12/03 - Operação limpeza de arquivo
Minc: Dilma não roubou "cofre do Ademar" em 1969 - O GLOBO
BRASILIA. Ex-colega de Dilma Rousseff na luta armada contra a ditadura, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que a chefe da Casa Civil teria desempenhado papel de pouco destaque na organização clandestina VAR- Palmares, da qual ambos participaram no fim dos anos 60. Presa e torturada pela repressão, Dilma já relatou sua participação no grupo.
Texto completo
Em entrevista publicada na edição deste mês da revista "Playboy", Minc disse que a pré-candidata do PT à sucessão do presidente Lula não participou da mais conhecida ação da organização: levar US$ 2,6 milhões de um cofre do ex-governador paulista Adhemar de Barros, em julho de 1969. Minc estava entre os militantes que invadiram a casa de Anna Capriglione, suposta amante do governador, em Santa Tereza.
- Posso falar com tranquilidade que ela não participou dessa ação. Eu garanto - disse o ministro.
Perguntado se Dilma liderava a organização, o ministro disse que os relatos sobre a atuação dela são exagerados.
- Realmente não é verdade. Numa certa época nós fomos do mesmo grupo, mas ela não tinha nenhuma proeminência. Como ela é uma pessoa importantíssima, fala-se qualquer coisa sobre ela, que teve participação em determinadas ações, e realmente isso não aconteceu.
Em pelo menos três ocasiões, Dilma afirmou não ter participado do assalto ao cofre..
Comentário do site www.averdadesufocada.com :
Antes da candidatura à Presidência da República a senhora Dilma Rousseff se vangloriava dos feitos criminosos praticados por ela, sua organização e seus camaradas de luta armada. Agora, deve ter chegado à conclusão que é melhor para a sua imagem de candidata ter uma ficha mais limpa , sem roubos, sem violências.
Para isso, seu camarada de organização, Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, fez as declarações acima. O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que também já foi convidado por Lula para compor seu staff de militantes que pegaram em armas, também, andou limpando a ficha da ministra em entrevista à revista Veja.
Como somos os mais interessados na tão falada abertura dos arquivos dos "anos de chumbo", esperávamos que o governo o fizesse sem censura e sem amenizar a verdade, na ânsia de esconder do público o que os terroristas fizeram nesses anos, como tenta Minc na entrevista ao jornal O Globo.
Desmentindo as afirmações de seu camarada de armas, usando as próprias palavras da ministra, que também era conhecida como "Estela", "Luiza", "Patrícia" ou "Wanda", e de companheiros de organização, vamos transcrever algumas entrevistas concedidas por eles, antes de começar sua campanha para presidência da República .
ISTO É ONLINE, (2006).
REVISTA: OS BRASILEIROS DO ANO 2005
A brasileira do ano
Dilma Rousseff
Após crises e torturas, a chefe da Casa Civil chega ao topo da carreira de ex-guerrilheira, economista, executiva e ministra.
Luiz Cláudio Cunha
(...) “Aí fiquei subversiva. Percebi que o mundo não era para debutante”.
Correndo da polícia, fazendo passeata para apoiar os operários em greve em Contagem, Dilma viu os primeiros companheiros sendo presos pelo regime que apertava o nó.
"O AI-5 foi meu primeiro presente de 21 anos. Saíram na véspera do meu aniversário, 14 de dezembro de 1968", conta. Ela e o marido, visados pela polícia, conseguem escapar do cerco, fogem para o Rio de Janeiro e, como tantos outros jovens, caem na clandestinidade.
A Polop se transformou em Comando de Libertação Nacional (Colina), que reunia pequenos grupos da esquerda radical, e a estudante Dilma virou professora, ensinando marxismo a militantes do setor operário. Ajudou na infraestrutura de três assaltos a bancos, assinou artigos no jornal Piquete e chegou à direção da Colina. Nessa condição, planejou o que seria o mais rentável golpe da luta armada em todo mundo: o roubo do cofre de Adhemar de Barros, ex- governador de São Paulo. A proeza coube à Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares ), resultado da fusão da Vanguarda Popular Revolucionária ( VPR ) do capitão Carlos Lamarca com o Colina de Dilma Rousseff. Onze dias depois da fusão, em julho de 1969, 13 guerrilheiros do VAR- Palmares roubaram o cofre de 200 kg de uma casa no bairro carioca de Santa Tereza,
Onde vivia a amante de Adhemar.
"A gente achava que ia ser grande, mas não tinha noção do tamanho", lembra Dilma. Aberto o cofre, sacaram de lá US$ 2,6 milhões - hoje uma mega sena em torno de R$ 25 milhões (...)
(...) Dura na queda, Dilma bateu boca com Lamarca, que sustentava a tese guevarista de levar a luta para o campo. Ela achava que a guerrilha precisava, antes, se organizar melhor nas cidades. Seus companheiros dizem que ela ajudou a preservar a VAR- Palmares mesmo com o racha de Lamarca, que saiu para recriar a VPR (...)
