quarta-feira, 6 de maio de 2015

06/05/2015 21h45 - Atualizado em 06/05/2015 22h25 Em sessão tumultuada, Câmara aprova texto-base de MP do ajuste MP torna mais rígidas regras de acesso a seguro-desemprego. Sessão teve agressão entre deputados e 'dólares' jogados por sindicalistas.

Em uma sessão tumultuada, com agressões entre deputados e retirada de sindicalistas do plenário, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (6) o texto-base da MP 665, que endurece as regras de acesso ao seguro-desemprego. Os deputados ainda analisarão destaques e emendas que visam modificar o texto.
Conforme acordo feito pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com líderes partidários, duas propostas de alteração da MP serão votadas nominalmente nesta noite. Outros destaques e emendas serão analisados em sessão nesta quarta (7).
Considerada pelo governo como necessária para o ajuste fiscal que visa reequilibrar as contas públicas, a medida provisória 665 foi editada em dezembro de 2014 pela presidente Dilma Rousseff juntamente com a MP 664, que restringe o acesso à pensão por morte – a 664 foi aprovada nesta terça em comissão especial e deverá ser votada depois da 665.                       
A aprovação do texto principal da proposta na Câmara só se tornou viável depois que a bancada do PT oficializou em nota que “fechou questão” em defesa das medidas provisórias de ajuste fiscal. A posição mais “enfática” do partido era uma reivindicação do PMDB, que temia levar sozinho o ônus político por viabilizar o endurecimento das regras de obtenção de benefícios previdenciários.

Após a aprovação da MP, parlamentares em plenário começaram a cantar: “PT pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”.

