sábado, 1 de agosto de 2015

Crise do Brasil preocupa vizinhos da América do Sul Marcia Carmo De Buenos Aires para a BBC Brasil

Encontro do Mercosul, em 17 de julho; analistas dizem que crise brasileira causa inquietude no continente
A crise política e econômica brasileira tem sido acompanhada com preocupação pelos países da América do Sul. O grau de inquietude muda de acordo com a intensidade da relação de cada país da região com o Brasil, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Três motivos justificam a apreensão: a incerteza política; o fato de a Petrobras e empreiteiras investigadas na Lava Jato terem investimentos na região; e os possíveis efeitos da recessão econômica brasileira.
Maior economia regional, o Brasil costuma ser chamado pelos vizinhos de "gigante da América do Sul" - um gigante que tanto pode influenciar sua vizinhança por sua "saúde" ou "por seus problemas".
"Parece que estamos vendo o fim do ciclo" de influência do Brasil em países como Bolívia, Argentina e Venezuela, opinou o analista político e econômico boliviano Javier Gómez, do Centro de Estudos para o Desenvolvimento Trabalhista e Agrário (CEDLA, na sigla em espanhol), em La Paz.
Na Argentina, a maior preocupação atual é com a desvalorização do real, que poderia afetar a economia do país e o comércio bilateral, de acordo com economistas.
Ao mesmo tempo, analistas argentinos estão atentos aos fatos políticos, "como o risco de impeachment" e seu possível efeito nos investimentos internacionais.
Nos países com menor vinculo econômico e comercial com o Brasil, as preocupações são outras. No Chile, a expectativa é se a situação política chegará a comprometer a esperança de que o Brasil se aproximará da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, Peru e México).
"(A presidente) Dilma enfraquecida afeta interna e externamente", disse o professor de Ciências Política Guillermo Holzmann, da Universidade de Valparaíso.
No Peru, na Colômbia e no Equador, as atenções se voltam sobretudo ao desenrolar das investigações da operação Lava Jato envolvendo as empreiteiras brasileiras com obras milionárias em seus territórios.
Confira as principais preocupações de nossos vizinhos.
Foto: Thinkstock
Na Argentina, maior preocupação é com a desvalorização do real e seus efeitos no comércio bilateral

Argentina

Em função dos fortes vínculos econômicos e comerciais com a Argentina, o Brasil tem sido citado nas conversas de políticos e empresários argentinos que temem que a crise política complique ainda mais o governo de Dilma Rousseff e que a desvalorização do real afete a economia vizinha.
Nos últimos dias, a Lava Jato e os possíveis efeitos cambiais têm sido destaque na imprensa argentina.
"O Brasil preocupa muito. Primeiro pela recessão, porque um Brasil que retrocede afeta diretamente a Argentina", disse o economista Marcelo Elizondo, da consultoria econômica DNI, de Buenos Aires. Segundo ele, 50% das exportações industriais argentinas são enviadas ao Brasil e a retração econômica brasileira significa menos compras externas.
Além disso, a desvalorização do real torna os produtos argentinos mais caros ao mercado brasileiro.
"Em relação ao âmbito político, existe inquietude entre setores empresariais daqui porque o governo brasileiro realiza reformas econômicas que perdem vigor em função da crise política", disse.
Nos bastidores de alguns setores políticos e entre analistas comenta-se em Buenos Aires que, se a crise política brasileira continuar, pode "ter eco" na política da Argentina, que elege o sucessor de Cristina Kirchner em outubro.
"O próximo governo (argentino) não terá o poder que tem o de Cristina. E se o risco de impeachment de Dilma aumentar, poderá ter eco aqui", disse um dos analistas, pedindo anonimato. "Um Brasil fraco não é bom para a Argentina. Investidores que esperam o novo governo para investir, pensando em exportar ao Brasil a partir do ano que vem, podem acabar revendo seus planos, infelizmente."

