quarta-feira, 6 de maio de 2015

Estado Islâmico tenta colocar seu selo no atentado no Texas Grupo terrorista chama de “soldados do califado” os dois autores do ataque nos EUA

Agentes retiram o cadáver de um dos autores do atentado no Texas. / LAURA BUCKMAN (REUTERS)
Apesar de ainda não terem fornecido provas, o autoproclamado Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque de domingo no Texas contra uma exposição de caricaturas de Maomé, que terminou com a morte dos dois agressores jihadistas e um segurança ferido. Através da Al Bayan, sua estação de rádio pela Internet, os terroristas afirmaram que “dois soldados do califado” foram os responsáveis pelo ataque em Garland, cidade próxima à Dallas.

Não é a primeira vez que um ataque jihadista acontece no território dos Estados Unidos. Mas seria um marco histórico o fato de o Estado Islâmico ter planejado e dirigido a ação, além de somente assumir a autoria com claros fins propagandísticos para sua causa.A mensagem do EI terminou com uma ameaça aos Estados Unidos: “Os próximos ataques serão mais duros e brutais. Esse futuro está próximo”. O comunicado do grupo terrorista também mencionou Elton Simpson, de 30 anos, e Nadir Soofi, de 34, os atiradores mortos após abrirem fogo contra o público do concurso de caricaturas sobre o profeta, como “irmãos” do EI.
Apesar do ataque, da ótica dos agressores, ter sido um fracasso, já que os dois homens estão no necrotério e não ocorreram outras vítimas fatais, para o EI é uma vitória causar pânico no coração do Texas e mandar aos norte-americanos a mensagem de que não estão seguros em suas casas.
Questionado na habitual entrevista coletiva diária da Casa Branca se o Estado Islâmico havia desembarcado nos EUA, o porta-voz de Barack Obama declarou que não estava preparado para afirmar algo desse tipo, mas que a Administração estava vigilante. “Precisamos saber mais para poder confirmar essa pergunta”, disse Josh Earnest. Julgando pelo ocorrido no Texas, não resta dúvida de que a ideologia do Estado Islâmico está presente no país. Em Washington, o secretário de Segurança Nacional, Jeh Johnson, afirmou na segunda-feira em um comunicado que as autoridades estavam investigando os motivos do ataque e se os agressores possuíam ligações com o terrorismo internacional.
Mesmo com o fracasso do ataque, é uma vitória para o EI causar pânico no coração do Texas e mandar aos norte-americanos a mensagem de que não estão seguros em seus lares
Existem vestígios de que pelo menos um deles era simpatizante do EI. Pouco antes do ataque, Simpson escreveu no Twitter com ahashtag #texasattack: “Que Alá nos aceite como mujahidin”. Ao mesmo tempo, o jovem, nascido nos EUA, mas convertido ao islamismo, pediu aos seus seguidores que prestassem atenção aos preceitos do EI. Pouco depois do atentado, os divulgadores do EI declararam que “Alá era grande” e que “dois irmãos” dispararam contra os infiéis.
O FBI investigou Simpson anteriormente, mas não fez o mesmo com Soofi. A polícia lacrou o apartamento de Simpson em Phoenix, onde parece que Soofi também morava. As informações sobre este último são confusas. Enquanto sua suposta página do Facebook diz que ele se formou em Islamabad (Paquistão) em 1998, um primo afirma que Soofi nasceu nos Estados Unidos e estudou na Universidade de Utah.
A exposição de domingo foi organizada pelo grupo Iniciativa para a Defesa da Liberdade Americana, também conhecida como Fim da Islamização da América. Por conta do ataque de janeiro contra o jornal satírico Charlie Hebdo, os organizadores do concurso decidiram gastar 10.000 dólares (30.550 reais) a mais para reforçar a segurança do evento. Simpson e Soofi pretendiam atacar o local do concurso pouco antes do fechamento das portas, às 19h (21h de Brasília). Quando tentaram abrir caminho atirando contra os primeiros agentes uniformizados que encontraram, um deles, um policial de trânsito, disparou contra os terroristas, matando-os na hora. Na terça-feira, suas famílias preparavam os funerais, nos quais seus corpos não estarão presentes.