Conforme os registros de votação da Câmara, 54 dos 64 deputados da bancada do PT votaram a favor da medida provisória. Um petista, o deputado Welinton Prado (MG-SP), votou contra a MP, outros nove parlamentares da bancada não registraram voto. Eles precisarão apresentar atestado médico para comprovar a necessidade de ausência ou terão a remuneração referente a esta terça (6) cortada.
O texto-base aprovado pelos deputados é o relatório do senador Paulo Rocha (PT-PA), votado no dia 29 de abril pela comissão especial criada para analisar matéria. A proposta é mais branda que a versão original da MP, já que estabelece prazos menores para a concessão do seguro-desemprego.
Pelo texto aprovado pela Câmara, o trabalhador terá direito ao seguro-desemprego se tiver trabalhado por pelo menos 12 meses nos últimos dois anos. O prazo inicial proposto pelo governo era de 18 meses. Antes, o trabalhador precisava de apenas seis meses.
Para poder pedir o benefício pela segunda vez, o projeto estipula que o trabalhador tenha nove meses de atividade. Antes, esse prazo exigido era de seis meses de trabalho, e o governo queria ampliar para 12 meses. A proposta mantém a regra prevista na MP (seis meses) se o trabalhador requisitar o benefício pela terceira vez.
Em relação ao abono salarial, o texto prevê que o trabalhador que recebe até dois salários mínimos deverá ter trabalhado por três meses para ter direito ao benefício. O texto do Executivo exigia seis meses.
O abono salarial equivale a um salário mínimo vigente e é pago anualmente aos trabalhadores que recebem remuneração mensal de até dois salários mínimos. Atualmente o dinheiro é pago a quem tenha exercido atividade remunerada por, no mínimo, 30 dias consecutivos ou não, no ano.
O texto aprovado na Câmara mantém o pagamento ao empregado que comprovar vínculo formal de no mínimo 90 dias no ano anterior ao do pagamento. Paulo Rocha explicou que a regra seguirá a mesma linha de pagamento do 13º salario. Por exemplo, quem trabalhou um mês ou cinco meses receberá respectivamente 1/12 e 5/12 do abono, explicou o senador.
Para o seguro-defeso, pago ao pescador durante o período em que a pesca é proibida, o foi mantida a regra vigente antes da edição da medida provisória- o pescador necessita ter ao menos um ano de registro na categoria. A intenção do governo era aumentar essa exigência para três anos.
Com relação ao abono salarial, foi mantido o pagamento ao empregado que comprovar vínculo formal de no mínimo 90 dias no ano anterior ao do pagamento. Paulo Rocha explicou que a regra seguirá a mesma linha de pagamento do 13º salario. Por exemplo, quem trabalhou um mês ou cinco meses receberá respectivamente 1/12 e 5/12 do abono, explicou o senador.
Sindicalistas
Sindicalistas da Força Sindical ocuparam as galerias durante as primeiras horas de votação da medida provisória, mas foram retirados do recinto depois de jogar dezenas de papéis que imitam cédulas de dólar e gritaram palavras de ordem contra o PT.
Os papéis jogados pelos sindicalistas trazem imagens da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em cada cédula, há a foto de um dos três políticos, com a palavra “PETRO DÓLAR”.
Entre as palavras de ordem gritadas pelos sindicalistas estava: “Fora, PT” e  “trabalhador unido jamais será vencido”. Após a retirada, por seguranças, dos manifestantes do plenário, Cunha retomou a sessão de votação da medida provisória. No entanto, pouco depois uma discussão entre três deputados gerou nova suspensão.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) manifestava seu posicionamento sobre a medida provisória quando o deputado Roberto Freire (PPS-SP) tocou o colega com as mãos pelas costas. Silva reagiu: "Não toque em mim, não toque em mim". Em seguida, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que estava ao lado de ambos, criticou Freire e o acusou de tê-la empurrado.
Em meio à confusão que se formou no plenário, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) foi a um dos microfones, contestou a acusação da deputada e disse que “mulher que bate como homem, tem que apanhar como homem também".
Ninguém pode se prevalecer da posição de mulher para querer agredir quem quer que seja. E eu digo sempre que mulher que participa da política e bate como homem, tem que apanhar como homem também. É isso mesmo, presidente"
Deputado Alberto Fraga (DEM-DF)
"Ninguém pode se prevalecer da posição de mulher para querer agredir quem quer que seja. E eu digo sempre que mulher que participa da política e bate como homem, tem que apanhar como homem também. É isso mesmo, presidente", afirmou Fraga, o que gerou tumulto em plenário e a suspensão da sessão por mais alguns minutos.
Jandira Feghali afirmou aos jornalistas, posteriormente, que vai protocolar requerimento contra Fraga por quebra de decoro parlamentar e que avalia processá-lo judicialmente.
Discussão
A previsão era de que a MP 665 fosse votada nesta terça (5), mas, em uma manobra que surpreendeu o PT, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inverteu a pauta do plenário para analisar antes da PEC da Bengala, proposta de emenda à Constituição que eleva de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória de ministros de tribunais superiores.
Durante a discussão da PEC, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), anunciou que o partido não mais apoiaria as chamadas MPs do ajuste fiscal. A decisão, segundo ele, foi motivada pelo pronunciamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cadeia nacional de rádio e TV, em que o petista criticou a aprovação pelos deputados do projeto de lei que regulamenta contratos de terceirização.
A avaliação do peemedebista era de que PT e governo “posam” de defensores do trabalhador, enquanto pedem que a base aliada aprovem propostas que restringem direitos previdenciários. Após o posicionamento do PMDB, os deputados petistas realizaram uma reunião nesta quarta-feira (6) e divulgaram nota oficial oficializando o fechamento de questão em torno das medidas provisórias.
“Fechamos questão no apoio integral aos PLVs da 665 e 664. É um interesse hoje do país, pelas razões que já foram apresentadas, a necessidade do ajuste na economia”, anunciou o líder do PT, Sibá Machado (AC), da tribuna da Câmara. Enquanto discursava, o petista foi vaiado por sindicalistas presentes às galerias da Casa. O líder do governo, José Guimarães (CE), e o presidente da Câmara pediram silêncio aos manifestantes.
Guimarães também subiu à tribuna para destacar que o governo apoia as medidas de restrição aos benefícios previdenciários previstas nas MPs. “O governo quer votar a matéria, o governo tem interesse em colocar suas digitais. Não há problema nenhum entrarmos em debate de mérito sobre a importância dessa medida.”
Já a oposição utilizou instrumentos previstos no regimento para postergar ao máximo a votação. Para PPS, DEM e PSDB, as medidas provisórias prejudicam o trabalhador. O deputado Bruno Araújo (PSDB-CE) questionou a ausência de sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores, sindicato que fez uma grande mobilização contra o projeto de lei que regulamenta terceirização- proposta apoiada pela oposição e pelo PMDB, mas criticada pelo PT.
“A CUT traz uma cota pequena de seus sindicalizados. Aliás, não se ouve a CUT. Vamos assumir uma posição enfática contra a medida provisória. Queremos ver a CUT nas ruas. Essa posição é de verdade ou de mentirinha?”, questionou.
“Estamos tirando dinheiro do trabalhador brasileiro para cobrir o rombo fiscal do país”, criticou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).