Bolívia

A Bolívia tem percebido três efeitos econômicos ligados ao Brasil, segundo o analista político e econômico Javier Gómez, da CEDLA: "Retração nos investimentos da Petrobras no país, desvalorização do real (o que facilita as importações de produtos brasileiros já realizadas pelo país andino) e a queda no preço do gás exportado para o Brasil, em função do recuo do preço internacional do petróleo".
Crise coloca em xeque a atuação da Petrobras na exploração de combustíveis na Bolívia (acima)
Porém, o que tem intrigado analistas bolivianos é a política brasileira. "Nos últimos anos, o Brasil foi um modelo (político, econômico e social) que influenciou outros países como a Bolívia, a Argentina e a Venezuela. Mas parece que estamos vendo o fim desse ciclo", disse Gómez.
Quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência, em 2003, foram intensificadas as viagens presidenciais aos países da América do Sul – o que não ocorreu na gestão Dilma. Nas viagens de Lula, principalmente, foram anunciados diferentes acordos bilaterais e regionais e obras de empreiteiras brasileiras na região.
O período coincidiu ainda com a maior presença da Petrobras na região, incluindo na Bolívia.
"As coisas estão mudando. A Petrobras tem o direito de produzir 70% da produção do gás do país, mas, com os investimentos da empresa estancados, o país já busca outros parceiros", agregou Gómez.

Chile

No Chile, analistas entendem que o quadro atual da política e da economia brasileira preocupa não somente a América do Sul, mas "ao mundo", afirmou por e-mail o professor de Ciências Política da Universidade de Valparaíso, Guillermo Holzmann.
"O impacto (no Chile) do quadro atual brasileiro parece mínimo devido ao contexto (de recuo) na China e (crise) na Grécia, mas sem dúvida é um caso de preocupação mundial", afirmou.
Segundo ele, a principal preocupação no Chile hoje é que a situação no Brasil "afete os planos de incorporação (do país) na Aliança do Pacífico e aos investimentos ligados às exportações (brasileiras) através de portos chilenos para o Pacífico".
Outro analista chileno, Ricardo Israel, da Universidade Autônoma do Chile, foi mais direto ao dizer que o quadro atual mostra novamente o "Brasil como o eterno país do futuro".
"Quando parece que vai decolar como potência e chegar ao desenvolvimento, algo acontece. Normalmente uma ferida autoprovocada que o faz retroceder."

Peru, Equador e Colômbia

Empreiteiras brasileiras investigadas na Lava Jato têm diferentes projetos nesses três países. Os empreendimentos incluem obras de infraestrutura, irrigação e mineração, entre outros.
Empreiteiras como a Odebrecht têm contratos de obras em países da região
No Peru, muitos dos acordos foram assinados nos governos de Alejandro Toledo (2001-2006) e Alan García (presidente pela última vez entre 2006 e 2011).
Os dois planejariam ser candidatos à sucessão do atual presidente Ollanta Humala, em 2016, e especula-se que, dependendo do andar das investigações da Lava Jato no Brasil, a operação poderia "atingir a campanha presidencial" e operações anticorrupção semelhantes no Peru.
Especialista em Economia, o professor da Universidade de San Marco, Carlos Aquino, disse que em termos econômicos a crise brasileira não afetaria os peruanos. Quando perguntado sobre as empreiteiras disse que "até agora são especulações".
Na Colômbia, segundo o jornal El Tiempo, o governo estaria "ativando os controles" para evitar problemas nos contratos assinados com a Odebrecht. "O vice-presidente Germán Vargas Lleras disse que o estatuto anticorrupção prevê que qualquer condenação internacional em termos de subornos inabilitará uma empresa por 20 anos para contratos com o Estado", informou.

Paraguai e Uruguai

Nos dois menores países do Mercosul, a crise brasileira também tem sido destaque diário na imprensa e tema nas conversas de autoridades locais.
No entanto, no caso do Paraguai, o analista político e econômico Fernando Masi, do Centro de Análise e Difusão da Economia Paraguaia, disse que a percepção é que o Brasil vai sair "rápido" da crise por ter "poder político" e "instituições fortes". Ele admitiu, porém, que o Paraguai deverá crescer menos que o esperado neste ano, em função da recessão brasileira.

