terça-feira, 21 de abril de 2015

Trezentos quilogramas de marfim apreendido roubados de um tribunal no Gabão Ler mais: http://visao.sapo.pt/trezentos-quilogramas-de-marfim-apreendido-roubados-de-um-tribunal-no-gabao=f817188#ixzz3XwdwIu3a

Libreville, 21 abr (Lusa) -- Trezentos quilogramas de marfim com origem na caça furtiva de elefantes foram roubados do tribunal de Oyem, no norte do Gabão, onde estavam armazenados há vários meses, segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês).
"Os ladrões entraram num tribunal local no norte do Gabão (...) e roubaram 300 quilogramas de marfim confiscado", ou seja, o equivalente a presas de 50 elefantes, indicou a organização de defesa do ambiente, num comunicado citado pela agência France Presse.
O marfim tinha sido apreendido, juntamente com numerosas armas ilegais, durante operações contra a caça furtiva nos últimos meses e devia ser enviado nos próximos dias para um entreposto situado na capital, Libreville, referiu a ONG, que afirma que "o marfim e as armas se encontram mais uma vez nas mãos de criminosos (...) que podem colocar o marfim no mercado negro".


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Líder do Estado Islâmico gravemente ferido O autointitulado califa, Abu Bakr al-Baghdadi, ficou gravemente ferido num ataque aéreo em março, assegura o "The Guardian", que cita uma fonte com ligações à organização terrorista. Ler mais: http://expresso.sapo.pt/lider-do-estado-islamico-gravemente-ferido=f920875#ixzz3Xwdc7UEy

O líder do autodenominado Estado Islâmico (Daesh) ficou gravemente ferido num ataque aéreo em março no ocidente do Iraque, junto à fronteira com a Síria, noticia o "The Guardian". Enquanto recupera dos ferimentos, o autointitulado califa, Abu Bakr al-Baghdadi, não controla as operações desta organização terrorista, assegura o jornal britânico.
Segundo uma fonte com ligações ao Daesh contactada pelo "The Guardian", os ferimentos sofridos por Baghdadi chegaram a pôr em risco em sua vida, mas atualmente já está em recuperação. Os principais responsáveis pelo grupo radical islâmico chegaram a reunir de emergência para nomear um novo líder.


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Jornal da Carolina do Sul ganha Pulitzer por serviço público; NYT vence por cobertura do Ebola Reuters

Fotojornalista australiano Daniel Berehula ganha prêmio Pulitzer de Fotografia
Fotojornalista australiano Daniel Berehula ganha prêmio Pulitzer de Fotografia
Foto: Reuters
Por Ellen Wulfhorst
NOVA YORK (Reuters) - O jornal The Post and Courier, de Charleston, na Carolina do Sul (EUA), venceu o prestigioso Prêmio Pulitzer na categoria serviço público pela série de reportagens sobre violência doméstica contra mulheres, intitulada "Till Death Do Us Part" (Até Que a Morte Nos Separe).
O jornal The New York Times venceu nas categorias reportagem internacional e fotográfica pela cobertura da epidemia de Ebola na África Ocidental, e o St. Louis Post-Dispatch recebeu o Pulitzer de fotografia pelos confrontos de Ferguson, em Missouri.
Os prêmios Pulitzer, concedidos anualmente pela Universidade de Columbia, foram anunciados nesta segunda-feira. As premiações destacam o trabalho na área jornalística, literatura, drama, entre outras categorias nos Estados Unidos.
Outros homenageados incluem a equipe do jornal The Seattle Times pela cobertura de um desabamento fatal, o jornal The Wall Street Journal por "Medicare Unmasked" (Medicare Desmascarado), e a repórter do Washington Post Carol Leonnig pela cobertura de falhas de segurança no Serviço Secreto.
O prêmio na categoria ficção ficou com "All the Light We Cannot See" (Toda Luz Que Não Podemos Ver), de Anthony Doerr, publicado no Scribner.