CRISE NA VENEZUELA » “Dilma é sensível para questões de direitos humanos e prisão injusta” No Brasil, mulheres de políticos venezuelanos presos se reúnem com FHC e irão a Brasília

Tintori e Mitzy com Fernando Henrique. / REPRODUÇÃO/TWITTER
“Sabemos que a presidenta [Dilma Rousseff] é sensível para a questão dos direitos humanos, das torturas e da prisão injusta... [Temas] Que ela conhece tão bem”. As palavras de Lilian Tintori, mulher do opositor venezuelano Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular e preso há um ano e três meses acusado de tentativa de golpe por Nicolás Maduro, remetem ao passado da petista, detida e torturada durante a ditadura militar. Tintori e Mitzy de Ledezma, mulher do prefeito de Caracas Antonio Ledezma, preso em fevereiro deste ano, estão no Brasil para chamar atenção para o caso. Para isso, contam com o apoio de políticos do PSDB, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador paulista, Geraldo Alckmin, com quem se encontraram nesta terça-feira, e com os holofotes que esperam atrair em Brasília. Na quinta, falarão na Comissão de Relações Exteriores do Senado,  em audiência pública quinta. É lá que esperam que deputados da oposição as ajudem a constranger o Governo Dilma, a quem julgam estar fazendo menos do que pode para libertar seus maridos
Os dois políticos presos são acusados de conspirar contra o Governo de Maduro, no entanto seus advogados alegam que nenhuma prova concreta foi apresentada no processo, e que as prisões são arbitrárias. Eles teriam assinado um manifesto contra o presidente, que vem sendo usado pela promotoria como principal evidência dos crimes. Contra López pesa ainda a acusação de ter ajudado a inflamar os violentos protestos contra o Governo em 2014, que terminaram com dezenas de mortos. A ONU e vários líderes – como o vice-presidente americano Joe Biden – defendem a libertação dos políticos: de acordo com Tintori, atualmente existem “98 presos políticos” em seu país. “Eles estão detidos por pensar diferente do regime de Maduro. Querem eliminar a oposição. Não podemos ter democracia sem oposição”, afirmou após encontro com o governador Alckmin, que as chamou de “guerreiras”. Mais cedo, as duas se reuniram com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC se uniu à iniciativa do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González de defender os políticos presos venezuelanos. González prepara viagem para Caracas em 17 de maio, e o ex-presidente tucano estuda acompanhá-lo. O PSDB tem condenado abertamente o Governo de Maduro pelas prisões e acusa o Governo Dilma de ser omisso no caso. O PT tem cerrado filas ao lado dos chavistas, enquanto o Itamaraty e o Planalto têm feito críticas veladas, mas insistem que a mediação por meio da Unasul está funcionando para baixar as tensões. A declaração do Governo brasileiro mais comemorada pelos críticos de Maduro veio da própria presidenta,durante a Cúpula das Américas, em abril: “Não pensamos que a melhor relação com a oposição seja prender quem quer que seja”, afirmou Dilma em entrevista à CNN.
Esperamos ser recebidas por todos que respeitam os direitos humanos, a democracia e a liberdade”
As duas seguem amanhã para Brasília, onde devem ser recebidaspelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além de participar da audiência na Comissão de Relações Exteriores. Elas esperam ainda conseguir uma audiência com Dilma. “Esperamos ser recebidas por todos que respeitam os Direitos Humanos, a democracia e a liberdade”, afirmou Tintori. A mulher de López, no entanto, fez questão de elogiar a postura de Dilma com relação às prisões no país: “Agradecemos enormemente as palavras que pronunciou a presidenta [Dilma Rousseff] na Cúpula das Américas. Ela pediu a libertação dos presos políticos na Venezuela".
Em seu discurso após o encontro, Alckmin afirmou que “a democracia é um compromisso de todos nós, aliás no Mercosul há uma cláusula que é a cláusula democrática. Para integrar o Mercosul há que ter o compromisso com o exercício da democracia, e não há democracia sem contraditório”. A Venezuela ingressou no bloco econômico apenas em 2012. No Senado brasileiro, que teve que ratificar a inclusão do novo país-membro, o PSDB votou contra.