Venezuela

Por estar tão atolada em sua própria crise, a Venezuela tem olhado pouco para o que acontece no Brasil, segundo o analista venezuelano Luis Vicente León, da consultoria Datanalisis, de Caracas.
"São tantos problemas aqui que o Brasil tem surgido de forma muito paralela em algumas conversas, mas não é o que preocupa nesse momento", disse.
Segundo ele, além das incertezas no governo de Nicolás Maduro, existe preocupação com a queda no preço internacional do petróleo – essencial para o país.
"Lula foi muito próximo de Chávez e Dilma é muito cordial com Maduro, mas hoje Cuba tem maior influência aqui do que o Brasil", disse.
Segundo ele, porém, a oposição venezuelana poderia chegar a incluir os casos de corrupção envolvendo empreiteiras brasileiras na campanha para a eleição legislativa de dezembro.

Desistência de advogada expõe abismo entre CPI da Petrobras e Lava Jato Protagonista nas delações, Beatriz Catta Preta abandonou casos após convocação de CPI Senadores da Lava Jato preparam ‘limbo’ para novo procurador-geral

Beatriz Catta Preta ao lado de Paulo Roberto Costa em depoimento do delator à CPI da Petrobras, em setembro de 2014. / FABIO RODRIGUES-POZZEBOM (AGÊNCIA BRASIL)
Operação Lava Jato, que segue implacável devassando, agora, o setor elétrico, foi alicerçada sobre quatro bases. O tripé principal é composto pela Justiça Federal no Paraná, e a figura central é o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público Federal, representado por uma força-tarefa de procuradores, e a Polícia Federal, com agentes atuando por todo o país. Quarto sustentáculo das investigações, as delações (ou colaborações) premiadas permitiram aos agentes da lei chegar a fatos e provas e indícios que não encontrariam de outra forma, mas esse procedimento sofreu um abalo cujas repercussões ainda estão por se ver por completo após o dramático anúncio de aposentadoria da advogada Beatriz Catta Preta.
A decisão da advogada foi tomada após os integrantes da CPI aprovarem uma convocação para que ela explicasse a origem dos honorários que recebe dos clientes. No meio político, o questionamento à criminalista foi encarado como consequência da denúncia de Júlio Camargo, de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), teria lhe cobrado 5 milhões de dólares em propina. Após a entrevista de Catta Preta, concedida na noite de quinta-feira, Cunha escreveu em seu perfil no Twitter que não interfere na CPI e "desconhecia a sua convocação, que se deu com certeza antes de o delator mudar a sua versão" — em um primeiro depoimento, Camargo não havia mencionado Cunha na delação; segundo Catta Preta, por receio de retaliações.Especialista em delações premiadas, Catta Preta se destacou na Lava Jatoao fechar nove dos 19 acordos (há outros quatro por selar), entre eles a colaboração original, do ex-diretor da Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A criminalista ainda atuava em três casos até a semana passada, quando surpreendeu o mundo jurídico ao formalizar seu desligamento da defesa de delatores como o empresário Júlio Camargo. Dias depois, Catta Petra revelaria em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, o motivo de sua decisão de abandonar a advocacia: sentiu-se ameaçada pelo que chamou de "jogo político" e pelas declarações de membros da CPI da Petrobras.
O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB), também defendeu o trabalho da comissão e, assim como Cunha, pôs em questão as explicações da advogada sobre o abandono do caso. “O que é mais estranho é uma advogada criminalista alegar que está sendo ameaçada e não trazer nenhum fato concreto [para apresentar]. E vir a um jornal de rede nacional, querer usar a vitimização para esconder, talvez, alguns atos ilícitos que ela tenha cometido no âmbito do processo da Lava Jato”, disse Motta.
Como vitrine e caixa de amplificação da Lava Jato, a CPI da Petrobras expôs ao país, por meio dos depoimentos dos delatores de Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, detalhes do esquema que, como aponta a última etapa da investigação, transcende a Petrobras. Mas o questionamento do trabalho de Catta Preta apenas engrossa a lista de argumentos dos críticos que dizem que há um conflito de interesses incontornável na comissão. Formada por deputados aliados de investigados, e comandada por nomes próximos a Eduardo Cunha, a CPI tem feito convocatórias sob medida para proteger alguns dos implicados ou aumentar a pressão sobre delatores.