(...) Punida pelo Decreto 477, que bania subversivos da universidade foi obrigada a prestar novo vestibular. Formou-se em economia pela Universidade Federal do RS e foi, mais uma vez, atropelada pelo arbítrio: em 1977 o ministro linha-dura do exército, Sylvio Frota, reagiu a demissão do cargo pelo general do cargo Ernesto Geisel, divulgando uma lista de 99 comunistas infiltrados no governo - um dos três economistas delatados na Fundação de Economia e Estatística ( FEE ) era Dilma , que acabou demitida. “Completei minha cota - fui presa, cassada, condenada, punida pelos 477 e incluída na lista do Frota " , brinca Dilma, hoje, rindo da própria sorte. Condenada pela Justiça Militar a seis anos de prisão, cumpriu três e, com recurso, acabou punida com dois anos e um mês de cadeia (...)
(...) Dilma Rousseff fala das letras trágicas do tango que ela começou a entender na cadeia, dos versos tristes dos blues de Billie Holiday, dos lamentos nostálgicos de London, London chorados pelo Caetano Veloso do exílio londrino. Fala da repressão da crise, da tortura, da ditadura. E, apesar de tudo, sorri. Um sorriso aberto, doce, firme, de quem só pode ver o melhor depois de viver o pior. Dilma Rousseff mais do que sobreviveu. Venceu. “Só pra saber que nunca fui uma menina cândida: eu sei montar e desmontar, de olhos fechados um fuzil automático leve. Tinha que ser rápido, muito rápido. E, se você quer saber, eu sei atirar", lembra, abrindo um enorme sorriso. O Brasil est [á precisando, cada vez mais, do tiro rápido e certeiro da Brasileira de 2005].
Revista Época - edição 443 - 10/11/2006
O maior feito atribuído à ministra na luta armada não passa de lenda urbana. Segundo o folclore dos Anos de Chumbo, Dilma teria participado do assalto à casa de uma amante do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Do cofre da residência foram roubados US$ 2,4 milhões. À amigos , ela diz que ajudou no planejamento, mas não na ação.
Em janeiro de 1970, Dilma caiu numa armadilha da repressão e foi presa quando ia a um encontro em São Paulo.
Revista Veja
http://veja.abril.com.br/150103/p_o36.html
O cérebro do roubo do cofre
Alexandre Oltramari e Antonio Milena
Antonio Milena
A ficha nos arquivos militares de Dilma Rousseff, hoje ministra das Minas e Energia: só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armamentos em unidades do Exército no Rio de Janeiro.
(...) O outro integrante do primeiro escalão com passagem pela guerrilha contra a ditadura militar é a ministra Dilma Rousseff das Minas e Energia - mulher de fala pausada, mãos gesticuladoras, olhar austero e passado que poucos conhecem. Até agora, tudo que se disse a respeito da ministra dava conta apenas de que combatera nas fileiras da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, a VAR - Palmares, um dos principais grupos armados da década de 70. Dilma Rousseff, no entanto, teve uma militância armada muito mais ativa e muito mais importante. Ela, ao contrário de José Dirceu, pegou em armas, foi duramente perseguida, presa e torturada e teve papel relevante numa das ações mais espetaculares da guerrilha urbana no Brasil - o célebre roubo do cofre do governador paulista, Adhemar de Barros, que rendeu 2,5 milhões de dólares (...).
(...) A ação durou 28 minutos e foi coordenada por Dilma Rousseff e Carlos Franklin Paixão Araújo, que então comandava a guerrilha urbana do Var-Palmares em todo o país e mais tarde se tornaria pai da única filha de Dilma. O casal planejou, monitorou e coordenou o assalto ao cofre de Adhemar de Barros. Dilma, no entanto, não teve participação física na ação. “Se tivesse tido não teria nenhum problema em admitir", diz a ministra, com orgulho de seu passado de combatente.
"A Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação”, diz o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues, que adotava o codinome "Leo" e em outra ação espetacular ajudou o capitão Carlos Lamarca a roubar uma Kombi carregada de fuzis de dentro de um quartel do Exército, em Osasco, na região metropolitana de são Paulo. “Quem passava as orientações do comando nacional para a gente era ela". O ex-sargento conta que uma das funções de Dilma era indicar o tipo de armamento que deveria ser usado nas ações e informar onde poderia ser roubado. Só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armas em unidades do Exército, no Rio. (...)
(...)A atual ministra era tão temida que o Exército chegou a ordenar a transferência de um guerrilheiro preso em Belo horizonte, o estudante Ângelo Pezzuti, temendo que Dilma conseguisse montar uma ação armada de invasão da prisão e libertação do companheiro.(...)
Com reportagem de Luis Henrique Amaral
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