Conservadores têm 1 ponto de vantagem na véspera de eleição britânica, diz pesquisa TNS

LONDRES (Reuters) - O Partido Conservador britânico, de situação, tem um ponto de vantagem para o Partido Trabalhista, de oposição, um dia antes da eleição geral no país, de acordo com pesquisa TNS divulgada nesta quarta-feira.
O apoio aos conservadores está em 33 por cento, queda de 1 ponto em relação ao levantamento da semana passada, enquanto os trabalhistas também perderem 1 ponto, passando a 32 por cento.
Os liberais-democratas, parceiros dos conservadores na coalizão governista, ficaram com 8 por cento; o Ukip, contra a União Europeia, com 14 por cento; e os Verdes com 6 por cento.
"Com o dia da votação logo à frente, as pesquisas sugerem que trabalhistas e conservadores estão em um empate", disse Michelle Harrison, chefe de pesquisa política e social do TNS.
(Reportagem de Estelle Shirbon)
 

Cidades registram panelaço durante programa do PT na televisão Propaganda do partido foi ao ar às 20h30 desta terça. Ato convocado por redes sociais ocorreu em ao menos 18 estados e DF.

Gritos, vaias e batidas de panelas foram ouvidos na noite desta terça-feira (5) durante o programa partidário apresentado pelo Partido dos Trabalhadores na televisão das 20h30 às 20h40 (horário de Brasília). Os protestos foram convocados pelas redes sociais e aconteceram em ao menos 18 estados (AM, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MT, PB, PE, PA, PI, PR, RJ, RN, RS, SC, SP) mais o Distrito Federal, segundo relatos ouvidos pelo G1 até as 21h25.

No programa, o PT disse que vai expulsar integrantes do partido se forem condenados pela Justiça (assista).

Em março, outros "panelaços" foram registrados como protesto: no dia 8, durante discurso da presidente Dilma Rousseff em rede nacional; no dia 15, durante entrevista coletiva dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral); e no dia 16, no momento em que o Jornal Nacional veiculava reportagens sobre a presidente Dilma.

Ao G1, o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, comentou o "panelaço" e ressaltou que, enquanto a propaganda da legenda ia ao ar, o tópico "tô na luta pelo Brasil", proposto pela legenda e replicado por internautas, estava entre o assuntos mais publicados no Twitter. "Enquanto parte deles batia panelas, a gente colocava a hastag 'TôNaLutaPeloBrasil' nos Trending Topics (do Twitter)", declarou o vice-presidente do PT.

Veja abaixo vídeos do panelaço desta terça:

Espírito Santo:

Rio Grande do Sul:
 Bahia:

Estado Islâmico tenta colocar seu selo no atentado no Texas Grupo terrorista chama de “soldados do califado” os dois autores do ataque nos EUA

Agentes retiram o cadáver de um dos autores do atentado no Texas. / LAURA BUCKMAN (REUTERS)
Apesar de ainda não terem fornecido provas, o autoproclamado Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque de domingo no Texas contra uma exposição de caricaturas de Maomé, que terminou com a morte dos dois agressores jihadistas e um segurança ferido. Através da Al Bayan, sua estação de rádio pela Internet, os terroristas afirmaram que “dois soldados do califado” foram os responsáveis pelo ataque em Garland, cidade próxima à Dallas.