Legislativo versus Judiciário

A batalha entre Legislativo e Judiciário que deve se instalar no STF —prestes a começar a julgar os 49 políticos denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot— foi antecipada pela convocação de Catta Preta à CPI. Isso levou o presidente do STF, Ricardo Lewandoswki, a acatar pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de isentar a criminalista de prestar "quaisquer esclarecimentos" à comissão parlamentar "a respeito de questões relacionadas a fatos que tenha tido conhecimento em decorrência do regular exercício profissional". Na decisão, o ministro determinou que "seja preservada a confidencialidade que rege a relação entre cliente e advogado, inclusive no que toca à origem dos honorários advocatícios percebidos, notadamente para resguardar o sigilo profissional dos advogados e o direito de defesa".
Independentemente de quem está com a razão, o fato é que uma ação da CPI da Petrobras entrou em choque com uma advogada central e a pergunta agora é como o desenrolar de seu caso pode influenciar a conduta de outros advogados que trabalham na Lava Jato, que já recuperou 870 milhões de reais aos cofres públicos e, em pouco mais de um ano, condenou 30 de 125 acusados criminalmente.

Dólar ultrapassa R$3,40 pela primeira vez em 12 anos e acumula alta de 10% em julho

Mulher exibe notas de dólar norte-americano, com cédulas de real ao fundo, no Rio de Janeiro. 31/03/2015 REUTERS/Sergio Moraes
Por Bruno Federowski e Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu mais de 1 por cento nesta sexta-feira, fechando acima dos 3,40 reais pela primeira vez em mais de 12 anos, com as incertezas políticas e econômicas no Brasil pesando e levando os especialistas a apontarem tendência de alta pelo menos no curto prazo.
A moeda norte-americana subiu 1,59 por cento, a 3,4247 reais na venda, maior cotação de fechamento desde 20 de março de 2003, quando encerrou a 3,478 reais. Também em março de 2003 havia sido a última vez que o dólar tinha ido acima do patamar de 3,40 reais.
Na semana, a divisa subiu 2,32 por cento e, no mês, o avanço foi de 10,16 por cento, maior alta mensal desde março (11,7 por cento). No ano, a moeda norte-americana acumula alta de 28,8 por cento.
"O que preocupa bastante no futuro são os números da economia brasileira. Com os dados ruins, vamos ficando cada vez mais perto de perder o grau de investimento", disse o superintendente regional de câmbio da SLW, João Paulo De Gracia Correa, para quem o dólar pode ir "facilmente" acima de 3,60 reais se o país for rebaixado.
Na terça-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor's alertou que o Brasil pode perder o status de bom pagador devido a riscos políticos, com denúncias de corrupção no âmbito da Lava Jato, e econômicos.
"Vemos o governo fragilizado, a economia fraca, falta de união na base aliada e números cada vez piores... Estamos ficando cada vez mais próximos de perder grau de investimento", disse.
Nesta sessão, o resultado fiscal ajudou a azedar o humor dos investidores, após o governo informar déficit primário de 9,323 bilhões de reais em junho, pior leitura para o mês da história, número que ressalta as dificuldades do governo para equilibrar as contas públicas.

"Para qualquer lado que você olhar tem notícia ruim, seja fiscal ou política", resumiu o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.

71 mil brasileiros concentram 22% de toda riqueza; veja dados da Receita Esta elite representa 0,3% dos declarantes do imposto de renda em 2013. Nº refere-se a pessoas com renda mensal superior a 160 salários mínimos.