Quanto vale uma vida humana, por Gustl Rosenkranz

Em certos momentos, não consigo ser tolerante. E neste momento não tenho nenhuma tolerância em relação à indiferença da Europa e do mundo com o que está acontecendo no Mar Mediterrâneo: a morte de pessoas que estão fugindo de guerra, fome e diversos conflitos. Desesperadas, tentando salvar as próprias vidas, muitos tentam atravessar o mar para entrar na Europa, já que não há alternativa, não há uma forma legal. Em barcos não apropriados para a travessia, chegar à Europa é uma questão de sorte, sorte que muitos não têm. Há gente morrendo afogada e a Europa, que tanto prega a proteção da dignidade humana, não reage devidamente, nega-se a salvar essas vidas e a massa, o povo, a geração Facebook não está nem aí, já que são “somente” africanos.
QUANTO VALE UMA VIDA HUMANA?
Sim, são “somente” africanos. Mas será que a vida deles não tem o mesmo valor que a vida de um europeu? Não, não tem! Há pouco tempo, caiu um avião alemão nos Alpes. O mundo inteiro ficou chocado, comovido e solidário, nas mídias não se falava de outra coisa. E agora? Agora não sinto a mesma empatia, o mesmo interesse. E vou até mais longe: se algum jovem alemão (ou francês, ou inglês…), filhinho de papai, irresponsável, entrasse no mar com uma prancha de surf, por estar entediado, só por falta do que fazer, e fosse engolido pelas ondas, estariam todos falando disso e já haveria helicópteros, navios e tudo possível procurando pelo imprudente. Mas salvar a vida de refugiados? Só hoje foram 700! Mas,e daí? E daí é que uma vida humana não tem o mesmo valor, pois sempre depende de quem se trata. Pois é, desta vez foram “só” africanos. Nada de tão importante. Assustador, não?
MAIS TEMPO PARA FUTEBOL QUE PARA UMA CATÁSTROFE HUMANA
Hoje morreram 700 refugiados afogados. Isso foi assunto no jornal Tagesthemen, um dos principais noticiários da televisão alemã. Mas o mesmo noticiário dedicou mais tempo ao futebol do que a essa catástrofe humana, o que para mim é uma inversão perversa de valores e prioridades. E isso fala por si.
DEIXAR GENTE MORRER É PERVERSIDADE E CINISMO
A política de refugiados da Europa é cínica: deixar morrer para espantar os outros, para que eles não queiram vir para cá também. Sim, essa é a política europeia e também da Alemanha. A Europa apoia ditaduras e governantes corruptos, vende armas para governos e milícias opressores, dita regras econômicas que contribuem para aumentar a fome mundo afora e se nega a assumir sua responsabilidade pelas consequências disso. Há muito que a política europeia só busca uma coisa: defender de uma forma imediatista, egoísta e burra seus próprios interesses.
É claro que a Europa não tem como abrigar todos os refugiados do mundo (atualmente são 50 milhões – o maior número desde a segunda guerra mundial!) – esse é um argumento usado por gente mesquinha, que acha que lugar de refugiado é qualquer lugar, menos aqui. Mas a Europa pode fazer muito mais. E ela não pode simplesmente deixar que pessoas morram em sua porta.
A Europa tem é que assumir sua responsabilidade, mudar sua política externa, ajudar a combater os problemas nas suas origens (ao invés de fomentá-los!), o que não seria tarefa fácil e nem da Europa sozinha. Mas, enquanto isso, é necessária uma atitude imediata de respeito pela vida humana e que a Europa pratique o que ela mesma prega. É hora de salvar vidas!
QUE NÃO ME VENHAM COM COMENTÁRIOS BESTAS!
Compartilhei um texto sobre o assunto e ele logo foi comentado por alguém carregado de preconceitos e argumentos fracos. “Os que vem procurar melhores condições geralmente não agregam valor à sociedade”, comentou essa pessoa. Ah, quer dizer que essas pessoas, por não agregarem valor à sociedade, podem morrer assim no Mar Mediterrâneo, na porta da Europa? Não, refugiados não são criminosos, não são pessoas de segunda categoria, eles são é gente, como você e eu. Muitos são engenheiros, médicos, pessoas que tinham uma vida organizada, mas que tiveram que fugir. E, independente da formação, qualquer ser humano tem o direito de migrar, de buscar uma vida melhor. Se eles estão fugindo de suas terras, então porque uma vida digna por lá não é mais possível. Ninguém entra em um barquinho para atravessar o mar só porque quer passear por aqui. E mesmo que muitos sejam “refugiados econômicos” (como dizem os cínicos), que querem vir para cá “apenas” para buscar uma vida melhor, não podemos criticá-los – só lembrando: muitos brasileiros vêm para cá pelo mesmo motivo!!! E antes de criticá-los, seja sincero com você mesmo e responda: você não faria o mesmo se estivesse vivendo em um lugar onde predomina a guerra, a fome ou conflitos políticos e religiosos sérios, onde não há qualquer perspectiva de vida para sua família, para seus filhos? Bom, eu faria. Eu também daria no pé e viria provavelmente para a Europa, já que é um continente que costuma bradar mundo afora que aqui a dignidade humana tem valor.
PS – A mesma pessoa voltou a comentar o post, desta vez dizendo que “o mundo tem hoje 7 bilhões de habitantes. Com o atual padrão de consumo comportaria 2 bilhões…é simples assim..há pessoas demais!”, ou seja, há gente demais, por isso é bom que morram alguns. Cúmulo do cinismo! E ainda é mal informada, pois o mundo tem hoje recursos para dar um padrão de vida aceitável a TODOS os 7 bilhões de habitantes. O problema do mundo não é excesso de gente, mas de egoísmo e indiferença.
PARA MIM, A EUROPA ESTÁ MOSTRANDO SEU ROSTO VERDADEIRO E QUEM ELA REALMENTE É. E O MESMO VALE PARA TODOS QUE REAGEM COM INDIFERENÇA PERANTE À MORTE DE TANTA GENTE.
Tem gente, muita gente morrendo. É possível que haja mais algum barco naufragando agora mesmo. Independente dos poréns e dos porquês, está mais que na hora de agir. Chega de cinismo, chega de perversidade. Não bastam discursos bonitos sobre a dignidade humana. Está na hora é de respeitá-la na prática.