Não é a primeira vez que um ataque jihadista acontece no território dos Estados Unidos. Mas seria um marco histórico o fato de o Estado Islâmico ter planejado e dirigido a ação, além de somente assumir a autoria com claros fins propagandísticos para sua causa.A mensagem do EI terminou com uma ameaça aos Estados Unidos: “Os próximos ataques serão mais duros e brutais. Esse futuro está próximo”. O comunicado do grupo terrorista também mencionou Elton Simpson, de 30 anos, e Nadir Soofi, de 34, os atiradores mortos após abrirem fogo contra o público do concurso de caricaturas sobre o profeta, como “irmãos” do EI.
Apesar do ataque, da ótica dos agressores, ter sido um fracasso, já que os dois homens estão no necrotério e não ocorreram outras vítimas fatais, para o EI é uma vitória causar pânico no coração do Texas e mandar aos norte-americanos a mensagem de que não estão seguros em suas casas.
Questionado na habitual entrevista coletiva diária da Casa Branca se o Estado Islâmico havia desembarcado nos EUA, o porta-voz de Barack Obama declarou que não estava preparado para afirmar algo desse tipo, mas que a Administração estava vigilante. “Precisamos saber mais para poder confirmar essa pergunta”, disse Josh Earnest. Julgando pelo ocorrido no Texas, não resta dúvida de que a ideologia do Estado Islâmico está presente no país. Em Washington, o secretário de Segurança Nacional, Jeh Johnson, afirmou na segunda-feira em um comunicado que as autoridades estavam investigando os motivos do ataque e se os agressores possuíam ligações com o terrorismo internacional.
Mesmo com o fracasso do ataque, é uma vitória para o EI causar pânico no coração do Texas e mandar aos norte-americanos a mensagem de que não estão seguros em seus lares
Existem vestígios de que pelo menos um deles era simpatizante do EI. Pouco antes do ataque, Simpson escreveu no Twitter com ahashtag #texasattack: “Que Alá nos aceite como mujahidin”. Ao mesmo tempo, o jovem, nascido nos EUA, mas convertido ao islamismo, pediu aos seus seguidores que prestassem atenção aos preceitos do EI. Pouco depois do atentado, os divulgadores do EI declararam que “Alá era grande” e que “dois irmãos” dispararam contra os infiéis.
O FBI investigou Simpson anteriormente, mas não fez o mesmo com Soofi. A polícia lacrou o apartamento de Simpson em Phoenix, onde parece que Soofi também morava. As informações sobre este último são confusas. Enquanto sua suposta página do Facebook diz que ele se formou em Islamabad (Paquistão) em 1998, um primo afirma que Soofi nasceu nos Estados Unidos e estudou na Universidade de Utah.
A exposição de domingo foi organizada pelo grupo Iniciativa para a Defesa da Liberdade Americana, também conhecida como Fim da Islamização da América. Por conta do ataque de janeiro contra o jornal satírico Charlie Hebdo, os organizadores do concurso decidiram gastar 10.000 dólares (30.550 reais) a mais para reforçar a segurança do evento. Simpson e Soofi pretendiam atacar o local do concurso pouco antes do fechamento das portas, às 19h (21h de Brasília). Quando tentaram abrir caminho atirando contra os primeiros agentes uniformizados que encontraram, um deles, um policial de trânsito, disparou contra os terroristas, matando-os na hora. Na terça-feira, suas famílias preparavam os funerais, nos quais seus corpos não estarão presentes.

JOSÉ MUJICA | EX-PRESIDENTE DO URUGUAI » “A corrupção mata a esquerda, é inexplicável isso no Brasil”