JOSÉ MUJICA | EX-PRESIDENTE DO URUGUAI » “A corrupção mata a esquerda, é inexplicável isso no Brasil”

José Mujica
Pepe Mujica, na segunda-feira, em Buenos Aires. / DAVID FERNÁNDEZ (EFE)
Foi guerrilheiro a metade de sua vida, passou 15 anos na prisão, viveu na montanha, na clandestinidade, e agora diz que está velho e não sabe como estará dentro de cinco anos para voltar a concorrer à presidência do Uruguai. Mas, escutando José Mujica, ninguém diria que o político está no fim de sua carreira. Enérgico, influente como poucos na região, atento a tudo e a todos, Mujica viajou a Buenos Aires para lançar o livro sobre seu período na presidência, "Uma Ovelha Negra ao Poder", de Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, que ainda não foi lançado no Brasil.
Pergunta. Viaja agora para a Espanha para reencontrar suas origens bascas. Fechou o círculo?
Há uma estagnação da esquerda latino-americana, mas direita não dá respostas
Resposta. Sim, agora vou para Muxica, para lembrar a família do meu pai. E, depois, a uma cidadezinha da Itália, perto de Gênova, onde está a família da minha mãe. Vou porque estou entrando numa idade que, se não for agora, não vou mais.
P. Dizem que o senhor vai voltar a ser presidente do Uruguai, que continua sendo referência.
R. Continuo sendo referência, mas não sei como vou estar dentro de cinco anos! Tenho 80, pensar nos 85 é corajoso, não?
P. O senhor se interessa pela Espanha. O Podemos atribuiu sua inspiração à esquerda latino-americana. Vê semelhanças?
Tenho que falar com as pessoas das FARC, há dificuldades, mas nunca estivemos tão perto
R. Parece que, quando as pessoas passam por uma profunda crise como a da Espanha, o melhor é que as tensões possam ser canalizadas politicamente. O fato de a crise da Espanha ter produzido uma coisa como o Podemos me parece o mais saudável. É um fenômeno mais maduro. E por isso mais manejável. Imaginemos uma França que se fecha, que não quer nada com a União Europeia, com os negros. Aonde vamos? Por isso aposto sempre na política.