A desumanização do humano, por Nara Rúbia Ribeiro

Por Nara Rúbia Ribeiro
Acordo sempre bem cedo e, por força da necessidade de me ver integrada ao mundo em que vivo, ligo a tv e abro o notebook, enquanto a água ferve para o café da manhã:
“Milhares de crianças na Nigéria foram mortas, raptadas ou expostas a violência inimaginável (nota da Unicef).” Mudo de site: “Mulher tem os olhos perfurados pelo marido durante discussão do casal”. Outro site notícia: “Adolescente é apedrejado por populares após ser pego ao tentar furtar um  aparelho celular”. Abro o Facebook: “Carta aberta de Mia Couto ao Presidente da África do Sul sobre o genocídio de moçambicanos naquele país”. Na tv: “Naufrágio no mediterrâneo pode ter causado centenas de mortes de imigrantes”.
Ainda sem conseguir mensurar a quantidade de dor a que fui exposta logo no início do dia, resolvo, já com olhos embaçados e voz embargada, comprar o meu pão. A caminho da padaria, deparo-me com uma senhora que dorme na calçada abraçada a uma criança, ambas cobertas por um imundo cobertor. Como se não bastasse a cena em si, um senhor bem vestido e seguramente muito apressado quase nelas tropeça e reverbera: “Desgraça! Trabalhar não quer, não… Fica aí entulhando a rua”.
Perco o chão e me sinto petrificada ao observar, na gravidade de tudo o que vi nos noticiários e agora bem diante de mim, naquela cena, o paradoxo de viver, na era áurea dos direitos, a flagrante desumanização do humano.
Tratados e Acordos Internacionais estabelecem que dados direitos são preciosidades inalienáveis de cada um dos humanos. O Direito Constitucional de cada Estado traz ao seu ordenamento interno garantias a esses direitos que são diretamente ligados aos ditos “direitos naturais”, compreendendo o direito à vida, à integridade física, ao respeito à dignidade de cada ser humano.
Mas a sociedade, que bem sabe evocar as leis quando é colocado em xeque algum de seus direitos patrimoniais, vale-se de um mecanismo muito sutil para mentalmente subverter os valores que ela própria instituiu. Ela hierarquiza os seres humanos valendo-se de indicadores diversos, mas preponderantemente econômicos, de modo que quanto mais alto alguém esteja na dita “pirâmide social”, mais humano ele seja e o quanto mais baixo estiver, menos humano ele é. Ocorre, então, a desumanização do humano.
E, se não é humano, é considerado indigno de ser protegido pelos direitos inerentes à nossa espécie, momento em que tantos enxergam como legítimos atos de absoluta barbárie.
Esse método já é antigo. Europeus, em pleno “século das luzes”, equipararam indígenas americanos a animais, dizimando-os. Equipararam também a animais ou a “coisas” os africanos, escravizando-os.
Na tentativa de legitimar toda a sorte de maus tratos à mulher, religiosos, na Idade Média, travaram severas discussões: a mulher teria ou não teria uma alma?
Para algumas religiões, aqueles que professam a sua fé são filhos, os demais, meras criaturas de Deus. Ora, se não são filhos de Deus, se não possuem filiação e proteção divinas, caso recusem a fé que tanto estimam são hostilizados e havidos como inferiores. Por vezes a inferioridade é tamanha que as suas existências ofendem os “santos corações religiosos”, que reagem com torturas e homicídios. Quem não leu sobre as cruzadas, as inquisições e tantas outras de mortes por motivação religiosa no curso da História e na atualidade?