Que o Brasil é um país desigual estamos cansados de ouvir. Dados das declarações de imposto de renda divulgados neste mês pela Receita Federal ajudam a conhecer melhor a distribuição de renda e riqueza no país e mostram que menos de 1% dos contribuintes concentram cerca de 30% de toda a riqueza declarada em bens e ativos financeiros.
Esta pequena elite - que corresponde a 0,3% dos declarantes de IR - concentrou, em 2013, 14% da renda total e 21,7% da riqueza, totalizando rendimentos de R$ 298 bilhões e patrimônio de R$ 1,2 trilhão. Isso equivale a uma renda média individual anual de R$ 4,17 milhões e uma riqueza média de R$ 17 milhões por pessoa.(VEJA TABELA ABAIXO)De 2012 para 2013, o número de brasileiros com renda mensal superior a 160 salários mínimos (maior faixa da pirâmide social pelos critérios da Receita) caiu de 73.743 para 71.440.
Se adicionarmos a este grupo aqueles com renda mensal acima de 80 salários mínimos, chega-se a 208.158 brasileiros (0,8% dos contribuintes), que respondem sozinhos por 30%  da riqueza total declarada à Receita.
                                      Declarações de IR por faixa de renda - ano calendário 2013
Faixa de rendimentoNº de declarantesRiqueza em bens e direitos (em R$ bilhões)
Até 1/2 salário mínimo1.268.688  91,710 (1,6%)
1/2 a 1 salário mínimo   518.341  28,848 (0,5%)
1 a 2 salários mínimos1.075.827  63,828 (1,1%)
2 a 3 salários mínimos2.692.915 162,665 (2,8%)
3 a 5 salários mínimos7.882.026 489,764 (8,4%)
5 a 10 salários mínimos7.300.376 757,644  (13%)
10 a 20 salários mínimos3.522.174 863,635  (14,8%)
20 a 40 salários mínimos1.507.344 946.215  (16,2%)
40 a 80 salários mínimos    518.567 703,606   (12,1%)
80 a 160 salários mínimos    136.718 453,223    (7,8%)
> 160 salários mínimos       71.4401.264,340  (21,7%)
Total26.494.4165.825,478  (100%)
Receita libera pela 1ª vez tabelas com dados do IR
Os pesquisadores do Ipea Sérgio Wulff Gobetti e Rodrigo Octávio Orair destacaram em artigo publicado na sexta-feira (31), no jornal "Valor Econômico", que os dados disponibilizados pela primeira vez pela Receita são um "presente à democracia" e mostram um avanço em termos de transparência.
Para a produção de seu livro best-seller "O Capital Século XXI", o economista francês Thomas Piketty pediu acesso aos dados sobre a evolução da riqueza e imposto de renda no Brasil, mas não recebeu.
Procurada pelo G1, a Receita Federal informou que a novidade é que, além do relatório anual padrão sobre as declarações de imposto de renda das pessoas físicas, foram disponibilizadas também as tabelas em Excel com os dados dos relatórios do ano calendário 2007 ao 2013, atendendo a um pedido de pesquisadores e visando aumentar a transparência da divulgação dos dados. Ainda não há previsão, no entanto, da data da divulgação dos dados referentes ao IR do ano calendário 2014.
Super-ricos no Brasil
Nº de contribuintes com renda mensal superior a 160 salários minimos
66.59671.45864.64670.66580.93073.74371.440Ano 2007Ano 2008Ano 2009Ano 2010Ano 2011Ano 2012Ano 20130k20k40k60k80k100k
Fonte:Receita Federal
As tabelas da Receita mostram o número de declarantes distribuídos por 11 faixas de renda, além de informações como valores de rendimentos (isentos e tributáveis) recebidos e a soma do patrimônio declarado em cada uma das camadas da pirâmide social.
É possível saber também o número de contribuintes que receberam dividendos e a distribuição dos declarantes por ocupação.Clique aqui para ir à pagina da Receita Federal
Evolução do topo da pirâmide
Apesar do número dos ocupantes do topo da pirâmide social ter recuado em 2013, os dados da Receita mostram que a riqueza concentrada por essa faixa de contribuintes tem se mantido relativamente estável nos últimos anos. Em 2007, eram 66.596 pessoas com renda mensal superior a 160 salários mínimos, concentrando 15,8% da renda total e 22,2% da riqueza declarada.
Os dados revelam ainda que quem está nas camadas mais altas paga menos impostos, proporcionalmente à sua renda. Em 2013, do total de rendimentos da faixa que recebe acima de 160 salários mínimo, 35% foram tributados. Na faixa dos que recebem de 3 a 5 salários, por exemplo, mais de 90% da renda foi alvo de pagamento de imposto.
"O Brasil possui uma carga tributária equivalente à média dos países da OCDE, por volta de 35% do PIB, mas tributa muito pouco a renda, principalmente dos mais ricos, e sobretaxa a produção e o consumo", afirmam os pesquisadores do Ipea.
Medidas para corrigir distorções
O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) defende que a tributação sobre o lucro e o patrimônio é mais justa do que aquela que incide sobre o consumo e vendas e vem cobrando há anos uma maior desoneração das faixas dos contribuintes com menor renda.
Em sua passagem pelo Brasil no final do ano passado, Piketty defendeu um imposto mais alto sobre heranças com instrumento para diminuir o abismo entre os mais ricos e mais pobres Brasil.
Levantamento feito pelo G1 em janeiro apontou que a regulamentação do imposto sobre grandes fortunas tem apoio de pelo menos 59,8% dos deputados.