José Mujica
Pepe Mujica, na segunda-feira, em Buenos Aires. / DAVID FERNÁNDEZ (EFE)
Foi guerrilheiro a metade de sua vida, passou 15 anos na prisão, viveu na montanha, na clandestinidade, e agora diz que está velho e não sabe como estará dentro de cinco anos para voltar a concorrer à presidência do Uruguai. Mas, escutando José Mujica, ninguém diria que o político está no fim de sua carreira. Enérgico, influente como poucos na região, atento a tudo e a todos, Mujica viajou a Buenos Aires para lançar o livro sobre seu período na presidência, "Uma Ovelha Negra ao Poder", de Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, que ainda não foi lançado no Brasil.
Pergunta. Viaja agora para a Espanha para reencontrar suas origens bascas. Fechou o círculo?
Há uma estagnação da esquerda latino-americana, mas direita não dá respostas
Resposta. Sim, agora vou para Muxica, para lembrar a família do meu pai. E, depois, a uma cidadezinha da Itália, perto de Gênova, onde está a família da minha mãe. Vou porque estou entrando numa idade que, se não for agora, não vou mais.
P. Dizem que o senhor vai voltar a ser presidente do Uruguai, que continua sendo referência.
R. Continuo sendo referência, mas não sei como vou estar dentro de cinco anos! Tenho 80, pensar nos 85 é corajoso, não?
P. O senhor se interessa pela Espanha. O Podemos atribuiu sua inspiração à esquerda latino-americana. Vê semelhanças?
Tenho que falar com as pessoas das FARC, há dificuldades, mas nunca estivemos tão perto
R. Parece que, quando as pessoas passam por uma profunda crise como a da Espanha, o melhor é que as tensões possam ser canalizadas politicamente. O fato de a crise da Espanha ter produzido uma coisa como o Podemos me parece o mais saudável. É um fenômeno mais maduro. E por isso mais manejável. Imaginemos uma França que se fecha, que não quer nada com a União Europeia, com os negros. Aonde vamos? Por isso aposto sempre na política.

MAIS INFORMA

P. A política está mudando?
R. A crise da política apenas acentua o individualismo. Prefiro que as pessoas não estejam com a esquerda, mas que estejam com a política. Pagaria esse preço. A antipolítica é aventureirismo ou fascismo. Prefiro a política conservadora, mas a política.
P. Tem medo do populismo?
O fato de a crise espanhola ter produzido uma coisa como o Podemos me parece o mais saudável
R. Tenho medo dos sem partido, os que não respondem a nenhuma disciplina. Os partidos são o primeiro elemento de controle que os indivíduos têm. Seja o PP, o socialismo, Podemos. Mas é algo coletivo. Mas, cuidado, se o populismo é luta para elevar o nível de vida das pessoas ou as políticas de igualdade, muitos podem cometer esse pecado. A fronteira disso é quando as medidas tomadas paralisam a economia, porque você quer dividir tanto, que no final rompe o interesse no trabalho e no investimento. Se você matar isso, não tem para dividir. Eu chamaria isso de populismo.
P. Está falando da Venezuela?
R. A Venezuela tem a desgraça do petróleo. O país mais roubado da América Latina. Como pode andar uma sociedade em que uma garrafa de água custa mais do que um litro de gasolina?
P. O senhor recomendou a Maduro que não prenda os oposicionistas?
R. Acho que há um interesse em ir preso na Venezuela. É uma técnica, é a forma de lutar da oposição. Induzem o Governo a passar dos limites. Com isso criam uma contradição internacional notável, e esses bobos caem. Eu disse isso a eles. É um erro.
A oposição venezuelana induz o Governo a passar dos limites, e esses bobos caem
P. As pessoas protestam e se distanciam da política no Brasil, no Chile, por causa da corrupção. As novas gerações são mais exigentes?
R. Temos um flagelo interior de caráter ético. Quando o afã de fazer dinheiro se mete dentro da política, isso mata a nós da esquerda. Por que a corrupção prolifera tanto? Parece sensato que pessoas de 60, 70 anos se sujem com pesos imundos? Sabem que têm pouca vida pela frente! A questão de ter dinheiro para ser alguém pode ser uma ferramenta de progresso no mundo do comércio, onde há riscos empresariais, mas, quando se insere na política, estamos fritos. Isso aconteceu na Itália, em parte na Espanha. É inexplicável isso no Brasil. E aqui na Argentina o vice-presidente está sendo processado.
P. No livro diz que no Brasil parecer impossível fazer política sem ceder à corrupção.
R. A democracia moderna é muito cara. O Brasil é muito grande, tem Estados que são como países. Ali há partidos locais, e o que conquista o Governo nacional tem de negociar com eles. Aí começa tudo.
P. Vem uma época difícil para a esquerda latino-americana?
R. Não sabemos. A direita também não está dando muitas respostas, não acho que possa fazer maravilhas. Acho que estamos em um momento de retrocesso da esquerda na Europa e certo grau de estancamento na América Latina.
P. Como alguém que foi guerrilheiro vive a aproximação entre EUA e Cuba?
Será preciso ver o efeito da "magia da mercadoria", de que falava Trotsky, quando entrar em Cuba
R. Era um resquício da guerra fria, é preciso acabar com isso. Nos EUA muita gente acredita que isso vai levar a mudanças na sociedade cubana, e os cubanos acham que vão resistir. A história vai decidir. Os cubanos têm um ponto forte: mandam milhares de médicos para o exterior e o grau de deserção é mínimo. Poderão resistir? Não sei, porque será preciso ver o efeito da entrada em Cuba da "magia da mercadoria", nas palavras de Trotsky.
P. Está mediando o conflito da Colômbia?
R. Não estou mediando nada. Mas tenho que ter uma conversa com esse pessoal das FARC pelas dificuldades na negociação. Não lhe posso dizer nada porque, do contrário, estou queimando tudo. Mas tenho de falar.
P. Está otimista?
Hoje é possível fazer um Governo passar bastante mal sem disparar um tiro
R. Nunca se esteve tão perto. Vale a pena resistir. Manter um conflito in aeternum não é estratégia para nada. A geografia colombiana é de terror. Perseguir as FARC nessas montanhas é infinito. A guerrilha poderá não triunfar, mas acabar com eles é impossível. É a guerra ucrônica, permanente. O presidente Santos tem boa fé, mas há resistência dentro e eu gostaria de ver se quem está representando as FARC nas negociações em Cuba é obedecido em todo o campo das FARC. Quando alguém está com as armas na mão a política passa pela mira. É um problema que os homens armados sempre têm. Tendemos a ver a estratégia política através das armas, desconfiamos dos demais.
P. O senhor é a prova de que se pode chegar ao poder depois de deixar as armas.
R. Eu, sim, mas conheço as doenças. Custa muito às organizações armadas ter capacidade política para negociar. Mas entramos em outra época. Com o avanço tecnológico, a guerra é uma ilusão de ótica que a tecnologia dirime. Nada tem a ver com o heroísmo. Submeter-se a que te matem por controle remoto... Hoje é possível fazer os Governos passarem bastante mal sem disparar um tiro. Não é preciso ir para a serra.