É na desumanização do homem que se apoia o genocídio, tanto no passado quanto nos dias de hoje. Na visão fanática que deu ao nazismo contornos similares ao fanatismo religioso, os judeus nada mais eram que porcos a serem sangrados para a higienização do planeta; e assim o fizeram com esmerado sadismo, legando à humanidade a vergonha do holocausto.
É fácil perceber as incongruências históricas no tocante ao desrespeito aos Direitos Humanos e, não raro, envergonhamo-nos de nossos antepassados. Contudo, devemos estar atentos, pois raro, sim, é a sociedade conseguir enxergar as mazelas do seu próprio tempo.
Contudo, devemos estar atentos, pois raro, sim, é a sociedade conseguir enxergar as mazelas do seu próprio tempo.
Hoje, a passividade com que vemos a segregação dos negros, a discriminação dos pobres, o desprezo aos imigrantes, a demonização do infrator, a subjugação da mulher, a estigmatização de homossexuais, o desrespeito às comunidades indígenas e a perseguição de religiões e cultos diversos (no Brasil, especialmente às religiões de origem africana)  condena-nos a todos.
Aquele que se conforma com a injustiça é tão injusto quanto aquele que a pratica. Somos coautores da miséria moral de um tempo onde o sangue francês vale lágrimas e comoção de todo o mundo (e vale mesmo), enquanto o sangue de centenas de africanos se derrama anônimo, embora o derramamento se dê pela mesma motivação religiosa e sob o mesmo discurso de desumanização.
Ontem, ao ler os comentários acerca da xenofobia e do genocídio que vitimam moçambicanos na África do Sul, uma adolescente moçambicana comentou: “o nosso único pecado é sermos miseráveis”. Sim, ela entendeu o mecanismo: desumanizamos o pobre culpando-o por sua pobreza. Na visão doentia de muitos, ele é um estorvo. Um nada. “É um entulho na calçada do mundo”, diria o moço apressado que  quase tropeçou na senhora e na criança que dormiam na rua.
Sim, é nesses pobres a quem desumanizamos que tropeça a hipocrisia de uma pseudocivilização de Direitos. É neles que tropeça a religiosidade ociosa e o fanatismo sádico. Neles tropeça a nossa política não inclusiva e o nosso capitalismo: sempre cego a quem não lhe  mostrar os cifrões.
É junto a esses pobres mendigos a quem roubamos o direito de ser gente que se entulham também o humano que somos e a consciência que renegamos.
Fotografia de Alessandro  Bergamini
Fotografia de Alessandro Bergamini

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Vice-Presidente do Brasil vai falar da compra de seis KC390 com Passos Coelho Ler mais: http://visao.sapo.pt/vice-presidente-do-brasil-vai-falar-da-compra-de-seis-kc390-com-passos-coelho=f817101#ixzz3Xrscx9Uu

Lisboa, 20 abr (Lusa) - O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, disse hoje em Lisboa que vai falar com o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, sobre a eventual compra por Portugal de seis aviões KC390 da Embraer.
"Vou tratar [disso] com o primeiro-ministro, Pedro Passos [Coelho], onde certamente abordarei esse assunto", disse Michel Temer, à margem da cerimónia de encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Portugal, de onde segue agora para a residência oficial do primeiro-ministro português.
Michel Temer afirmou que a Embraer "tem uma grande atuação em Portugal".