MAIS INFORMA

P. A política está mudando?
R. A crise da política apenas acentua o individualismo. Prefiro que as pessoas não estejam com a esquerda, mas que estejam com a política. Pagaria esse preço. A antipolítica é aventureirismo ou fascismo. Prefiro a política conservadora, mas a política.
P. Tem medo do populismo?
O fato de a crise espanhola ter produzido uma coisa como o Podemos me parece o mais saudável
R. Tenho medo dos sem partido, os que não respondem a nenhuma disciplina. Os partidos são o primeiro elemento de controle que os indivíduos têm. Seja o PP, o socialismo, Podemos. Mas é algo coletivo. Mas, cuidado, se o populismo é luta para elevar o nível de vida das pessoas ou as políticas de igualdade, muitos podem cometer esse pecado. A fronteira disso é quando as medidas tomadas paralisam a economia, porque você quer dividir tanto, que no final rompe o interesse no trabalho e no investimento. Se você matar isso, não tem para dividir. Eu chamaria isso de populismo.
P. Está falando da Venezuela?
R. A Venezuela tem a desgraça do petróleo. O país mais roubado da América Latina. Como pode andar uma sociedade em que uma garrafa de água custa mais do que um litro de gasolina?
P. O senhor recomendou a Maduro que não prenda os oposicionistas?
R. Acho que há um interesse em ir preso na Venezuela. É uma técnica, é a forma de lutar da oposição. Induzem o Governo a passar dos limites. Com isso criam uma contradição internacional notável, e esses bobos caem. Eu disse isso a eles. É um erro.
A oposição venezuelana induz o Governo a passar dos limites, e esses bobos caem
P. As pessoas protestam e se distanciam da política no Brasil, no Chile, por causa da corrupção. As novas gerações são mais exigentes?
R. Temos um flagelo interior de caráter ético. Quando o afã de fazer dinheiro se mete dentro da política, isso mata a nós da esquerda. Por que a corrupção prolifera tanto? Parece sensato que pessoas de 60, 70 anos se sujem com pesos imundos? Sabem que têm pouca vida pela frente! A questão de ter dinheiro para ser alguém pode ser uma ferramenta de progresso no mundo do comércio, onde há riscos empresariais, mas, quando se insere na política, estamos fritos. Isso aconteceu na Itália, em parte na Espanha. É inexplicável isso no Brasil. E aqui na Argentina o vice-presidente está sendo processado.
P. No livro diz que no Brasil parecer impossível fazer política sem ceder à corrupção.
R. A democracia moderna é muito cara. O Brasil é muito grande, tem Estados que são como países. Ali há partidos locais, e o que conquista o Governo nacional tem de negociar com eles. Aí começa tudo.
P. Vem uma época difícil para a esquerda latino-americana?
R. Não sabemos. A direita também não está dando muitas respostas, não acho que possa fazer maravilhas. Acho que estamos em um momento de retrocesso da esquerda na Europa e certo grau de estancamento na América Latina.
P. Como alguém que foi guerrilheiro vive a aproximação entre EUA e Cuba?
Será preciso ver o efeito da "magia da mercadoria", de que falava Trotsky, quando entrar em Cuba
R. Era um resquício da guerra fria, é preciso acabar com isso. Nos EUA muita gente acredita que isso vai levar a mudanças na sociedade cubana, e os cubanos acham que vão resistir. A história vai decidir. Os cubanos têm um ponto forte: mandam milhares de médicos para o exterior e o grau de deserção é mínimo. Poderão resistir? Não sei, porque será preciso ver o efeito da entrada em Cuba da "magia da mercadoria", nas palavras de Trotsky.
P. Está mediando o conflito da Colômbia?
R. Não estou mediando nada. Mas tenho que ter uma conversa com esse pessoal das FARC pelas dificuldades na negociação. Não lhe posso dizer nada porque, do contrário, estou queimando tudo. Mas tenho de falar.
P. Está otimista?
Hoje é possível fazer um Governo passar bastante mal sem disparar um tiro
R. Nunca se esteve tão perto. Vale a pena resistir. Manter um conflito in aeternum não é estratégia para nada. A geografia colombiana é de terror. Perseguir as FARC nessas montanhas é infinito. A guerrilha poderá não triunfar, mas acabar com eles é impossível. É a guerra ucrônica, permanente. O presidente Santos tem boa fé, mas há resistência dentro e eu gostaria de ver se quem está representando as FARC nas negociações em Cuba é obedecido em todo o campo das FARC. Quando alguém está com as armas na mão a política passa pela mira. É um problema que os homens armados sempre têm. Tendemos a ver a estratégia política através das armas, desconfiamos dos demais.
P. O senhor é a prova de que se pode chegar ao poder depois de deixar as armas.
R. Eu, sim, mas conheço as doenças. Custa muito às organizações armadas ter capacidade política para negociar. Mas entramos em outra época. Com o avanço tecnológico, a guerra é uma ilusão de ótica que a tecnologia dirime. Nada tem a ver com o heroísmo. Submeter-se a que te matem por controle remoto... Hoje é possível fazer os Governos passarem bastante mal sem disparar um tiro. Não é preciso ir para a serra.