Líder do PMDB na Câmara diz que não votará MP 665 nesta quarta

(Reuters) - O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que o partido não votará nesta quarta-feira a medida provisória 665, que trata de direitos trabalhistas como o seguro-desemprego e faz parte do ajuste fiscal promovido pelo governo.
"Não votaremos a MP 665 amanhã (quarta), não mais, até que o PT nos explique o que quer. Se for o caso, feche questão para votação das matérias do ajuste fiscal", disse o deputado na noite de terça-feira, de acordo com a Agência Câmara Notícias.
"Se não for assim, não contem conosco. Se há dúvidas e se o país não precisa desse remédio amargo, não vamos empurrar essa conta no trabalhador", acrescentou.
Segundo a agência, parlamentares do PMDB procuraram Picciani por terem ficado desconfortáveis em apoiar a medida após a propaganda partidária do PT na noite de terça, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os direitos dos trabalhadores ao criticar o projeto de lei da terceirização, que também tramita no Congresso.
"Vamos seguir a orientação do ex-presidente Lula: vamos combater a retirada do direito dos trabalhadores", disse Picciani, de acordo com a Agência Câmara Notícias.
A votação da MP 665 estava prevista para terça-feira, mas foi adiada. Em seu lugar a Câmara votou e aprovou a chamada PEC da Bengala, que aumenta para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), reduzindo o poder de escolha da presidente Dilma Rousseff na futura composição da corte.
A MP 665 faz parte do pacote de ajuste fiscal que vem sendo promovido pelo governo. As medidas têm sido alvos de críticas de centrais sindicais, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, que avaliam que tiram direitos dos trabalhadores.
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (PT-AC), disse na terça-feira que a bancada do partido vai votar a favor das MPs do ajuste fiscal.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)