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Brasil precisa recuperar orgulho de sua origem, dizem indígenas Demarcação de terras indígenas e reconhecimento ainda continuam sendo os desafios

Demarcação das terras indígenas e reconhecimento dos brasileiros sobre a importância dos índios para o país ainda continuam sendo os desafios principais do Dia do Índio, comemorado hoje (19). Representantes dos povos indígenas que costumam viajar a Brasília para mobilizações e protestos ressaltam a importância que a data tem para a conscientização da sociedade, mas alertam que o tema não deve ficar restrito à celebração de hoje.
O cacique Piracuman, da etnia Yawalapiti, mora no Parque Indígena do Xingu, no norte de Mato Grosso, e costuma representar os povos do Alto Xingu nos eventos que ocorrem no Brasil e no exterior. Ele afirma que embora o branco comemore a data no dia 19 de abril, para o índio as comemorações ocorrem diariamente, a cada trabalho de plantio, pescaria ou outra atividade, como construção de uma oca (habitação indígena brasileira).
Representantes dos indígenas alertam que tema não deve ficar restrito à celebração deste domingo
Representantes dos indígenas alertam que tema não deve ficar restrito à celebração deste domingo
Apesar de classificar a comemoração como importante para afastar espíritos ruins e doenças, o irmão do cacique Aritana, o líder mais importante dos povos do Xingu, explica por que mais de mil pessoas, representando 200 etnias, vieram a Brasília na última semana . “Aquele pessoal que estava apontando flechas para a Casa [Palácio do Planalto] lá era para [todo mundo] entender que o índio está preocupado, que o Congresso não está olhando para índio. Aquela Casa só está olhando para progresso, só para desmatamento, plantação, construção de hidrelétrica nos rios. E os índios, que estão há muito tempo aqui, estão sendo ameaçados”, diz.
Piracuman afirma que as mudanças do clima já estão afetando as próprias terras indígenas, como a chegada da chuva fora de época, a devastação de áreas próximas a rios. Segundo ele, em 2014 um tornado atingiu a região pela primeira vez, danificando casas e derrubando árvores. “A demarcação é importante não só para nós, é para todos. Nós conhecemos a floresta muito bem. Ela é para nós um filtro, tem oxigênio, muitas ervas medicinais. Hoje, os produtores não estão mais respeitando a nascente. O desmatamento chega até lá. Não deixa nem um pezinho de árvore ali. Quando seca, começa a faltar água. Gostaria de pedir para os produtores fazeremr reflorestamento no lugar que eles estragaram”, diz o cacique, lembrando que há muita soja no estado onde vive.
Álvaro Tukano mora em Brasília e assumiu simbolicamente neste domingo (19) a direção do Memorial dos Povos Indígenas. Pertencente aos povos Tukano, no interior do Amazonas, ele acredita que a homologação de três terras indígenas anunciada pelo governo federal para esta segunda-feira (20), é um dever do Estado.
“As terras indígenas, ou de toda a Amazônia, é que produzem evaporação, que distribuem água por todo Brasil e a América do Sul. Por isso que o papel da [presidenta] Dilma [Rousseff] é demarcar, homologar, combater a violência. É cumprir as leis internacionais, não construir as hidrelétricas. É essa a sabedoria que ela tem que preservar”, defendeu.
Duas terras indígenas serão homologadas no estado do Amazonas: vão atender a reivindicações dos povos Kaixana e Mura. Os Arara e Juruna receberão a terra indígena Arara da Volta Grande do Xingu, localizada no município Senador José Porfírio (PA), homologação que faz parte do licenciamento para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Para Piracuman, o motivo é que parte dos territórios ocupados atualmente pelos índios será alagada com a ativação da usina.
“Nós, índios, não esquecemos onde é nosso lugar tradicional. Os índios não vão esquecer aquilo ali. Eles podem mudar para onde vai ser homologada, mas um dia ele vai querer voltar pra lá, onde tem parentes enterrados. A gente nunca esquece”, afirmou o cacique, que também pede que os profissionais a serem contratados para trabalhar na Fundação Nacional do Índio (Funai) tenham experiência para lidar com os povos indígenas e ligação com o meio ambiente.
Daiara Tukano, empossada recentemente como professora da rede pública do Distrito Federal, disse que os brasileiros precisam se orgulhar da sua origem indígena. Ela é formada em artes visuais pela Universidade de Brasília e foi admitida em concurso público da Secretaria de Educação. De acordo com Daiara, há um problema histórico de legitimidade dos povos indígenas.
Segundo a indígena, os povos originários do Continente Americano sofrem hoje uma espécie de “apagamento social”.
E acrescentou: “O indígena é reconhecido apenas quando mora na aldeia. [Só que] estamos em todos os espaços, nas universidades, trabalhando nas cidades e também no campo. É importante que o Brasil recupere o respeito e o orgulho [pelo índio]”, disse.