Google perde ação contra a Microsoft por violação de patentes

Um tribunal de apelações nos Estados Unidos recusou nesta semana o recurso do Google em uma ação sobre violação de patentes que envolve também a Microsoft. Em 2010, a Microsoft processou a Motorola alegando que a empresa havia violado a obrigação de oferecer licenças para patentes a um custo razoável.

O julgamento realizado em 2012 decidiu que a taxa de royalties adequada era de US$ 1,8 milhão, bem menor do que os US$ 4 bilhões pedidos por ano pela empresa. Insatisfeito, o Google recorreu à decisão.

De acordo com o tribunal de apelações, o valor de licenciamento estabelecido, apesar de ser uma pequena fração do solicitado pela Motorola, é o correto. A corte também determinou que o Google pague US$ 14 milhões à Microsoft por violação de contrato.

Apesar de ter vendido a Motorola para a Lenovo no ano passado, o Google manteve a posse das patentes. 
As duas companhias se recusaram a comentar a decisão.

Via Reuters

Windows 10, diz CEO da Mozilla em carta aberta Gustavo Gusmão, de INFO Online

windows10
Reprodução
Nem todo mundo ficou contente com a chegada do Windows 10. Em carta aberta endereçada a Satya Nadella, Chris Beard, CEO da Mozilla, insinuou que a Microsoft criou um sistema operacional que basicamente foi desenhado para “jogar fora as escolhas que os consumidores fizeram em relação à experiência online que eles mesmos querem, substituindo-a pela experiência de internet que a Microsoft parece querer que eles tenham”.
Beard se refere a um aspecto “muito perturbador” do sistema, que reinicia todos os programas padrões do usuário assim que termina de ser instalado. Assim, o navegador passa a ser o Edge, o player de músicas e vídeos volta a ser o Windows Media Player e o visualizador de imagens se torna o aplicativo Fotos da própria Microsoft.
“Quando vimos que a atualização do Windows 10 tira dos usuários o poder da escolha ao efetivamente apagar as preferências existentes para o browser e outros apps, reunimos nosso time para discutir esse problema”, diz o texto do CEO da Mozilla. “Infelizmente, a conversa não resultou em nenhum progresso significativo, e por isso essa carta.”
O executivo reconhece que ainda é tecnicamente possível manter as escolhas antigas, “mas o design de toda a experiência de atualização e as configurações padrão de APIs foram alteradas, de forma que isso se tornou menos óbvio e mais complicado”. Segundo Beard, agora é preciso dar “o dobro de cliques” e ter “um pouco de sofisticação técnica” para que os usuários tenham as velhas opções, feitas nas versões anteriores do Windows, de volta. “É confuso, difícil de navegar e fácil de se perder”, escreveu.
O movimento da Microsoft foi considerado “agressivo” e “um passo para trás” pelo CEO da Mozilla. Na carta, ele ainda pede para que Nadella e sua empresa reconsiderem e voltem atrás na decisão, tornando mais intuitiva a manutenção das escolhas. Beard inclusive lançou uma campanha no Twitter para que os usuários reforcem o pedido e convençam a empresa a da um Ctrl+Z – o que tem gerado uma boa repercussão na rede social. De qualquer forma, se quiser colocar o Firefox ou outro browser como padrão, o vídeo abaixo explica:
Porta fechada – Por sinal, não foi só por reiniciar as escolhas de apps que a Microsoft foi criticada com o Windows 10. Apesar de reforçar o apoio aos padrões abertos de internet com o Edge e abandonar tecnologias como ActiveX e VBScript, a empresa manteve o código do navegador fechado, algo que nem a Apple faz totalmente com seu Safari. O browser do OS X e do iOS tem uma camada proprietária, mas é baseado na engine WebKit, open source e usada até algum tempo atrás pelo Chrome.
É um ponto que inclusive ressaltamos em nosso review do sistema. Enquanto Google e outras empresas aprenderam que o desenvolvimento web é melhor quando se faz em público, a Microsoft segue insistindo em soluções proprietárias e as empurrando aos usuários. Porém, também é algo que pode não demorar muito para mudar – basta ver a movimentação da empresa na parte de desenvolvimento.