Líder do PMDB na Câmara diz que não votará MP 665 nesta quarta

(Reuters) - O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que o partido não votará nesta quarta-feira a medida provisória 665, que trata de direitos trabalhistas como o seguro-desemprego e faz parte do ajuste fiscal promovido pelo governo.
"Não votaremos a MP 665 amanhã (quarta), não mais, até que o PT nos explique o que quer. Se for o caso, feche questão para votação das matérias do ajuste fiscal", disse o deputado na noite de terça-feira, de acordo com a Agência Câmara Notícias.
"Se não for assim, não contem conosco. Se há dúvidas e se o país não precisa desse remédio amargo, não vamos empurrar essa conta no trabalhador", acrescentou.
Segundo a agência, parlamentares do PMDB procuraram Picciani por terem ficado desconfortáveis em apoiar a medida após a propaganda partidária do PT na noite de terça, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os direitos dos trabalhadores ao criticar o projeto de lei da terceirização, que também tramita no Congresso.
"Vamos seguir a orientação do ex-presidente Lula: vamos combater a retirada do direito dos trabalhadores", disse Picciani, de acordo com a Agência Câmara Notícias.
A votação da MP 665 estava prevista para terça-feira, mas foi adiada. Em seu lugar a Câmara votou e aprovou a chamada PEC da Bengala, que aumenta para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), reduzindo o poder de escolha da presidente Dilma Rousseff na futura composição da corte.
A MP 665 faz parte do pacote de ajuste fiscal que vem sendo promovido pelo governo. As medidas têm sido alvos de críticas de centrais sindicais, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, que avaliam que tiram direitos dos trabalhadores.
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (PT-AC), disse na terça-feira que a bancada do partido vai votar a favor das MPs do ajuste fiscal.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)

Câmara conclui votação em segundo turno da 'PEC da Bengala' Texto eleva para 75 anos idade para aposentadoria de ministros do STF. Com a proposta, Dilma perderá possibilidade de indicar 5 novos ministros.

A Câmara dos Deputados concluiu nesta terça-feira (5), em segundo turno, a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que eleva de 70 para 75 anos a idade para a aposentadoria compulsória de ministros de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU), a chamada "PEC da Bengala". A matéria já havia sido aprovada pelo Senado em dois turnos e ficou parada na Câmara por quase uma década.

Com a conclusão da votação em segundo turno, a proposta será promulgada pelo Congresso Nacional. A aprovação foi concluída após a rejeição, por 350 votos contra 125 e 10 absteções, de um destaque do PT que retirava trecho do texto-base da PEC.

A nova regra de aposentadoria compulsória serve para ministros do TCU, Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Superior Tribunal Militar (STM).

A aprovação da PEC representa uma derrota ao governo, que é contrário ao texto porque vai tirar da presidente Dilma Rousseff o direito de indicar cinco novos magistrados para o STF até o final do seu segundo mandato.

Até 2018, cinco ministros terão completado 70 anos: Celso de Mello (novembro de 2015); Marco Aurélio Mello (julho de 2016); Ricardo Lewandowski (maio de 2018); Teori Zavascki (agosto de 2018); e Rosa Weber (outubro de 2018).
Destaque
O destaque que começou a ser discutido após a aprovação do texto-base, mas foi rejeitado, retirava do texto da PEC o trecho que estabelece que os 75 anos valem para membros do Tribunal de Contas da União e de tribunais superiores.

Na prática, caso o destaque fosse aprovado, não seria especificado para quem a idade máxima para a aposentadoria compulsória seria aplicada. Segundo o vice-líder do PT Alessandro Molon, a aprovação do destaque exigiria que uma lei posterior regulamentasse a aplicação da elevação da idade para a aposentadoria compulsória. A ideia, segundo Molon, era estender para todo o funcionalismo público a idade de 75 anos.

Mudança na pauta
A decisão de colocar a PEC da Bengala em votação nesta terça surpreendeu parlamentares do PT. A previsão era de que o plenário analisasse uma das medidas provisória do ajuste fiscal, a MP 665, que endurece as regras de acesso ao seguro-desemprego.

