sábado, 20 de dezembro de 2025

SALVE MÃE TERRA 🌎🙏❤️

Aguiaemrumo Romulo Sanches

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Em 1975, uma jovem cientista polonesa tomou uma decisão que ninguém entendeu.

O nome dela era Simona Kossak.

Ela tinha doutorado brilhante, reconhecimento acadêmico e pertencia a uma das famílias artísticas mais ilustres da Polônia — neta de Wojciech Kossak, o pintor lendário.

Podia ter escolhido um apartamento confortável em Varsóvia, carreira estável na universidade, uma vida previsível.

Mas Simona escolheu o contrário de tudo isso.

Enfiou umas roupas na mala, virou as costas pro mundo civilizado e caminhou pra Floresta de Białowieża, o último fragmento do deserto primitivo que um dia cobriu a Europa.

Um lugar onde lobos ainda uivam à noite, bisões caminham como sombras antigas e árvores milenares parecem segurar o céu com as próprias mãos.

Ali, encontrou uma cabana de madeira sem eletricidade, sem água corrente, sem conforto — só silêncio, vento e vida selvagem.

O que pra qualquer pessoa seria uma semana de desconforto, pra ela virou trinta anos de existência.

E ela não viveu sozinha.

Dividiu a cama com Żabka, um lince órfão cujo ronronar soava como um trovão preguiçoso.

Resgatou um javali que a seguia como um cachorro devoto.

E compartilhou o dia com Korasek, um corvo ladrão que roubava objetos brilhantes dos turistas e entregava pra ela como se fossem tesouros.

Os locais a chamavam de bruxa.

Como explicar uma mulher que caminhava entre veados sem que eles fugissem, que tinha pássaros pousando na mão, que conversava com lobos sem medo?

Mas Simona não fazia feitiço.

Ela ouvia.

E ao ouvir, compreendeu o que a maioria dos cientistas tentava estudar de longe.

Enquanto outros escreviam relatórios atrás de mesas, ela vivia entre os animais.

Documentou comportamentos nunca antes observados, mostrou que criaturas selvagens tinham personalidade, emoções, vínculos e sociedades próprias.

Sua pesquisa virou de cabeça pra baixo a forma como a ciência entendia a vida selvagem na Europa.

Mas o que mais marcou não foi o que ela publicou — foi o que ela defendeu.

Simona enfrentou madeireiras, políticos, burocratas e máquinas que rugiam como monstros de ferro.

Escreveu cartas inflamadas, moveu processos, deu entrevistas, chamou a atenção da imprensa.

Ergueu-se sozinha como um muro entre a floresta e quem queria destruí-la.

"Esta floresta sobreviveu dez mil anos. Quem somos nós pra decidir que deve morrer sob nossa guarda?", dizia ela.

E graças à luta incansável dela, a UNESCO interveio.

Novas proteções foram concedidas.

A floresta que ela amava — esse último reduto de pureza — foi salva.

Simona viveu na cabana até 2007, quando a doença finalmente a obrigou a deixar a floresta.

Morreu naquele mesmo ano, aos 71 anos, longe dos animais que chamava de vizinhos, amigos e mestres.

Mas o legado dela permanece.

Hoje, a Floresta de Białowieża continua sendo um dos últimos desertos verdadeiros da Europa.

Turistas caminham pelos trilhos onde ela andava com Żabka.

Bisões pastam nos prados que ela protegeu.

E talvez, em algum galho alto, um descendente de Korasek ainda roube algo brilhante de um viajante distraído.

Chamaram ela de bruxa porque falava com os animais.

Ela se chamou de cientista porque escutava.

E porque escutou, uma floresta inteira ainda está de pé.

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