras que sistematicamente, e em acordo prévio, frustravam licitações de grandes obras da Petrobras.
No processo, o MPF cita como investigada a contratação da UTC, em consórcio, para obra no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo a investigação, não houve licitação para contratação.
Veja a lista de quem já firmou acordo de delação premiada na Lava Jato:
1. Lucas Pacce Jr. - operador de câmbio
2. Paulo Roberto Costa - ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
3. Marici da Silva Azevedo Costa - mulher de Paulo Roberto Costa
4. Shanni Azevedo Costa Bachmann - filha de Paulo Roberto Costa
5. Ariana Azevedo Bachmann - filha de Paulo Roberto Costa
6. Márcio Lewkowicz - genro de Paulo Roberto Costa
7. Humberto Sampaio de Mesquita - genro de Paulo Roberto Costa
8. Alberto Youssef - doleiro
9. Júlio Camargo - executivo da Toyo Setal
10. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto - ex-dirigente da Toyo Setal
11. Pedro Barusco Filho - ex-gerente de Serviços da Petrobras
12. Rafael Ângulo Lopez - funcionário da GDF Investimentos, empresa de Youssef
13 Shinko Nakandakari - engenheiro ligado às empresas Galvão Engenharia , EIT Engenharia e Contreiras, segundo o Ministério Público
14. Eduardo Hermelino Leite - vice-presidente da Camargo Corrêa
15. Dalton dos Santos Avancini - presidente da Camargo Corrêa
16. Ricardo Pessoa - dono da UTC
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