No entanto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu inverter a pauta e aproveitar o alto quórum de deputados em plenário para votar a proposta de emenda à Constituição. Da tribuna da Casa, o vice-líder do PT Alessandro Molon (RJ) criticou a PEC, com o argumento de que ela irá “engessar” os tribunais superiores.
“Não há democracia estável e madura que tenha prolongado o prazo de 70 anos. As democracias estáveis caminham para colocar mandato. Um ministro do Supremo deveria ter um mandato limitado a 10, 8 anos. Teremos um supremo congelado, engessado, sem ter ideias novas”, afirmou,

Já o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) defendeu que é preciso valorizar a experiência de magistrados que têm mais de 70 anos. “É uma PEC que respeita a sabedoria de um homem e uma mulher de 70 anos, em vez de declará-los imprestáveis. Quantos de vocês têm mais de 70 anos? Essa votação é suprapartidária, é a favor do Brasil”, disse.

Investigações sobre Lula e marqueteiro aumentam desgaste do PT

Lula da Silva, em um ato pelo Dia do Trabalho em São Paulo. / VICTOR MORIYAMA (GETTY IMAGES)
O Partido dos Trabalhadores vive dias turbulentos. Depois do processo da Lava Jato, que constatou um esquema de corrupção na Petrobras, desta vez, é o ex-presidente Lula e o marqueteiro das campanhas eleitorais de Dilma Rousseff, João Santana, que estão sob a mira dos agentes fiscalizadores. A Procuradoria Geral da República, em Brasília, abriu no último dia 21 o que no mundo jurídico se chama notícia de fato, uma investigação preliminar sobre o papel do ex-presidente Lula nos negócios fechados no exterior pela empreiteira Odebrecht.
Um dos procuradores do núcleo de Combate à Corrupção do órgão entrou com uma representação, anexando matérias publicadas na imprensa, para levantar se há indícios de tráfico de influência na atuação do ex-presidente junto a governos internacionais, entre 2011 e 2014, para facilitar as parcerias com a Odebrecht em outros países na execução de obras de infraestrutura. “Ainda não há prova nenhuma, e isso não foi convertido em investigação”, explica Mirella Aguiar, procuradora responsável por avaliar o processo e decidir se ele tem consistência para se transformar numa investigação de fato. Ela tem até o dia 20 de maio para decidir sobre o andamento do processo, ou arquivá-lo, inclusive.
O assunto foi levantado este final de semana pela revista semanal Época, em reportagem que questionou as viagens de Lula, custeadas pela Odebrecht, a países como Gana ou República Dominicana, onde a empresa depois fechou contratos de execução de obras, financiadas posteriormente pelo BNDES, o banco público que financia obras de infraestrutura, inclusive no exterior. Se for alvo de inquérito formal, tanto as viagens para o exterior, que mostram o contato de Lula com líderes de outros países, como o eventual papel do ex-presidente para a liberação de crédito à Odebrecht, poderiam ser objeto de avaliação da PGR.
Em outra frente, a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal abriu inquérito sobre o publicitário João Santana. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o objetivo é apurar a suspeita de que ele teria trazido ao Brasil 16 milhões de dólares, oriundos de Angola, em 2012, no que poderia ser uma operação de lavagem de dinheiro para beneficiar o PT, segundo o jornal. Santana atuou, naquele ano, em duas campanhas eleitorais: em São Paulo, para o então candidato Fernando Haddad, que venceu o pleito para prefeito da capital, e em Angola, onde assessorou o partido MPLA, cujo então candidato, José Eduardo dos Santos, venceu as eleições presidenciais. De acordo com a Folha, o dinheiro devido em Angola pode ter sido pago por empreiteiras que atuavam naquele país ao marqueteiro a título de custear a campanha de Haddad. 
As duas versões foram contestadas, tanto por Lula quanto por Santana. Na página do Instituto Lula, em texto intitulado “As sete mentiras da capa da Época sobre Lula”, a assessoria do ex-presidente rebate o conteúdo da reportagem, lembrando que faz e fez palestras promovidas por empresas, nacionais e internacionais, “remunerado, como outros ex-presidentes que fazem palestras”. “Como é de praxe, as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem”, afirma.
A assessoria de Lula diz ainda que a revista criminaliza e partidariza a questão do financiamento pelo BNDES de empresas brasileiras na exportação de serviços. “É importante notar que esse financiamento começou antes de 2003, ou seja, antes do governo do ex-presidente Lula.”
Santana, por sua vez, publicou na página da sua agência, a Pólis Propaganda contratos de prestação de serviço, valores e documentos de pagamentos recebidos tanto pela campanha em Angola como pelo PT, em São Paulo, incluindo notas fiscais e recibos de transferência de recursos do exterior, para comprovar que não houve pagamento cruzado, ou seja, o dinheiro da campanha eleitoral angolana não foi utilizada para custear a campanha de Haddad. “Isso não ocorreu, como está cabalmente provado nos itens anteriores desta nota”, diz o texto, lembrando que o que está na Polícia Federal é “um procedimento investigatório preliminar”, afirma.
As duas acusações podem até vir a ser arquivadas, mas dão combustível aos parlamentares de oposição, que trabalham parasangrar o Governo de Dilma Rousseff, inclusive com a ameaça constante de pedidos de impeachment. No caso da denúncia contra Lula, o assunto está servindo de pretexto para aumentar a pressão no Congresso por uma Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES. O cientista político Carlos Melo observa que a pauta política no Brasil está contaminada por uma espécie de "vingança" contra Dilma e o PT, depois da campanha eleitoral de 2014. A presidenta não foi perdoada por ter pregado um clima terror sobre o que aconteceria com a economia caso seus adversários fossem eleitos. Agora seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aplica receituário similar ao que Rousseff rejeitava em campanha. “É um clima de uma eleição que ainda não acabou”, diz Melo. “Mistura-se um clima de ressentimento com elementos de desconfiança que a operação Lava Jato deixou”, afirma.
Melo diz que em política, errar tem um peso, mas mentir tem outro muito maior. E a comunicação na campanha foi interpretada como uma sucessão de mentiras.
A dificuldade da presidenta mostrar-se como uma liderança capaz de unir o Brasil agrava a sua crise, acredita Melo. “Todos estão com o PT preso na garganta”, diz ele. A economia próspera seria o antídoto perfeito para começar a fazer as pazes com o país, mas assim como o PT, a presidenta não saiu da tempestade perfeita para manter sua popularidade em baixa.

Francis Ford Coppola distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Artes Ler mais: http://visao.sapo.pt/francis-ford-coppola-distinguido-com-o-premio-princesa-das-asturias-das-artes=f818771#ixzz3ZMCFP5Zf

Oviedo, 06 mai (Lusa) - O realizador norte-americano Francis Ford Coppola foi distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Artes, anunciou hoje a organização em Oviedo, Espanha.
É a primeira vez que o prémio passa a denominar-se "Princesa das Astúrias" - anteriormente era "Príncipe das Astúrias" - em honra da atual herdeira da coroa espanhola, Leonor de Borbón, filha dos reis de Espanha.
Francis Ford Coppola, 76 anos, é um "narrador excecional", um realizador "visionário e renovador", uma figura "imprescindível para entender a transformação e as contradições da indústria" do cinema, afirmou o júri em comunicado.


Ler mais: http://visao.sapo.pt/francis-ford-coppola-distinguido-com-o-premio-princesa-das-asturias-das-artes=f818771#ixzz3ZMCAz54z

À CPI, Costa critica 'hipocrisia' de doações eleitorais - Diário do Grande ABC

À CPI, Costa critica 'hipocrisia' de doações eleitorais - Diário do Grande ABC